quarta-feira, 30 de setembro de 2015

EXPRESSO CURTO - 30 DE SETEMBRO DE 2015



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Expresso
Bom dia, já leu o Expresso Curto Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Luísa Meireles
Por Luísa Meireles
Redatora Principal
 
30 de Setembro de 2015
 
E já só faltam quatro dias...
 
... Para que se cumpra o dia eleitoral. Foi por isso que ontem as reflexões deste homem, Luigi Castelli, um investigador italiano da Universidade de Pádua, me chamaram a atenção. Tem estudado e assessorado campanhas eleitorais em Itália e, diz ele, entre muitas outras coisas, que "quando se aproximam as eleições a campanha é mais agressiva" . Em si, isto não tem nada de novo, mas neste Portugal a quatro dias das eleições - e que alguns definem como as mais decisivas da nossa história recente - torna-se uma frase a reter. Ele explica aquela pergunta: "porque será"?

Por isso, é tempo de começar a pensar naquilo que nos está a ser dito, redito como mensagem dos partidos, já nem digo de todos que - outro ensinamento - nisto de eleições os partidos não têm tratamento igual. Deixo a cada um a cuidada reflexão interior (declaração de intenções: sou contra a abstenção) e uma dica. A homepage do Expresso dedicada às legislativas é já o quarto conteúdo mais visto. Parece elogio em causa própria, mas não, é mesmo um sinal de que as pessoas se interessam. E se acha que ainda não sabe tudo sobre as eleições ou se há algo que lhe escapa, pare aqui. Está tudo explicado. E se quer mesmo saber tudo em 100 segundos, clique aqui. É uma iniciativa da Renascença que lhe resume, num registo bem disposto, o que se passou no dia durante a campanha.

Deixe-me juntar-lhe um conjunto de prosas mais de fundo que me parecem interessantes. A do Ricardo Costa, por exemplo, sobre Como o sistema partidário mudou, ou do Henrique Monteiro, que se indaga sobre Onde estão os partidos antissistema (vamos a ver se tem razão, no próximo domingo), e na mesma onda a do António Costa Pinto, que aborda a razão Porque não se alterou o sistema partidário português, como na Grécia ou Espanha; ou ainda a do Gustavo Cardoso, que fala sobre o Portugal invisível e o medo do abismo (tão verdade!), o já muito falado Um guia para os perplexos do Pedro Magalhães, mas também a do João Marques de Almeida, sobre Poder e ideologia, o dilema fatal para o PS, ou de João Cardoso Rosas, a propósito da Indignação e o medo (embora só para assinantes). De um ponto de vista noticioso, este artigo do Económico (O PS pode ganhar as eleições apesar de perder nas sondagens) ainda colocava tudo em aberto há dois dias, mas tenho dúvidas.

Sobretudo porque é hoje que sai a supostamente mais fíável de todas as sondagens, porque que é feita em urna. Mantenha-se atento. De qualquer modo, é bom recordar que isto das sondagens (e tracking polls, já agora, que em vez de esclarecer fazem aumentar o número de indecisos)... Dê uma vista de olhos a este artigo do Bernardo Ferrão e da Cristina Figueiredo: Para acertar é preciso gastar mais. Já tem uns meses, mas está atualíssimo. Também há outras opiniões, como a de Azeredo Lopes, que classifica as sondagens de... assassinas.

Ontem, sabemo-lo, o pasto da campanha alimentou-se sobretudo de um pedido/ordem/análise ou, no dizer da oposição, de um "truque", a propósito da ministra das Finanças, então ainda secretária de Estado do Tesouro, que terá pedido/ordenado à Parvalorem, a empresa que alberga os ativos tóxicos do BPN, para fazer uma "análise menos pessimista" sobre os 577 milhões que lá tinha e que iriam fazer crescer o défice em 2012. A oposição malhou, a ministra admitiu que perguntou e o primeiro-ministro desvalorizou. O costume.

A campanha também aqueceu com o tema do aumento da taxa de desemprego (12,4%, mais +0,1% do que o estimado), que trocada por pessoas (carne e osso) equivale a mais 5000 que perderam o emprego, mulheres e jovens na sua maioria. A oposição voltou a malhar, mas a coligação mantém-se imune.

OUTRAS NOTÍCIAS
Também há. Afinal, há mais vida para além das eleições. Em primeiro lugar, o sempre muuito esperado futebol: Porto-Chelsea foi ontem à noite. A expectativa era grande porque, já se sabe, era o regresso de José Mourinho ao Dragão, cujo museu até foi visitar. Mas também porque havia aquele trique-e-trique de saber como seria o reencontro Casillas-Mourinho, que este pôs no banco no Real Madrid. A Mariana Cabral conta como foi, eu divulgo. "Um carro de de combate com coração", titulava por sua vez o Jornal de Notícias.

Depois, há o escândalo da Volkswagen, que parece não ter fim. Agora, é dentro de portas: são 94.400 os veículos afetados em Portugal. E agora? Se foi um daqueles que lhe saiu um destes em rifa, talvez lhe interesse ler este artigo aqui, que lhe dá um bom número de respostas às suas perguntas, incluindo sobre uma eventual devolução de dinheiro.

Outro assunto que dá arrepios é o dos impostos e da sua eventual subida - sim, em Portugal - sugerida pela Comissão Europeia. A CE considera que ainda há margem para aumentar a carga fiscal (eles não sabem, nem sonham...) e, para ajudar ao reequilíbrio das contas públicas, Bruxelas sugere, por exemplo, um aumento do IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis), admitindo que se poderia baixar o IMT (Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis). No âmbito das eleições, o Bloco veio sugerir que a Comissão pelo menos se cale até domingo. Era capaz de ser boa ideia.

Sobre este mesmo assunto, confesso que me lembrei do que me disse aqui há dias o já ex-responsável pela representação do FMI em Portugal, Albert Jaeger, que comentando a carga de impostos em Portugal afirmou que, como a nossa, só nos países escandinavos. E já que estamos a falar do Fundo, sabe que é hoje que ele fecha as portas do seu escritório, ali para as bandas da Av. da República em Lisboa? O Expresso conta como foram (para eles) estes quatro anos e a conclusão é a de uma Missão Inacabada - ainda ficou muito por fazer! Apre!

LÁ FORA
O assunto principal continua a rodar em torno das Nações Unidas, onde decorre a tradicional sessão anual. Cavaco Silva foi até lá discursar, mas já está de volta amanhã de manhã. Porém, é o encontro Obama-Putin que suscita mais atenções, a propósito da guerra na Síria e não só. As duas potêncais vão trabalhar juntas, como a Cristina Peres conta.

E claro que continua a rolar, em boa verdade está apenas a começar, o tema das eleições na Catalunha no passado domingo, que do ponto de vista de Bruxelas é um quebra-cabeças jurídico e que o Paulo Sande também desenvolve num belo artigo sobre o secessionismo europeu.

"Tudo o que debilita a Espanha debilita a Europa", sentenciou o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, por acaso de origem catalã, enquanto a seu lado o presidente da Comissão Europeia comentava: "Quem sou eu para me imiscuir na vida espanhola? Mas é seguro que as acusações de desobediência ao líder catalão Mas pelo Tribunal Superior de Justiça da Catalunha não vão ajudar a acalmar a situação interna, a dois meses de eleições gerais.

Por terras de África, um momento para lembrar Angola - e não apenas o killer instinct de Isabel dos Santos, que fintou a Sonae com a nova cadeia de supermercados Candando. Recordam-se dos 15 jovens, detidos desde junho, supostamente por pretenderem derrubar o Presidente José Eduardo dos Santos? Pois bem, vão agora a tribunal.
E, já agora, não se vá embora sem antes ganhar dois minutos de boa disposição para começar o dia. Atente neste vídeo e repare como ele coloca de forma inovadora o problema da juventude de hoje, que sonha ser independente e não tem meios para isso. É mesmo traumático :).

Ah, é verdade, sabe que o primeiro prémio Euromilhões saíu em Portugal? Serão 15 milhões de euros para alguém que, com certeza, passou a importar-se menos com o resultado das eleições. Lá fora, a estreia do novo Daily Show, o mítico programa de Jon Stewart, agora com um novo comediante, Trevor Noah, deixou sentimentos positivos mas inconclusivos. Se era fã de Stewart, terá que esperar para ver se Noah está à altura.


FRASES
"É tão de fiar nas contas de Maria Luís como a contagem das emissões de gases da Volkswagen", Catarina Martins, a propósito da polémica Parvalorem

"Todas as campanhas têm o seu picantezinho, hoje também o há", Passos Coelho, sobre o mesmo assunto

"A campanha mostrou que há muitas feridas por sarar no PS", António Capucho, ao I

"O mais normal é que os resultados das eleições tenham consequências dentro dos partidos", Passos Coelho

"Podemos dividir o país que vai votar entre dois sentimentos prevalecentes: a indignação e o medo", João Cardoso Rosas, no Diário Económico

"É como se tivessem instalado em Portugal uma espécie nova, um espécie de gente, predadores naturais com ar sisudo à espera do sangue fresco da manada, um tal 'Homo troikensis'. E o "Homo troikensis' é perigoso, muito perigoso", Franscisco Louçã, num comício em Coimbra

O QUE ANDO A LER
Tenho amigos que dizem que os jornalistas do Expresso são muito intelectuais e que estão sempre a ler livros pesados, que fazem figura nas estantes. Para me livrar de tão inopinada acusação (?) confesso que ando a ler uma coisa bem simples, mas muito didáctica, que recomendo a todos. O livro já saiu no ano passado, mas vai durar pelo menos até aos próximos 200 anos. Eu explico. Trata-se do Rica Vida - Crise e salvação em 10 momentos da História de Portugal (D. Quixote), de Luciano Amaral, e aborda a maneira como o nosso país (e o nosso povo) foi driblando as crises políticas e económicas que se foram sucedendo de 200 em 200 anos, vá-se lá saber porquê! Do faroeste que foi a criação do país à situação atual, é um mimo.

E eis-nos chegados ao fim. Resta-me desejar-lhe um ótimo dia neste cálido princípio de Outono.

Já sabe, se quer estar informado, mantenha-se ligado ao Expresso online. Às 18h, os principais temas da atualidade serão recolhidos no Expresso Diário.

Amanhã, é a vez do Martim Silva lhe servir o seu Expresso curto. Com a experiência que ele leva, será bem tirado, não duvide.




 ================= ANTÓNIO FONSECA

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