Incêndio em casa na zona da Lapa no Porto em investigação
O Ministério Público está a investigar o incêndio que destruiu em 2021 uma casa de três andares na zona da Lapa, no centro do Porto, e cujos proprietários suspeitam de fogo posto.
Fonte oficial da Procuradoria-Geral da República (PGR) indicou hoje à Lusa que há um inquérito em fase de investigação relacionado com o incêndio urbano registado dia 11 de março de 2021 no número 37 do Largo da Lapa, no Porto.
O incêndio deflagrou num imóvel de três andares pelas 15:00, que se encontrava então desabitado, e foi combatido pelos Sapadores Bombeiros do Porto, Voluntários do Porto e Voluntários Portuenses.
Ao local deslocaram-se agentes da Divisão de Investigação Criminal (DIC) da PSP do Porto, que acionaram a "Polícia Judiciária que ali enviou uma equipa", confirmou à Lusa fonte da PSP, acrescentando que "não houve feridos".
"Quando soube [do incêndio] quase que morri. Quase que morri de tristeza e de desgosto", confessou à agência Lusa Adelina Águia, 80 anos, dona do imóvel destruído pelo incêndio que ainda tem o sonho de poder voltar a viver na sua casa destruída pelas chamas em março de 2021.
Adelina Águia recorda que antes do incêndio na casa andava assustada, bem como a filha e as duas netas, por estarem a receber vários contactos de imobiliárias interessadas em adquirir o imóvel, mas diz que nunca quis vender a sua "casinha".
A dona do imóvel recordou que este foi assaltado em novembro de 2011, tendo sido levada "mobília", "cabos de eletricidade" e até "janelas novas" que tinham colocado viradas para a rua, contudo, acrescentou que foi ficando por lá a morar, com a filha, até finais de 2020.
A partir desse momento, a casa ficou desabitada.
Contactada pela Lusa, a Câmara Municipal do Porto revelou que antes do incêndio de 2021 a casa de três andares da Lapa foi alvo de uma "inspeção" na sequência de um "alerta de um munícipe face às condições de segurança e salubridade para os moradores e edificações vizinhas".
O "Departamento Municipal de Fiscalização realizou uma inspeção ao local e, face às situações verificadas, foi concretizada uma vistoria, uma vez que se detetaram situações de risco para a segurança de pessoas e da via pública. Entre a inspeção e a vistoria ocorre o incêndio", lê-se na resposta, por escrito, da Câmara do Porto.
A Agência Lusa teve acesso a documentos camarários onde se notifica a família de Adelina Águia para uma "vistoria oficiosa" a 12 de junho de 2018 e uma vistoria "de segurança/salubridade/arranjo estético" a 14 de julho de 2021, quatro meses depois do incêndio.
Já na inspeção realizada a 02 de fevereiro de 2021 ao exterior do prédio constatou-se que se "trata de um prédio de construção antiga", composto por "rés-do-chão, dois andares, águas furtadas e quintal" e que "o prédio oferece risco à segurança de transeuntes pela existência de elementos da fachada".
Após o incêndio, o dono de um dos edifícios contíguos, com frações a funcionar em regime de alojamento local (AL), colocou em marcha um processo de arresto no valor de "23.604 euros", segundo um documento a que a Lusa teve acesso. Alegou ter perdido rendimentos de AL e que uma das frações ficou mesmo "inutilizada" e com recheio "irrecuperável".
A antiga enfermeira, a sua filha, as suas duas netas e um grupo de jovens já lançaram uma campanha na rede social Instagram com o nome de 'how i_met_adeline' para recolher apoios para reconstruir a casa.
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