sexta-feira, 29 de abril de 2022

DIA MUNDIAL DA DANÇA - 29 DE ABRIL DE 2022

 

Dia Internacional da Dança

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Dia Internacional da Dança
Outro(s) nome(s)Dia Mundial da Dança
Celebrado porEstados-membros das Nações Unidas
TipoInternacional
Data29 de abril
FrequênciaAnual

Dia Internacional da Dança ou Dia Mundial da Dança comemorado no dia 29 de abril, foi instituído pelo CID (Comitê Internacional da Dança) da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) no ano de 1982.[1]

Ainda é uma efeméride nova e até mesmo desconhecida para muita gente, pois começou a ser realmente lembrada no Brasil nestes últimos anos. Cada vez mais, no entanto, artistas e profissionais da área reconhecem que é importante celebrar a data para, inclusive, dar maior visibilidade à dança, lembrar-se de sua importância e de suas demandas.

Ao criar o Dia Internacional da Dança a UNESCO escolheu o 29 de abril por ser a data de nascimento do mestre francês Jean-Georges Noverre (1727-1810). Ele ultrapassou os princípios gerais que norteavam a dança do seu tempo para enfrentar problemas relativos à execução da obra. Sua proposta era atribuir expressividade a dança por meio da pantomima, a simplificação na execução dos passos e a sutileza nos movimentos. Noverre se destaca na história por ter escrito um conjunto de cartas sobre o balé de sua época, “Letters sur la Danse”.

Por coincidência, entre os brasileiros a data também pode estar associada ao aniversário de uma personalidade de indiscutível importância: Marika Gidali, a bailarina que, com Décio Otero, fundou o Ballet Stagium em 1971 em São Paulo, para inaugurar no Brasil uma nova maneira de se fazer e apreciar dança.

O Dia Internacional da Dança é importante como mais um espaço de mobilização em torno deste assunto. Alguns dos objetivos desta comemoração é aumentar a atenção pela importância da dança entre o público geral, assim como incentivar governos de todo o mundo para fornecerem melhores políticas públicas voltadas à dança.

Enquanto a dança tem sido uma parte integral da cultura humana através de sua história, não é prioridade oficial no mundo. Em particular, o professor Alkis Raftis, então presidente do Conselho Internacional de Dança, disse em seu discurso em 2003 que "em mais da metade dos 200 países no mundo, a dança não aparece em textos legais (para melhor ou para pior). Não há fundos no orçamento do Estado alocados para o apoio a este tipo de arte. Não há educação da dança, seja privada ou pública".

Referências

  1.  «ConecteDance». www.conectedance.com.br. Consultado em 14 de maio de 2012. Arquivado do original em 31 de julho de 2010

Ligações externas

DIA MUNDIAL DA ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES - 29 DE ABRIL DE 2022

 

Sociedade das Divinas Vocações

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Sociedade das Divinas Vocações
 
Societas Divinarum Vocationum


sigla
S.D.V.
Tipo:Congregação clerical de direito pontifício
Fundador (a):Beato Justino Russolillo, SDV
Local e data da fundação:Pianura18 de outubro de 1920
Aprovação:3 de janeiro de 1948 por Papa Pio XII
Superior geral:Padre Antônio Rafael do Nascimento, SDV
Presença:Itália, Brasil, EUA, Argentina, Nigéria, Filipinas, Índia, Madagascar, Colômbia, Equador, Indonésia, Reino Unido e Chile


Sede:Via Cortina d'Ampezzo 140, 135 RomaItália
Site oficial:https://www.vocationistfathers.org/
Portal Catolicismo · uso desta caixa

Sociedade das Divinas Vocações (em latimSocietas Divinarum Vocationum), comumente conhecidos como Padres Vocacionistas, é uma congregação religiosa clerical católica romana de direito pontifício para homens (padres e irmãos) fundada pelo padre Justino Russolillo (1891-1955) na Itália em 18 de outubro de 1920. Os padres vocacionistas têm sua casa-mãe em Pianura, que fica na província de Nápoles, na Itália. Seus membros adicionam as letras nominais SDV após seus nomes para indicar sua filiação à sociedade.

Descrição

Os Padres Vocacionistas têm como carisma principal “identificar e fomentar as vocações ao sacerdócio e à vida religiosa, especialmente entre os menos privilegiados”. [1] Os vocacionistas trabalham nos Vocacionários (considerados como sua obra mais característica e campo de ação mais especial e primário), paróquias, escolas e missões. Atualmente, a Sociedade das Divinas Vocações em seu espírito missionário serve ao povo de Deus na Itália, Brasil, EUA, Argentina, Nigéria, Filipinas, Índia, Madagascar, Colômbia, Equador, Indonésia, Reino Unido e Chile.

A Sociedade das Divinas Vocações é um instituto religioso de direito pontifício. Eles vivem em comunidades e professam os três conselhos evangélicos de Pobreza, Castidade e Obediência enquanto se especializam na Obra da Vocação. Os Padres Vocacionistas acreditam ser especialmente chamados por Deus como especialistas vocacionais, conselheiros e parteiras na Igreja. Seu trabalho é ajudar as pessoas a discernir adequadamente e responder ao chamado de Deus em suas vidas.

Pela realidade de seu carisma vocacional, um “vocacionista”, nome que lhe foi dado por seu fundador, Pe. Giustino Russolillo, cunhado da palavra “Vocação”, é aquele que tem um amor excepcional pela vocação, aquele que é especialista no atendimento vocacional, aquele que dedica sua vida às vocações e aquele que está comprometido com o trabalho e a oração. vocações. De acordo com o pe. Giustino, outros institutos religiosos esperam pelas vocações e as acolhem, enquanto os vocacionistas, pessoal e propositalmente, saem em busca delas, especialmente por meio de suas escolas catequéticas e outros apostolados. Em outras palavras, suas atividades são altamente voltadas para questões vocacionais e em todos, seu objetivo imediato, embora não seja o objetivo, é ver as pessoas sendo guiadas a discernir adequadamente suas vocações e sendo ajudadas a realizá-las, respondendo adequadamente ao chamado de Deus em a vida deles. Seu objetivo final é ajudar todos a alcançar a União Divina com a Santíssima Trindade por meio da santificação universal de todas as almas.

No Brasil

Em 18 de abril de 1950, pela primeira vez a congregação iria transpor as fronteiras italianas e chegar a outros lugares: depois de serem abençoados pelo fundador, Pe.Justino Russolillo, partiam para o Brasil os três primeiros missionários vocacionistas: Irmão Prisco, Pe. Hugo Fraraccio e o Pe. Franco Torromacco. Embarcaram no porto de Nápoles, com destino a Salvador onde chegaram no dia 13 de maio seguinte. Vinham a convite do então Arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do BrasilDom Augusto Álvaro da Silva, o qual tinha ido pessoalmente à Itália pedir ao Pe. Justino religiosos vocacionistas para a sua grande arquidiocese. Naquela época, a Arquidiocese de Salvador atingia quase a metade do Estado da Bahia.

Chegando em Salvador, ficaram hospedados no Seminário Central da Bahia. Aos 2 de julho, foram transferidos para a Igreja da Lapinha, no bairro da Lapinha, em Salvador, assumindo a animação da Paróquia de São Cosme e São Damião que, naquela época, compreendia uma enorme extensão territorial, incluindo vários bairros da periferia da capital baiana.

Aos poucos os Vocacionistas foram se expandindo e hoje encontram-se presentes em cinco dioceses do Brasil: Salvador, Feira de Santana e Vitória da Conquista (Bahia); Rio de Janeiro e Aracaju (Sergipe).[2]

Lista de padres gerais

  1. Pe. Justino Russolillo, SDV (18.10.1920-27.3.1945);
  2. Fei Serafino Cuomo, OFM (27.3.1945-10.4.1947);
  3. Pe. Justino Russolillo, SDV (10.4.1947-2.8.1955);
  4. Pe. Giovanni Galasso, SDV (11.10.1958-2.8.1976);
  5. Pe. Raffaele Castiglione, SDV (2.8.1976-15.8.1988);
  6. Pe. Giacomo Capraro, SDV (15.8.1988-14.7.1994);
  7. Pe. Raffaele Castiglione, SDV (14.7.1994-29.7.2000);
  8. Pe. Ludovico Caputo, SDV (29.7.2000-30.6.2012);
  9. Pe. Antônio Rafael do Nascimento, SDV (30.6.2012-...)

Referências

  1.  Constituições da Sociedade das Divinas Vocações, artigo V, p. 4
  2.  «História — Sociedade das Divinas Vocações». Religiosos Vocacionistas — Província do Brasil. Consultado em 3 de novembro de 2021

JOÃO PENHA - POETA - NASCEU EM 1838 - 29 DE ABRIL DE 2022

 

João Penha

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
João Penha
Busto de João Penha em Braga
João Penha de Oliveira Fortuna
Nascimento29 de abril de 1838
Braga
Morte3 de fevereiro de 1919
Braga
CidadaniaPortugal
Alma mater
Ocupaçãopoetajuristamagistrado
Movimento estéticoparnasianismo

João Penha de Oliveira Fortuna (Braga29 de Abril de 1838 — Braga, 3 de fevereiro de 1919 (80 anos)) foi um poeta, jurista e magistrado a quem é creditada a introdução do parnasianismo em Portugal.[1]

Biografia

Matriculou-se na Universidade de Coimbra em Teologia, passando depois para o curso de Direito, onde se formou em 1873. Juntou-se desde logo ao grupo dos estudantes boémios, tornando-se amigo de Gonçalves CrespoCândido de FigueiredoAntero de Quental e Guerra Junqueiro, entre outros.

Nos anos em que viveu em Coimbra fundou e dirigiu o jornal literário "A Folha" (publicado entre 1868 e 1873) onde colaboram grandes poetas como Antero de Quental e Guerra Junqueiro. Juntamente com Gonçalves Crespo, António Feijó e Cesário Verde é considerado um dos expoentes do parnasianismo português.[2]

Regressado a Braga, exerceu a advocacia e ocupou o cargo de juiz ordinário do Julgado da Sé. Dirigiu, entretanto, a revista literária República das Letras [3] (1875), de que saíram três números, e colaborou na Revista de turismo [4] iniciada em 1916.

Morreu pobre, surdo e esquecido em 1919.

Obra poética

  • Rimas (Lisboa, 1882),
  • Viagem por Terra ao País dos Sonhos (Porto, 1898),
  • Novas Rimas (Coimbra, 1905),
  • Ecos do Passado (Porto, 1914),
  • Últimas Rimas (Porto, 1919),
  • Canto do Cisne (Lisboa, 1923);

Prosa

  • Por Montes e Vales (Lisboa, 1899).

Edição crítica

  • Elsa Pereira, Obras de João Penha: Edição Crítica e Estudo.Porto: CITCEM, 2015. (Livro + CD-Rom).

As obras completas de João Penha foram objeto de uma edição crítico-genética em 7 tomos, apresentada em 2013 à Faculdade de Letras da Universidade do Porto e publicada, em formato livro + CD-rom, pelo Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço & Memória.

Referências

  1.  Elsa Pereira, Em Braga me Plantei para Sempre. João Penha: o Homem e o Poeta. Braga: Fundação Bracara Augusta, 2016.
  2.  Elsa Pereira, Obras de João Penha: Edição Crítica e Estudo. Porto: CITCEM, 2015. Livro + CD-Rom. Disponível online: <http://repositorio.ul.pt/handle/10451/33834>
  3.  Helena Roldão (22 de janeiro de 2015). «Ficha histórica:A republica das letras : periodico mensal de litteratura (1875)» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 7 de março de 2015
  4.  Jorge Mangorrinha (16 de janeiro de 2012). «Ficha histórica:Revista de Turismo: publicação quinzenal de turismo, propaganda, viagens, navegação, arte e literatura (1916-1924)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 13 de Maio de 2015

SANTA CATARINA DE SENA - 29 DE ABRIL DE 2022

 

Catarina de Siena

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Disambig grey.svg Nota: Para outros significados, veja Santa Catarina (desambiguação).
Catarina de Siena
Santa Catarina de Siena
c. 1665-70. Por Carlo Dolci, atualmente na Dulwich Picture Gallery, em Londres.
VirgemDoutora da Igreja
NascimentoSienaRepública de Siena 
25 de março de 1347[a]
MorteRoma 
29 de abril de 1380 (33 anos)
Veneração porIgreja Católica
Canonização29 de junho de 1461
Roma
por Papa Pio II
Principal temploSanta Maria sopra Minerva, em Roma e Santuário de Santa Catarina, em Siena
Festa litúrgica29 de abril,

30 de abril (Calendário Romano 1628–1969)

Atribuiçõeshábito dominicanolírio; livro; crucifixo; coração; coroa de espinhosestigmas; anel; pomba; rosa; caveira; miniatura de uma igreja; miniatura de um navio com o brasão papal
Padroeiracontra o fogo; doenças corporais; ItáliaEuropa; contra abortos naturais; pessoas ridicularizadas por sua fé; contra tentações sexuais; enfermeiros e da Cidade de Siena.
Gloriole.svg Portal dos Santos

Catarina de Siena T.O.S.D., nascida Caterina Benincasa (Siena25 de março de 1347 — Roma29 de abril de 1380), foi uma terceira da Ordem dos Pregadores (dominicanos), filósofa escolástica e teóloga do século XIV. Lutou arduamente para trazer o papado de Gregório XI de volta para Roma durante o chamado "Cisma do Ocidente", um período de quase quarenta anos no qual se estabeleceu o papado de Avinhão, e também foi fundamental para a restauração da paz entre as cidades-estado italianas.

Nascida em Siena, ela cresceu lá e queria muito cedo se consagrar a Deus, contra a vontade de seus pais. Ela se juntou às irmãs da Penitência de São Domingos e fez seus votos lá. Muito rapidamente marcada por fenômenos místicos, como estigma e casamento místico, ela se deu a conhecer.

Ela acompanhou o capelão dominicano ao papa em Avignon , como embaixadora de Florença , uma cidade em guerra com o papa. Sua influência no papa Gregório XI desempenha um papel comprovado em sua decisão de deixar Avignon para Roma. Ela é então enviada por ele para negociar a paz com Florença. Gregório XI morto e com a paz concluída, ela voltou a Siena. Ela dita aos secretários seu conjunto de tratados espirituais O Diálogo.

Catarina de Siena é uma das figuras mais destacadas do catolicismo medieval, pela forte influência que teve na história do papado. Ela está por trás do retorno do papa de Avignon a Roma e, em seguida, realizou inúmeras missões confiadas pelo papa, algo bastante raro para uma simples freira na Idade Média. Ela também influenciou fortemente Santa Rosa de Lima.

O grande cisma do Ocidente levou Catarina de Siena a ir a Roma com o papa. Ela enviou numerosas cartas aos príncipes e cardeais, para promover a obediência ao Papa Urbano VI e defender o que ela chamou de "vaso da Igreja". Ela morre 29 de abril de 1380, exausta por suas penitências. Urbano VI celebra seu funeral e enterro na Basílica de Santa Maria sopra Minerva, em Roma.

Desde 18 de junho de 1866, ela é padroeira da Itália juntamente com São Francisco de Assis.[1] Em 3 de outubro de 1970, Catarina foi proclamada Doutora da Igreja pelo Papa Paulo VI[2] e, em 1 de outubro de 1999, João Paulo II nomeou-a uma das seis padroeiras da Europa, juntamente com São BentoSantos Cirilo & MetódioSanta Brígida da Suécia e Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein).[3][4]

Biografia

Caterina Benincasa nasceu em 25 de março de 1347 na cidade de Siena devastada pela peste negra, filha de Jacopo Benincasa, um tintureiro que tocava seus negócios com a ajuda de seus filhos, e Lapa Piacenti, que pode ser a filha de um poeta local,[5] numa casa que ainda existe na cidade. Lapa tinha aproximadamente quarenta anos quando prematuramente deu à luz as gêmeas Catarina (Caterina) e Joana (Giovanna) depois de já ter tido outros 22 filhos, mas metade deles já mortos na época. Joana foi entregue aos cuidados de uma ama-de-leite e morreu logo ao passo que Catarina, amamentada pela mãe, cresceu bastante saudável. Ela tinha dois anos quando Lapa teve seu vigésimo quinto filho, uma outra menina chamada Joana (Giovanna).[6]

Uma criança muito feliz, Catarina recebeu da família o apelido carinhoso de "Eufrosina", que deriva da palavra grega para "alegria" e era também o nome de uma das santas cristãs mais antigas, Santa Eufrosina.[7]

Segundo o confessor e, posteriormente, biógrafo de Catarina, Raimundo de CápuaO.P., Catarina teve a primeira de suas visões de Jesus Cristo quando tinha apenas cinco ou seis anos de idade. Ela estava voltando pra casa com o irmão de uma visita à casa de uma de suas irmãs casadas e viu Cristo entronado em majestade com os apóstolos PedroPaulo e João. Raimundo conta ainda que, ao sete, Catarina jurou dedicar sua vida a Deus.[7][8]

Ainda atormentada pelo luto pela morte de sua irmã mais velha, Boaventura, a jovem Catarina, com apenas dezesseis anos, foi pressionada pelos pais a se casar com o viúvo dela. Absolutamente contrária à ideia, iniciou um duríssimo jejum, prática que havia aprendido com a irmã recém-falecida e cujo marido não apreciava, pois mais de uma vez Boaventura havia conseguido mudar suas atitudes recusando-se a comer. Mais adiante, Catarina desapontou a mãe ao cortar os longos cabelos para protestar contra a constante pressão para que melhorasse sua aparência para conseguir atrair um bom marido.[9]

Muito depois, Catarina recomendaria que Raimundo de Cápua, quando tivesse que enfrentar um problema, seguisse uma prática que criara em sua adolescência: "Construa uma cela em sua mente da qual você jamais possa escapar". Nesta cela mental, ela transformou seu pai numa representação de Cristo, sua mãe, na Virgem Maria, e seus irmãos, nos apóstolos. Servi-los com humildade tornou-se uma oportunidade de crescimento espiritual para ela e, desta forma, Catarina conseguiu resistir ao costume do casamento e da maternidade por um lado e, por outro, a tornar-se uma freira, escolhendo viver uma vida ativa e piedosa fora do claustro dos conventos, mas seguindo o modelo dos dominicanos.[10] No fim, o pai de Catarina desistiu e permitiu que a filha vivesse como bem entendesse.

Uma visão de São Domingos deu-lhe ainda mais forças, mas seu desejo de juntar-se à sua ordem incomodava Lapa, que levou a filha consigo até as termas em Bagno Vignoni numa tentativa de melhorar sua saúde. Ao contrário do esperado, Catarina ficou muito doente, acometida de uma violenta coceira, febre e dores no corpo, o que, convenientemente, serviu como pretexto para que sua mãe aceitasse tentar conseguir a sua admissão no "Mantellato", a associação local dos terceiros dominicanos.[11] Lapa foi então às irmãs da ordem e as convenceu a aceitarem sua filha, o que deu algum trabalho, pois a ordem até então só aceitava viúvas. Em questão de dias, Catarina se recuperou completamente, saindo da cama para receber o hábito preto e branco da Ordem Terceira de São Domingos das mãos de um frade terceiro. No Mantellato, Catarina aprendeu a ler e, ali, ela passou a viver solitariamente em silêncio total.[11]

Por volta de 1368, aos vinte e um anos, Catarina experimentou o que ela própria descreveu em suas cartas como um "casamento místico" com Jesus,[12] um tema que se tornaria extremamente popular na arte cristã com o nome de "Casamento Místico de Santa Catarina" (igualmente como Santa Catarina de Alexandria). "Sublinhando o tanto que este casamento era uma fusão física com Cristo [...] Catarina recebeu não um anel de ouro e joias que seu biógrafo relata em sua versão atenuada, mas o anel do prepúcio de Cristo".[13][14] Raimundo também relata que Cristo teria lhe pedido que deixasse a vida reclusa e se dedicasse à vida pública no mundo.[15] Assim, Catarina voltou pra casa e passou a ajudar os pobres e doentes, em casa e nos hospitais. Suas atividades piedosas em Siena logo atraíram um grupo de seguidores, homens e mulheres, que se juntaram a ela em sua missão.[5] Catarina tinha por hábito distribuir roupas e comida aos pobres sem pedir permissão à família, o que tinha um considerável custo; porém, em contrapartida, nada pedia para si própria. Ao permanecer no seio de sua família, sentia a rejeição ao seu modo de vida mais fortemente, principalmente por que ela não aceitava a comida deles citando a mesa que havia sido posta para ela no céu por sua verdadeira família.[16]

Conforme as tensões políticas e sociais se aprofundavam em Siena, Catarina se viu tentada a intervir na arena política. Ela viajou pela primeira vez para Florença em 1374, provavelmente para ser entrevistada pelas autoridades dominicanas no capítulo geral que se realizou em maio de 1374, embora o tema seja ainda debatido: se ela foi de fato entrevistada, a ausência de evidências sugere que ela foi considerada suficientemente ortodoxa.[9] Aparentemente, foi também nesta época que Raimundo de Cápua tornou-se seu confessor e diretor espiritual.[17]

Santa Catarina de Siena, Igreja Santa Maria del Rosario in Prati em Roma.

Depois desta viagem, Catarina passou a viajar com seus seguidores pelas regiões norte e central da Itália defendendo a reforma do clero e aconselhando o povo que o arrependimento e a renovação poderiam ser alcançados através "do amor total a Deus".[18] Em Pisa, em 1375, Catarina utilizou de toda sua influência para evitar que a cidade e também Lucca se aliassem às forças contrárias ao papa, que na época vinham se fortalecendo e ganhando momento. Ela também ajudou com seu entusiasmo na formação de uma nova cruzada. Segundo Raimundo, foi em Pisa, em 1375, que ela recebeu seus estigmas (visíveis, depois de um pedido dela, somente para ela).[17]

Suas viagens não eram a única forma que Catarina utilizava para fazer conhecer suas opiniões. A partir de 1375,[17] ela começou a ditar cartas para diversos assistentes[11] endereçadas inicialmente a homens e mulheres de seu círculo de amigos e, gradativamente, a uma audiência mais ampla, incluindo figuras políticas a quem ela pedia paz e o retorno do papado de Avinhão para Roma. Ela manteve ainda uma duradoura correspondência com o papa Gregório XI, na qual pedia-lhe que reformasse o clero e a administração dos Estados Papais.

No final de 1375, Catarina retornou para Siena para ajudar um jovem prisioneiro político, Niccolò di Tuldo, em sua execução.[17][19] Em junho do ano seguinte, foi pra Avinhão pessoalmente como embaixadora de Florença para tratar da paz com os Estados Papais (em 31 de março de 1376, Gregório XI interditou Florença). Sem sucesso, acabou sendo desautorizada pelos líderes florentinos, que enviaram embaixadores para negociar seus próprios termos continuando o caminho já iniciado por Catarina;[17] ela, por sua vez, enviou uma calorosa carta a Florença.[20] Ainda em Avinhão, Catarina tentou convencer Gregório a voltar para Roma,[21] o que ele de fato fez em janeiro de 1377. Porém, o peso real da influência de Catarina é tema de acalorado debate moderno.[22]

Catarina voltou para Siena e passou os primeiros meses de 1377 fundando um mosteiro estrita observância para mulheres fora da cidade, na antiga fortaleza de Belcaro.[23] O resto do ano passou em Rocca d'Orcia, por volta de 35 quilômetros de Siena, numa missão de paz e pregação. Durante o período, no outono de 1377, ela teve uma nova experiência que a levou a escrever seu "Diálogo" e a passar a escrever por conta própria, apesar de continuar utilizando assistentes em suas correspondências.[5][24]

No final de 1377 ou início do ano seguinte, Catarina foi novamente para Florença por ordem de Gregório XI para tentar negociar a paz entre florentinos e romanos. Depois da morte do papa em março de 1378, revoltas irromperam em Florença a partir de 18 de junho e, na violência que se seguiu, Catarina quase foi morta. Finalmente, em julho, a paz foi negociada entre as duas cidades e ela pôde voltar para casa.

No final de novembro de 1378, depois do cisma, o novo papa, Urbano VI, convocou-a a Roma e ela permaneceu na corte papal tentando convencer nobres e cardeais da legitimidade do novo papa romano, pessoalmente ou através de suas cartas.[23] Passou a viver numa residência na Piazza di Santa Chiara conhecida ainda hoje como Casa di Santa Caterina.

Por muitos anos, Catarina se acostumou a períodos de rigorosa abstinência.[25] A comunhão diária era, muitas vezes, sua única "refeição". Esta forma extrema de jejum já parecia pouco saudável aos olhos do clero, de suas irmãs e de seu confessor, que tentavam fazê-la comer adequadamente. Mas Catarina alegava que era incapaz e descrevia sua incapacidade como uma infermità (doença). A partir do início de 1380, Catarina já não conseguia nem comer e nem beber água. Em 26 de fevereiro, não podia mais andar.[23] Catarina morreu em Roma em 29 de abril de 1380 aos trinta e três anos de idade, depois de ter sofrido um derrame oito dias antes.[26]

Espiritualidade

O êxtase de Santa Catarina, Agostino Carracci, c. 1570.
St. Catherine of Siena, Giambattista Tiepolo, c.1746.

vida espiritual de Catarina de Siena consistia em uma união com Deus. Ela descreve essa união com Deus como um "caminho da verdade". A paixão de Cristo é central para quem considera que a morte de Cristo na cruz é um sacrifício, permitindo o conhecimento de Deus através da presença de "sangue redentor".[27]

Em seus escritos, ela apresenta três estágios da vida espiritual. O primeiro consiste no amor à paixão; indica até que a paixão de Cristo é o melhor guia para a vida espiritual: "é melhor que todos os livros". O segundo passo é a consequência do primeiro: esse amor leva Catarina de Siena à imitação de Cristo, através de uma vida de ascetismosacrifíciospenitênciaoração e serviço aos outros, a fim de ser como Cristo e ao seu sacrifício na cruz.[28] Assim, a imitação leva a querer se tornar um "Alter Christus" ("Outro Cristo"). O terceiro estágio consiste em desejar a cruz, ou seja, superar o sofrimento e as dificuldades diárias, e se apegar a ela, não mais para si mesma, mas para os outros.

Em seus escritos, ela desenvolve o que a teologia chama de "habitação de Deus na alma" , ou "habitação da Trindade": a crença de que Deus está presente na alma. Essa descoberta é feita muito cedo em Catarina. Privada pelos pais do acesso ao quarto onde costumava orar, Catarina descobre que pode viver com Deus que está presente dentro de si mesma, em sua alma. Catarina descreve esse lugar como sua "célula interna".[29]

Nos escritos e nos conselhos espirituais que ela dá, ela menciona em várias ocasiões a existência dessa célula interior, como na carta 223 a Alessia, onde afirma: "Faça você mesmo, minha filha, duas habitações: uma em sua cela, para não falar de todos os lados e deixá-lo apenas por necessidade, por obediência à prioresa ou por caridade. Faça de você outra habitação espiritual que você sempre carregará consigo: é a célula do verdadeiro autoconhecimento. Você encontrará lá o conhecimento da bondade de Deus para com você; estas são duas células em uma; e, estando em um, um não deve deixar o outro, pois a alma cairia em problemas e presunção". Afirma a necessidade de entrar em si mesmo para "viver pelo hábito", a fim de agir em união com Deus. Esta habitação de Deus na alma é central para Catarina de Siena, na medida em que leva a "possuir Deus".

O caminho desse conhecimento de si mesmo não é fácil para Catarina de Siena, porque esse sentimento de amor e misericórdia de Deus pode desaparecer. Ela, portanto, convida a uma vida de virtudepaciência e humildade, a fim de fugir do pecado e se unir mais a Deus. No entanto, essa busca pela virtude é difícil e requer seguir o caminho da cruz. A existência de tentações está presente, o que ela chama de "descida ao inferno". A maneira de resistir a isso é voltar a esse conhecimento de si mesmo.

A vida interior é para Catarina de Siena um contínuo movimento de vaivém entre o conhecimento de si mesmo que leva ao conhecimento de Deus. Esse conhecimento de Deus leva a um melhor conhecimento de si mesmo e a uma maior perseverança que se abre à caridade do próximo pela humildade.

No entanto, conhecer a si mesmo e a Deus não é um fim em si para Catarina de Siena. Isso deve levar não à retirada, mas ao amor do próximo que é amado da mesma maneira. Catarina afirma assim: "Contemplando em si o efeito do amor infinito e vendo a imagem que é a criatura, ela encontra Deus à sua imagem. Esse amor que Deus traz para ela, ela o vê se espalhando para todas as criaturas, e que imediatamente a força a amar o próximo como a si mesmo, já que Deus a ama soberanamente. O autoconhecimento torna-se para Catarina a fonte do apostolado e de abertura ao outro.

Reforma da Igreja

A vida desta santa é profundamente marcada pelo seu desejo de renovar a Igreja. Sua eclesiologia, isto é, sua concepção da Igreja, não é estritamente revolucionária: não desafia as estruturas hierárquicas tradicionais da Igreja, como fez o Conselho de Constança em 1417, e também não põe em causa seu sistema jurídico. Da mesma forma, não põe em causa a possibilidade do papa ter e administrar bens temporais. No entanto, ela considera que a Igreja está em crise devido à falta de interesse na dimensão espiritual, porque os membros da Igreja estão preocupados demais com considerações temporais de poder e riqueza. Catarina não nega as considerações temporais, mas considera que essas sempre devem ser a segunda, a conversão e a vida dos crentes, com Deus sendo sua principal missão. Ela pede desejos e muitas vezes para uma renovação.

Catarina de Siena considerava que a Igreja é a noiva de Cristo. Para ela, o papa, mas também todos os batizados, são responsáveis ​​pelos bens do “Sangue do Cordeiro”. A Igreja é para ela o guardião, aquele que comunica os dons de Deus, é a Igreja que transmite a divina "vida". Para Catarina, os frutos da Igreja são necessariamente bons na medida em que dependem da caridade e do “Sangue do Cordeiro”, mas também por causa de sua origem espiritual: a Igreja é "Fundado no amor, é apenas amor".

Ela usa a metáfora do jardim para falar da Igreja, um jardim onde todos têm um lugar e onde cada pessoa batizada é uma planta. Ela considera os sacerdotes como plantas que devem ser perfumadas e os que ainda não são cristãos como possíveis plantas no jardim. Ela quer que a Igreja seja o jardim onde se possa "ver o próximo, os cristãos, os infiéis e todas as criaturas razoáveis ​​que se alimentam".[30]

A Igreja permanece profundamente unida por Catarina de Siena: cada pessoa tem não apenas o seu lugar, mas também o seu papel. A união de todo o povo da Igreja é feita por sua relação com Deus, com o "Sangue do Cordeiro". A razão da autoridade da Igreja segue para Catarina de Siena a partir desta união com Deus, que gera uma união entre todos os membros. Para ela, a Igreja é um lugar onde cada pessoa tem um lugar, uma responsabilidade específica, que leva a uma relação de interdependência. É essa interdependência que leva à necessidade um do outro, abertura aos outros e respeito pelas diferentes vocações. Essa abertura leva ao nascimento da caridade entre seus membros, caridade que só é possível através do amor ao próximo.

Tentações

Santa Catarina tentada pelos demônios, c. 1500, autor desconhecido.

Catarina de Siena alerta muitas vezes sobre a divisão que pode existir no amor. Ela afirma que no homem existem dois tipos de amor, um direcionado a Deus e o outro egocêntrico, amor próprio. Ela considera esses dois tipos de amor irreconciliáveis. Para Catarina de Siena, o amor próprio é o centro de todos os vícios e pecados e leva à separação de Deus . É necessário que Catarina de Siena se separe da auto-estima e de suas conseqüências, ou seja, sensualidade ou busca de prazer ou reconhecimento, na medida em que essa auto-estima se opõe à amor de Deus: "Enquanto o vaso do coração estiver cheio de amor próprio espiritual ou temporal, ele não poderá ser preenchido com amor divino".[31]

Catarina de Siena, portanto, convida seus discípulos a uma guerra contra a sensualidade por meio da razão: "Quero que cada um de vocês separe a sensualidade da razão dentro dele e os torne inimigos irreconciliáveis". É por meio da consciência que conseguimos dominar a sensualidade, como ela escreve em uma de suas cartas: “Aqui está o caminho a seguir. No alto da sua consciência, você se senta para se julgar. Não deixe o menor pensamento passar fora de Deus sem corrigi-lo com grande severidade. O homem deve formar duas partes de si mesmo, que são sensualidade e razão. Essa razão deve extrair da bainha a espada de dois gumes: ódio ao vício e amor à virtude. Armado com esta espada, reduzirá a sensualidade para agradecer".[32]

Ela nos convida a ter um "santo ódio" contra a vida dos sentidos e a lutar contra a sensualidade. Ela convida você a lutar sempre contra a sensualidade, para que eu não tenha dois amores irreconciliáveis, entre o amor de Deus e o amor próprio. Esse combate não é isento de dificuldades, e ela afirma, a esse respeito, que "as virtudes são adquiridas com dificuldade, fazendo violência à sua fraqueza" , ou mesmo "é pela violência que adquirimos o virtudes verdadeiras e sólidas”. Essa busca pela virtude é importante, mas deve sempre procurar conhecer a fonte da auto-estima. Ela convida você a sempre cortar a sensualidade na fonte, buscando a origem de sua auto-estima. "Visite o jardim de sua alma todos os dias, à luz da fé, para arrancar os espinhos que sufocariam a boa semente e agitar a semente. terra, isto é, para despir seu coração”. Ela, portanto, adverte contra a virtude que não seria refletida pela busca pela origem da sensualidade: "A penitência não faz nada além de ameixa, mas, assim, você arranca a raiz apropriada para dar novo crescimento".[33]

A luta que ela defende leva a esvaziar seu ser de todo amor próprio, e essa ausência torna possível substituir o amor próprio pelo amor de Deus que enche a pessoa: "Assim que esvaziamos coisas perecíveis, o ar enche, isto é, o amor divino e celestial e divino com o qual a alma alcança a água da graça”. A fonte da luta e o ódio à sensualidade não é outro senão o amor de Deus, que rapidamente se torna mais fácil. Ela diz: “O caminho da penitência e dos meus mandamentos parece inicialmente difícil e difícil, mas quanto mais avançamos por lá, mais suave e fácil. O caminho do vício, pelo contrário, parece em princípio muito agradável; mas quanto mais caminhamos por lá, mais encontramos amargura e ruínas”.

O dom das lágrimas

Santa Catarina em uma pintura do século XVII.

O presente das lágrimas, ou doutrina das lágrimas, é um ensinamento desenvolvido no livro do Diálogo de Catarina de Siena (nos capítulos 88 a 97). Ela afirma que, a seu pedido, foi ensinada sobre o que a teologia chama de "presente das lágrimas" . Ou seja, o valor espiritual das lágrimas e seus respectivos frutos. A importância que Catarina de Siena dá às lágrimas vai além da perspectiva teológica clássica, na medida em que o corpo se torna um instrumento privilegiado de comunicação com Deus.[34]

Catarina desenvolve em o Diálogo cinco fontes de lágrimas, que não têm o mesmo valor espiritual. Essas lágrimas de que ela fala são lágrimas que vêm do coração. As lágrimas mais valiosas para eles são aquelas devidas ao amor e à virtude; eles podem ter um valor "infinito".

Os primeiros são aqueles que surgem do amor sensual, do apego às coisas e prazeres materiais. Eles não têm valor espiritual para Catarina porque vêm do amor próprio. O segundo tipo de lágrimas são aquelas que são fruto do medo do pecado e do inferno. Mesmo que sejam descritos como imperfeitos, por estarem muito pouco ligados ao amor, têm um valor espiritual.

A terceira fonte de lágrimas vem de pessoas que choram enquanto começam a amar "a doce primeira verdade de Deus", mas que continuam a ter auto-estima.

O quarto tipo de lágrimas, são as que provêm da caridade para com o próximo, as que choram, amando a Deus sem consideração por elas, têm um grande valor espiritual, pois têm apenas como fonte amor e compaixão do próximo .

A quinta fonte de lágrimas, chamada "lágrimas de doçura, fruto da união e conhecimento de Deus" . Essas lágrimas são o fruto da união com Deus, na medida em que a união entre a alma e Deus é tal que leva a deixar de ser capaz de se comunicar com as palavras. As lágrimas se tornam a linguagem suprema; ela então faz Deus falar para descrever o valor do sentimento do qual essas lágrimas vêm: "Então o sentimento que segue a inteligência se une a um amor tão perfeito e muito ardente, e se alguém perguntou-me quem é essa alma, eu diria: outro eu, é feito para uma união de amor. Que linguagem poderia descrever a excelência desse último estado unitivo".

Ordem Dominicana

Catarina de Siena, embora não seja fundadora da Ordem dos Pregadores, é, no entanto, uma das principais figuras dominicanas. Ela se tornou a figura feminina da ordem dominicana, como Clara de Assis é para os franciscanos. É ainda mais importante porque, com Alberto Magno e Tomás de Aquino, uma das três personalidades dominicanas foi declarada doutora da Igreja por causa da importância de seus escritos espirituais e teológicos.[35]

Catarina e Raimundo de Cápua desempenharam um papel importante no processo de renovação da ordem dos pregadores. De fato, no período conturbado que viu a Igreja Católica no século XIV, Catarina pede um retorno à vocação Dominicana. Ela costuma usar São Domingos como modelo e, em seu trabalho principal, The Dialogue, ela cita repetidamente o carisma original dado por Domingos, alertando contra aqueles que desobedecem à regra que ele deu. Esse desejo de retornar às fontes da Ordem dos Pregadores, feito com Raimundo de Cápua, que se tornou mestre geral da Ordem dos Pregadores, levou a torná-la uma figura importante dentro dos dominicanos.

Além disso, a espiritualidade e a vida de Catarina de Siena correspondem em muitos aspectos à espiritualidade de São Domingos: o importante lugar da pregação e da busca da salvação, mas também a importância da contemplação e da transmissão de conhecimento de Deus, específico da espiritualidade dominicana. Essa correspondência entre a vida e os escritos de Catarina de Siena e do fundador da ordem, Domingos de Gusmão, leva a torná-la uma das principais figuras femininas da ordem, em particular através de obras de arte, que representam Domingos com Catarina de Siena. Essas representações são anacrônicas na medida em que Domingos morreu em 1221, mais de um século antes do nascimento de Catarina de Siena.[36]

Fontes para vida de Catarina

Santa Catarina trocando seu coração com Cristo.
c. 1460. Por Giovanni di Paolo, atualmente no Metropolitan Museum of Art.

Há diversas evidências sobre a personalidade, seus ensinamentos e suas obras nas quase quatrocentas cartas de Catarina, em seu "Diálogo" e nas suas orações.

Muitos detalhes aparecem também nas várias fontes escritas logo depois de sua morte e que tinham por objetivo promover o seu culto e sua canonização. Embora a maior parte deste material seja fortemente hagiográfico, estas obras têm sido um recurso importante para os historiadores que tentam reconstruir a vida de Santa Catarina. Várias são particularmente importantes, especialmente a "Vita" escrita por Raimundo de Cápua, que foi diretor espiritual e amigo pessoal de Catarina de 1374 até sua morte e que viria a tornar-se Mestre Geral da Ordem dos Pregadores em 1380. Ele começou a obra, que viria a ser conhecida como "Legenda Major", em 1384 e completou-a em 1395.

Outra importante obra escrita depois da morte de Catarina foi a "Libellus de Supplemento" ("Pequeno Livro Suplementar"), escrita entre 1412 e 1418 por Tommaso d'Antonio Nacci da Seine (conhecido geralmente como "Tomás de Siena" ou "Tomás Caffarini"), uma expansão da Legenda Major que incorpora as notas do primeiro confessor de Catarina, Tommaso della Fonte (e que se perderam). Caffarini posteriormente publicou um relato mais breve da vida da santa que ficou conhecido como "Legenda Minor".

De 1411 em diante, Caffarini também coordenou a compilação do "Processus de Veneza", o conjunto de documentos submetidos para a canonização, que traz o testemunho de praticamente todos os discípulos de Catarina. Há ainda uma obra anônima chamada "Miracoli della Beata Caterina", escrita por um florentino anônimo, e umas poucas outras obras de menor relevância.[37]

Obras

Libro della divina dottrina, c. 1475

Três tipos diferentes de obras de Catarina de Siena chegaram aos nossos dias:

  • Seu principal tratado é o "O Diálogo da Providência Divina", iniciado provavelmente em outubro de 1377 e certamente terminado em novembro do ano seguinte. Contemporâneos de Catarina afirmam unanimemente que a maior parte da obra foi ditada enquanto Catarina experimentava seus êxtases, embora seja possível também que a própria Catarina possa, depois, ter reeditado muitas passagens no livro.[38] Trata-se de um diálogo entre uma alma que ascende a Deus e o próprio Deus.
  • As cartas de Catarina são consideradas uma das grandes obras da literatura toscana primitiva. Muitas delas foram ditadas, embora a própria Catarina tenha aprendido a escrever em 1377. Quase quatrocentas sobreviveram. Em suas cartas ao Papa, ela geralmente se refere a ele afetuosamente simplesmente como "papa" ("papai") ao invés do pronome de tratamento formal "Sua Santidade". Outros correspondentes incluem seus vários confessores, entre eles Raimundo de Cápua, os reis da França e da Hungria, o infame mercenário John Hawkwood, o rei de Nápoles, membros da família Visconti de Milão e numerosas figuras religiosas. Aproximadamente um terço delas era endereçada a mulheres.
  • 26 orações de Catarina de Siena também sobreviveram, a maioria composta nos últimos dezoito meses de sua vida.

Veneração

Catarina foi enterrada no cemitério de Santa Maria sopra Minerva, uma basílica perto do Panteão, em Roma. Depois que milagres passaram a ser relatados perto do túmulo, Raimundo moveu-o para dentro da basílica,[39] onde está até hoje e é visitado por milhares de peregrinos anualmente.

Sua cabeça, porém, foi separada de seu corpo e colocada no interior de um busto de bronze que, posteriormente, foi levado para Siena para ser carregado pela cidade durante as procissões dominicanas. Nas primeiras, caminhava atrás dele Lapa, a mãe de Catarina, que viveu até os 89 anos e já havia presenciado o fim da riqueza e da felicidade de sua família. Tendo sobrevivido a todos os seus filhos e a diversos netos, Lapa ajudou Raimundo a escrever a biografia de Catarina e afirmou: "Acredito que Deus tenha colocado minha alma de través no meu corpo para que ela não consiga sair".[40] A cabeça e o polegar incorruptos estão preservados na Basílica de São Domingos, em Siena.[39]

papa Pio II, nascido em Siena, canonizou Santa Catarina em 29 de junho de 1461.[41] Em 3 de outubro de 1970, Paulo VI proclamou-a Doutora da Igreja,[2] título recebido apenas alguns dias antes por Santa Teresa de Ávila (27 de setembro), o que faz delas as primeiras mulheres a receberam a honraria.[41]

Túmulo de Santa Catarina em Santa Maria sopra Minerva, em Roma.

Inicialmente, porém, sua festa não foi incluída no calendário romano. Quando foi, em 1597, a data escolhida foi a de sua morte, 29 de abril; porém, como a data já estava ocupada pela festa de São Pedro de Verona, a de Catarina foi movida, em 1628, para o dia 30 de abril.[42] Em 1969, durante a revisão do Calendário de Santos da Igreja Católica Romana, decidiu-se deixar a festa de Pedro para os calendários locais - pois ele não era conhecido mundialmente - e Santa Catarina passou a ser novamente celebrada em 29 de abril.[43]

Padroeira

Num decreto em 13 de abril de 1866, Pio IX declarou Santa Catarina copadroeira de Roma. Em 18 de junho de 1939, Pio XII declarou-a padroeira da Itália juntamente com São Francisco de Assis.

Em 1 de outubro de 1999, São João Paulo II tornou-a também padroeira da Europa.[3][4]

Iconografia

Cabeça de Santa Catarina preservada na Basílica de São Domingos, em Siena.

O povo de Siena desejava ter em sua cidade uma parte do corpo de Santa Catarina. Conta-se uma história de um milagre pelo qual o desejo foi parcialmente realizado: sabendo que não seria possível retirar o corpo todo de Roma, a população decidiu tomar apenas sua cabeça, que colocaram numa sacola. Quando foram parados pela guarda romana, oraram a Santa Catarina para que os ajudassem, confiantes que ela desejaria ter seu corpo (ou parte dele) em Siena. Quando a sacola foi aberta pelos guardas, a cabeça não estava ali e ela pareceu estar repleta de pétalas de rosas. Quando chegaram em Siena, a cabeça reapareceu e, por conta desta lenda, Santa Catarina é geralmente representada na arte segurando uma rosa.

Legado

Catarina é uma das importantes místicas e escritoras da Igreja[9] e é ainda hoje muito respeitada por suas obras espirituais e sua audacidade política, alguém que teve coragem de "dizer a verdade ao poder"— um feito excepcional para uma mulher de seu tempo, capaz de influenciar a política e a história de sua época.

Ver também

Notas

[a] ^ A data de nascimento de Catarina Benincasa ainda é alvo de controvérsias historiográficas e é tradicionalmente identificada como 25 de março de 1347, o mesmo dia da festa da Anunciação no calendário litúrgico da Igreja Católica. Esta data marcava o início do ano segundo o calendário usado na República de Siena à época. No entanto, um estudo crítico de 1921, feito por R. Fawtier, retrocede de dez a quinze anos o nascimento da religiosa, situando-o entre os anos de 1332 e 1337.

Referências

  1.  «Patronos da Itália» (em inglês). Site oficial do Vaticano
  2. ↑ Ir para:a b «Homilias de Paulo VI» (em inglês). Site oficial do Vaticano
  3. ↑ Ir para:a b Proclamation of the Co-Patronesses of Europe, Apostolic Letter, 1 October 1999.
  4. ↑ Ir para:a b Liturgical Feast of St. Bridget, Homily, 13 November 1999.
  5. ↑ Ir para:a b c Wikisource-logo.svg "St. Catherine of Siena" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
  6.  Skårderud, p.411.
  7. ↑ Ir para:a b Lives of Saints, John J. Crawley & Co., Inc.
  8.  Raimundo de Cápua, Legenda Major I, iii.
  9. ↑ Ir para:a b c Foley O.F.M., Leonard. Saint of the Day, Lives, Lessons, and Feast, (revised by Pat McCloskey O.F.M.), Franciscan MediaISBN 978-0-86716-887-7
  10.  Bellitto, Christopher M. "10 Great Catholics of the Second Millennium", St. Anthony Messenger
  11. ↑ Ir para:a b c Catherine of Siena. Available Means. Ed. Joy Ritchie and Kate Ronald. Pittsburgh, Pa.: University of Pittsburgh Press, 2001. Print.
  12.  Raymond of Capua, Life, pp. 99-101.
  13.  Bynum, Caroline Walker (1987). Holy Feast and Holy Fast. The Religious Significance of Food to Medieval Women246. [S.l.]: University of California PressISBN 978-0-52006-329-7
  14.  Manseau, Peter (2009). Rag and Bone. A Journey Among the World's Holy Dead. London: MacmillanISBN 978-142993-665-1[http://books.google.com/books?id=T-FrEhVhIBgC&pg=PT58&dq=%22Some,+most+famously+Saint+Catherine+of+Siena,+imagined+wearing+the+foreskin+as+a+wedding+ring%22 Algumas [freiras], a mais famosa delas, Santa Catarina de Siena, imaginava-se vestindo o prepúcio como um anel de casamento.
  15.  Raymond of Capua, Life, pp. 105-107.
  16.  Skårderud, pp. 412-413.
  17. ↑ Ir para:a b c d e Noffke, p. 5.
  18.  Hollister, p. 342.
  19.  Carta T273, destinada a Raimundo provavelmente em junho de 1375, trata do tema.
  20.  Carta 234 na contagem de Tommaseo.
  21.  Hollister, p. 343.
  22.  Veja Bernard McGinn, The Varieties of Vernacular Mysticism, (Herder & Herder, 2012), p561.
  23. ↑ Ir para:a b c Noffke, p. 6.
  24.  Esta experiência está descrita na carta 272, escrita a Raimundo, em outubro de 1377.
  25.  Butler, Alban. The Lives or the Fathers, Martyrs and Other Principal Saints, Vol.IV, D. & J. Sadlier, & Company, (1864)
  26.  Farmer, David Hugh (1997). The Oxford dictionary of saints 4. ed. Oxford [u.a.]: Oxford Univ. Press. 93 páginas. ISBN 0-19-280058-2
  27.  Vauchez, André (21 de junho de 2018). «Catherine de Sienne, prophétesse d'un renouveau spirituel»Laboratoire italien. Politique et société (em francês) (21). ISSN 1627-9204doi:10.4000/laboratoireitalien.1842
  28.  «Sainte Catherine de Sienne» (em francês)
  29.  «Catherine, Lettres 132»
  30.  Malan, Emile Chavin de (1846). Histoire de Sainte Catherine de Sienne (1347-1380). (em francês). [S.l.]: Sagnier et Bray
  31.  «Catarina de Siena, defensora da pureza e auxílio contra a ação do mal,»
  32.  «Santa Caterina da Siena. La vita, le opere, le reliquie, la casa santuario, i luoghi cateriniani e l'itinerario cateriniano a Siena»
  33.  Marie, Sister Jeanne; MI.C.M.; Tert. (14 de junho de 2008). «Saint Catherine of Siena» (em inglês)
  34.  «Catherine de Sienne»La Croix (em francês). 9 de abril de 2013. ISSN 0242-6056
  35.  «3 ottobre 1970: Proclamazione di Santa Caterina da Siena Dottore della Chiesa | Paolo VI»
  36.  «Tableau : la Remise du rosaire à sainte Catherine de Sienne et saint Dominique de Guzman»
  37.  Noffke, p. 2.
  38.  Noffke, p. 13.
  39. ↑ Ir para:a b «Catherine of Siena». findagrave.com. Consultado em 1 de dezembro de 2010
  40.  Skårderud, Finn (2008). «Hellig anoreksi Sult og selvskade som religiøse praksiser. Caterina av Siena (1347–80)»Tidsskrift for norsk psykologforening45 (4): 408–420. Consultado em 12 de maio de 2013«Jeg tror at Gud har gjort det slik at sjelen ligger på tvers i kroppen min og ikke kan komme ut.»
  41. ↑ Ir para:a b Beckwith, Barbara. "St. Catherine of Siena: A Feisty Role for Sister Nancy Murray", St. Anthony Messenger
  42.  "Calendarium Romanum" (Libreria Editrice Vaticana, 1969), p. 91.
  43.  Calendarium Romanum. [S.l.]: Libreria Editrice Vaticana. 1969. p. 121

Bibliografia

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  • Catherine of Siena, The Dialogue, ed. Suzanne Noffke, (Paulist Press, New York, 1980) ISBN 0-8091-2233-2
  • Hollister, Warren C. and Bennett, Judith M. Medieval Europe: A Short History, 9th ed., (McGraw-Hill Companies Inc, Boston, 2002)
  • Skårderud, Finn. Holy anorexia: Catherine of Siena, (Tidsskrift for norsk psykologforening, Oslo, 2008)
  • The Italian critical edition of the Dialogue is Catherine of Siena, Il Dialogo della divina Provvidenza: ovvero Libro della divina dottrina, 2nd ed., ed. Giuliana Cavallini (Siena: Cantagalli, 1995). [1st edn, 1968] [Cavallini demonstrated that the standard division of the Dialogue in into four treatises entitled the 'Treatise on Discretion', 'On Prayer', 'On Providence', and 'On Obedience', was in fact a result of a misreading of the text in the 1579 edition of the Dialogue. Modern editors, including Noffke (1980), have followed Cavallini in rejecting this fourfold division.]
  • The Italian critical edition of the 26 Prayers is Catherine of Siena, Le Orazioni, ed. Giuliana Cavallini (Rome: Cateriniane, 1978)
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  • Carolyn Muessig, George Ferzoco, Beverly Mayne Kienzle, eds, A companion to Catherine of Siena, (Leiden: Brill, 2012).
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  • McDermott,, Thomas, O.P. (2008). Catherine of Siena: spiritual development in her life and teaching. New York: Paulist Press. ISBN 0-8091-4547-2
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  • Sesé, Bernard (2005). Petite vie de Catherine de Sienne. Paris: Desclée de Brouwer. 185 páginas. ISBN 2220056015

Fontes primárias

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  • Catherine of Siena (1988). Suzanne Noffke, ed. The Letters of St. Catherine of Siena4. Binghamton: Center for Medieval and Early Renaissance Studies, State University of New York at Binghamton. ISBN 0-86698-036-9 [Republicado como The letters of Catherine of Siena, 4 vols, trans Suzanne Noffke, (Tempe, AZ: Arizona Center for Medieval and Renaissance Studies, 2000-2008))
  • The Prayers of Catherine of Siena, trans Suzanne Noffke, 2nd edn 1983, (New York, 2001)
  • Raimundo de Cápua (1980). Conleth Kearns, ed. The Life of Catherine of Siena. Wilmington: Glazier. ISBN 0-89453-151-4
  • Girolamo Gigli, ed, L'opere di Santa Caterina da Siena, 4 vols, (Siena e Lucca, 1707-1721)
  • The Dialogue of St. Catherine of SienaTAN Books, 2009. ISBN 978-0-89555-149-8

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