quinta-feira, 14 de abril de 2022

QUINTA-FEIRA SANTA - 14 DE ABRIL DE 2022

 

Quinta-feira Santa

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Procissão do Ecce homo na Quinta-feira Santa em BragaPortugal.

Quinta-feira SantaQuinta-feira de Endoenças ou Grande e Sagrada Quinta-feira é a quinta-feira que antecede a celebração da morte e ressurreição de Jesus. É o quinto dia da Semana Santa no cristianismo ocidental e o sexto no cristianismo oriental (que conta também o Sábado de Lázaro, anterior ao Domingo de Ramos). É neste dia que se comemora o lava-pés e a Última Ceia de Jesus com seus apóstolos segundo o relato dos evangelhos canônicos.[1][2]

A data ocorre sempre entre 19 de março e 22 de abril, mas os dias variam dependendo do calendário litúrgico utilizado, o gregoriano ou o juliano. As igrejas orientais geralmente usam este último e por isso celebram esta festa em datas que correspondem ao período entre 1 de abril e 5 de maio no calendário gregoriano utilizado no ocidente. A liturgia utilizada na noite da Quinta-feira Santa encerra a Quaresma e dá início ao chamado Tríduo Pascal, o período que comemora a paixãomorte e ressurreição de Cristo e inclui ainda a Sexta-feira Santa, o Sábado de Aleluia e termina no Domingo de Páscoa.[1][3] A missa neste dia é geralmente celebrada no final da tarde, o início da sexta de acordo com a tradição judaica, e relembra o fato de Última Ceia ter sido uma refeição da Páscoa judaica ("Sêder").[4]

Liturgia

Ver artigo principal: Lava-pés

Cristianismo ocidental

A Quinta-feira Santa é notável por ser o dia no qual é celebrada a Missa na Ceia do Senhor, que recorda de forma especial a Última Ceia.

A cerimônia do lava-pés é um componente tradicional da celebração em muitas igrejas cristãs, incluindo a Armênia,[5] a EtíopeCatólicas Orientais, grupos batistas,[6] Menonitas e a Igreja Católica Romana. Além disso, o rito está se tornando cada vez mais popular na liturgia da Quinta-feira Santa (em inglêsHoly Thursday ou Maundy Thursday) na Igreja AnglicanaEpiscopal,[7] LuteranaMetodista e Presbiteriana[8] além de várias outras denominações protestantes. Nas igrejas católicas e anglicanas, a Missa na Ceia do Senhor começa de forma tradicional, mas o Glória é acompanhado pelo soar de sinos, que permanecerão em silêncio até a Vigília Pascal.[9] Depois da homilia, realiza-se então o lava-pés onde a cerimônia é realizada. Na missa católica, o Santíssimo Sacramento permanece exposto até que o serviço se conclua com uma procissão para levá-lo até o local onde ele será depositado. O altar-mor e todos os demais são limpos de toda decoração, com exceção do Altar de Reposição.[10] Até 1969, o missal romano previa este rito sendo realizado de forma cerimonial acompanhado do canto dos salmos 21 e 22,[11][12] uma prática que ainda permanece em muitas igrejas anglicanas. Em outras denominações cristãs, como as luteranas e metodistas, a limpeza do altar e do presbitério ocorre como preparativo para a solene e mais sombria ação litúrgica da Sexta-feira Santa pois nesse dia não se celebra missa.[13]

Também celebra-se neste dia em todas as dioceses da Igreja Católica Romana a Missa do Crisma (ou "Missa da Unidade"). Geralmente celebrada na catedral da diocese, nesta missa o santos óleos são abençoados pelo bispo para serem utilizados na crisma, na unção dos enfermos e como óleo dos catecúmenos. O primeiro e o último serão utilizados no Sábado de Aleluia, durante a Vigília Pascal, para batizar e confirmar os que entram para a igreja.

Cristianismo oriental

Na Igreja Ortodoxa e nas Igrejas Católicas Orientais de rito bizantino, o dia é conhecido como "Grande e Sagrada Quinta-feira" ou "Grande Quinta-feira".[14][15][16] Na Igreja Ortodoxa, as cores litúrgicas são mais brilhantes, comumente brancas. É apenas neste dia que se relaxa o jejum da Semana Santa para se permitir o consumo de vinho e azeite.

A leitura da manhã é o primeiro evangelho da paixão (João 13:31 até João 18:1), conhecido como "Evangelho do Testamento", e muitos dos hinos normais da liturgia são substituídos. É normal a realização da cerimônia do lava-pés em catedrais e mosteiros. Quando há necessidade de consagrar mais óleo para crisma, a cerimônia é realizada pelos patriarcas e outros líderes das diversas igrejas autocéfalas. À noite, depois da liturgia, todas as decorações e vestes são trocadas por outras de cor negra ou escura, um sinal do início da paixão.

A partir da Grande e Sagrada Quinta-feira, os serviços em memória dos mortos estão proibidos até o dia seguinte ao Domingo de Tomé.

Feriados

A Quinta-feira Santa é um feriado nacional na ColômbiaCosta RicaDinamarcaIslândiaMéxicoNoruegaParaguaiFilipinasEspanha (com exceção das regiões da Catalunha e Valência) e Venezuela.[17]

Quinta-Feira Santa
AnoData
20101 de abril
201121 de abril
20125 de abril
201328 de março
201417 de abril
20152 de abril
201624 de março
201713 de abril
201829 de março
201918 de abril

Visita a sete igrejas

A tradição de visitar sete igrejas na Quinta-feira Santa é uma prática antiga originada provavelmente em Roma. Em diversos países da América Latina, a visita às sete igrejas geralmente ocorre à noite.

Referências

  1. ↑ Ir para:a b Gail Ramshaw (2004). Three Day Feast: Maundy Thursday, Good Friday, and Easter. [S.l.]: Augsburg Books. Consultado em 11 de abril de 2009
  2.  Leonard Stuart (1909). New century reference library of the world's most important knowledge: complete, thorough, practical, Volume 3. [S.l.]: Syndicate Pub. Co. Consultado em 11 de abril de 2009
  3.  Peter C. Bower. The Companion to the Book of Common Worship. [S.l.]: Geneva Press. Consultado em 11 de abril de 2009
  4.  Gwyneth Windsor, John Hughes (21 de novembro de 1990). Worship and Festivals. [S.l.]: Heinemann. Consultado em 11 de abril de 2009
  5.  «Maundy Thursday». The Armenian Church. Consultado em 13 de agosto de 2013. Arquivado do original em 24 de fevereiro de 2009
  6.  «Churches of the Brethren». Brethren.org. 8 de agosto de 2013. Consultado em 13 de agosto de 2013
  7.  Episcopal and the African Methodist Episcopal Church Book of Occasional Services, p. 93 (1994)
  8.  «What is Maundy Thursday?». United Methodist Church. Consultado em 21 de março de 2007
  9.  «Maundy Thursday». Catholic Culture. Consultado em 21 de março de 2007. Arquivado do original em 14 de maio de 2011
  10.  «Liturgia da Quinta-feira Santa» (PDF). Consultado em 30 de março de 2015. Arquivado do original (PDF) em 2 de abril de 2015
  11.  Missale Romanum 1962, p. 161
  12.  Wikisource-logo.svg 1913 Catholic Encyclopedia (em inglês). Em domínio público.
  13.  Pfatteicher, Philip H; Messerli, Carlos R (1979). Maundy Thursday: Stripping the Altar. [S.l.]: Lutheran Church. ISBN 978-0-8066-1676-6. Consultado em 21 de março de 2007
  14.  «Great and Holy Thursday». Greek Orthodox Archdiocese of America. Consultado em 5 de abril de 2009
  15.  «Great Lent: Theology, Homilies, Services, Resources». St Nicholas Russian Orthodox Church, McKinney (Dallas area) Texas. Consultado em 12 de abril de 2009
  16.  «The Historical Development of Holy Week Services In the Orthodox/Byzantine Rite». Antiochan Orthodox Christian Archdiocese of North America. Consultado em 12 de abril de 2009. Arquivado do original em 26 de outubro de 2011
  17.  «Planning your trip_www.visitdenmark.com». VisitDenmark. Consultado em 13 de agosto de 2013

Ligações externas

Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Quinta-feira Santa

DIA INTERNACIONAL DO CAFÉ - 14 DE ABRIL DE 2022

 

Café

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Disambig grey.svg Nota: Para outros significados, veja Café (desambiguação).
Uma xícara com café

café é uma bebida produzida a partir dos grãos torrados do fruto do cafeeiro. É servido tradicionalmente quente, mas também pode ser consumido gelado. O café é um estimulante, por possuir cafeína — geralmente 80 a 140 mg para cada 207 ml dependendo do método de preparação.[1] Estudos têm mostrado que pessoas que bebem quatro xícaras de café por dia têm um menor risco de morrer de um ataque cardíaco.[2]

Grãos de café Arábica torrados

Em alguns períodos da década de 1980, o café era a segunda mercadoria mais negociada no mundo por valor monetário, atrás apenas do petróleo.[3] Este dado estatístico ainda é amplamente citado, mas tem sido impreciso por cerca de duas décadas, devido à queda do preço do café durante a crise do produto na década de 1990, reduzindo o valor total de suas exportações. Em 2003, o café foi o sétimo produto agrícola de exportação mais importante em termos de valor, atrás de culturas como trigomilho e soja.[4]

Grãos de café Conilon (Robusta)

Minas Gerais é o estado com maior produção de café do Brasil[5] (26,6 milhões de sacas),[6] o que corresponde a mais de 50% da produção nacional do produto e 17% da produção mundial.[6]

O município de Patrocínio, em Minas Gerais, saltou três posições e assumiu a liderança no ranking de produtores do grão. Em 2012, a safra de café atingiu 64.789 mil toneladas naquele município (2,1% do total nacional). As informações são da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na comparação por espécie, o município de Patrocínio (MG) é o líder em café arábica. No café robusta ou conilon, o topo da lista é puxado por Jaguaré. Ambos os municípios dedicam 100% da produção a cada uma dessas espécies.

No total, o Brasil produziu 3,037 milhões de toneladas em 2012, uma queda de 12,5% em comparação ao ano anterior. Desse volume, 2,278 milhões de toneladas foram de café arábica, enquanto as outras 758,796 mil toneladas foram de robusta.

História

Ver artigo principal: História do café
Grãos de café Arábica

O café é originário das terras altas da Etiópia, em um local chamado Kaffa. Porém, a palavra "café" não é originária de Kaffa, e sim da palavra árabe qahwa, que significa "vinho" (قهوة).[7] Por esse motivo, o café era conhecido como "vinho da Arábia" quando chegou à Europa no Século XIV.[8][9]

Uma lenda conta que um pastor chamado Kaldi observou que seus carneiros ficavam saltitantes e conseguiam percorrer longas distâncias ao comer as folhas e frutos do cafeeiro. Ele experimentou os frutos e sentiu maior vivacidade. Um monge da região, informado sobre o fato, começou a utilizar uma infusão de frutos para resistir ao sono enquanto orava.[7][8][10]

Parece que as tribos africanas, que conheciam o café desde a Antiguidade, moíam seus grãos e faziam uma pasta utilizada para alimentar os animais e aumentar as forças dos guerreiros.[carece de fontes]

Seu cultivo se estendeu primeiro na Arábia, onde os manuscritos mais antigos mencionando a cultura do café datam de 575 no Iêmen. Até então, era comum o consumo da fruta in natura.[8]

O conhecimento dos efeitos do café disseminaram-se e no século XVI o café foi levado a península arábica, sendo torrado para se transformar em bebida pela primeira vez na Pérsia.[8][11]

Na Arábia, a infusão do café recebeu o nome de kahwah ou cahue (ou ainda qah'wa, do original em árabe قهوة). Enquanto na língua turco otomana era conhecido como kahve, cujo significado original também era "vinho". A classificação Coffea arabica foi dada pelo naturalista Lineu.

O café, no entanto, teve inimigos mesmo entre os árabes, que consideravam suas propriedades contrárias às leis do profeta Maomé. No entanto, logo o café venceu essas resistências e até os doutores muçulmanos aderiram à bebida para favorecer a digestão, alegrar o espírito e afastar o sono, segundo os escritores da época.

Na Ásia, África e América

Café na Palestina em 1900. Imagem estereoscópica de Keystone View Company

Em 1475, surgiu em Constantinopla a primeira loja de café, produto que para se espalhar pelo mundo se beneficiou, primeiro, da expansão do Islã e, em uma segunda fase, do desenvolvimento dos negócios proporcionado pelos descobrimentos.

Por volta de 1570, o café foi introduzido em VenezaItália, mas a bebida, considerada maometana, era proibida aos cristãos e somente foi liberada após o papa Clemente VIII provar o café.

Na Inglaterra, em 1652, foi aberta a primeira casa de café da Europa ocidental, seguindo-se a Itália dois anos depois. Em 1672, coube a Paris inaugurar a sua primeira casa de café. Foi precisamente na França que, pela primeira vez, se adicionou açúcar ao café, o que aconteceu durante o reinado de Luís XIV, a quem haviam oferecido um cafeeiro em 1713.

Na sua peregrinação pelo mundo o café chegou a Java, alcançando posteriormente os Países Baixos e, graças ao dinamismo do comércio marítimo holandês executado pela Companhia das Índias Ocidentais, o café foi introduzido no Novo Mundo, espalhando-se nas GuianasMartinicaSão DomingosPorto Rico e CubaGabriel Mathien de Clieu, oficial francês, foi quem trouxe para a América os primeiros grãos.

Ingleses e portugueses tentaram a sua sorte nas zonas tropicais da Ásia e da África.

Lavouras de café no Brasil

Ver artigos principais: Produção de café no Brasil e Ciclo do café
Colheita do grão de café

Em 1727, o sargento-mor Francisco de Melo Palheta, a pedido do governador do Estado do Grão-Pará, lançou-se numa missão para conseguir mudas de café, produto que já tinha grande valor comercial. Para isso, fez uma viagem à Guiana Francesa e lá se aproximou da esposa do governador da capital Caiena. Conquistada sua confiança, conseguiu dela uma muda de café-arábico, que foi trazida clandestinamente para o Brasil.

Das primeiras plantações na Região Norte, mais especificamente em Belém, as mudas foram usadas para plantios no Maranhão e na Bahia, na Região Nordeste.[12]

Fazenda típica de café, vista do terreiro de secagem do café ao fundo instalações - Avaré

As condições climáticas não eram as melhores nessa primeira escolha e, entre 1800 e 1850, tentou-se o cultivo noutras regiões: o desembargador João Alberto Castelo Branco trouxe mudas do Pará para a Região Sudeste e as cultivou no Rio de Janeiro, local onde o sucesso foi total. O negócio do café começou, assim, a desenvolver-se de tal forma que se tornou a mais importante fonte de receitas do Brasil e de divisas externas durante muitas décadas a partir da década de 1850. Em 1860, por exemplo, o Brasil correspondia a 60% da produção mundial de café, e o Rio de Janeiro correspondia a 90% da produção brasileira. O sucesso da produção cafeeira no Rio foi tão grande que derrubou os preços do café no mundo inteiro, popularizando a bebida, até então considerado um artigo de luxo. No final do Império, devido ao esgotamento do solo no sul do Rio de Janeiro (Vale do Paraíba fluminense), a produção cafeeira se deslocou para o norte do Estado do Rio (para os municípios de Itaperuna e Cantagalo) e, especialmente, para São Paulo e para a Zona da Mata mineira. Assim, no início do século XX, a produção paulista e mineira acabam por superar a produção cafeeira do Rio de Janeiro, embora Itaperuna permaneça como o maior produtor de café do Brasil ao longo de toda a 1ª República.[13]

Café em sacos

O sucesso da lavoura cafeeira em São Paulo, durante a primeira parte do século XX, fez com que o Estado se tornasse um dos mais ricos do país, permitindo que vários fazendeiros indicassem ou se tornassem presidentes do Brasil (política conhecida como café-com-leite, por se alternarem na presidência paulistas e mineiros), até que se enfraqueceram politicamente com a Revolução de 1930.

O café era escoado das fazendas depois de secados nos terreiros de café, no interior do estado de São Paulo, até as estações de trem, onde eram armazenados em sacas, nos armazéns das ferrovias, e, depois embarcado nos trens e enviado ao Porto de Santos, através de ferrovias, principalmente pela inglesa São Paulo Railway.

O fim do tráfico de escravos e seus efeitos

O tráfico negreiro era um dos negócios mais lucrativos da economia brasileira e movimentava muito dinheiro. Com sua proibição, os capitais antes aplicados na compra de escravos foram deslocados para outras atividades. Ocorreu assim um incremento das indústrias, das ferrovias, dos telégrafos e da navegação. Junto com o café, o fim do tráfico proporcionou o início da modernização brasileira.[14]

Reagindo aos efeitos da extinção do tráfico negreiro, os cafeicultores recorreram ao tráfico interprovincial e desenvolveram uma política de atração de imigrantes europeus para suas lavouras. As lavouras decadentes da cana-de-açúcar no Nordeste ampliaram a venda de escravos para as lavouras do Centro-Sul, que se transformaram na principal região escravista do país. Porém, o trabalho dos imigrantes só ganharia peso na década de 1880, quando os cafeicultores já não conseguiam segurar os escravos nas fazendas, devido à força da campanha abolicionista.

Bolsa Oficial do Café, Santos, São Paulo, Brasil
Bolsa Oficial do Café (atual Museu do Café), Santos, São Paulo, Brasil

O café e a geada

Plantação próxima da cidade de São João do Manhuaçu - Minas Gerais - Brasil

O café foi plantado no oeste do estado de São Paulo, nos lugares mais altos, os espigões, divisores das bacias dos rios que desembocam no rio Paraná, lugares menos propensos à geadas que as baixadas dos rios. Nestes espigões foram também construídas as ferrovias e as cidades do Oeste de São Paulo, longe da malária que era comum nas proximidades dos rios. O café em São Paulo sofreu sobremaneira com a "grande geada de 1918" e a geada de 18 de julho de 1975, que atingiu também o norte do estado do Paraná, dizimando todos os cafezais das regiões de Londrina e Maringá.[15]

A valorização do café

O mais conhecido convênio de estados cafeeiros para obter financiamento externo para estocagem de café em armazéns a fim de diminuir a oferta externa e conseguir preços mais elevados para o mesmo foi o Convênio de Taubaté de 1906. O pressuposto da retenção de estoques de café era a crença de que depois de uma safra boa, seguiria-se uma safra ruim, durante a qual o café estocado no ano anterior seria exportado. A partir da década de 1920, a valorização do café tornou-se permanente, aumentado muito o volume estocado, fazendo os preços se elevarem, atraindo com isso novos países produtores ao mercado fazendo concorrência ao Brasil. Com a crise de 1929, a partir do governo de Getúlio Vargas, todos os estoques de café tiveram que ser queimados para os preços subirem. A escolha foi feita de modo a manter o café como um produto destinado às elites. Ou seja, o governo preferiu queimar o café à vendê-lo por um preço mais baixo, o que o tornaria acessível a qualquer cidadão da época. Foram queimados de 1931 a 1943, 72 milhões de sacas, equivalentes a quatro boas safras. A partir de 1944, a oferta de café passou a ser regulada por convênios entre países produtores.[16][17]

Consumo e produção atual no Brasil

Distribuição geográfica dos diferentes cultivos (r: robusta, m: robusta e arábica e a: arábica)

Atualmente o Brasil consome anualmente 20 milhões de sacas de café, o que corresponde a 173 bilhões de xícaras.[18] Apesar de ser o principal exportador do grão sem valor agregado, o volume de café torrado e moído exportado diminui a cada ano.[18] Com o aparecimento dos cafés blends, que misturam cafés de várias procedências, o café brasileiro perde competitividade, já que a lei brasileira impede a importação de café verde de outros países.[18]

Em 2020, Minas Gerais era o maior produtor de café arábica do país, com 74% do total nacional (1,9 milhão de toneladas, ou 31,2 milhões de sacas de 60 kg). Já o Espírito Santo era o maior produtor de café conillon, com participação de 66,3% do total (564,5 mil toneladas, ou 9,4 milhões de sacas de 60 kg).[19] Em 2017, Minas respondia por 54,3% da produção nacional total de café (1º lugar), Espírito Santo respondia por 19,7% (segundo lugar) e São Paulo, 9,8% (terceiro lugar).[20]

Na Europa

Café Nicola, em Lisboa

Os estabelecimentos comerciais na Europa consolidaram o uso da bebida do café, e diversas casas de café ficaram mundialmente conhecidas, como o Café Nicola, em Lisboa, onde se encontravam políticos e escritores, sendo de realçar o poeta Bocage, o Virgínia Coffee House, em Londres, e o Café de La Régence em Paris, onde se reuniam nomes famosos como RousseauVoltaire, e Diderot.

O invento da cafeteira, já em finais do século XVIII, por parte do conde de Rumford, deu um grande impulso à proliferação da bebida, ajudada ainda por uma outra cafeteira de 1802, esta da autoria do francês Descroisilles, onde dois recipientes eram separados por um filtro.

Em 1822, uma outra invenção surge em França, a máquina de café expresso (do italiano spremutom ou seja, espremido), embora ainda não passasse de um protótipo. Em 1855, foi apresentada em uma exposição, em Paris, uma máquina mais desenvolvida, mas foi em Itália que a aperfeiçoaram.

Assim, coube aos italianos, apenas em 1905, comercializar a primeira máquina de expresso, precisamente no mesmo ano em que foi inventado um processo que permitia descafeinar o café. Em 1945, logo após o final da Segunda Guerra Mundial, a Itália continua tendo a primazia sobre os expressos e Giovanni Gaggia apresenta uma máquina onde a água passa pelo café depois de pressionada por uma bomba de pistão. O sucesso foi notório.[21][22]

A crise de 1929

Com a "quebra" da Bolsa de Valores americana em 1929, o Brasil teve a primeira grande crise de superprodução do café, tendo que o governo brasileiro promover a queima de estoques para tentar segurar os preços. Nos finais da década de 1930, o Brasil tinha-se visto a braços com outro excedente de produção que foi resolvido com ajuda da Nestlé, quando esta inventou o café instantâneo.[23]

Superada mais essa crise, o Brasil continuou a ser o maior produtor mundial de café, embora nos últimos anos tenha de concorrer com outros países da América Latina e Ásia, como ColômbiaVietnã e Indonésia.

O café é, atualmente, a bebida preparada mais consumida no mundo, sendo servidas cerca de 400 bilhões de xícaras por ano. O tipo de café mais comum é o arábica, ocupando cerca de três quartos da produção mundial, seguido do robusta ou conilon, que tem o dobro da cafeína contida no primeiro.

Valor nutricional

Valor nutricional por cada 100g
kJ2
Carboidratos0
Gordura0,02 g
Gordura saturada0,02 g
Gordura trans0 g
Gordura monoinsaturada0,015 g
Gordura polinsaturada0,001 g
Água99,39 g
Proteínas0,12 g
Cafeína40 mg
Vitamina A0 ug
Betacaroteno0 ug
Vitamina B10,014 mg
Vitamina B20,076 mg
Vitamina B30,191 mg
Vitamina B50,254 mg
Vitamina B60,001 mg
Vitamina E0,01 mg
Vitamina K0,0001 mg
Cálcio2 mg
Ferro0,01 mg
Magnésio3 mg
Manganês0,023 mg
Fósforo3 mg
Potássio49 mg
Sódio2 mg
Zinco0,02 mg

Fonte: Base de dados de nutrientes (USDA)

Produção

Principais produtores
(venda em milhares de ton)
Fonte:OIC

Ano198419942004
 Brasil1 28425%1 69230%2 35635%
 Vietnã140%2124%83112%
 Colômbia66213%77914%68410%
 Indonésia3737%3777%4437%
 Etiópia1393%1523%3004%
 Índia1964%1693%2313%
 Guatemala1703%2274%2213%
 México2605%2504%2043%
 Peru701%711%2013%
 Uganda1533%1443%1652%
 Honduras862%1312%1552%
 Costa Rica1513%1503%1072%
 Costa do Marfim2896%1803%1051%
 El Salvador1343%1382%851%
 Nicarágua511%411%681%
 Papua-Nova Guiné451%681%601%
 Equador832%1433%561%
 Tailândia282%841%481%
 Tanzânia501%411%481%
 Camarões952%240%441%
 Quênia932%1002%431%
 Venezuela591%561%421%
Outros55411%3977%2644%
Total5 039100%5 624100%6 760100%

Consumo

Em Portugal consomem-se 4,7 quilos de café por pessoa por ano, valor abaixo do consumo médio no resto da Europa - 6,4 quilos por ano.[24]

Ver também

Referências

  1.  Erowid. Caffeine Content of Beverages, Foods, & Medications. (em inglês) Acessado em 7 de novembro de 2006.
  2.  Saey, Tina Hesman (21 de junho de 2018). «Here's how drinking coffee could protect your heart»Science News (em inglês)
  3.  Portillo, L. (1993) "El Convenio Internacional del Café y la crisis del mercado". Comercio Exterior 43: 378-391. (em castelhano)
  4.  «FAOSTAT Agriculture Data. Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação.» (em inglês). Consultado em 31 de outubro de 2005
  5.  Portal Minas. «Minas segue líder na produção de café». Consultado em 13 de janeiro de 2012
  6. ↑ Ir para:a b Adm. do sítio web (2014). «Café em números» (PDF). Secretaria de Agricultura Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais. Consultado em 1 de agosto de 2014
  7. ↑ Ir para:a b «A história do café». Café Pilão. 2008. Consultado em 30 de setembro de 2008
  8. ↑ Ir para:a b c d «Páginas de Experiência do Café - A História do Café»web.archive.org. 1 de abril de 2012. Consultado em 16 de julho de 2020
  9.  Esat Ayyıldız. “Kahve Sözcüğünün Etimolojisi ve Arap Literatüründeki Yansımaları”International Anatolian Conference on Coffee & Cocoa: Full Text Book. ed. Sinem Karakundakoglu. Malatya: IKSAD Global Publishing House, 2021. p.61-68.
  10.  Mexido de Ideias. «Origens do Café». Consultado em 13 de janeiro de 2012
  11.  Clínica. «Vai um cafezinho aí?». Consultado em 13 de janeiro de 2012
  12.  «O café no Brasil, in A história do café.». ABIC (Associação Brasileira da Indústria do Café). 2008. Consultado em 9 de outubro de 2008
  13.  Lessa, Carlos (2000). O Rio de Todos os Brasis. Rio de Janeiro: Record. pp. 101–124
  14.  UOL Educação. «Abolição da escravatura - História». Consultado em 13 de janeiro de 2012
  15.  Criar e Plantar. «Agricultura». Consultado em 13 de janeiro de 2012
  16.  MERGULHÃO, Benedito, O General Café e a revolução Branca de 1937, Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 1943
  17.  MERGULHAO, A Santa Inquisição do Café, Irmãos Pongetti Editores, Rio de Janeiro, 1940
  18. ↑ Ir para:a b c Zafalon, Mauro (20 de janeiro de 2013). «Indústria nacional de café se arma para disputar mercado com estrangeiras». Folha de S. Paulo Online. Consultado em 20 de janeiro de 2013
  19.  IBGE prevê safra recorde de grãos em 2020
  20.  A Reivenção da cafeicultura no Paraná
  21.  Mundo Educação. «Economia Cafeeira». Consultado em 13 de janeiro de 2012
  22.  Cotanet. «Locação de Máquinas de Café Expresso». Consultado em 11 de Julho de 2018
  23.  Sua Pesquisa. «A Crise de 1929». Consultado em 13 de janeiro de 2012
  24.  «Portugueses abaixo da média europeia a beber café»

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