terça-feira, 5 de abril de 2022

GUERRA NA UCRÂNIA - 41º DIA - A TELEVISÃO RUSSA FAZ O JOGO DE PUTIN - 5 DE ABRIL DE 2022

A televisão russa já mostra o que se passa na guerra. Mas a culpa é sempre dos ucranianos

CNN - Ontem às 19:00
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O vídeo comovente parece-se mesmo as imagens que os telespetadores ocidentais estão a receber da guerra na Ucrânia: uma avó, embrulhada num casaco grosso contra o frio, chora em frente à sua casa de madeira, agora fumegante depois de um rocket ter atingido a sua aldeia. “Eles destruíram tudo!” chora ela. “Não sobrou nada.”

Agentes da polícia detêm um manifestante no centro de Moscovo a 13 de março - mas nenhuma oposição à guerra é mostrada na televisão estatal russa. Foto: AFP via Getty Images
© CNN PortugalAgentes da polícia detêm um manifestante no centro de Moscovo a 13 de março - mas nenhuma oposição à guerra é mostrada na televisão estatal russa. Foto: AFP via Getty Images

Mas este é o canal de televisão Rossiya24, controlado pelo governo russo e, nesta reportagem, os soldados que atacaram a aldeia são ucranianos, não russos. O correspondente russo apelida-os de “nacionalistas”. Outras reportagens do canal usam os termos “neonazis”, “fascistas” ou “viciados em drogas” que usam os civis como “escudos humanos”.

Quase todos os relatos do conflito são da região separatista de Donbass, no leste da Ucrânia, especificamente das duas autoproclamadas “repúblicas populares” de Donetsk e Luhansk, entidades maioritariamente de língua russa que a Rússia reconheceu como estados independentes a 21 de fevereiro.

Foi esse o gatilho para a invasão da Ucrânia pela Rússia, fornecendo a Moscovo o pretexto para invadir, alegando que não tinha escolha a não ser “protegê-los” de um ataque iminente da Ucrânia, uma alegação que a Ucrânia nega veementemente. Como disse uma reportagem: “A desnazificação só foi possível com uma operação militar.”

Nas transmissões televisivas russas, a guerra na restante Ucrânia, a guerra que a maioria das pessoas de todo o mundo está a testemunhar, é amplamente ignorada - os destroços de Mariupol após o bombardeamento russo; as ruínas carbonizadas de casas e edifícios em Kharkiv, Chernihiv, Kherson, Zhytomyr e outras cidades dizimadas pelos ataques aéreos russos; os bairros residenciais na capital Kiev, juntamente com os seus moradores em estado de choque, sangrando e fugindo dos bombardeamentos russos - quase nada disso é mostrado na televisão russa. Quando é mostrado, é claro que a culpa é das forças ucranianas. Também não há uma cobertura precisa dos recentes reveses militares sofridos pelos militares russos.

As reportagens são emotivas, muitas vezes cheias de acusações e ameaças iradas. Num dos talk shows mais populares da Rússia, o apresentador Vladimir Solovyov, critica a Europa e os Estados Unidos, a certa altura fazendo troça dos relatos mediáticos norte-americanos de que o presidente russo Vladimir Putin, alegadamente, não está a ser informado pelos seus assessores sobre o que realmente está a acontecer na Ucrânia.

“Ainda não sabem que respostas estamos a preparar para vocês, não sabem o rumo disto e, na verdade, não vão gostar nada, camaradas americanos!”

Também Putin tem usado uma linguagem mais crua e emocional quando aparece na televisão em reuniões virtuais ao estilo Zoom com o seu Conselho de Segurança, ou em pessoa, com um membro do seu governo sentado na extremidade oposta de uma mesa ridiculamente longa, para evitar qualquer possibilidade de ser infetado com covid.

O Ocidente tem um objetivo, disse ele num discurso: “a destruição da Rússia.”

“Mas qualquer povo, e especialmente o povo russo”, ele garantiu aos telespetadores, “será sempre capaz de distinguir os verdadeiros patriotas da escória e dos traidores, e irá simplesmente cuspi-los, como um mosquito que por acidente voa para dentro da sua boca.”

No mundo fechado da propaganda russa, no entanto, o elevado nível de emoção nem sempre pode compensar a falta de consistência lógica. Putin afirma que a Ucrânia não é realmente um país, mas sim uma região histórica da Rússia. Os ucranianos e os russos, como ele descreveu num tratado desconexo que publicou no verão passado, são um só povo. E, no entanto, na guerra que ele mesmo ordenou, os russos estão a matar os seus “irmãos” ucranianos.

Espalhados pelos boletins de notícias estão pequenos videoclipes destinados a angariar apoio para o ataque à Ucrânia: jovens ansiosos correndo para uma formação que, de cima, soletra a letra "Z", o símbolo não oficial da ofensiva da Rússia contra a Ucrânia, pintada em quase todos os tanques e veículos blindados na zona de guerra - e ocasionalmente, na Rússia, pintados com spray nas portas dos russos que expressam qualquer oposição à invasão.

Noutro vídeo de propaganda com citações curtas de pessoas que parecem russos comuns, um homem diz: “Eu apoio o nosso presidente!” Outro proclama: “Apoio totalmente as políticas do nosso presidente para proteger nosso povo!” Outro ainda diz de forma sombria: “Não queremos que a NATO se aproxime de nós.” O último orador implora: “Vamos unir-nos!”

Num toque Orwelliano, o conflito na Ucrânia pode ser apenas apelidado de “operação militar especial”. Segundo uma lei aprovada a 4 de março, é ilegal chamar “guerra” à guerra ou descrevê-la como “ataque” ou “invasão”. Os infratores podem ser punidos com até 15 anos de prisão, o mesmo acontecendo às agências noticiosas que divulguem qualquer coisa considerada “notícia falsa” sobre a “operação” ou os militares russos.

Muito simplesmente, não há uma visão contrária da guerra que possa ser vista ou ouvida nos média da Rússia. As manifestações contra a guerra que eclodiram em toda a Rússia nas primeiras semanas dos combates, durante as quais mais de 15 000 pessoas foram detidas ou presas, nunca são exibidas na televisão estatal.

Bloqueio de informações

Há anos que o governo de Putin tem vindo a eliminar metodicamente os média livres da Rússia e, quando a guerra começou, os dois meios de comunicação independentes que restavam, a TV-Dozhd (TV-Rain) e a Echo Moscow Radio, fecharam após a nova lei “não dizer guerra” ter sido aprovada. Agora, todos os meios de comunicação televisivos são controlados pelo governo, diretamente ou através de proprietários amigos do Kremlin, e a maioria dos russos, com a notável exceção dos jovens, obtém as suas notícias e informações pela televisão.

Fontes de informação online, como o Facebook, o Twitter, o Instagram e outras redes sociais estrangeiras foram bloqueadas. Assim como os meios de comunicação internacionais que transmitem no idioma russo, como a BBC e a Radio Free Europe/Radio Liberty.

Este bloqueio de informações parece estar a ter algum êxito em convencer os russos de que a guerra do presidente é justificada. Submetidos a uma propaganda cheia de mentiras de que a Ucrânia é governada por nazis, de que os compatriotas russos do Donbas são vítimas de “genocídio”, de que a própria Rússia está em perigo mortal de um ataque da NATO, pode ser compreensível que muitos russos apoiem a guerra.

Uma sondagem realizada em março pelo Levada Center, um instituto de pesquisa independente, sugeriu de facto que os índices de aprovação de Putin subiram desde o início da guerra, com 83% dos entrevistados a dizer que aprovavam o presidente russo, contra os 69% que o faziam em janeiro. Mas a verdade é que as sondagens não são necessariamente fiáveis num país onde as pessoas estão sujeitas a um fluxo de propaganda e onde a dissidência não é tolerada.

Os ucranianos sofrerão durante anos com a destruição desencadeada por esta guerra desnecessária. Mas os russos também sofrerão os efeitos desta viciosa guerra de informações travada pelo seu próprio governo.

segunda-feira, 4 de abril de 2022

7 ANOS DE SAUDADE - MARIA ARMINDA RODRIGUES DA FONSECA - 4 DE ABRIL DE 2022


IN MEMORIAM de 

MARIA ARMINDA RODRIGUES DA FONSECA

4 DE ABRIL DE 2015


31-JANEIRO-1948
4-ABRIL-2015


 Minha irmã MARIA ARMINDA completaria hoje, a idade de 74 anos, se ainda estivesse connosco.

Infelizmente em 4 de Abril de 2015, decidiu pôr termo à vida duma maneira trágica, o que nos deixou bastante abalados (a mim aos meus dois irmãos - Regina e Fernando) pois desconhecemos por completo as razões que a levaram a essa decisão, apesar dos contactos que mantínhamos com regularidade; inclusivamente 8 dias antes tínhamos falado ao telefone e ela havia dito que estava tudo bem com ela.

Do espólio encontrado, recolhi um livro de poemas manuscrito desde 1964 até 1 de Junho de 1973. Nele deparei com alguns que ela própria datou com o dia dos seus aniversários (16, 20, 22, 23, 24 e 25 anos).

Em jeito de homenagem e recordação resolvi incluir aqui um desses poemas, que por sinal, foi datado em 31 de Janeiro de 1964, quando ela tinha apenas 16 anos...

 É minha intenção compilar todos os outros e transcrevê-los por ordem, nesta página. Se entretanto, conseguir descobrir o/ou os cadernos que julgo existirem, que eventualmente poderão estar em poder de algumas pessoas que foram suas vizinhas, colegas e amigas, pedir-lhes-ei que mos cedam a título de empréstimo, para eu poder fazer a respectiva compilação.





A MAIS BELA RECORDAÇÃO

Apenas dezasseis anos.
Despertou meu coração.
pensei numa paixão... mas...
Triste desengano!
frágil, como uma flor,
mas belo, um amor.
Olhávamos confiantes
e sonhávamos acordados.
Porém algo nos aconteceu
Tivemos de nos separar
Depois de tudo acabado
muito e grande ficou
não um coração magoado
mas uma bela recordação.

31-1-1964


**************

-

Peço a todos que rezem um Padre Nosso e uma Ave Maria por sua alma.

ANTÓNIO FONSECA

GUERRA NA UCRÂNIA - 40º DIA - ÚLTIMAS NOTÍCIAS - 4 DE ABRIL DE 2022

 
 
 
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A Rússia convocou uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir o que chamou de "provocações odiosas" da Ucrânia, que denunciou o assassínio de civis por tropas russas em Busha.© D.R.-Seth Wenig A Rússia convocou uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir o que chamou de "provocações odiosas" da Ucrânia, que denunciou o assassínio de civis por tropas russas em Busha.

"À luz das provocações odiosas dos radicais ucranianos em Bucha, a Rússia solicitou uma reunião do Conselho de Segurança da ONU na segunda-feira, 4 de abril", escreveu na rede social Twitter o vice-embaixador da Rússia na ONU, Dimitri Poliansky. A Rússia é um membro permanente do órgão de 15 membros.

Dmitry Polyansky disse que estava fazendo o pedido "à luz da provocação flagrante dos radicais ucranianos".

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou no domingo os líderes russos de ordenar "tortura e assassínios" em Bucha, na região de Kiev, onde foram encontradas valas comuns e centenas de corpos de civis. "De facto, isso é genocídio. A eliminação de toda a nação e do povo. Nós somos os cidadãos da Ucrânia. Temos mais de 100 nacionalidades", afirmou.

"Trata-se da destruição e extermínio de todas essas nacionalidades".

Num discurso em vídeo, na noite de domingo, Zelensky disse que "o mal concentrado chegou à nossa terra", acrescentando que "todos os crimes dos ocupantes do território de nosso estado" seriam investigados.

"Todos os culpados de tais crimes serão inscritos num livro especial e todos serão encontrados e punidos", disse ele.###1396111###A Rússia negou que as tropas tenham matado civis em Busha e assegurou que todas as fotografias e vídeos publicados pelo Governo ucraniano são "uma provocação".

A ex-embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power, criticou a decisão da Rússia.

"A Rússia está a recorrer ao mesmo cenário da Crimeia e de Alepo (na Síria): forçada a defender o indefensável, a Rússia exige uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para fingir indignação", escreveu no Twitter.

"Ninguém acredita nisso", acrescentou a atual chefe da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional.

Desde o início da invasão, há mais de cinco semanas, a Rússia discutiu frequentemente com outros membros do Conselho de Segurança, trocando alegações de abusos de direitos humanos com os EUA em particular.

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