terça-feira, 2 de novembro de 2021

DIA INTERNACIONAL PARA O FIM DA IMPUNIDADE DE CRIMES CONTRA JORNALISTAS - 2 DE NOVEMBRO DE 2021

 

Dia Internacional pelo Fim da Impunidade dos Crimes contra Jornalistas

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Dia Internacional pelo Fim da Impunidade dos Crimes contra Jornalistas é um dia reconhecido pela ONU e celebrado anualmente no dia 2 de novembro.

O dia chama atenção para a baixa taxa global de condenação por crimes violentos contra jornalistas e trabalhadores da mídia, estimado em apenas um em cada dez casos.[1] Como esses indivíduos desempenham um papel fundamental para informar e influenciar o público sobre questões sociais importantes, a impunidade por ataques contra eles tem um impacto particularmente devastador, limitando a conscientização pública e o debate construtivo.[2]

No dia 2 de novembro, organizações e indivíduos em todo o mundo são incentivados a falar sobre os casos não resolvidos nos seus países e a escrever para o governo e funcionários intra-governamentais para demandar ação e justiça. A UNESCO organiza uma campanha de sensibilização sobre os resultados do relatório bienal sobre a segurança dos jornalistas e o risco de impunidade, da Diretoria-Geral da UNESCO,[3] que cataloga as respostas de Estados ao pedido formal da UNESCO para atualizações sobre o andamento dos casos de assassinatos de jornalistas e trabalhadores da mídia. A UNESCO e grupos da sociedade civil em todo o mundo também usam o dia 2 de novembro como uma data de lançamento para outros relatórios, eventos e outras iniciativas de advocacy relacionados com o problema da impunidade para crimes contra a liberdade de expressão.

Veja também

Referências

Ligações externas

JORGE DE SENA - POETA - NASCEU EM 1919 - 2 DE NOVEMBRO DE 2021

 

Jorge de Sena

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Jorge Cândido de Sena
Nome completoJorge Cândido de Sena
Nascimento2 de novembro de 1919
Lisboa
Morte4 de junho de 1978 (58 anos)
Santa BárbaraCalifórnia
NacionalidadePortugal Português brasileiro
CônjugeMaria Mécia de Freitas Lopes (1949, 9 filhos)
EducaçãoUniversidade do Porto
OcupaçãoPoetaescritorprofessor e tradutor
PrémiosPrémio P.E.N. Clube Português de Ensaio (1981)
Magnum opusSinais de Fogo

Jorge Cândido de Sena GCSE • ComIH (Lisboa2 de novembro de 1919 — Santa BarbaraCalifórnia4 de junho de 1978) foi poeta, crítico, ensaísta, ficcionista, dramaturgo, tradutor e professor universitário português, naturalizado brasileiro em 1963[1].

Biografia

Primeiros anos

Filho único de Augusto Raposo de Sena, natural de Ponta Delgada e comandante da marinha mercante, e de Maria da Luz Telles Grilo de Sena, natural da Covilhã e dona-de-casa. Ambas as famílias eram da alta burguesia, a paterna de suposta linhagem aristocrática de militares e altos funcionários, e a materna de comerciantes ricos do Porto. Segundo relata no seu conto Homenagem ao Papagaio Verde, teve uma infância recolhida, solitária e infeliz, o que fez com se tornasse introspetivo, observador e imaginativo.

Fez a instrução primária e os primeiros anos do liceu no Colégio Vasco da Gama. Concluiu os estudos secundários no Liceu Camões, onde foi aluno de Rómulo de Carvalho. Era um jovem que lia avidamente, tocava piano e escrevia poemas. Na Faculdade de Ciências de Lisboa, fez os exames preparatórios com as notas mais elevadas.

Na Escola Naval

Sena nutria a ideia algo romântica de se tornar oficial da marinha, seguindo as pisadas do pai. Em 1938, aos 17 anos, entrou para a Escola Naval como 1º do seu curso. A 2 de outubro de 1937, iniciou a sua viagem de instrução a bordo do navio-escola Sagres. Visitou os portos de S. Vicente, Santos, LobitoLuanda, S. Tomé e Dakar, chegando a Lisboa no final de fevereiro de 1938. O contacto com a imensidão do oceano, a azáfama da vida a bordo e o movimento e mudança constantes agradaram ao jovem Sena, mas nem tudo correu bem. Segundo o relato de um antigo camarada de curso, naquele ano a viagem de instrução foi excecional e particularmente dura e exigente em termos de preparação e destreza física, copiando o modelo da marinha alemã. Na parte teórica do curso Sena era brilhante, mas em termos atléticos era medíocre e apesar dos muitos esforços que fez não conseguiu satisfazer as elevadas expectativas do comandante do curso, que parecia nutrir um ódio de estimação pelo cadete contemplativo e intelectual. No final da viagem, foi comunicado a Sena que iria ser proposta a sua exclusão da Marinha por lhe faltarem as "necessárias qualidades" para oficial. Sena ficou profundamente frustrado e desgostoso com esta rejeição e o seu afastamento definitivo de um modo de vida que tanto almejava.

Engenharia civil, casamento e primeiras obras

Apesar da sua inclinação natural para a literatura, Sena frequenta, em setembro de 1942, o primeiro ciclo do Curso de Oficiais Milicianos, o qual abandona, enfrentando graves problemas de saúde. Depois de um ano letivo em Lisboa, regressa, em 1943, apoiado financeiramente por Ruy Cinatti e José Blanc de Portugal, à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (que iniciara em 1940) para frequentar o curso de Engenharia Civil, concluindo-o em 1944. O curso pouco o entusiasmou, mas durante todo esse tempo escreveu bastantes poemas, artigos, ensaios e cartas. Desde os 16 anos que escrevia e em 1940, sob o pseudónimo de Teles de Abreu, publicou os seus primeiros poemas na revista Cadernos de Poesia, dirigida por Cinatti, Blanc de Portugal e Tomás Kim. Em 1942, publica o seu primeiro livro de poemas, Perseguição, que não impressiona muito o seu amigo e crítico João Gaspar SimõesAdolfo Casais Monteiro considera-o um livro revelador mas difícil.

Em 1947, Sena inicia a sua carreira de engenheiro, que durou 14 anos. Trabalhou como engenheiro civil na Câmara Municipal de Lisboa, na Direção-Geral dos Serviços de Urbanização e na Junta Autónoma das Estradas (JAE), onde permanecerá até ao seu exílio para o Brasil em 1959.

Em 1940, no Porto, Jorge de Sena conhece e torna-se amigo de Maria Mécia de Freitas Lopes (irmã do crítico e historiador literário Óscar Lopes), começando a namorar em 1944 e casando-se em 1949. Jorge de Sena e Mécia de Sena tiveram nove filhos. Mécia, sua incansável companheira e enérgica colaboradora, apoiando o escritor nas inúmeras crises que lhe surgiram ao longo de uma vida por vezes atribulada.

Trabalhava incansavelmente, para sustentar a crescente família. Além do seu absorvente trabalho diurno na JAE (que lhe possibilitou viajar e conhecer o Portugal profundo), Sena também se dedicava à direção literária em editoras, à tradução e revisão de textos, ocupações que lhe roubavam precioso tempo para a investigação literária e a para a sua obra. A banalidade e a pequenez do quotidiano no Portugal de Salazar das décadas de 1940 e 1950 atormentam-no, bem assim como a mediocridade, a mesquinhez e a intriga dos meios literários, a opressão política, a censura literária, resultando num ambiente de trabalho sufocante e absolutamente frustrante, mas que não deixam de o inspirar para o poema É tarde, muito tarde na noite…

Durante esses anos publica várias obras: O Dogma da Trindade Poética – Rimbaud (1942), Coroa da Terra, poesia (1946), Páginas de Doutrina Estética de Fernando Pessoa (organização), 1946, Florbela Espanca (1947), Pedra Filosofal poesia (1950), A Poesia de Camões (1951), etc. Colabora na revista Mundo Literário [2] (1946-1948) com contos e poesia e também como crítico artístico na rubrica cinema e também nas revistas Litoral [3] (1944-1945) e Atlântico [4].

Exílio no Brasil

A sua situação como escritor e cidadão estava a tornar-se insustentável. Como escritor, não tinha tempo livre para escrever, apenas o podia fazer de modo insuficiente e limitado à noite e aos domingos. Também o facto de não pertencer a nenhum círculo académico e a falta de apoio institucional lhe frustrava qualquer pretensão de poder vir a editar alguma obra mais ambiciosa. Por outro lado, a sua participação numa tentativa revolucionária abortada em 12 de março de 1959, colocou-o em posição de prisão iminente, no caso muito provável de algum dos conspiradores presos pela PIDE denunciar os que ainda se encontravam livres.

Em agosto de 1959, viajou até ao Brasil, convidado pela Universidade da Bahia e pelo Governo Brasileiro a participar no IV Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros. Tendo sido convidado como catedrático contratado de Teoria da Literatura, em Assis, no Estado de S. Paulo, aproveitou essa oportunidade e aceitou o lugar, iniciando assim o seu longo exílio. Ele faz amizade com o poeta Jaime Montestrela, que dedicou o seu livro Cidade de lama. Por motivos profissionais, teve de adotar a cidadania brasileira.

Não foi, contudo, um exílio libertador. Sentia saudades da pátria, apesar do rancor perene que nutria pela pequenez, mesquinhez e falta de reconhecimento nacionais que o atormentariam até ao final da vida.

Em 1961, Jorge de Sena foi ensinar Literatura Portuguesa na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara. Em 1964, depois de vencer alguns preconceitos académicos pelo facto de ser licenciado em Engenharia, Jorge de Sena defendeu a sua tese de doutoramento em Letras (Os Sonetos de Camões e o Soneto Quinhentista Peninsular), tendo obtido os títulos académicos "com distinção e louvor".

O período de seis anos que passou no Brasil foi muito produtivo. Finalmente, tinha toda a disponibilidade para se dedicar à sua obra com a devida profundidade e profissionalismo. Poesia, teatro, ficção, ensaísmo e investigação. Parte do romance Sinais de Fogo e a totalidade dos contos Novas Andanças do Demónio foram escritos neste período.

Estados Unidos e últimos anos

A degradação da situação política no Brasil, com a instalação de uma ditadura militar a partir de março de 1964, fez com que Jorge de Sena, mais do que nunca avesso a prepotências, aceitasse um convite para ensinar Literatura de Língua Portuguesa na Universidade de Wisconsin, para partir para os Estados Unidos em outubro de 1965. Em 1967 foi nomeado catedrático do Departamento de Espanhol e Português da referida universidade.

De 1970 até 1978 foi catedrático efetivo de Literatura Comparada na Universidade da Califórnia, em Santa Barbara. Apesar da satisfação de ensinar e da amizade que os alunos lhe dedicavam, Sena não foi feliz. Queixava-se da "medonha solidão intelectual da América" onde não havia "convívio intelectual algum" e da esterilidade e espírito burguês do meio académico, que não se interessava pela sua obra.

Quando se deu o Revolução de 25 de Abril de 1974 Jorge de Sena ficou entusiasmado e queria regressar definitivamente a Portugal, ansioso de dar a sua colaboração para a construção da democracia. Sena visitou Portugal, contudo, nenhuma universidade ou instituição cultural portuguesa se dignou convidar o escritor para qualquer cargo que fosse, facto que muito o desiludiu e amargurou, decidindo continuar a viver nos Estados Unidos, onde tinha a sua carreira estabelecida.

Jorge de Sena morreu em 4 de junho de 1978, aos 58 anos, de cancro.

Em 1978, a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o escritor dando o seu nome a uma rua na zona da Quinta de Santa Clara, na Ameixoeira.[5]

Em 11 de setembro de 2009, os seus restos mortais foram trasladados de Santa Barbara, Califórnia, para o Talhão dos Artistas do Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, depois duma cerimónia de homenagem na Basílica da Estrela, com a presença de familiares, amigos e entidades oficiais.[6]

Obra

Foi um dos mais influentes intelectuais portugueses do século XX, com vasta obra de ficçãodramaensaio e poesia, além de importante epistolografia com figuras tutelares da literatura portuguesa e brasileira. A sua obra de ficção mais famosa é o romance autobiográfico Sinais de Fogo, adaptado ao cinema em 1995 por Luís Filipe Rocha. Grande parte da sua obra foi publicada postumamente pelos cuidados da viúva, Mécia de Sena.

Poesia

  • Perseguição (1942)
  • Coroa da Terra (1946)
  • Pedra Filosofal (1950)
  • As Evidências (1955)
  • Fidelidade (1958)
  • Metamorfoses (1963)
  • Arte de Música (1968)
  • Peregrinatio ad Loca Infecta (1969)
  • Exorcismos (1972)
  • Conheço o Sal e Outros Poemas (1974)
  • Sobre Esta Praia (1977)
  • Quarenta Anos de Servidão (1979, póstumo)
  • Dedicácias (1980, póstumo)
  • Sequências (1980, póstumo)
  • Visão Perpétua (1982, póstumo)
  • Post-Scriptum I (1985, póstumo)
  • Post-Scriptum II (1985, póstumo)
  • Poesia I (1977)
  • Poesia II (1978)
  • Poesia III (1978)

Ficção

Drama

  • O Indesejado (1951)
  • Ulisseia Adúltera (1952)
  • O Banquete de Dionísos (1969)
  • Epimeteu ou o Homem Que Pensava Depois (1971)

Ensaios

  • Da Poesia Portuguesa (1959)
  • O Poeta é um Fingidor (1961)
  • O Reino da Estupidez (1961)
  • Uma Canção de Camões (1966)
  • Os Sonetos de Camões e o Soneto Quinhentista Peninsular (1969)
  • A Estrutura de Os Lusíadas e Outros Estudos Camonianos e de Poesia Peninsular do Século XVI (1970)
  • Maquiavel e Outros Estudos (1973)
  • Dialécticas Aplicadas da Literatura (1978)
  • Fernando Pessoa & Cia. Heterónima (1982, póstumo)

Correspondências com

Prémios

Recebeu o Prémio Internacional de Poesia Etna-Taormina, pelo conjunto da sua obra poética, e foi condecorado com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique (9 de abril de 1977), por serviços prestados à comunidade portuguesa. Recebeu, postumamente, a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada de Portugal a 30 de agosto de 1978.[7] Em 1980, foi inaugurado o Jorge de Sena Center for Portuguese Studies, na Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara.

O erotismo segundo Jorge de Sena

Para se compreender o espírito livre e independente de Jorge de Sena, são úteis os seguintes textos, extraídos da obra Máscaras de Salazar, de Fernando Dacosta:

[...] a mais completa liberdade [deve] ser garantida a todas as formas de amor e de contacto sexual. Nenhuma sociedade estará jamais segura, em qualquer parte, enquanto uma igreja, um partido ou um grupo de cidadãos hipersensíveis possa ter o direito de governar a vida privada de alguém. [Um dos] prazeres sexuais dos seres humanos tem sido o de reprimir a sexualidade, a própria e a dos outros. Defendo todas as formas de prostituição, como profissão protegida pela lei e vigiada pela saúde pública. Ainda que isso possa chocar muita gente, parece que, desde sempre, houve machos e fêmeas cujo talento na vida, e cuja vocação definida, é emprestarem o próprio corpo. E quem se vende ou quem compra (o que não tem nada a ver com capitalismo, mas com o direito de qualquer pessoa a dispor de si mesma, em acordo com outra) deve ter a protecção da lei contra redes de exploração, chantagens, etc. O que duas pessoas (ou um grupo delas) fazem uma com a outra, fora das vistas dos demais, não diz respeito a esses demais, a não ser que eles vivam na observação mórbida de imaginarem (num misto de horror e curiosidade, que os torna moralistas raivosos) o que os outros fazem. E o que os outros fazem não altera em nada o equilíbrio social. [A pornografia pode ser] um prazer para muita gente e, às vezes, o único que lhes é concedido, pois as pessoas idosas, solitárias, não atractivas, não encontram nunca o chinelo velho para o seu pé doente. Uma prostituição oficializada é obra de caridade para com os feios e os tímidos. [Porque hão-de ser] só os ricos e os de maiores posses a terem acesso à pornografia, e não os pobres? As classes mais desprotegidas deviam ter a sua pornografia mais barata, subsidiada pelo Governo, se o Governo fosse ao mesmo tempo inteligente e progressista nestas matérias. Somos um país imoral, um país depravado às ocultas. Foi isso, no entanto, que nos salvou de mergulhar nas sombras horrendas do puritanismo. Puritanismo que não é parte da nossa herança cultural. Mil vezes a pornografia do que a castração, a prostituição do que a hipocrisia. Se alguma coisa há que deve ser sagrada, é o prazer sexual entre pessoas mutuamente concordantes em dá-lo e recebê-lo, ou negociá-lo. [Os adolescentes e as crianças sempre souberam] muito mais do que os adultos fingem que eles sabem. Raros terão sido os jovens seduzidos na sua inocência. Na maior parte dos casos, o contrário é que é verdade. Se alguma coisa há que deva ser sagrada, é o prazer sexual entre pessoas concordantes em usufruí-lo e partilhá-lo.

Referências

  1.  «Jorge de Sena - Portugal/Brasil - Poesia Iberoamericana - www.antoniomiranda.com.br»www.antoniomiranda.com.br. Consultado em 23 de julho de 2018
  2.  Helena Roldão (27 de janeiro de 2014). «Ficha histórica: Mundo literário : semanário de crítica e informação literária, científica e artística (1946-1948).» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 3 de novembro de 2014
  3.  Helena Roldão (19 de junho de 2018). «Ficha histórica:Litoral : revista mensal de cultura (1944-1945)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 25 de janeiro de 2019
  4.  Helena Roldão (12 de Outubro de 2012). «Ficha histórica:Atlântico: revista luso-brasileira (1942-1950)» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 25 de Novembro de 2019
  5.  https://www.facebook.com/423215431066137/photos/pb.423215431066137.-2207520000.1448277902./874870145900661/?type=3&theater
  6.  Parte da informação biográfica coligida a partir de Jorge de Sena por Eugénio Lisboa, Editorial Presença, Lisboa, s/d.
  7.  «Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Jorge de Sena". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 12 de julho de 2019

Bibliografia

Edição dirigida por Mécia de Sena, Edições 70

  • Os grão-capitães (contos). Obras de Jorge de Sena, Lisboa
  • Antigas e novas andanças do demónio (contos). Obras de Jorge de Sena, Lisboa
  • O Físico prodigioso (novela). Obras de Jorge de Sena, Lisboa
  • Sinais de fogo (romance)Obras de Jorge de Sena, Edições 70, Lisboa
  • Dialécticas teóricas da literatura (ensaios). Obras de Jorge de Sena, Lisboa
  • Dialécticas aplicadas da literatura (ensaios). Obras de Jorge de Sena, Lisboa
  • 80 poemas de Emily Dickinson (tradução e apresentação). Obras de Jorge de Sena, Lisboa
  • Os sonetos de Camões e o soneto quinhentista (ensaio). Obras de Jorge de Sena, Lisboa, 1980
  • A estrutura de "Os Lusíadas" (ensaios). Obras de Jorge de Sena, Lisboa
  • Trinta anos de Camões (ensaios). Obras de Jorge de Sena, Lisboa, 1980
  • Fernando Pessoa & C.a Heterónima (ensaios). Obras de Jorge de Sena, Lisboa, 1984

Obras Completas, edição coordenada por Jorge Fazenda Lourenço, ed. Guimarães

  • I - Sinais de Fogo, Lisboa, 2009
  • II - O Físico Prodigioso, Lisboa, 2010
  • III - 80 Poemas de Emily Dickinson, Lisboa, 2010
  • IV - Antologia Poética, Lisboa, 2010
  • V - Rever Portugal - Textos Políticos e Afins, Lisboa, 2011
  • VI - América, América, Lisboa, 2011
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Ligações externas

TEIXEIRA DE PASCOAES - POETA - NASCEU EM 1877 - 2 DE NOVEMBRO DE 2021

 

Teixeira de Pascoaes

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos
Teixeira de Pascoaes por António Carneiro
Pseudónimo(s)Teixeira de Pascoaes
Nascimento2 de novembro de 1877
AmarantePortugal
Morte14 de dezembro de 1952 (75 anos)
Gatão, Portugal
NacionalidadePortugal Português
CônjugeMaria
OcupaçãoPoeta
Movimento literárioRenascença Portuguesa
Magnum opusEmbriões
Pintura de Teixeira de Pascoaes, o Rio Tâmega e o Marão
Pintura de Teixeira de Pascoaes

Teixeira de Pascoaes, pseudónimo literário de Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos, (Amarante2 de novembro de 1877[1] — Amarante, Gatão14 de dezembro de 1952) foi um poetaescritor e filósofo[2] português e um dos principais representantes do saudosismo.

Vida

Teixeira de Pascoaes nasceu no seio de uma família da aristocracia rural, com raízes em Amarante, sendo o segundo filho (de sete) de João Pereira Teixeira de Vasconcelos, juiz e deputado às Cortes e de Carlota Guedes Monteiro. Foi uma criança solitária, introvertida e sensível, muito propenso à contemplação nostálgica da Natureza.

Em 1883 iniciou os estudos primários em Amarante e, em 1887, ingressou no Liceu dessa vila. Em 1895 muda-se para Coimbra, onde termina os seus estudos secundários — em Amarante não foi bom aluno, tendo até reprovado em Português — e em 1896 inscreve-se no curso de Direito da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Ao contrário da maioria dos seus camaradas, não faz parte da boémia coimbrã, passando o seu tempo, monasticamente, no quarto, a ler, a escrever e a refletir.

Teixeira de Pascoaes, c. 1911

Licencia-se em 1901 e, renitentemente, estabelece-se como advogado, primeiro em Amarante e, a partir de 1906, no Porto. Em 1911 é nomeado juiz substituto em Amarante, cargo que exerce durante dois anos. Em 1913, com alívio, dá por terminada a sua carreira judicial. Sobre esses penosos anos dirá: "Eu era um Dr. Joaquim na boca de toda a gente. Precisava de honrar o título. Entre o poeta natural e o bacharel à força, ia começar um duelo que durou dez anos, tanto como o cerco de Tróia e a formatura de João de Deus. Vivi dez anos, num escritório, a lidar com almas deste mundo, o mais deste mundo que é possível — eu que nascera para outras convivências." [3]

Sendo um proprietário abastado, não tinha necessidade de exercer nenhuma profissão para o seu sustento, e passou a residir no solar de família em São João do Gatão, perto de Amarante, com a mãe e outros membros da sua família. Dedicava-se à gestão das propriedades, à incansável contemplação da natureza e da sua amada Serra do Marão, à leitura e sobretudo à escrita. Era um eremita, um místico natural e não raras vezes foi descrito como detentor de poderes sobrenaturais.[4] Trocou correspondência com Bernardo Vaz Lobo Teixeira de Vasconcelos, mais conhecido por Frei Bernardo de Vasconcelos, um jovem monge beneditino que era seu parente e amigo. Nunca se encontraram, mas tinham uma grande admiração e estima um pelo outro. Teixeira de Pascoaes diria, em carta a uma sua irmã, que Frei Bernardo de Vasconcelos foi "o maior e mais perfeito amigo que Deus me concedeu".

Teixeira de Pascoaes com o seu conterrâneo, o pintor António Carneiro, autor do ex-líbris da Renascença Portuguesa.

Apesar de ser um solitário, Gatão era local de peregrinação de inúmeros intelectuais e artistas, nacionais e estrangeiros, que o iam visitar frequentemente.[5] No final da vida, seria amigo dos poetas Eugénio de Andrade e Mário Cesariny de Vasconcelos. Este último haveria de o eleger como poeta superior a Fernando Pessoa, chegando a ser o organizador da reedição de alguns dos textos de Pascoais, bem como de uma antologia poética, nos anos 70 e 80.

Pascoais morreu aos 75 anos, em Gatão, de bacilose pulmonar, alguns meses depois da morte da sua mãe, em 1952. O seu corpo encontra-se num jazigo no cemitério em frente à Igreja de São João Baptista de Gatão. A campa é rasa e tem inscritos versos que o autor propositadamente escreveu para ali figurarem: "Apagado de tanta luz que deu / Frio de tanto calor que derramou"[6].

Obra

Com António Sérgio e Raul Proença foi um dos líderes do chamado movimento da "Renascença Portuguesa" e lançou em 1910 no Porto, juntamente com Leonardo Coimbra e Jaime Cortesão, a revista A Águia, principal órgão do movimento. Também se encontra colaboração da sua autoria nas revistas Serões[7] (1901-1911), Atlântida[8] (1915-1920), Contemporânea[9] [1915]-1926, Revista de turismo [10] iniciada em 1916, Conímbriga [11] de 1923 e na 1ª série da revista Panorama [12] (1941-1949).

Pensamento

Teixeira de Pascoaes foi o principal pensador do Saudosismo e um dos mais importantes pensadores contemporâneos da Saudade e da Portugalidade, sobretudo durante a década de 1910 e através de obras como A Arte de Ser Português (1915) e Os Poetas Lusíadas (1919). Além disso, a sua poesia e as suas prosas revelam uma constante preocupação filosófica, configurando um «pensamento poético»[2] que faz de Pascoaes «estruturalmente um poeta-filósofo»[13] e um dos autores mais revisitados e interpretados pelos filósofos portugueses contemporâneos, particularmente pelo Grupo da Filosofia Portuguesa e por filósofos da espiritualidade, como Paulo Borges[14].

A Saudade é para Pascoaes a condição ontológica universal de todo o Ser e da existência, tanto no ser humano, como na natureza, como no próprio Deus, numa cosmogonia panteísta em que Deus vive na natureza e no ser humano para resgatar a queda — que é, no pensamento pascoalino, inerente ao próprio divino — através de uma redenção que advém pela dor e pelo desejo da Unidade aparentemente perdida e saudosamente procurada.[14]

Teixeira de Pascoaes por Bottelho

Bibliografia

Poesia

Elegias (eBook)
O Pobre Tolo
Cânticos
Sonetos
  • 1949 - Versos Pobres

Prosa

  • 1915 - A Arte de Ser Português
  • 1916 - A Beira Num Relâmpago
  • 1919 - Os Poetas Lusíadas (conjunto de conferências proferidas na Catalunha)
  • 1921 - O Bailado
  • 1923 - A Nossa Fome
  • 1928 - Livro de memórias (autobiografia)
  • 1934 - S. Paulo (biografia romanceada)
  • 1936 - S. Jerónimo e a trovoada (biografia romanceada)
  • 1937 - O Homem Universal
  • 1940 - Napoleão (biografia romanceada)
  • 1942 - Camilo Castelo Branco o penitente (biografia romanceada)
Duplo passeio
  • 1945 - Santo Agostinho (biografia romanceada)
  • 1951 - Dois Jornalistas (Novela)

Conferências

  • 1919 - Os Poetas Lusíadas (conjunto de conferências proferidas na Catalunha)
  • 1922 - Conferência
A Caridade (conferência)
  • 1950 - Duas Conferências em Defesa da Paz
  • 1951 - João Lúcio (conferência, não professada mas publicada posteriormente, sobre o poeta olhanense)

Reconhecimento

  • 1923 - [15]A 12 de Abril de 1923, Pascoaes e Raul Brandão são eleitos para a Academia de Ciências de Lisboa. Júlio Dantas, David Lopes e Henrique Lopes de Mendonça (relator) assinam o parecer onde se afirma que «Pascoaes é da raça excelsa de poetas que têm como remotos antepassados Hesíodo e Lucrécio, e cuja suprema representação, nas auroras do romantismo, é porventura Shelley.»
  • 1942 - [16]O poeta do saudosismo foi nomeado para o Nobel da Literatura em 1942, 1943, 1944, 1947 e 1948, sempre por João António de Mascarenhas Júdice, visconde de Lagoa e membro da Academia Portuguesa na secção de Humanidades. O arquivo do comité Nobel não revela as obras em causa.

Teatro

  • 1926 - Jesus Cristo em Lisboa (colaboração com Raul Brandão)

Referências

  1.  Todas as fontes bibliográficas indicam 2 de Novembro de 1877 como a sua data de nascimento. Contudo, o assento de nascimento/baptismo refere indubitavelmente que ele nasceu às cinco horas da tarde de 2 de Novembro de 1877, em Amarante. Segundo Luísa Borges, em O Lugar de Pascoais, Pascoais terá adoptado 2 de Novembro, como data do seu aniversário, por razões puramente simbólicas, por ser o Dia dos Mortos, uma "porta" para o "Mais Além".
  2. ↑ Ir para:a b Calafate, Pedro. «Teixeira de Pascoaes». Filosofia Portuguesa. Instituto Camões. Consultado em 25 de outubro de 2019
  3.  Livro de Memórias Ana Sofia.
  4.  «Isso é corroborado por um simples camponês que viu o Pascoais vir não sei de onde e disse: "Quem é aquele homem que deita fogo pela cabeça?"» in Amor, Liberdade, Poesia - Entrevista a Mário Cesariny de Vasconcelos, por Óscar Faria, Público, 19-01-2002, separata Mil Folhas Arquivado em 18 de abril de 2003, no Wayback Machine.
  5.  Um dia, um grupo de estudantes que o foi visitar confundiu-o com o jardineiro da quinta, tão humilde e arcaica era a sua aparência: um homem baixo, franzino e seco.
  6.  Rota do Românico. «1 Dia». Consultado em 28 de Março de 2018 Texto " Pascoaes: Existir não é pensar, é ser lembrado." ignorado (ajuda)
  7.  Serões: revista semanal ilustrada (1901-1911) [cópia digital, Hemeroteca Digital]
  8.  Atlântida : mensário artístico literário e social para Portugal e Brazil (1915-1920) [cópia digital, Hemeroteca Digital]
  9.  Contemporânea [1915]-1926 [cópia digital, Hemeroteca Digital]
  10.  Jorge Mangorrinha (16 de janeiro de 2012). «Ficha histórica:Revista de Turismo: publicação quinzenal de turismo, propaganda, viagens, navegação, arte e literatura (1916-1924)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 13 de Maio de 2015
  11.  Jorge Mangorrinha (1 de março de 2016). «Ficha histórica: Conímbriga : revista mensal de arte, letras, sciências e crítica (1923)» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 9 de fevereiro de 2018
  12.  José Guilherme Victorino (julho de 2018). «Ficha histórica:Panorama: revista portuguesa de arte e turismo» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 14 de setembro de 2018
  13.  Maria das Graças Moreira de Sá, Teixeira de Pascoaes, Instituto Camões. URL consultato il 26 ottobre 2019.
  14. ↑ Ir para:a b Cf. Borges, Paulo, Princípio e Manifestação. Metafísica e Teologia da Origem em Teixeira de Pascoaes, Lisboa, INCM, 2008.
  15.  Vasconcelos, Maria (abril de 1993). Fotobiogafia "Na sombra de Pascoaes". Porto: Vega. 2 páginas
  16.  iol (9 de outubro de 2017). «Os nomeados portugueses para prémios nobel»

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