quinta-feira, 10 de junho de 2021

SPIRIT - SONDA ESPACIAL LANÇADA EM 2003 - 10 DE JUNHO DE 2021

 


Spirit (sonda espacial)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Spirit
NASA Mars Rover.jpg
TipoRover
Operador(es)Estados UnidosNASA
Identificação NSSDC2003-027A
Propriedades
Massa185 kg
Missão
Data de lançamento10 de junho de 2003 às 17:58:47 UTC, Estados UnidosCabo CanaveralEstados Unidos
Veículo de lançamentoDelta II 7925
Fim da missão2010
Planet - The Noun Project.svg Portal Astronomia


Spirit (MER-A) foi um veículo de exploração espacial não tripulado, cuja missão era estudar o planeta Marte, permanecendo ativo de 2004 a 2010. Foi um dos veículos projetados pela NASA para o Programa Mars Exploration Rovers. Pousou com sucesso em Marte em 3 de janeiro de 2004, três semanas antes do outro veículo, Opportunity (MER-B). Seu nome foi escolhido em uma competição estudantil promovida pela NASA. O robô ficou preso durante o seu trajeto em 2009 e perdeu contato com o Centro de Controle da missão em 22 de março de 2010.

O robô atingiu o tempo planejado para a missão, mas continuou em atividade por mais de vinte vezes o tempo inicial, devido ao excelente condicionamento de seus sistemas. Além disso, o robô percorreu cerca de 7,7 km, ao invés do 1 km que era esperado no início da missão, permitindo uma investigação geológica mais extensa e completa que o previsto.

O Spirit continuou a realizar suas tarefas até 22 de março de 2010, quando a comunicação foi interrompida. O JPL tentou restabelecer a comunicação até 24 de maio de 2011, quando a Nasa anunciou que os esforços para se comunicar com o rover sem resposta tinham terminado. A despedida formal foi planejada na sede da Nasa após o feriado do Memorial Day e foi televisionada pela NASA TV.

Cratera de Gusev

Fotografia do por-do-sol marciano tirada pela Spirit na cratera Gusev em 19 de maio de 2005.

A NASA procurava locais de pouso onde se poderia detectar a existência de água no passado remoto de Marte e se no sítio houve a preservação de alguma forma de vida antiga.

A NASA escolheu a Cratera de Gusev como o local de pouso do Spirit, baseado em dados obtidos por satélites anteriormente enviados a Marte, pois lá havia indícios que há muito tempo atrás a cratera abrigava um grande lago. Constitui-se em um largo e profundo vale, aparentemente erodido por antigos fluxos de água que a percorriam. A cratera foi criada pelo impacto de um asteróide ou de um cometa nos primórdios de Marte.

Sol

Cada dia de Marte, ou denominado de sol, dura 40 minutos a mais que um dia terrestre. Desta forma cada equipe que cuida de um veículo, tem que se adaptar a duração dos dias de Marte. Isso significa que cada dia devem acordar e ir dormir em horas diferentes. Para melhor administrar este problema, existem diversos cientístas que se revezam, conseguindo acompanhar a evolução dos veículos em Marte.

Cronograma da missão Spirit

1) No dia 10 de junho de 2003, o robô geológico Spirit partiu da Terra a bordo de um foguete Delta II, da Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral, no estado da Flórida, numa viagem de sete meses rumo a Marte. Foi o primeiro lançamento, dos dois programados, para levar veículos exploradores semi-autônomos a Marte.

Após o lançamento, os controladores de voo do Laboratório de Jato Propulsão (JPL) da NASA em Pasadena, no estado da Califórnia, assumiram o controle da missão.

2) Em 12 de junho de 2003, com a separação do terceiro estágio do foguete Delta II, a rotação da nave era de 12,03 rotações por minuto. Agora retrofoguetes foram acionados e reduziram a sua rotação para 2 rotações por minuto. Desta forma a nave passou a monitorizar os céus a procura de estrelas, para balizar a sua trajetória.

3) Em 20 de junho de 2003, a velocidade da nave é acelerada para a velocidade de 32,22 km/s em relação ao Sol.

4) No dia 4 de janeiro de 2004 (4:35 UTC), após uma viagem de 487 milhões de quilômetros, o Spirit aterrissa dentro da gigantesca Cratera de Gusev. O veículo pousa dentro de uma área programada pela NASA, em forma de elipse de 62 km de comprimento por 3 km de largura.

Ainda no espaço, a nave se divide em duas partes. Uma estrutura em forma de cone, inicia o seu mergulho em direção a Marte. Sua velocidade diminui muito devido ao atrito com a atmosfera. Pouco antes de chegar ao solo, os paraquedas são abertos e retrofoguetes são acionados, para diminuir ainda mais a velocidade de queda.

Pouco depois o escudo térmico é liberado, com o aterrissador ainda preso ao paraquedas, inicia-se o enchimento dos airbags.

Inflados o aterrissador se desprende do para-quedas e se lança em direção ao solo de Marte.

Após a sua imobilização, os airbags desinflaram e se abriram como as pétalas de uma rosa. A posição da base módulo de pouso ficou quase paralela ao chão e devido a presença dos airbags em sua frente, a NASA optou em fazer rodar o Spirit em 90º e descer lateralmente de sua base, assim que o veículo completar os seus testes e se liberta de suas amarras.

O sinais de rádio levaram aproximadamente 10 minutos para chegarem a Terra e enviaram as primeiras fotos das vizinhanças do local de pouso do Spirit.

A sonda pousa em um terreno ondulado, repleto de pequenas pedras, com diversos bancos de areias e rochas aflorando no solo arenoso da Cratera de Gusev.

5) No dia 13 de janeiro de 2004 a NASA, baseada em fotos obtidas da sonda orbital Odyssey (Mars Odyssey orbiter), decide que o Spirit visitará uma grande cratera situado próximo ao local de pouso e depois se deslocará em direção a um grupo de colinas, um pouco mais distante. O veículo gera os esperados 900 watt-horas de energia por dia.

6) No dia 15 de janeiro de 2004, 11 dias após o pouso, o veículo após um lento processo de verificação, de desconexão de sua base, de liberação de suas seis rodas e de seu erguimento; o Spirit finalmente abandona a sua base de descida em Marte e inicia a caminhada pelo solo de Marte.

7) Do dia 21 de janeiro até o dia 23 de janeiro, houve problemas de comunicação com o veículo Spirit. Temia-se que problemas com o hardware pude-se prejudicar o andamento da missão e a situação foi considerada crítica. Posteriormente constatou-se que a memória flash do veículo havia sido corrompida, provavelmente durante sua viagem a Marte. Desta forma a memória foi toda reformatada e as comunicações com o veículo ficaram normalizadas.

Flash é um tipo de memória regravável, usando em muitos equipamentos eletrônicos como câmeras fotográficas digitais, que mantém a informação mesmo depois de desligadas.

Panorama das Colinas Apollo 1 a partir do local de pouso do Spirit

8) Em 27 de janeiro, a NASA baseado em fotos coloridas das vizinhanças do local de pouso do Spirit, nomeia três colinas com os nomes dos tripulantes da missão Apollo 1, que morreram em um incêndio, quando estavam dentro da cápsula, em testes de pré-lançamento.

9) Em 29 de janeiro, o veículo Spirit retorna lentamente com suas pesquisas, a medida que a equipe de Terra se certifica que os problemas do veículo eram apenas corrupção dos dados da memória flash. Em 1 de fevereiro, a NASA finalmente dá o sinal verde ao Spirit para continuar suas pesquisas.

Imagem da rocha marciana Adirondack

10) A primeira rocha que o Spirit analisou foi denominada de Adirondack. Ela era do tamanho de uma bola de futebol. Em 6 de fevereiro, o Spirit com o auxílio da ferramenta de abrasão (RAT), efetuou a primeira abrasão em uma rocha de Marte, limando uma área de 45.5 milímetros de diâmetro.

Imagem em falsa cor de Mimi

11) Imagens coloridas tiradas pela câmara panorâmica do Mars Exploration Rover Spirit no dia 13 de fevereiro é centrado em uma rocha extraordinariamente esquisita chamada Mimi. Ela é apenas um dos muitos recursos na área conhecida como Pedra do Conselho, mas parece muito diferente de qualquer rocha que os cientistas viram no local da cratera Gusev até agora. A aparência escamosa de Mimi leva os cientistas a uma série de hipóteses. Mimi poderia ter sido submetida a pressões, quer através do sepultamento ou impacto, ou pode ter sido uma duna que foi cimentada em camadas, um processo que às vezes envolve a ação da água.

12) Em 11 de março o Spirit atinge a borda de uma grande cratera chamada Bonneville com cerca de 200 metros e um piso com aproximadamente 10 metros abaixo da superfície. A JPL decidiu que seria um risco enviar o rover para dentro da cratera, já que não avistaram alvos de interesse. Dirigiram então o Spirit ao longo da borda sul e continuaram a sudoeste em direção à Columbia Hills (Montes Columbia).

13) Após passar ao largo da crateras Missoula, não considerada alvo prioritário por apresentar rochas antigas em seu interior, e Lahontan, onde dunas de areia solta próximas apresentaram um risco desconhecido para a capacidade de tração das rodas do rover, o Spirit chega em junho de 2004 (Sol 159) ao primeiro de muitos alvos na base das Colinas Columbia chamado West Spur. Exames realizados na Cavidade de Hank em uma rocha denominada "Pot of Gold", em 25 de junho detectaram a presença hematita, sugerindo um passado aquoso de Marte.

Ainda nas Colinas Columbia foi examinada, em 5 de agosto de 2004, uma rocha denominada Clovis localizada no afloramento rochoso denominado Longhorn na Colina Husband. Este afloramento chamou a atenção dos cientistas pelo fato de ter uma aparência arredondada, sem os habituais cantos e linhas retas das demais rochas basálticas e vulcânicas que cobrem o piso da Cratera de Gusev.

14) Em 12 de março de 2005 membros da missão de monitoramento do robô Spirit relataram o registro da passagem de redemoinhos de poeira, anteriormente havia apenas registros fotográficos obtidos pela sonda Pathfinder.

Vídeo de um redemoinho de poeira em Marte, fotografado pelo Spirit. O contador no canto inferior esquerdo indica o tempo em segundos após a primeira foto ser tirada na seqüência. No frame final, pode-se ver que o redemoinho deixou um rastro na superfície marciana. Outros três redemoinhos também aparecem em segundo plano.

Em janeiro de 2009 a NASA celebrou o 5º aniversário da missão, que tinha prazo de duração de apenas três meses. Ao longo deste período foram enviadas pelos robôs mais de 250.000 imagens do planeta.

Em Abril de 2009 o Spirit ficou preso numa armadilha de areias moles batizada de Troy (Tróia). Todos os esforços para o desatolar, através do sistema de controlo remoto, fracassaram. A última tentativa, a 26 de Dezembro de 2009, acabou mesmo por afundá-lo mais nas areias moles.

Em 22 de março de 2010 as comunicações com o veículo foram interrompidas. O contato não foi recuperado e em 25 de maio de 2011 a missão foi encerrada. Apesar dos problemas enfrentados, foi uma das missões mais bem sucedidas da NASA. A Spirit percorreu 7,73 km no total, mais de 12 vezes a distância que havia sido planejada, pesquisou mais de cem rochas através do seu espectrômetro e microscópio e enviou à Terra mais de 124 mil imagens.[1]

Referências

Ver também

Ligações externas

NAVIO SMS SZENT ISTVÁN - AFUNDADO EM 1918 - 10 DE JUNHO DE 2021







SMS Szent István

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
SMS Szent István
Szent Istvan.jpg
Carreira  Áustria-Hungria
OperadorMarinha Austro-Húngara
FabricanteGanz-DanubiusFiume
CustoKr 60,6 milhões
HomônimoEstêvão I da Hungria
Batimento de quilha29 de janeiro de 1912
Lançamento17 de janeiro de 1914
Comissionamento13 de dezembro de 1915
EstadoNaufragado
DestinoTorpedeado no Mar Adriático
em 10 de junho de 1918
Características gerais
Tipo de navioCouraçado
ClasseTegetthoff
Deslocamento21 690 t
Maquinárioturbinas a vapor
12 caldeiras
Comprimento152,18 m
Boca28 m
Calado8,6 m
Propulsão2 hélices
-26 000 cv (19 100 kW)
Velocidade20 nós (37 km/h)
Autonomia4 200 milhas náuticas a 10 nós
(7 800 km a 19 km/h)
Armamento12 canhões de 305 mm
12 canhões de 150 mm
18 canhões de 66 mm
3 canhões antiaéreos de 66 mm
tubos de torpedo de 533 mm
BlindagemCinturão: 150 a 280 mm
Convés: 30 a 48 mm
Torres de artilharia: 60 a 280 mm
Anteparas: 120 a 180 mm
Tripulação1 087

SMS Szent István foi um navio couraçado operado pela Marinha Austro-Húngara e a quarta e última embarcação da Classe Tegetthoff, depois do SMS Viribus UnitisSMS Tegetthoff e SMS Prinz Eugen. Sua construção começou em janeiro de 1912 nos estaleiros da Ganz-Danubius em Fiume e foi lançado ao mar em janeiro de 1914, sendo comissionado na frota austro-húngara em dezembro do ano seguinte. Era armado com uma bateria principal composta por doze canhões de 305 milímetros montados em quatro torres de artilharia triplas, possuía deslocamento de mais de 21 mil toneladas e conseguia alcançar uma velocidade máxima de vinte nós (37 quilômetros por hora).

Szent István foi designado para fazer parte da 1ª Divisão de Couraçados, ficando estacionado na base naval de Pola junto com seus irmãos. Sua entrada no serviço foi muito tardia para que pudesse participar do Bombardeio de Ancona após a declaração de guerra da Itália em maio de 1915. O Szent István praticamente não participou de combates pelo resto da guerra devido à Barragem de Otranto promovida por britânicos e franceses, o que impediu que a Marinha Austro-Húngara deixasse o Mar Adriático. Isto fez com que a embarcação raramente deixasse seu porto entre 1916 e 1918, com as únicas exceções sendo treinamentos de artilharia realizados relativamente próximos da costa.

A Marinha Austro-Húngara tentou romper a Barragem de Otranto em junho de 1918 com um grande ataque. Esta operação seria liderada pelos quatro couraçados da Classe Tegetthoff, porém ela foi abortada logo depois do Szent István e do Tegetthoff terem sido atacados por lanchas torpedeiras italianas na manhã de 10 de junho. O Tegetthoff escapou ileso, porém o Szent István foi torpedeado duas vezes pela lancha MAS-15 e emborcou uma hora e meia depois perto da ilha de Premuda. Seus destroços foram localizados na década de 1970 pela Marinha Iugoslava, estando de ponta-cabeça e com a proa quebrada a 66 metros de profundidade. O local hoje é protegido pelo governo croata.

Características

Ver artigo principal: Classe Tegetthoff
Desenho dos navios da Classe Tegetthoff

Szent István tinha 152 metros de comprimento de fora a fora, um calado que podia chegar a 8,7 metros e uma boca de 27,9 metros. O navio possuía um deslocamento projetado de vinte mil toneladas, porém esse valor podia chegar em até 21 670 toneladas quando totalmente carregado com suprimentos de combate.[1] Seu sistema de propulsão tinha doze caldeiras Babcock & Wilcox que impulsionavam dois conjuntos de turbinas a vapor AEG-Curtis, diferentemente das quatro turbinas de seus irmãos. Esses motores produziam de 26,4 a 27 mil cavalos-vapor (19,4 ou 19,9 quilowatts), o que fazia Szent István alcançar uma velocidade máxima de vinte nós (37 quilômetros por hora).[2] Ele carregava 1,8 mil toneladas de carvão e 267,2 toneladas de óleo combustível que era borrifado no carvão com o objetivo de aumentar sua taxa de queima,[1] o que dava um alcance de 4,2 mil milhas náuticas (7,8 mil quilômetros) a dez nós (dezenove quilômetros por hora).[3] Sua tripulação era de 1 087 oficiais e marinheiros.[1]

A bateria principal do Szent István consistia em doze canhões Škoda K/10 de 305 milímetros. Estes eram montados em quatro torres de artilharia triplas, duas na proa e duas na popa, em ambos os casos com uma torre sobreposta a outra.[1] A Classe Tegetthoff foi a primeira de navios de guerra do mundo a ser armada com torres triplas.[4] Seus armamentos secundários tinham doze canhões Škoda K/10 de 150 milímetros montados em casamatas à meia-nau e dezoito canhões Škoda K/10 de 66 milímetros montados em armações giratórias abertas no convés superior, acima das casamatas. Também haviam outros três canhões antiaéreos de 66 milímetros montados em cima das torres de artilharia superiores. Por fim, o couraçado foi equipado com quatro tubos de torpedo submersos de 533 milímetros, uma proa, uma na popa e um de cada lado.[1] O cinturão de blindagem tinha entre 150 milímetros de espessura nas extremidades e 280 milímetros na área central do navio, enquanto atrás do cinturão ficava uma antepara de torpedos de 25 milímetros. O convés era protegido por uma blindagem que ia desde trinta milímetros até 48 milímetros. As torres de artilharia e comando eram protegidas por blindagens iguais, que eram de 280 milímetros de espessura nas laterais de sessenta milímetros nos tetos, enquanto a blindagem das casamatas era de 180 milímetros de espessura.[5]

História

Construção

O lançamento do Szent István em janeiro de 1914

A construção do Szent István começou nos estaleiros da Ganz-Danubius em Fiume no dia 29 de janeiro de 1912, inicialmente sob o nome provisório de "Couraçado VII".[3] Foi o único membro da Classe Tegetthoff construído fora de Trieste, com isto tendo sido uma concessão para que a Dieta húngara aprovasse os orçamentos dos couraçados.[6] Várias discussões ocorreram sobre qual seria o nome final da embarcação, com a decisão ficando com o imperador Francisco José I, que escolheu chamar o navio de Szent István em homenagem ao rei e santo Estêvão I da Hungria.[7]

A expansão dos estaleiros atrasou o lançamento do Szent István até 17 de janeiro de 1914. Era costume que o imperador ou seu herdeiro estivessem presentes para o lançamento de um importante navio de guerra, porém Francisco José estava muito fraco e seu herdeiro presuntivo, o arquiduque Francisco Fernando, recusou-se a comparecer por atitudes anti-húngaras. O imperador acabou enviando um telegrama de parabenização para evitar controvérsias, com a cerimônia em si tendo sido presidida pela arquiduquesa Maria Teresa.[7] Houve um acidente durante o lançamento em que a âncora de estibordo precisou ser abaixada, porém ela não tinha sido agrilhoada e acertou dois trabalhadores do estaleiro, matando um e seriamente ferindo o outro.[8] Os trabalhos de equipagem do Szent István foram atrasados pelo início da Primeira Guerra Mundial, que começou depois do assassinato de Francisco Fernando, com ele só sendo comissionado na frota austro-húngara no dia 13 de dezembro de 1915.[1]

Primeira Guerra

Inatividade

Szent István ancorado em Pola

Szent István foi designado para servir na 1ª Divisão de Couraçados junto com seus três irmãos.[9] Ele entrou em serviço muito tarde para participar do Bombardeio de Ancona, a principal ação que a Marinha Austro-Húngara realizou na guerra,[10] consequentemente passou praticamente sua carreira inteira atracado na base naval de Pola, deixando o local apenas para participar de ocasionais exercícios de artilharia no Estreito de Fažana. No total, dos 937 dias que o Szent István serviu na Marinha Austro-Húngara, ele passou apenas 54 dias no mar e fez uma única viagem de dois dias de duração para a Ilha Pag. No total, apenas 5,7% de sua vida ocorreu no mar, com o restante tendo sido passado ancorado na base naval de Pola. O Szent István fez tão pouco e passou tão pouco tempo no mar que ele nunca precisou ir para uma doca seca a fim de ter seu casco limpo.[11]

Essa inatividade se deu por vários motivos, como temores de minas navais no Mar Adriático,[12] medo que um confronto direto contra a Marinha Nacional Francesa fosse enfraquecer a Marinha Austro-Húngara a ponto de permitir livre operação para a Marinha Real Italiana,[13] um bloqueio anglo-francês na forma da Barragem de Otranto[14] e escassez de carvão. Este último elemento vinha do fato de que 75% do suprimento de carvão da Áustria-Hungria era comprado do Reino Unido. Assim, os navios austro-húngaros foram empregados como uma frota de intimidação, fazendo com que as principais embarcações, incluindo o Szent István, permanecessem atracadas a menos que as circunstâncias exigissem sua ação.[12][15]

Os momentos mais significativos para o Szent István durante esse período foram inspeções de dignitários. A primeira foi uma breve visita do imperador Carlos I em 15 de dezembro de 1916, quando ele inspecionou as instalações navais de Pola e o couraçado. O imperador retornou em junho de 1917 para a primeira revista formal da Marinha Austro-Húngara desde 1902. A terceira visita de um dignitário ocorreu em 12 de dezembro do mesmo ano, quando o imperador Guilherme II da Alemanha inspecionou a base de submarinos de Pola e também reservou um tempo para inspecionar o Szent István. Além dessas visitas, as únicas ações que a base naval de Pola e a Classe Tegetthoff participaram desde o bombardeio de Ancona foi enfrentar mais de oitenta ataques aéreos realizados pelo recém-formado Corpo Aeronáutico Militar italiano.[16]

contra-almirante Miklós Horthy foi nomeado o novo Comandante da Marinha em fevereiro de 1918.[17] Ele começou a reorganizar a marinha de acordo com sua visão, também tirando os navios do porto com o objetivo de realizarem exercícios de manobra e artilharia regularmente. Foram as maiores operações que a marinha tinha feito desde o início da guerra.[18] Essas ações tinham a intenção de restaurar a ordem depois de vários motins fracassados, mas também para preparar a frota para uma grande operação ofensiva. Horthy resolveu realizar uma grande ofensiva com a frota a fim de abordar a moral baixa e o tédio dos marinheiros, além de facilitar a saída de u-boots austro-húngaros e alemães do Adriático para o Mediterrâneo. Ele concluiu que a frota estava pronta depois de meses de exercícios, marcando a ofensiva para o início de junho de 1918.[19]

Naufrágio

O plano de Horthy era atacar a Barragem de Otranto com uma grande frota de couraçados, barcos torpedeiroscontratorpedeiros e cruzadores.[20][21] O SMS Viribus Unitis e o SMS Prinz Eugen partiram para o sul junto com os elementos principais em 8 de junho, enquanto o Szent István e o SMS Tegetthoff e suas escoltas partiram no dia seguinte. A ideia era para que os membros da Classe Tegetthoff usassem seu poder de fogo para destruir a barragem e enfrentar quaisquer embarcações aliadas que encontrassem.[20]

Ficheiro:A Szent István csatahajó pusztulása.ogv
Filmagem do naufrágio do Szent István

Em 10 de junho, o Szent István e o Tegetthoff partiram para Islana a fim de se encontrarem com o Viribus Unitis e o Prinz Eugen e, no caminho, tentaram chegar em velocidade máxima. Entretanto, as turbinas do Szent István superaqueceram e a velocidade precisou ser reduzida. O couraçado acabou produzindo um excesso de fumaça depois de tentar criar mais vapor para que a velocidade subisse, o que fez com que fosse avistado pelas lanchas torpedeiras italianas MAS-15 e MAS-21 às 3h15min da manhã. As duas lanchas penetraram dentro da escolta e dividiram-se para enfrentarem os couraçados. O MAS-21 atacou o Tegetthoff, porém não conseguiu acertar seus torpedos.[22] O MAS-15 disparou dois torpedos que acertaram o Szent István às 3h25min. O Tegetthoff achou que os torpedos foram disparados por submarinos, assim deixou a formação e começou a navegar em zigue-zague com o objetivo de esquivar de outras ataques. Ele disparou várias vezes contra aquilo que achou que eram periscópios.[23]

Os torpedos acertaram o Szent István na sala das caldeiras. A sala traseira inundou e fez com que o navio adernasse dez graus a estibordo. Contra-inundações reduziram a inclinação para sete graus. O couraçado tentou navegar para a Baía de Brgulje, porém parou completamente a fim de dar potência adicional para as bombas d'água, que podiam bombear seis mil toneladas por hora. A água continuou a vazar para a sala de caldeira dianteira e acabou encharcando quase todas as caldeiras. Isto acabou com a potência das bombas e deixou eletricidade apenas para a luzes. As torres de artilharia foram viradas para bombordo a fim de tentar criar um contrapeso.[20][23] O Tegetthoff voltou para formação às 4h45min e tentou rebocar, sem sucesso, o Szent István.[24] A embarcação emborcou e afundou perto de Premuda às 6h12min, levando consigo 89 mortos. Este baixo número pode ser parcialmente atribuído à lentidão do naufrágio e o fato de que todos os marinheiros austro-húngaros eram obrigados a aprenderem a nadar antes de entrar em serviço.[20][23][25] Heinrich Seitz, o capitão do couraçado, estava preparado para afundar junto com seu navio, porém foi salvo depois de ser jogado para fora da ponte de comando quando o Szent István emborcou.[26]

Horthy, temendo mais ataques de lanchas ou contratorpedeiros italianos, além da chegada de possíveis couraçados Aliados, achou que o elemento surpresa tinha sido perdido e cancelou o ataque. Na verdade, as lanchas italianas estavam em uma patrulha de rotina e o plano austro-húngaro não tinha sido frustrado. Os italianos só descobriram que os austro-húngaros tinham deixado Pola mais tarde no mesmo dia, quando fotos de reconhecimento aéreo da base revelaram que eles não estavam mais lá.[27]

Depois da guerra, a lancha MAS-15 foi instalada no Monumento a Vítor Emanuel II em Roma, como parte do Museu Central do Risorgimento, por seu papel no naufrágio do Szent István. O aniversário do afundamento, 10 de junho, é desde então celebrado pela Marinha Real Italiana e sua sucessora, a Marinha Militar, como o dia oficial da marinha.[28] Os destroços do Szent István foram localizados pela Marinha Iugoslava na década de 1970. Ele está de cabeça para baixo a uma profundidade de 66 metros.[29] Sua proa quebrou quando o couraçado bateu no fundo do mar, estando ao lado do resto do casco incrustado. Os dois buracos dos torpedos estão visíveis na lateral, assim como outro buraco que pode ter sido de um dos torpedos disparados pelo MAS-21 contra o Tegetthoff. O local dos destroços está sob proteção do Ministério da Cultura da Croácia.[30]

Referências

  1. ↑ Ir para:a b c d e f Sieche 1991, p. 133
  2.  Earle 1913, p. 1322
  3. ↑ Ir para:a b Sieche 1985a, p. 334
  4.  Sieche 1991, p. 143
  5.  Sieche 1991, pp. 132–133
  6.  Sondhaus 1994, p. 195
  7. ↑ Ir para:a b Sieche 1991, p. 116
  8.  Sieche 1991, pp. 116, 120
  9.  Sieche 1991, p. 120
  10.  Sieche 1991, p. 123
  11.  Sieche 1991, p. 133
  12. ↑ Ir para:a b Halpern 1995, p. 144
  13.  Sondhaus 1994, p. 260
  14.  Halpern 1995, p. 140
  15.  Sondhaus 1994, p. 261
  16.  Sieche 1991, pp. 120, 122–123
  17.  Sondhaus 1994, p. 326
  18.  Sondhaus 1994, pp. 330, 333
  19.  Sondhaus 1994, p. 334
  20. ↑ Ir para:a b c d Sondhaus 1994, p. 335
  21.  Sokol 1968, p. 134
  22.  Sokol 1968, p. 135
  23. ↑ Ir para:a b c Sieche 1991, pp. 127, 131
  24.  Noppen 2012, p. 42
  25.  Sokol 1968, pp. 134–135
  26.  Sondhaus 1994, p. 336
  27.  Sieche 1991, p. 135
  28.  Sieche 1991, p. 131
  29.  Sieche 1991, pp. 138, 142
  30.  Guérin & Ulrike 2013, p. 46

Bibliografia

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  • Guérin, Ulrike; Egger, Barbara (2013). Maarleveld, Thijs J., ed. Manual for Activities Directed at Underwater Cultural Heritage: Guidelines to the Annex of the UNESCO 2001 Convention. Paris: United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. ISBN 978-92-3-001122-2
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