sábado, 27 de fevereiro de 2021

DIA DO URSO POLAR - 27 DE FEVEREIRO DE 2021

 




 mesmo tamanho. Embora esteja relacionado com o urso-pardo, esta espécie evoluiu para ocupar um estreito nicho ecológico, com muitas características morfológicas adaptadas para as baixas temperaturas, para se mover sobre neve, gelo e na água, e para caçar focas, que compreende a maior porção de sua dieta.

A espécie está classificada como "vulnerável" pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), com oito das dezenove subpopulações em declínio. Entre as ameaças que atingem o urso estão o desenvolvimento da região com a exploração de petróleo e gás natural, contaminação por poluentes, caça predatória e efeitos da mudança climática no habitat. Por centenas de anos, o urso-polar têm sido uma figura chave na vida cultural, espiritual e material dos povos indígenas do Ártico, aparecendo em muitas lendas e contos desses povos..

Nomenclatura e taxonomia

A espécie foi descrita como Ursus maritimus por Constantine John Phipps, 2º Barão de Mulgrave, em seu livro "A voyage towards the North Pole" publicado em 1774.[3] (a) Em 1825, John Edward Gray cunhou o termo genérico Thalarctos(b) para o urso-polar levando em conta as diferenças na coloração, formato do crânio, número de pré-molares e nos hábitos.[4] A taxonomia da espécie passou por mudanças ao longo dos anos, com uma corrente de pesquisadores sustentando que a espécie merecia figurar em um gênero distinto, sendo assim utilizando o binômio Thalarctos maritimus,[5][6][7][8] enquanto outro grupo continuava a usar a combinação original da espécie, fazendo com que a mesma permanecesse no gênero Ursus.[9][10][11][12][13] A controversa posição taxonômica da espécie só foi estabilizada na década de 1990, quando análises genéticas, especialmente de sequências de DNA mitocondrial, comprovaram o parentesco entre o urso-pardo e o urso-polar.[14][15]

Filogenia do urso-polar
DNA mit.


Ursus arctos 




Ursus arctos 




Ursus arctos "ABC" 



Ursus maritimus






Ursus americanus



DNA nuclear


Ursus arctos



Ursus maritimus




Ursus americanus



A filogenia obtida a partir do DNA mitocondrial coloca o urso-polar dentro do clado do urso-pardo, fazendo com que o mesmo se torne parafilético (colchete verde). A filogenia obtida do DNA nuclear posiciona o urso-pardo e polar como grupos-irmãos.

O estudo do ADN mitocondrial revelou que o urso-pardo era parafilético em relação ao polar, com os animais do arquipélago de Alexander (especialmente os indivíduos das ilhas AdmiraltyBaranof e Chichagof), no sudeste do Alasca, mais próximos aos ursos-polares do que do restante dos ursos-pardos.[16] Pesquisas subjacentes corroboraram estes resultados e sugeriram que os espécimes presentes no arquipélago Alexander representavam os descendentes que originaram o urso-polar.[15][17][18] Um estudo divergente estipulou os indivíduos da Irlanda como prováveis descendentes da linhagem polar.[19] Em 2012, um estudo analisando ADN nuclear colocou o urso-polar fora do clado do urso-pardo, restaurando a monofilia de ambas as espécies.[20] Híbridos férteis entre ursos-polares e pardos são conhecidos em cativeiro,[21] entretanto, são extremamente raros na natureza.[18] Em 2006, um animal híbrido foi morto no extremo sul da ilha Banks, no ártico canadense, e apresentava características mistas como a pelagem branca intercalada com manchas castanhas, garras longas, face côncava e uma corcova. Exames de DNA confirmaram que o híbrido provinha de uma mãe urso-polar e um pai urso-pardo.[22][23]

O urso-polar é uma espécie monotípica, não sendo reconhecida nenhuma subespécie.[24] No passado alguns pesquisadores reconheciam a existência de subespécies e até de várias espécies de ursos-polares, como Theodor Knottnerus-Meyer, que em 1908 descreveu quatro novas espécies e uma nova subespécie, e Alexei Andreevich Byalynitsky-Birula que em 1932 reconhecia um espécie com três subespécies.[25] T. H. Manning entre 1959 e 1966 realizou uma investigação morfométrica em diversos espécimes coletados em diferentes partes da área de distribuição e determinou não haver qualquer diferença que justificasse múltiplas espécies, como também, que entre os espécimes estudados todos pertenciam a uma única subespécie atual.[25] Em 1998, Dale W. Rice reconheceu duas subespécies, Ursus maritimus maritimus para as populações do Atlântico e Ursus maritimus marinus para as do Pacífico, baseado no tamanho do crânio.[26] Entretanto, a subdivisão do urso-polar em duas subespécies não têm justificativa.[27] Uma subespécie fóssil, Ursus maritimus tyrannus, foi identificada por Björn Kurtén em 1964, baseada em uma única ulna encontrada em Kew Bridge, Londres, datada do Pleistoceno.[9] Entretanto, uma reanálise feita por pesquisadores do Museu de História Natural de Londres concluiu que o espécime de Kew é na verdade um variedade de Ursus arctos.[28]

Híbrido de urso polar/pardo taxidermizado exposto no Rothschild MuseumTringInglaterra.

O registro fóssil do urso-polar é bem escasso, e sua história evolutiva não é muito bem conhecida.[28] O registro mais antigo para a espécie é uma mandíbula datada de 130 000 a 110 000 anos, encontrada em Prince Charles Foreland, Svalbard, em 2004.[28] Outros achados subfósseis são conhecidos da Groenlândia, Noruega, Suécia, Dinamarca e Canadá. Dos exemplares provenientes do sul da Escandinávia, seis foram datados de um período entre 12 500 e 10 500 a.p. sugerindo fortemente que a distribuição do urso-polar foi influenciada pela variação climática durante o Pleistoceno Superior e o Holoceno Inferior e que ele apresentava uma distribuição mais meridional que no Presente.[29] A análise morfométrica da mandíbula de Svalbard, quando comparada com exemplares de ursos-pardos e de ursos-polares atuais e de outros restos subfósseis encontrados, demonstram que o espécime têm as mesmas características que os animais atuais e que possivelmente tratava-se de um macho adulto.[28] A descoberta desta mandíbula confirma que o urso-polar já era uma espécie distinta a pelo ou menos 110 000 anos.[18] O tempo de divergência entre as duas linhagens varia entre os pesquisadores e a metodologia utilizada. Kúrten, com base no estudo do material subfóssil, sugeriu uma origem tardia para o urso-polar, estipulando que a espécie tenha evoluído entre 70 e 100 mil anos.[9] Estudos moleculares de relações evolutivas entre as espécies atuais diferem consideravelmente no tempo de divergência entre o urso-polar e o urso-pardo. Alguns pesquisadores corroboraram uma origem recente entre 70 000 e 100 000 anos,[30] enquanto outros chegaram a períodos 

RUDOLF STEINER - FILÓSOFO - NASCEU EM 1861 - 27 DE FEVEREIRO DE 2021

 

Rudolf Steiner

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Rudolf Steiner
Nome completoRudolf Joseph Lorenz Steiner
Nascimento27 de fevereiro de 1861
Áustria
Morte30 de março de 1925 (64 anos)
DornachSuíça
Nacionalidadeaustríaco
Principais trabalhosAntroposofia,
Medicina Antroposófica,
Agricultura Biodinâmica,
Pedagogia Waldorf,
Ciência Espiritual

Rudolf Steiner[1] (Kraljevec, fronteira austro-húngara, 27 de fevereiro de 1861 — Dornach30 de março de 1925) foi um filósofo, educador, artista e esoterista. Foi fundador da antroposofia, da pedagogia Waldorf, da agricultura biodinâmica, da medicina antroposófica e da euritimia, esta última criada com a colaboração de sua esposa, Marie Steiner-von Sivers. Seus interesses eram variados: além do ocultismo, se interessou por agriculturaarquiteturaartedramaliteraturamatemáticamedicinafilosofiaciência e religião.

JOÃO DE CASTRO - CARTÓGRAFO - NASCEU EM 1500 - 27 DE FEVEREIRO DE 2021

 

João de Castro

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D. João de Castro
D. João de Castro, Governador e Vice-Rei, séc. XVI
Vice-rei da Índia Flag of Portugal (1521).svg
Período1545 — 1548
AntecessorMartim Afonso de Sousa
SucessorGarcia de Sá
Dados pessoais
Nascimento27 de fevereiro de 1500
LisboaReino de Portugal
Morte6 de junho de 1548 (48 anos)
GoaEstado Português da Índia
ProgenitoresMãe: D. Leonor de Noronha
Pai: D. Álvaro de Castro

João de Castro (Lisboa27 de Fevereiro de 1500 — Goa6 de Junho de 1548) foi um nobrecartógrafo e administrador colonial português. Foi governador e capitão general, 13.º governador e 4.º vice-rei do Estado Português da Índia.

TAP Portugal homenageou-o ao atribuir o seu nome a uma das suas aeronaves.

Biografia[1]

Primeiros anos

Secretário da Casa do Rei D. Manuel I de Portugal, era filho de D. Álvaro de Castro, senhor do Paul de Boquilobo, governador da Casa do Cível e vedor da fazenda de João II de Portugal e de Manuel I de Portugal; e de D. Leonor de Noronha, filha do 2.º conde de Abrantes, D. João de Almeida, e de D. Inês de Noronha.

Foi discípulo de Pedro Nunes e condiscípulo do Infante D. Luís. Aprendeu Letras por vontade do pai, mas "...como por inclinação era muito afeiçoado às armas, aspirando por elas à glória, a que o exemplo de seus maiores o chamava", enveredou pela carreira militar. Embarcou aos 18 anos para Tânger, onde serviu durante nove anos sendo governador daquela praça D. Duarte de Meneses, e onde foi ordenado cavaleiro. D. Duarte escreveu a D. João III, recomendando João de Castro particularmente, dizendo que ele tinha servido de maneira que nenhum posto já lhe tivera servido.

De volta ao reino, conservou-se por algum tempo na Corte. Desposou sua prima, D. Leonor Coutinho, filha de Leonel Coutinho, fidalgo da casa de Marialva, e de D. Mécia de Azevedo, filha de Rui Gomes de Azevedo.

Quando o soberano armou a expedição a Túnis em auxílio a Carlos V (1535), D. João acompanhou o infante D. Luís, distinguindo-se de tal modo que, com a vitória, Carlos V quis armá-lo cavaleiro, "honra a que se escusou, por já o haver sido por outras mãos, que o que lhes faltava de reais, tinham de valorosas". O imperador mandou entregar 2.000 cruzados a cada um dos capitães da armada, "o que o D. João de Castro também rejeitou, porque servia com maior ambição da glória, que do prémio".

Em seu retorno, foi recebido por D. João III com grandes provas de consideração. Este, por carta de 31 de janeiro de 1538, concedeu-lhe a comenda de São Paulo de Salvaterra na Ordem de Cristo, a qual aceitou pela honra, e não por conveniência, pois era tão pequeno o rendimento dela que não bastava para as suas despesas, sendo contudo a primeira e única mercê que recebeu. Professou a 6 de Março de 1538, conforme a lista dos cavaleiros daquela Ordem. Retirou-se então para a sua casa na serra de Sintra, desejando viver só, entregue aos cuidados da família e aos trabalhos agrícolas.

A Índia

Medalhão retratando D. João de Castro, Museu Estatal de Goa.

Passou pela primeira vez à Índia Portuguesa como simples soldado, com seu cunhado D. Garcia de Noronha, nomeado vice-rei, indo render D. Nuno da Cunha, e que muito estimou levá-lo na armada "não só com os méritos de sucessor", segundo diz Jacinto Freire de Andrade, mas com a mercê de lhe suceder no governo, que lhe foi concedida por alvará de 28 de Março de 1538. Embarcou com seu filho D. Álvaro de Castro, que apenas contava 13 anos, dando por distrações daquela idade os perigos do mar.

A armada de D. Garcia de Noronha chegou a Goa com próspera viagem, e achou o governador D. Nuno da Cunha com a armada pronta a socorrer Diu, e pelejar contra as galés turcas, que o tinham sitiado no cerco, que defendeu António da Silveira. D. Garcia de Noronha, com a posse do governo, tomou a obrigação de socorrer a praça, "para o que se lhe ofereceu D. João de Castro, que embarcou no primeiro navio como soldado aventureiro, parecendo já pressentir os futuros triunfos que o chamavam a Diu; porém a retirada dos turcos privou D. Garcia da vitória, ou lha quis dar sem sangue, se menos gloriosa, mais segura."

Falecendo D. Garcia, sucedeu-lhe no governo D. Estêvão da Gama, e D. João de Castro achou-se com ele na expedição ao Mar Roxo. D. Estêvão partiu com 12 navios de alto bordo e 60 embarcações de remo, a 31 de Dezembro de 1540, sendo D. João de Castro o capitão dum galeão. Esta viagem até Suez foi deveras notável, e D. João fez dela um roteiro minucioso, que ofereceu ao infante D. Luís. Oito meses depois recolheu a Goa, em 21 de Agosto, tendo adquirido pelas experiências que fizera durante a viagem, o nome de filósofo.

Regressando a Portugal, foi nomeado general da armada da costa em 1543, em prémio dos serviços. Saiu logo para comboiar as naus, que de viagem se esperavam da Índia, contra os corsários que infestavam os mares. Conseguiu desbaratar sete naus dos corsários, e entrou com as da Índia pela barra de Lisboa, sendo recebido com o maior entusiasmo. D. João de Castro estava em Sintra quando o rei, perseguido por altos empenhos ao tratar-se de escolher o sucessor de Martim Afonso de Sousa, 13.º governador da Índia, consultou, irresoluto, o seu irmão o infante D. Luís, o qual lhe aconselhou a nomeação de D. João de Castro. Aceitou o rei o conselho, e mandou chamá-lo à Corte em Évora, e com palavras lisonjeiras o nomeou, por provisão datada de 28 de Fevereiro de 1545. D. João aceitou, beijando a mão do monarca reconhecido pela honra, que não solicitara.

Levou consigo para a Índia os seus dois filhos D. Álvaro e D. Fernando. Aprestou brevemente a armada, que constava de 6 naus grandes, em que se embarcaram 2.000 homens de soldo; a capitânia S. Tomé, em que o governador ia, que lhe deu este nome, por ser o do apóstolo da Índia, sendo os outros capitães D. Jerónimo de Meneses, filho e herdeiro de D. Henrique, irmão do marquês de Vila RealJorge Cabral, D. Manuel da SilveiraSimão de Andrade e Diogo Rebelo. A armada partiu a 24 de março de 1515. D. João recebera a mercê da carta de conselho com data de 7 de Janeiro de 1515 e fizera o seu testamento a 19 de março, deixando testamenteiros Lucas Geraldes, D. Leonor, sua mulher, e D. Álvaro, seu filho; instituiu o morgado na quinta da Fonte D'El-Rei, em Sintra, denominada da Penha Verde.

A armada chegou a Goa em Setembro. Lançado nos complicadíssimos negócios da administração da Índia, teve de pegar em armas contra o Hidalcão, por lhe não querer entregar o prisioneiro Meale, como seu antecessor estava resolvido a fazer. Hidalcão foi derrotado a duas léguas da cidade de Goa, e viu-se obrigado a pedir a paz. Acabado o incidente, 1546 trouxe outro deveras gravíssimo, a guerra de Diu, promovida por Coge Çofar, que pretendia vingar a derrota sofrida. Travou-se ardente luta, e no fim de sangrentos episódios, foram derrotados os portugueses. D. João de Castro mandou novo reforço, e, não contente com isso, organizou nova expedição que ele próprio comandou. Desta vez ficaram vitoriosas as tropas portuguesas; o inimigo teve de levantar o cerco e fugiu, deixando prisioneiros e artilharia. Para reedificar a Fortaleza de Diu, que depois da vitória ficara derribada até ao cimento, D. João escreveu aos vereadores da Câmara de Goa, a fim de obter um empréstimo de 20.000 pardaus para as obras da reedificação, a célebre carta, datada de 23 de Novembro de 1546, em que ele dizia, que mandara desenterrar seu filho D. Fernando, que os mouros mataram nesta fortaleza, para empenhar os seus ossos, mas que o cadáver fora achado de tal maneira que não se pudera tirar da terra; pelo que, o único penhor que lhe restava, eram as suas próprias barbas, que lhe mandava por Diogo Rodrigues de Azevedo; porque todos sabiam, que não possuía ouro nem prata, nem móvel, nem coisa alguma de raiz, por onde pudesse segurar as suas fazendas, e só uma verdade seca e breve que Nosso Senhor lhe dera. É heróico este ato. Tanta era a consciência da própria honra que empenhava os ossos do filho, depois as barbas, ao pagamento duma soma que pedia para o serviço do rei, e não para si. O povo de Goa respondeu a esta carta com quantia muito superior à que fora pedida, vendo que tinham um governador tão humilde para os rogar, e tão grande para os defender. Remeteram-lhe aquele honrado penhor, acompanhado do dinheiro e duma carta muito respeitosa solicitando por mercê que aceitasse aquela importância, que a cidade de Goa e seu povo emprestavam da sua boa e livre vontade, como leais vassalos do rei. A carta tem a data de 27 de dezembro de 1547.

Vice-Rei e anos finais

Depois da vitória de Diu, não pôde D. João descansar. Teve novamente de combater Hidalcão, que derrotou, tomando Bardez e Salsete. Dirigiu-se para Diu, mas havendo só a notícia do socorro que levava, assustado o inimigo fugiu, voltou a Goa, onde se viu obrigado a repelir ainda o Hidalcão, destruindo-lhe os portos. Havendo chegado a Lisboa a fama das suas proezas no Oriente, o rei quis recompensá-lo, enviando-lhe o título de vice-rei, em carta de 13 de outubro de 1547, prorrogando-lhe o governo por mais três anos, dando-lhe uma ajuda de custo de 10.000 cruzados, e concedendo ao seu filho D. Álvaro o posto de capitão-mor do mar da Índia. As mercês chegaram tarde para que o novo vice-rei as pudesse gozar. Cansado pelos trabalhos das contínuas guerras, adoeceu gravemente, e reconhecendo em poucos dias indícios de ser mortal a doença, quis livrar-se do encargo do governo. Chamou o bispo D. João de Albuquerque, D. Diogo de Almeida Freire, o Dr. Francisco Toscanochanceler-mor do Estado, Sebastião Lopes Lobatoouvidor geral, e Rodrigo Gonçalves Caminha, vedor da Fazenda, e entregando-lhes o Estado com a paz dos príncipes vizinhos assegurado sobre tantas vitórias, mandou vir à sua presença o governador popular da cidade, o vigário Geral da Índia, o guardião de São Francisco, Frei Antônio do CasalSão Francisco Xavier e os oficiais da Fazenda do rei. Dirigiu-lhes então as seguintes palavras:

"Não terei, senhores, pejo de vos dizer, que ao vice-rei da Índia faltam nesta doença as comodidades que acha nos hospitais o mais pobre soldado. Vim a servir, não vim a comerciar ao Oriente; a vós mesmo quis empenhar os ossos de meu filho, e empenhei os cabelos da barba, porque para vos assegurar, não tinha outras tapeçarias nem baixelas. Hoje não houve nesta casa dinheiro, com que se me comprasse uma galinha; porque nas armadas que fiz, primeiro comiam os soldados os salários do governador, que os soldos de seu rei; e não é de espantar; que esteja pobre um pai de tantos filhos. Peço-vos, que enquanto durar esta doença me ordeneis da fazenda real uma honesta despesa, e pessoa por vós determinada, que com modesta taxa me alimente."

A disputa pela relíquia das barbas

Expirou nos braços de S. Francisco Xavier. Foi sepultado na capela-mor do convento hoje de São Francisco, com o hábito e insígnias de cavaleiro da Ordem de Cristo. Em 1576 foram os restos mortais trasladados para o convento de São Domingos, de Lisboa, e depois de celebradas pomposas exéquias, transportaram-se para o claustro do convento de São Domingos de Benfica, para a capela particular dos Castros, fundada por seu neto, o inquisidor geral e bispo da Guarda D. Francisco de Castro. Os cabelos das barbas do grande vice-rei da Índia estavam em poder do referido bispo da Guarda que os recolheu numa urna, ou pirâmide de cristal, assentada numa base de prata, na qual estão gravados em torno dísticos diferentes, que fazem de acção tão ilustre engenhosa memória, ficando aos sucessores de sua casa este honrado depósito, como para tornar hereditárias as virtudes de D. João de Castro.

A trineta do vice-rei, D. Mariana de Noronha e Castro, era a possuidora do memorável depósito, e quando faleceu deixou em testamento aos frades de São Caetano, do convento onde hoje está estabelecido o Real Conservatório, um legado que compreendia a urna que recolhia as venerandas barbas, com a declaração: "Quero e ordeno que os bigodes de meu trisavô, D. João de Castro, vice-rei da Índia, os tenham sempre os religiosos teatinos da Divina Providência, em lugar decente de sua sacristia, com o mesmo ornato de prata e caixa, em que lhos deixo, sem o poderem mudar, ou desfazer-se dele."

Os frades colocaram a relíquia em um nicho na sacristia, coberto com um painel representando D. João de Castro. O herdeiro do morgado instituído pelo vice-Rei, e de que fora administradora D. Mariana, pôs demanda aos padres, contestando o legado, e alegando que as barbas de D. João eram pertença do mesmo morgado, porque as vinculara D. Francisco de Castro, Bispo da Guarda, neto do instituidor. Os frades alegavam que as barbas não eram vinculadas, e que D. Francisco não podia dispor do que não era seu; que somente mandara fazer um ornato de prata e uma caixa de veludo para as guardar com mais decência, e que fora esse ornato que ele vinculara, como constava precisamente da verba do seu testamento, não dispondo das barbas de seu avô, assim como não dispusera seu irmão mais velho, D. Manuel, senhor da casa, e por estes motivos a comunidade não se julgava obrigada a restitui-las. Não chegou a haver sentença no pleito, mas, sem que se conheça a razão, diz Tomás Caetano do Bem que em 1792 se achavam as disputadas barbas em poder de António Saldanha Castro Albuquerque Vilafria, senhor da casa de D. João de Castro.

O Magnetismo Terrestre no Roteiro de Lisboa a Goa: as experiências de D. João de Castro

Os antigos Gregos haviam descoberto que uma pedra metálica escura podia repelir ou atrair objectos de ferro - era a origem do estudo do magnetismo. Na época das grandes navegações, não se conseguia localizar um navio no mar pelas duas coordenadas, a latitude e a longitude; a determinação desta exigia um relógio a bordo que indicasse a hora exacta no meridiano de referência, e a determinação astronómica da longitude dava erros inaceitáveis. Durante a viagem até à Índia, D. João de Castro levou a cabo um conjunto de experiências que conseguiu detectar fenómenos, nomeadamente relacionados com o magnetismo e com as agulhas magnéticas a bordo, as chamadas agulhas de marear[2].

É de supor que devia esses conhecimentos a Pedro Nunes, naturalmente o directo inspirador de todas as observações que realizou nas suas viagens. Quando em 5 de Agosto de 1538, D. João de Castro decidiu determinar a latitude de Moçambique, encontrou a causa que ditava o «espantoso desconcerto» das agulhas: notou o desvio da agulha, descobrindo-o 128 anos antes de Guillaume Dennis (1666), de Nieppe, o qual é registado na História da Navegação como se fosse o primeiro a conhecer esse fenómeno.

A sua observação nas proximidades de Baçaim, em 22 de Dezembro de 1538, de um fenómeno magnético, pelo qual se verificavam variações da agulha devido à proximidade de certos rochedos, confirmadas quatro séculos mais tarde, foi denominado atracção local. D. João de Castro refutou a teoria, postulada por João de Lisboa no seu «Tratado da Agulha de Marear» de 1514[3][4], de que a variação da declinação magnética não se fazia por meridianos geográficos. As suas observações são o mais importante registo de valores da declinação magnética no Atlântico e no Índico, no século XVI, e úteis para o estudo do magnetismo terrestre. Foi uma das personalidades da ciência experimental europeia desse século, relacionando a importância desse estudo com as navegações. O seu nome ficou ligado à ciência pelas suas obras que evidenciavam uma tendência para o moderno espírito científico.[5] [6]

Obra

Notas

  1.  A biografia deste vice-Rei da Índia está publicada em volume, escrita por Jacinto Freire de Andrade, com com o seu retrato, da qual se tem feito diversas edições. Nos Retratos e elogios dos varões e donas, também vem o seu retrato e biografia. Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico, Volume II, págs. 926-929
  2.  ALBUQUERQUE, Luís (1994). “Bússola”, in Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses. Vol I. Lisboa: Círculo de Leitores. p. 147
  3.  Albuquerque, Luís de (1994). “Contribuição das Navegações do sec. XVI para o conhecimento do magnetismo terrestre” - Estudos de História da Ciência Náutica. Lisboa: Instituto de Investigação Científica Tropical. Centro de Estudos de Cartografia Antiga. pp. 247‑267
  4.  «Navegações Portuguesas»cvc.instituto-camoes.pt. Consultado em 30 de janeiro de 2021
  5.  http://repositorio.ul.pt/handle/10451/499%7CRangel, Artur José Ruando (Tese de Mestrado)Orientador: Domingues, Francisco Contente,1959-Universidade de Lisboa - "O magnetismo terrestre no roteiro de Lisboa a Goa: as experiências de D. João de Castro"
  6.  http://www.tgo.uit.no/articl/roadto.html%7CEm Inglês: "The road to the magnetic north pole" por Truls Lynne Hansen

Bibliografia

  • NUNES, António Lopes Pires. Dicionário de Arquitetura Militar. Casal de Cambra: Caleidoscópio, 2005. 264p. il. ISBN 972-8801-94-7
  • SANCEAU, Elaine. D. João de Castro (Biblioteca Histórica, Série Ultramarina). Porto: Livraria Civilização-Editora, 1946.

Ver também

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