domingo, 10 de janeiro de 2021

TRISTÃO DA SILVA - CANTOR ROMÂNTICO PORTUGUÊS - MORREU EM 1978

 https://youtu.be/-Gz-rOu7ESI


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Tristão da Silva

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Tristão da Silva
Nascimento17 de julho de 1927
Lisboa
Morte10 de janeiro de 1978 (50 anos)
CidadaniaPortugal
Ocupaçãomúsico

Manuel Augusto Martins Tristão da Silva (LisboaPortugal17 de julho de 1927 - Lisboa, Portugal, 10 de janeiro de 1978), mais conhecido como Tristão da Silva, foi um cantor português de fado.

Biografia

De origem humilde, iniciou sua carreira em 1937, com apenas 10 anos de idade, no Café Mondego, em Lisboa. Devido à sua idade, só podia atuar na matinês de domingo e era conhecido como O Miúdo do Alto do Pinapseudônimo dado ao vencer um concurso realizado no bairro onde morava. Adota o nome artístico de Tristão da Silva com o qual alcança o sucesso em 1954 com as canções Nem às Paredes Confesso e Maria Morena. Sua voz ao mesmo tempo grave e suave e seu estilo romântico conquistou muitos fãs. Foi o primeiro artista português a antever as possibilidades das transmissões de rádio como divulgação de seu trabalho e dessa então nova invenção fez largo uso. Em 1955, faz uma digressão à Ilha da Madeira. Assumiu-se como opositor ao regime de Salazar, mas nunca foi preso por isso, e o sucesso dele nunca foi afectado pelas suas convicções políticas. Em 1956, faz digressões à Espanha e à África. Em 1957, foi o segundo artista a se apresentar na RTP, em um programa transmitido na Feira Popular de Lisboa. Vai para o Brasil em 1961 e vive por lá até 1965, quando regressou a Portugal. Durante esse período na América do Sul, se apresentou na BolíviaChileParaguaiArgentinaUruguai e Peru. Faleceu em 1978 num acidente de automóvel.

Maiores sucessos

  • Nem às Paredes Confesso
  • Maria Morena
  • Da Janela do Meu Quarto
  • Calçada da Glória
  • Aquela Janela Virada Pró Mar
  • Ai Se Os Meus Olhos Falassem
  • Fado Tristão


Ligações externas

SÃO GONÇALO DE AMARANTE - 10 DE JANEIRO DE 2021

 


Gonçalo de Amarante

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Gonçalo de Amarante, O.P.
São Gonçalo de Amarante, séc. XVII, António André (Museu de Aveiro)
Confessor
Nascimento1187 em Arriconha (TagildeVizelaPortugal)
Morte10 de janeiro de 1262 em AmarantePortugal
Veneração porIgreja Católica
Beatificação16 de setembro de 1561
10 de julho de 1671 por Papa Júlio III
Papa Clemente X concedeu-lhe missa e ofícios próprios em Portugal e na Ordem dos Pregadores
Festa litúrgica10 de janeiro
Atribuiçõeshábito de frade dominicano
PadroeiroAmarantePortugalSão Gonçalo do Amarante (Ceará)São Gonçalo do Amarante (Rio Grande do Norte)São Gonçalo (Rio de Janeiro)Amarante (Piauí) no BrasilBatalha (Piauí) IbiturunaSão Gonçalo do Sapucaí (Minas Gerais); Umari (Ceará); ContagemItapissuma.
Gloriole.svg Portal dos Santos
Imagem de São Gonçalo venerada no seu convento em Amarante

Gonçalo de AmaranteO.P., foi um eclesiástico português. Gozando de grande devoção popular que se irradiou a partir do norte do país, é popularmente conhecido como São Gonçalo de Amarante[1]

Nasceu na família dos Pereira, de linhagem nobre, e terá efetuado os primeiros estudos com um sacerdote, como era praxe à época. O arcebispo da Arquidiocese de Braga admitiu-o como seu familiar, e, sob os auspícios deste prelado, Gonçalo cursou as disciplinas eclesiásticas na escola-catedral da Sé arquiepiscopal, vindo a ser ordenado sacerdote e nomeado pároco da freguesia de São Paio de Vizela.

Desejoso de visitar os túmulos dos apóstolos São Pedro e São Paulo e os Lugares Santos da Palestina, obteve licença, deixou os seus paroquianos ao cuidado de um sobrinho sacerdote, e partiu em peregrinação primeiro a Roma donde passou a Jerusalém, onde se demorou 14 anos.

De regresso a Portugal, afirma-se que o seu sobrinho, além de não o aceitar e não o reconhecer como verdadeiro e legítimo pároco, escorraçou-o e conseguiu, mediante documentos falsos, provar ao então Arcebispo, D. Silvestre Godinho, que Gonçalo falecera, obtendo a nomeação como pároco da freguesia.

Gonçalo, resignado com semelhante atitude, deixou São Paio de Vizela e partiu, pregando o Evangelho até às margens do rio Tâmega. No local onde hoje se ergue a Igreja e Convento de São Gonçalo, em Amarante, de acordo com a tradição ergueu uma pequena ermida sob a invocação de Nossa Senhora da Assunção, ali se recolhendo como eremita, consagrando o tempo à oração e à penitência, e saindo esporadicamente a pregar nos arredores.

Sentindo necessidade de encontrar um caminho mais seguro de modo a alcançar a glória eterna, Gonçalo jejuou uma Quaresma a pão e água e suplicou fervorosamente a Nossa Senhora que lhe alcançasse do Senhor essa graça. Afirma-se que a Virgem Maria apareceu-lhe e disse-lhe que procurasse a Ordem em que iniciavam o seu Ofício com a Saudação angélica ou Ave-Maria - a Ordem dos Pregadores ou Dominicanos.

Gonçalo dirigiu-se então ao Convento de Guimarães da Ordem dos Pregadores, recentemente fundado por Pedro González Telmo, apóstolo da região de Entre-Douro e Minho, o qual lhe deu o hábito e, uma vez feito o noviciado, admitiu-o à profissão religiosa. Após algum tempo deu-lhe licença para, com outro religioso, voltar ao seu eremitério de Amarante, continuando a sua vida evangélica e caritativa.

Durante o seu ministério Gonçalo operou muitas conversões, conduzindo o povo à prática de uma autêntica vida cristã, sem esquecer de os promover socialmente em muitos aspectos. Nesse particular sobressai a construção de uma ponte em granito sobre o Tâmega, angariando pessoalmente donativos em terras circunvizinhas e levando os moradores mais abastados a darem vultosas ajudas para as obras. O povo atribui-lhe muitos milagres ligados a esta construção.

Concluída a ponte, Gonçalo viveu ainda alguns anos dedicado à pregação e à vida de oração. Reza a tradição que Nossa Senhora lhe revelou o dia da sua morte para a qual se preparou com a recepção dos Sacramentos da Igreja. O seu corpo, após a celebração das exéquias por sua alma, foi sepultado na ermida, continuando a efectuar-se muitos milagres, atribuídos à sua intercessão.

Mais tarde a primitiva ermida foi substituída por uma igreja. Sobre esta, em 1540João III de Portugal determinou erguer o grandioso templo e convento que ainda hoje existe e que é monumento histórico da cidade de Amarante.

Beatificação

Foram abertos 3 processos canónicos pleiteando a Beatificação e Canonização de Gonçalo de Amarante.

O Papa Júlio III concedeu que se lhe tributasse culto público em 24 de abril de 1551.

O último foi aberto pelo então bispo da Diocese do Porto, D. Rodrigo Pinheiro, por comissão do Papa Pio IV (1561). A instâncias de Sebastião I de Portugal, do Arcebispo da Diocese de Braga, da Ordem dos Pregadores, do Cardeal D. Henrique e da população de Amarante, a sentença de Beatificação foi promulgada a 16 de setembro de 1561 pelo representante da Sé Apostólica.

Mais tarde o Papa Clemente X, em 10 de julho de 1671, estendeu a toda a Ordem dos Pregadores e a todo o reino de Portugal a concessão de honrarem este beato, um dos mais populares do país, com Missa e Ofício litúrgicos próprios.

Homenagens

A sua data no calendário litúrgico é 10 de janeiro. As Festas de São Gonçalo em Amarante (Portugal) são celebradas no primeiro fim-de-semana do mês de junho.

O seu culto espalhou-se pelos domínios ultramarinos de Portugal, chegando ao Estado Português da Índia e ao Estado do Brasil como o confirma um longo sermão do Padre António Vieira sobre São Gonçalo.

Portugal

Em Arriconha, sua terra natal, ergue-se uma ermida sob a sua invocação. É também o patrono da cidade de Amarante, onde viveu e faleceu.

No bairro da Beira Mar, na freguesia da Vera Cruz, em Aveiro, a Capela de São Gonçalo é chamada carinhosamente Capela de São Gonçalinho. São também aqui celebradas anualmente as Festas de São Gonçalinho, nas quais os devotos atiram cavacas do topo da capela, como forma de pagar promessas.[2][3]

Brasil

No Brasil é patrono das cidades homónimas de São Gonçalo do Amarante no estados do Rio Grande do Norte e do CearáUmari (Ceará), São Gonçalo (Rio de Janeiro), Itapissuma (Pernambuco), CajariMatinha e Viana, (Maranhão) e Cuiabá (Mato Grosso). Também é santo padroeiro da cidade de São Gonçalo do Sapucaí - MG e padroeiro da Paróquia São Gonçalo da cidade de São Francisco do Conde-Ba.

Amarante (Piauí) também festeja a devoção a Gonçalo de Amarante com uma dança folclórica, o Baile de São Gonçalo. Em Ibituruna acontece, no último fim de semana de janeiro, uma festa em honra ao beato, com a tradicional Congada e Folia de São Gonçalo. Batalha (Piauí) também festeja São Gonçalo desde sec. XVIII entre 22 de dezembro a 1o. de janeiro. Do dia 1° ao dia 10 em Milton Brandão (PI), a comunidade São Gonçalo também festeja o seu Padroeiro São Gonçalo. Em Pedro II (PI) o Bairro São Gonçalo - Paróquia de São José Operário- de 1º a 10 de janeiro festeja o Beato Gonçalo de Amarante.

Em Caém, cidade do interior da Bahia, tem São Gonçalo como Padroeiro da cidade e sempre de 1º a 10 de Janeiro há comemorações em seu nome, no dia 09 há a Roda de São Gonçalo onde os fiéis dançam ao ritmo de músicas de louvor ao seu nome.

No dia 10 de janeiro, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, Brasil. Comemora-se o dia do padroeiro da cidade. A cidade festeja com eventos e missa em sua igreja matriz, batizada com o mesmo nome do santo.

Em Umari (Ceará), a devoção a São Gonçalo tem longa data, cerca de 260 anos. Trazido pela devoção pessoal de um jesuíta francês desligado de ordens, Joseph Aléth Douilléth, em meados do século XVIII, o grande beato logo alcançou grande popularidade no meio. Aí se eregiu uma capela, que devido ao aumento dos moradores, converteu-se numa grande Igreja, ainda hoje presente, no entanto, tendo poucos traços originais, e festa dedicada todos os anos ao padroeiro de 1° a 10 de janeiro.

Lendas e tradições

Ainda em vida parece ter ganho fama de casamenteiro, e sobretudo, de santo, dizendo-se dele ter operado vários milagres; de resto, poucos anos após a sua morte há referências à igreja de Amarante sob a invocação de São Gonçalo, prova de que o seu culto cedo se propagou.

UNIÃO ECONÓMICA E MONETÁRIA DO OESTE AFRICANO (UEMOA) - FUNDADA EM 1994 - 10 DE JANEIRO DE 2021

 

União Econômica e Monetária do Oeste Africano

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Membros da União Económica e Monetária do Oeste Africano.

União Econômica e Monetária do Oeste Africano (UEMOA) é uma organização de integração regional criada por sete países da África Ocidental que têm em comum uma moeda única, o Franco CFA.

A UEMOA foi criada por um tratado assinado em DakarSenegal, a 10 de janeiro de 1994 pelos Chefes de Estado e de Governo do BenimBurkina FasoCosta do MarfimMaliNígerSenegal e Togo. A 2 de maio de 1997, a Guiné-Bissau tornou-se o oitavo estado membro da União.

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TORRE DE BELÉM (INAUGURADA EM 1520) PASSOU A MONUMENTO NACIONAL EM 1907 - 10 DE JANEIRO DE 2021

 

Torre de Belém

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Torre de Belém
Nomes alternativosTorre de São Vicente
Estilo dominantemanuelino
ArquitetoFrancisco de Arruda
Início da construção1514
Fim da construção1520
Função inicialmilitar e fiscal
Proprietário atualEstado Português
Função atualmuseu
Visitantes450 546 (2018)[1]
Websitetorrebelem.pt
Património Nacional
Classificação Monumento Nacional
Data1907
DGPC323060
SIPA4065
Património Mundial
CritériosC (iii) (vi)
Data1983
Referência263 en fr es
Geografia
PaísPortugal
CidadeLisboa
Coordenadas38° 41' 30" N 9° 12' 57" O
Localização em mapa dinâmico

Torre de Belém, oficialmente Torre de São Vicente,[2] é uma fortificação localizada na freguesia de Belém, concelho e distrito de Lisboa, em Portugal. Na margem direita do rio Tejo, onde existiu outrora a praia de Belém, era primitivamente cercada pelas águas em todo o seu perímetro. Ao longo dos séculos foi envolvida pela praia, até se incorporar hoje a terra firme. Um dos ex libris da cidade, o monumento é um ícone da arquitetura do reinado de D. Manuel I, numa síntese entre a torre de menagem de tradição medieval e o baluarte moderno, onde se dispunham peças de artilharia.

Ao longo do tempo, a torre foi perdendo a sua função de defesa da barra do Tejo e, a partir da ocupação filipina, os antigos paióis deram lugar a masmorras. Nos quatro pisos da torre, mantêm-se a Sala do Governador, a Sala dos Reis, a Sala de Audiências e, finalmente, a Capela com as suas características abóbadas quinhentistas. A Torre de São Vicente (1514) pertence a uma formação de defesa da bacia do Tejo mandada erigir por João II de Portugal, composta a sul pela torre de São Sebastião da Caparica (1481) e a oeste pela Torre de Santo António de Cascais (1488).

O monumento destaca-se pelo nacionalismo implícito, visto que é todo rodeado por decorações do Brasão de armas de Portugal, incluindo inscrições de cruzes da Ordem de Cristo nas janelas de baluarte; tais características remetem principalmente à arquitetura típica de uma época em que o país era uma potência global (a do início da Idade Moderna).

Juntamente com o Mosteiro dos Jerónimos, foi classificada em 1983 como Património Mundial da UNESCO e eleita como uma das Sete Maravilhas de Portugal em 2007. Em 2015 foi visitada por mais de 608 mil turistas.[3]

História

Em 1495, o rei D. Manuel I torna-se uma figura importante do comércio internacional, visto que Vasco da Gama e posteriormente Álvares Cabral estabelecem rotas marítimas com a ÍndiaGoa e MalacaÁfrica e Brasil, trazendo e oferecendo produtos exóticos. Essas experiências e conhecimentos levam à definição das características do estilo Manuelino, representado nos seus monumentos.[4] Portugal está associado muito especialmente ao estilo manuelino, designação adquirida pelas obras decorrentes no reinado de D. Manuel I, entre 1495 e 1521. De alguma maneira, esse estilo, segundo o autor, advém de influências do estilo Isabelino de Espanha, elaborado e ostentativo.[5] A Torre de São Vicente é um exemplo de transição entre a arquitetura da Idade Média e o Renascimento, de uma forma consonante aliada à boa maneira Manuelina, a massa de uma recuada torre quadrangular de índole medieval, com aproximadamente trinta metros de altura, num corpo avançado de "embasamento" e base, reforçando a horizontalidade e abraçando a forma hexagonal irregular, com quarenta metros de comprimento, orientados para sul e para o Tejo, visando desarmar com as suas baterias de fogo, colocadas no baluarte "acasamatado", qualquer tentativa de assalto por via marítima.[6]

Originalmente sob a invocação de São Vicente de Saragoça, padroeiro da cidade de Lisboa, designada no século XVI pelo nome de Baluarte de São Vicente a par de Belém e por Baluarte do Restelo, esta fortificação integrava o plano defensivo da barra do rio Tejo projetado à época de D. João II (1481-95), integrado na margem direita do rio pelo Baluarte de Cascais e, na esquerda, pelo Baluarte da Caparica.

O cronista Garcia de Resende foi o autor do seu risco inicial, tendo registado:

"E assim mandou fazer então a (…) torre e baluarte de Caparica, defronte de Belém, em que estava muita e grande artilharia; e tinha ordenado de fazer uma forte fortaleza onde ora está a formosa torre de Belém, que el-Rei D. Manuel, que santa glória haja, mandou fazer; para que a fortaleza de uma parte e a torre da outra tolhessem a entrada do rio. A qual fortaleza eu por seu mandado debuxei, e com ele ordenei a sua vontade; e tinha já dada a capitania dela [a] Álvaro da Cunha, seu estribeiro-mor, e pessoa de que muito confiava; e porque el-Rei João faleceu, não houve tempo para se fazer" (RESENDE, Garcia deCrónica de D. João II1545.),

A estrutura só viria a ser iniciada em 1514, sob o reinado de Manuel I de Portugal (1495-1521), tendo como arquitecto Francisco de Arruda. Localizava-se sobre um afloramento rochoso nas águas do rio, fronteiro à antiga praia de Belém, e destinava-se a substituir a antiga nau artilhada, ancorada naquele trecho, de onde partiam as frotas para as Índias. As suas obras ficaram a cargo de Diogo Boitaca, que, à época, também dirigia as já adiantadas obras do vizinho Mosteiro dos Jerónimos.

Concluída em 1520, foi seu primeiro alcaide Gaspar de Paiva, nomeado para a função no ano seguinte.

Com a evolução dos meios de ataque e defesa, a estrutura foi, gradualmente, perdendo a sua função defensiva original. Ao longo dos séculos foi utilizada como registo aduaneiro, posto de sinalização telegráfico e farol. Os seus paióis foram utilizados como masmorras para presos políticos durante o reinado de Filipe II de Espanha (1580-1598), e, mais tarde, por João IV de Portugal (1640-1656). O Arcebispo de Braga e Primaz das Espanhas, D. Sebastião de Matos de Noronha (1586-1641), por coligação à Espanha e fazendo frente a D. João IV, foi preso e mandado recluso para a Torre de Belém.

Sofreu várias remodelações ao longo dos séculos, principalmente a do século XVIII que privilegiou as ameias, o varandim do baluarte, o nicho da Virgem, voltado para o rio, e o claustrim. A conotação da forma volumétrica da torre de pedra com uma nau traduz beleza, originalidade e inovação.

Classificada como Monumento Nacional por decreto de 10 de janeiro de 1907, é considerada como Património Mundial pela UNESCO desde 1983. Naquele mesmo ano integrou a XVII Exposição Europeia de Arte Ciência e Cultura.

Arquitecto Francisco de Arruda

As características arquitetónicas de Francisco de Arruda, de Diogo de Arruda e conjuntamente com as do mestre Diogo de Boytac, resultaram na inclusão das influências mediterrânicas e nórdicas do tardo-gótico no panorama arquitetónico português, sagrando-se assim como expoentes do Manuelino na arquitetura de então. O uso sistemático de volumes cilíndricos, recorrentes da retórica militar como uma configuração de iconologia arquitetónica. Encontra-se a recorrência nas suas obras através de uma decoração hiper-realista, repleta de alusões à natureza como folhas ou animais e a objetos concebidos pelo homem, assim como representações de simbologia heráldica.[7] Francisco de Arruda faz na exaltação dos elementos fundamentais do Manuelino, o gosto pelos volumes puros, bem definidos e globais em termos de desenho, e dá ênfase na arquitetura, às aplicações ornamentais, profusas de carácter popular, ao invés das eruditas, com registos imediatistas acerca da função do edifício, ou pela liberdade obtida para transpor um novo discurso icónico nas orlas das construções, tudo isto faz com que a elocução da imponência do edificado desponte e concorra para uma exposição emblemática.

De Francisco de Arruda desconhece-se a data do seu nascimento, sabe-se que é oriundo de uma família de arquitectos de reconhecido gabarito na época, sediada em Évora. Irmão mais novo de Diogo de Arruda e pai de Miguel de Arruda, foi arquitecto e escultor, esteve ao serviço dos Reis de Portugal, tendo sido responsável pelo traçado e construção da Torre de São Vicente.[8] É incumbido como responsável pelas obras de reabilitação e conserto das fortificações de Moura, Mourão e Portel, mas para além de reparar as muralhas, insere no castelo torres semicirculares que são já uma postura de transição do estilo neuro-balístico para a piro-balística.[9] Constrói para D. Jaime, Duque de Bragança, os Paços do Castelo de Portel, e a Capela de São João Baptista,[desambiguação necessária] esta possui na parede "testeira" recta, dois volumosos "botaréus" cilíndricos na base e octogonais daí para cima, coroados por "pináculos" cónicos de "torsos" antecedidos de uma moldura encordoada. Posteriormente continua em 1512 no Convento de Cristo em Tomar. Francisco parte com Diogo ao Norte de África, a Safim e Mazagão, em 1513, incumbidos de trabalhar na praça-forte de Azamor.[10]

Com o falecimento de Diogo de Arruda em 1531, Francisco aproxima-se sentimentalmente e progressivamente à cultura humanista. As suas obras seguintes vão dando mostras de uma erudição renascentista, ou "proto" renascentista.[11] Em 1547 termina os seus dias de vida. Sem confirmação é-lhe ainda atribuída a construção da Casa dos Bicos, em Lisboa, e o Palácio da Bacalhoa, na sua fase inicial (1530) onde são evidentes duas grandes torres cilíndricas com cobertura de gomos, semelhantes às da Torre de São Vicente.[12]

Características

Torre de Belém vista do rio Tejo

monumento reflete influências islâmicas e orientais, que caracterizam o estilo manuelino e marca o fim da tradição medieval das torres de menagem, ensaiando um dos primeiros baluartes para artilharia no país (ver fortalezas).

Parte da sua beleza reside na decoração exterior, adornada com cordas e nós esculpidos em pedragalerias abertas, torres de vigia no estilo mourisco e ameias em forma de escudos decoradas com esferas armilares, a cruz da Ordem de Cristo e elementos naturalistas, como um rinoceronte, alusivos às navegações. O interior gótico, por baixo do terraço, que serviu como armaria e prisão, é muito austero.

A sua estrutura compõe-se de dois elementos principais: a torre e o baluarte. Nos ângulos do terraço da torre e do baluarte, sobressaem guaritas cilíndricas coroadas por cúpulas de gomos,[desambiguação necessária] ricamente decorada em cantaria de pedra.

A torre quadrangular, de tradição medieval, eleva-se em cinco pavimentos acima do baluarte, a saber:

  • Primeiro andar - Sala do Governador;
  • Segundo andar - Sala dos Reis, com teto elíptico e fogão ornamentado com meias-esferas;
  • Terceiro andar - Sala de Audiências;
  • Quarto andar - Capela;
  • Quinto andar - Terraço da torre.

A nave do baluarte poligonal, ventilada por um claustrim, abre 16 canhoneiras para tiro rasante de artilharia. O terrapleno, guarnecido por ameias, constitui uma segunda linha de fogo, nele se localizando o santuário de Nossa Senhora do Bom Sucesso com o Menino, também conhecida como a Virgem do Restelo por "Virgem das Uvas".

Referências

  1.  http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/visitantes-dos-museus-e-palacios-crescem-10-mas-museu-de-arte-antiga-lidera-perdas-1703061
  2.  Paiva, Ana Sofia (7 de maio de 2019). «Torre de Belém, símbolo arquitetónico da defesa da cidade»FCSH+Lisboa. Consultado em 9 de janeiro de 2021
  3.  «"É possível que tenhamos de limitar o número de entradas na Torre de Belém"»
  4.  David, W. (2005). A history of western architecture (4 ed.). London. p. 206
  5.  David, W. (2005). A history of western architecture (4.ª ed.). Londres. p. 205
  6.  Garcia, J. M. (2014). A magnífica Torre de Belém. Lisboa: Verso da História, p. 40.
  7.  Garcia, J. M. (2014). A magnífica Torre de Belém. Lisboa: Verso da História.p.43
  8.  Pereira, P. (2005). Torre de Belém. London: Publicações Scala.
  9.  Dias, P. (2009). Arte Portuguesa: Arquitectura Manuelina (Vol. Vol. 5). Arte e Edições, Lda. p.27
  10.  Garcia, J. M. (2014). A magnífica Torre de Belém. Lisboa: Verso da História. p.25
  11.  Garcia, J. M. (2014). A magnífica Torre de Belém. Lisboa: Verso da História.p. 25
  12.  Dias, P. (2009). Arte Portuguesa: Arquitectura Manuelina (Vol. Vol. 5). Arte e Edições, Lda. p.27

Bibliografia

Garcia, J. M. (2014). A magnífica Torre de Belém. Lisboa: Verso da História.

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