Viaduto do Chá
Viaduto do Chá | |
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Viaduto do Chá | |
Tipo | viaduto |
Inauguração | 1888 (132 anos) |
Geografia | |
Coordenadas | |
Localidade | São Paulo |
Localização | Zona Central de São Paulo |
País | Brasil |
O Viaduto do Chá foi o primeiro viaduto a ser construído na cidade de São Paulo, localizado no Vale do Anhangabaú, no centro da cidade. Foi idealizado pelo francês Jules Martin[1] em 1877, mas inaugurado apenas em 6 de novembro de 1892. Inicialmente sua construção foi projetada com armações metálicas, que acabaram cedendo com o uso. Por causa disso, a antiga estrutura foi substituída por vigas de concreto presentes ainda hoje na construção.
Por ser uma região de intenso trânsito de pessoas, o Viaduto do Chá costuma servir de plano de fundo para muitas entrevistas e enquetes de programas de televisão.[2] A construção também é um local muito usado para locações externas de novelas e filmes que se passam no centro de São Paulo[3], como, por exemplo, a telenovela da Rede Globo Tempos Modernos, que teve grande parte de suas cenas gravadas no Vale do Anhangabaú e no chamado "Centro Velho" da capital paulista.
História
Antecedentes
Antes da construção do Viaduto do Chá[4], o Vale do Anhangabaú era separado pelo rio de mesmo nome dividindo a região. Parte dela estruturada, que findava na Rua Direita e outra, conhecida como Morro do Chá (que ganhou esse nome por causa de inúmeras plantações de chá-da-índia que havia na área)[5], onde hoje se encontram os distritos da República e da Consolação.[6]
Os moradores do morro costumavam ter dificuldades para se locomover da atual Rua Líbero Badaró para o lado em que se localiza o Theatro Municipal: era preciso descer a encosta, atravessar a Ponte do Lorena sobre o Anhangabaú e subir a Ladeira do Paredão, atual Rua Coronel Xavier de Toledo. Na Líbero Badaró, havia ainda a chácara e a casa da Baronesa de Tatuí, que se opunha à construção do viaduto. Onde localiza-se o Teatro Municipal era a serraria do alemão Gustavo Sydow e, logo depois, havia a chácara do Barão de Itapetininga, delineada pelas ruas Formosa, 24 de Maio e D. José de Barros.[7]
Construção
Idealizado pelo cidadão francês Jules Martin, foi o primeiro viaduto construído na cidade.[8] A proposta da ponte sobre o vale foi apresentada à Intendência Municipal em 1887. Seu nome derivou do Morro do Chá, como era conhecida a chácara baronesa de Tatuí (em que era plantado esse tipo de erva), que ficava próximo às plantações de chá da Índia. Ao ser criado, o viaduto tinha como intenção ligar as ruas Direita e Barão de Itapetininga. Os trabalhos começaram apenas em 1888, mas foram interrompidos um mês depois, por causa da resistência dos moradores da região, entre eles o Barão de Tatuí, cuja casa seria uma das desapropriadas. A população favorável à obra conseguiu reverter a situação logo depois, e o projeto pôde ter continuidade.[8]
A Companhia Paulista de Chá ficou com os direitos do projeto, quando foi retomado em 1889, porém enfrentou problemas financeiros e quase foi à falência. Então o município transferiu a responsabilidade da concepção para a Companhia de Ferro Carril de São Paulo.[9] Esta encomendou uma armação metálica que compõe o viaduto[10] à empresa alemã Harkort, de Duisburgo, que chegou ao Brasil em maio de 1890. O viaduto foi concluído dois anos depois, tendo sua inauguração em 6 de novembro de 1892. Em um primeiro momento, possuía 240 metros de comprimento, sendo 180 de estrutura metálica e 60 da Rua Barão de Itapetininga aterrada; catorze metros de largura, sendo nove da passagem central e cinco de passarelas laterais (com assoalhos de prancha de madeira); vinte metros de distância do rio; e arco central de 34 metros. O viaduto era iluminado por 26 lâmpadas a gás e contava, para fins estéticos, com obras de arte em suas quatro extremidades e balaustrada de bronze, com o logotipo da Companhia de Ferro.[11]
Para pagar as despesas, eram cobrados sessenta réis ou três vinténs para a utilização da passagem, o que na época garantiu o apelido de Viaduto dos Três Vinténs.[8] Existia um portão no local para controlar a passagem e restringir seu uso no período da noite. O portão só foi removido, tornando o viaduto gratuito, em 1897, quando o vereador Pedro Augusto Gomes Cardim, apoiado por uma petição popular, levou uma moção à Municipalidade.[11]
Por lá costumavam passar pessoas refinadas, que se dirigiam aos cinemas e às lojas da região e, depois de 1911, ao Theatro Municipal. Por muito tempo, o Viaduto do Chá também foi utilizado por suicidas.
Reconstrução
Com o passar do tempo, a cidade foi crescendo, e o número de pessoas que passavam pelo viaduto aumentando a cada dia. Em 1938, a construção de metal alemão com assoalho de madeira passou a não suportar mais esse volume.[9] Assim, no mesmo ano, o viaduto foi demolido, dando lugar a um novo, feito de concreto armado e com o dobro de largura. Dessa forma, até os dias de hoje o viaduto é usado como passarela para carros e pedestres, sendo referência da Zona Central da cidade. Durante o centenário, o viaduto sofreu sua ultima mudança até os dias de hoje, a reforma dos pisos.[12]
Estado atual
Hoje em dia, o Viaduto do Chá possui 204 metros de extensão e liga duas ruas tradicionais de São Paulo: a Barão de Itapetininga e a antiga Rua do Chá, atual Rua Direita. Durante muito tempo, o viaduto foi um dos principais cartões postais de São Paulo e importante ponto turístico da cidade. Atualmente, apesar de ser importante tanto para a locomoção quanto turisticamente, ele perdeu um pouco de sua "essência" e passou a ser mais um local tradicional.[13] Entretanto, hoje o viaduto passou a ser um dos locais mais fotografados para cartões postais de São Paulo.[14] No local encontram-se também os edifícios da Prefeitura de São Paulo e do Shopping Light, ambos localizados no “centro novo” da cidade, sendo considerado um dos pontos turísticos da cidade.[15]
Eventos
Mesmo sendo um viaduto, em virtude da importância histórica e localização central, o local é muito utilizado para shows e eventos culturais, como por exemplo o evento de moda Casa de Criadores, que ocorreu em 2006 e em 2015[16], a Virada Cultural de São Paulo[17] e para desfile dos blocos de carnaval de São Paulo[18], que acontecem anualmente.
Referências
- ↑ Cultural, Instituto Itaú. «Jules Martin | Enciclopédia Itaú Cultural». Enciclopédia Itaú Cultural
- ↑ «PLANO DE FUNDO»
- ↑ «LOCAÇÃO»
- ↑ «Viaduto do Chá, 120 anos de um símbolo - noticias - Estadao.com.br - Acervo». Estadão - Acervo
- ↑ «Viaduto do Chá - lugares - Estadao.com.br - Acervo». Estadão - Acervo
- ↑ «Como era São Paulo sem o Viaduto do Chá - noticias - Estadao.com.br - Acervo». Consultado em 12 de setembro de 2016
- ↑ Moura, Paulo Cursino de. São Paulo de outrora: evocações da metrópole. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980. 312p.
- ↑ ab c «Viaduto do Chá». www.cidadedesaopaulo.com. Consultado em 12 de setembro de 2016
- ↑ ab "Como se fêz o Viaduto do Chá" Arquivado em 5 de dezembro de 2016, no Wayback Machine., Veja São Paulo, "IV Centenário de São Paulo, especial Memória", janeiro de 2004
- ↑ Sampaio, Leandro. «Viaduto do Chá». www.cidadedesaopaulo.com. Consultado em 26 de abril de 2017
- ↑ ab Jorge, Clovis de Athayde (1989). «Consolação, uma reportagem histórica.». Consolação, uma reportagem histórica. Consultado em 14 de setembro de 2016
- ↑ «Pontos Turísticos Viaduto do Chá - São Paulo - Guia da Semana». Guia da Semana (em inglês). Consultado em 25 de abril de 2017
- ↑ Sampaio, Leandro. «Viaduto do Chá». www.cidadedesaopaulo.com. Consultado em 20 de abril de 2017
- ↑ «Viaduto do Chá - São Paulo». InfoEscola
- ↑ «Cidade de São Paulo - Turismo». Consultado em 8 de maio de 2020
- ↑ «Casa de Criadores - Notícias, eventos e desfiles de estilistas da moda brasileira!». Casa de Criadores. Consultado em 26 de abril de 2017
- ↑ Lourenço, Camila (18 de maio de 2019). «Show de Anitta lota Viaduto do Chá durante a Virada Cultural». Portal Terra Notícias. Consultado em 8 de maio de 2020
- ↑ CETSP (13 de fevereiro de 2020). «CET organiza o trânsito no Centro para Carnaval de Rua de São Paulo». Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo. Consultado em 8 de maio de 2020