Miguel PinheiroSegunda-feira, 20 janeiro 2020
Enquanto dormia…
… continuaram os efeitos das revelações sobre a fortuna de Isabel dos Santos. E ainda é preciso perceber melhor o que se passou (e o que se vai passar) no Livre e no PSD.
O cerco a Isabel dos Santos
São mais de
715 mil documentos e ficheiros que expõem os negócios de Isabel dos Santos. A investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação — de que fazem parte o Expresso e a SIC e que junta cerca de 37 jornais de 20 países — está a ter consequências sísmicas:
- Os documentos revelam a forma como a filha de José Eduardo dos Santos terá desviado 115 milhões de dólares da Sonangol nos últimos dias em que esteve à frente da empresa;
- O dinheiro terá sido transferido através de contratos falsos com uma offshore titulada, formalmente, por uma amiga de Isabel dos Santos, que seria a sua testa de ferro;
- As transferências de dinheiro terão passado por uma conta do Eurobic, o banco de que Isabel dos Santos é accionista em Portugal;
- Depois da divulgação do Luanda Leaks, Isabel dos Santos passou o resto do domingo a tweetar: publicou dezenas de posts a atacar a investigação. Fala em “racismo”, “documentos falsos”, “mentiras” e “ataque político”. Já o seu marido, Sindika Dokolo, diz que um “hacker português” está por trás da fuga de informação, numa referência a Rui Pinto;
- Ana Gomes, que tem denunciado Isabel dos Santos, também reagiu à investigação. Diz que a filha de José Eduardo dos Santos “é bonita, esperta, mas também uma tremenda ladra do seu povo”;
- Sobre as consequências do Luanda Leaks em Portugal, Marques Mendes afirmou: “As autoridades portuguesas deviam estar a pressionar Isabel dos Santos para vender a sua posição no Eurobic”;
- Lá fora, as consequências estão a ser em catadupa: a consultora PwC cortou (finalmente) relações com Isabel dos Santos; e o Fórum Económico Mundial, em Davos, na Suíça, desconvidou a angolana e está a reavalariar o patrocínio que recebeu da Unitel.
Nesta altura, com tanta informação nova, é importante voltar a dois trabalhos recentes do Observador, que ajudam a perceber melhor o que se passa:
- Mário Leite da Silva é o braço direito de Isabel dos Santos e aparece em vários documentos do Luanda Leaks. O Observador falou com dezenas de pessoas para fazer um longo perfil de um dos portugueses no centro do escândalo;
- No final do ano, quando já conhecia a investigação que corria contra si, Isabel dos Santos deu uma extensa entrevista ao Observador, onde foi confrontada com a forma como fez fortuna e disse: “Não sei se sou a mulher mais rica de Angola”.
Quando é que Joacine sai?
A dúvida, neste momento, é só essa. Depois do Congresso do Livre deste fim de semana — onde houve
gritos e acusações — os novos órgãos do partido terão que decidir a retirada da confiança política a Joacine Katar Moreira. A deputada única do Livre diz que está disponível para “cedências”, mas a direção do partido já avisou que
“só por milagre” se evita a ruptura.
O que aí vem no PSD
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Por que motivo o termo “conservador” só é utilizado com orgulho nos países de língua inglesa e, por contraste, é cuidadosamente evitado na Europa continental?
Rui Rio, António Costa, Mamadou Ba, o jornalista-activista, as personalidades, Ferro Rodrigues… todos escreveram a Joacine. Todos precisam de Joacine. Só Jerónimo de Sousa escreveu a Rui Tavares.
Há uma grande diferença entre Marcelo e Soares. Soares foi capaz de mobilizar a sua família política e ser, ao mesmo tempo, popular. Marcelo só foi capaz de ser popular. Não foi capaz de mobilizar a direita
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