sábado, 16 de novembro de 2019

ALBERTO DE OLIVEIRA - Anônio Mariano de Oliveira - POETA - NASCEU EM 1873 - 16 DE NOVEMBRO DE 2019

Antônio Mariano de Oliveira

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Antônio Mariano de Oliveira
Nascimento28 de abril de 1857
Saquarema
Morte19 de janeiro de 1937 (79 anos)
Niterói
NacionalidadeBrasileiro
OcupaçãoPoeta, professor e farmacêutico
Antônio Mariano de Oliveira (Saquarema28 de abril de 1857 — Niterói19 de Janeiro de 1937), mais conhecido pelo pseudônimo Alberto de Oliveira, foi um poeta, professor e farmacêutico brasileiro. Figura como líder do Parnasianismo brasileiro, na famosa tríade Alberto de OliveiraRaimundo Correia e Olavo Bilac.
Foi secretário estadual de educação, membro honorário da Academia de Ciências de Lisboa e imortal fundador da Academia Brasileira de Letras. Adotou o nome literário Alberto de Oliveira no livro de estréia, após várias modificações dispersas nos jornais.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Seu pai, mestre-de-obras, transferiu residência para o município de Itaboraí, onde construiu o teatro. De origem humilde, Antônio foi, seguindo o irmão mais velho, à capital da província, trabalhar como vendedor. Ambos moravam num barracão aos fundos da casa comercial do Sr. Pinto Moreira, em Niterói, vizinhos do pintor Antônio Parreiras, ainda anônimo, com 17 anos, que lembra, ancião, o contato com o "moço" "de andar firme e compassado".
Diplomou-se em Magistério e Farmácia, cursando Medicina (vindo a conhecer Olavo Bilac), até o terceiro ano, mediante grande esforço pessoal, o que lhe rendeu emprego na Drogaria do "Velho Granado". Também abriu um colégio em Niterói.
Casou-se em 1889 com a viúva Maria da Glória Rebelo.
Após a glória literária, destacou-se na política como Oficial de Gabinete do primeiro Presidente de Estado/RJ eleito José Thomaz da Porciúncula (1892-1894), do Partido Republicano Fluminense, marcadamente prudentista (democrático) e antiflorianista (antitotalitário), com a pasta de Diretor Geral da Instrução Pública do Rio de Janeiro, equivalente ao atual Secretário de Estado de Educação. Durante a tranferência da Capital do Estado de Niterói para Petrópolis (1894), devido às insurreições e revoltas pró e contra a Proclamação da República, permaneceu na Cidade Imperial Serrana, já que a excelência de seu trabalho o manteve no cargo durante o mandato de Joaquim Maurício de Abreu (1894-1897). Foi Professor de Português e Literatura no Colégio Pio-Americano (1905) e na Escola Dramática e Escola Normal (1914), dirigida por Coelho Neto.
Participou da famosa "Batalha do Parnaso", ocorrida no Diário do Rio de Janeiro entre 1878 e 1881 contra o Ultra-romantismo piegas e já desgastado, junto com Teófilo DiasArtur Azevedo e Valentim Magalhães, resgatando as origens do Romantismo dialogadas com aqueles novos tempos. Reunidos em torno de Artur de Oliveira, num café da Rua do Ouvidor, eram integrantes da vanguarda ideia Nova, ao lado de Fontoura Xavier, Carvalho Jr. e Affonso Celso Jr., que lhe prefaciou o Livro de Ema (deslocado da 1a. para a 2a. série das Poesias). Inspirados na Arte Moderna da França — feita por Théophile GautierThéodore de BanvilleCharles Baudelaire e Leconte de Lisle, os "Tetrarcas" do Parnasianismo —, e, secundariamente, em Sully Prudhome e José-Maria de Heredia, fizeram todos a maior revolução na poesia brasileira até então, importantíssima para a consolidação da Modernidade do Brasil, no tocante à literatura, a partir da eleição do Novo como valor e da Ruptura como sistema, tradição.
Caricatura do poeta Alberto de Oliveira, feita pelo pintor Belmiro de Almeida (Museu de Arte de São PauloSão Paulo).
Envolveu-se com os fundadores da inovadora Gazeta de Notícias, Manuel Carneiro e Ferreira de Araújo, publicando poemas posteriormente reunidos no livro Canções Românticas (prefácio de Teófilo Dias) (1878) e conhecendo neste jornal o amigo Machado de Assis, que o citou no famoso artigo "A Nova Geração" (Revista Brasileira1879) bem como lhe prefaciou Meridionais (1884), ainda financiadas pelo jornal, livro-chave para a ideia Nova da Nova Geração, só mais tarde referida conceitualmente, "rotulada" ou esquematizada como "estilo parnasiano".
Decorrido apenas um ano, publica, sob encomenda dos leitores, Sonetos e poemas (1885), consagrando-se junto ao público, o que lhe rende um prefácio de T. A. Araripe Jr. ao livro seguinte, Versos e rimas (1895), títulos talvez alusivos a Sonetos e rimas (1880), de Luís Guimarães Jr., também Jovem Poeta, como eram conhecidos esses revolucionários em prol da poesia autêntica sem os clichês românticos. Depois de quatro livros publicados, foi convidado por Machado de Assis para a Fundação da Academia Brasileira de Letras, em 1897, ocasião em que se vê a longevidade do convívio entre o romancista e o poeta.
Com Raimundo Correia e Olavo Bilac, formou a tríade mais representativa da ideia Nova da Nova Geração, hoje chamado Parnasianismo, reunida em sua casa no bairro Barreto, Niterói/RJ, à época capital de província, e depois no seu famoso Solar da Engenhoca, sito à mesma cidade, ou no bairro Neves, São Gonçalo/RJ, residência anterior. Impecável na métrica e correto na forma, sofre uma vaia que parece ainda ecoar desde a Semana de Arte Moderna de 1922, na voz de críticos literários fiéis à ideia modernista. Mário de Andrade, rancoroso pela rejeição dos parnasianos ao seu livro parnasiano Há uma gota de sangue em cada poema (1917), se empenha em retaliar o velho estilo, cuja principal vítima era o poeta de Saquarema, como se vê nos ensaios "Mestres do Passado", publicados no Jornal do Commercio em 1921 e na "Carta Aberta a Alberto de Oliveira", publicada na Revista Estética no. 3, em 1925.
Nos últimos anos de sua vida, proferiu conferência "O Culto da Forma na Poesia Brasileira", (1913Biblioteca Nacional1915São Paulo) e ainda foi homenageado pelo Jornal do Commercio, em 1917. No mesmo ano, recebeu Goulart de Andrade na Academia Brasileira de Letras. Foi eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros, pelo concurso da revista Fon-Fon (1924), título desocupado desde a morte de seu discípulo e amigo Olavo Bilac, falecido em 1918. Em 1935, prestigia o Cenáculo Fluminense de História e Letras, com sua gloriosa presença. Sem dúvida, o Poeta-Professor é "Andarilho Fluminense", semeando Lirismo e Educação em todos os lugares por que passou: SaquaremaRio BonitoItaboraíNiteróiSão GonçaloPetrópolisCampos e Rio de Janeiro (no seu Estado natal), além de AraxáSão PauloCuritiba.
Seus incontáveis versos falam da pujança da natureza fluminense e dos encantos da mulher brasileira, ambas freqüentemente evocadas pela memória. Os temas da Grécia Antiga, que caracterizam o Parnasianismo de moldes franceses, formam uma pequena minoria da obra, em torno de 10%.
Vê-se sua herma no Jardim do Russel (Rio de Janeiro, capital), obra do escultor Petrus Verdier, ou na sede histórica da Prefeitura Municipal de Niterói (jardim de entrada), obra do escultor H. Peçanha.

Obras[editar | editar código-fonte]

  • Canções Românticas. Rio de Janeiro: Gazeta de Notícias, 1878.
  • Meridionais. Rio de Janeiro: Gazeta de Notícias, 1884.
  • Sonetos e Poemas. Rio de Janeiro: Moreira Maximino, 1885.
  • Relatório do Diretor da Instrução do Estado do Rio de Janeiro: Assembléia Legislativa, 1893.
  • Versos e Rimas. Rio de Janeiro: Etoile du Sud, 1895.
  • Relatório do Diretor Geral da Instrução Pública: Secretaria dos Negócios do Interior, 1895.
  • Poesias (edição definitiva). Rio de Janeiro: Garnier, 1900. (com juízos críticos de Machado de AssisAraripe Júnior e Afonso Celso)
  • Poesias, 2ª série. Rio de Janeiro: Garnier, 1905.
  • Páginas de Ouro da Poesia Brasileira. Rio de Janeiro: Garnier, 1911.
  • Poesias, 1ª série (edição melhorada). Rio de Janeiro: Garnier, 1912.
  • Poesias, 2ª série (segunda edição). Rio de Janeiro: Garnier, 1912.
  • Poesias, 3ª série Rio de Janeiro: F. Alves, 1913.
  • Céu, Terra e Mar. Rio de Janeiro: F. Alves, 1914.
  • O Culto da Forma na Poesia Brasileira. São Paulo: Levi, 1916.
  • Ramo de Árvore. Rio de Janeiro: Anuário do Brasil, 1922.
  • Poesias, 4ª série. Rio de Janeiro: F. Alves, 1927.
  • Os Cem Melhores Sonetos Brasileiros. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1932.
  • Poesias Escolhidas. Rio de Janeiro: Civ. Bras. 1933.
  • Póstuma. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1944.

Bibliografia sobre Alberto de Oliveira[editar | editar código-fonte]

Livros
  • VÍTOR, Nestor. Alberto de Oliveira (ensaio), 1906. (incluído em Obra crítica, 2 vols., 1973).
  • VIANNA, Oliveira. Alberto de Oliveira: discurso de posse (recepção de Affonso de Taunay). Rio de Janeiro: Acad. Bras. de Letras, 1940.
  • SERPA, Phocion. Alberto de Oliveira (1857-1957). Rio de Janeiro: Liv. S. José, 1957.
  • SOUZA, Sávio Soares de. A outra face de Alberto de Oliveira. Rio de Janeiro, 1957 (livreto da palestra de 21/07/1957 na Prefeitura de Saquarema)
  • CAMPOS, Geir. Alberto de Oliveira (poesia). Rio de Janeiro: Agir, 1959 (Nossos Clássicos, 32)
  • ELMO, Elton. A família de Alberto de Oliveira. Rio de Janeiro: Do Autor, 1979.
  • DANTAS, Olavo. A glória de Alberto

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

DIA MUNDIAL DA LINGUAGEM GESTUAL - 15 DE NOVEMBRO DE 2019

Língua de sinais

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Conversa em língua de sinais.
Ficheiro:Preservation of the Sign Language (1913).webm
Preservation of the Sign Language (1913)
Uma língua de sinais (português brasileiro) ou língua gestual (português europeu) é uma língua visual, que surge nas comunidades de pessoas surdas ou se deriva de outras línguas de sinais. Assim como as línguas orais-auditivas, uma língua de sinais é considerada pela linguística como língua natural, pois atende a todos os critérios linguísticos como qualquer língua. Por seu canal comunicativo ser diferente das línguas orais-auditivas, as línguas de sinais são denominadas como línguas de modalidade visuoespacial.[1]
Os sinais, ou seja, as palavras, são articulados essencialmente pelas mãos e percebidos através da visão. Em uma língua de sinais, os sinais não são gestos. Os sinais são símbolos arbitrários, legitimados e convencionados pelos falantes de uma língua de sinais, assim como as palavras são em uma língua oral.[2] Por meio de uma língua de sinais, o surdo ou pessoa com deficiência auditiva têm acesso à informação e à comunicação. Há no mundo muitas línguas de sinais e em muitos países línguas de sinais têm recebido o status de língua oficial.

As línguas de sinais no mundo

Durante muitos anos, o oralismo, técnica defendida por Alexandre Graham Bell, foi a única forma aceitável de/para comunicação com as pessoas surdas. O famoso Congresso de Milão, de 1880, teve um impacto negativo sobre as línguas de sinais no mundo. Nesse congresso, os presentes, influenciados pelas ideias de Graham Bell, decidiram pela proibição da língua de sinais como método de educação de surdos. Assim, a língua falada oralmente foi imposta às pessoas surdas, e decretou-se, sem fundamentação científica alguma, que o oralismo deveria constituir a única forma de ensino.[3] Diante disso, as línguas de sinais por mais de 100 anos foram violentamente proibidas e banidas dos espaços escolares.
Mesmo com a imposição do Congresso de Milão, as línguas de sinais resistiram. Com o passar dos anos, muitos linguistas se dedicaram a estudar diferentes línguas de sinais. O pioneiro foi o linguista americano William Stokoe, intitulado como o pai da linguística das línguas sinalizadas. Stokoe (1960)[4] concluiu que as línguas de sinais apresentavam aspectos linguísticos de uma língua genuína, no léxico, na sintaxe e na sua capacidade de gerar infinitas sentenças e que deveriam ser pesquisadas e estudadas pela linguística.[5]
Ao contrário do que muitos acreditam, a língua de sinais não é universal. Assim como as línguas orais, a variação linguística está presente também nas línguas de sinais. É grande a variedade de línguas de sinais ao redor do mundo. Segundo o site Ethnologue: Languages of the World, há mais de 140 línguas de sinais no mundo[6]. São línguas completas, com a sua própria gramática e léxico.
Cada país tem a sua, ou até mais de uma, língua de sinais. Tomando como exemplo alguns países lusófonos, vemos que utilizam diferentes línguas de sinais: no Brasil existe a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e a Língua de Sinais Kaapor Brasileira,[7] em Portugal existe a Língua Gestual Portuguesa (LGP), em Angola existe a Língua Angolana de Sinais (LAS), em Moçambique existe a Língua Moçambicana de Sinais (LMS).
Assim como acontece nas línguas faladas oralmente, existem variações linguísticas dentro da própria língua de sinais, isto é, regionalismos e/ou sotaques.[8][1] Essas variações se devem a ligeiras diferenças culturais e influências diversas no sistema de ensino do país, por exemplo. Há também outros fatores que favorecem à diversidade e à mudança linguística, como, por exemplo, a extensão e a descontinuidade territorial e os contatos com outras línguas.[9] Além disso, deve-se levar em conta que diferenças culturais são determinantes nos modos de representação do mundo. Assim, os surdos sentem as mesmas dificuldades que os ouvintes quando necessitam comunicar com outros que utilizam uma língua diferente.[10]
Há também uma língua de sinais, análoga ao Esperanto, conhecida como Gestuno. O Gestuno, também conhecido como língua de sinais internacional, é uma língua artificial e é usada em convenções e competições internacionais, visando estabelecer uma comunicação internacional.[9]
Não se sabe quando as línguas de sinais se iniciaram. Mas, sua origem remonta possivelmente à mesma época ou a épocas anteriores àquelas em que foram sendo desenvolvidas as línguas orais.[11] Uma pista interessante para esta possibilidade das línguas de sinais terem se desenvolvido primeiro que as línguas orais é o fato que o bebê humano desenvolve a coordenação motora dos membros antes de se tornar capaz de coordenar o aparelho fonoarticulatório. As línguas de sinais são criações espontâneas do ser humano e se aprimoram exatamente da mesma forma que as línguas orais. Nenhuma língua é superior ou inferior a outra, cada língua se desenvolve e expande na medida da necessidade de seus usuários.
É comum aos ouvintes pressupor que as línguas de sinais sejam versões sinalizadas das línguas orais. Por exemplo, muitos acreditam que a LIBRAS é a versão sinalizada da língua portuguesa do Brasil; que a Língua de Sinais Americana é a versão sinalizada da língua inglesa; que a Língua de Sinais Japonesa é a versão sinalizada da língua japonesa; e assim por diante. No entanto, embora haja semelhanças ou aspectos comuns entre as línguas de sinais, devido a um certo contato linguístico, as línguas de sinais são autónomas, possuem estruturas gramatical própria, não derivam das línguas orais e possuem peculiaridades que as distinguem umas das outras e das línguas orais.[1][9]
A língua de sinais são completas em si mesmas, dispondo de recursos expressivos suficientes para permitir aos seus usuários expressar-se sobre qualquer assunto, em qualquer situação, domínio do conhecimento e esfera de atividade. Por meio de uma língua de sinais é possível criar poesias, contar e inventar histórias, discutir sobre filosofia, política, assuntos do cotidiano etc.[12] Emmanuelle Laborit, atriz surda, afirma no seu livro O Vôo da Gaivota, que tudo pode ser expressado por meio dos sinais, sem perder nenhum de conteúdo.[13] Mais importante, ainda: é uma língua adaptada à capacidade de expressão dos surdos.
A língua de sinais por muito tempo foi considerada uma língua ágrafa. Entretanto, hoje, segundo Barreto e Barreto (2015), existem vários tipos de escritas. Os principais sistemas de escrita e de notação criados para registrar as Línguas de Sinais, segundo os autores são: Notação Mimographie, publicada em 1822 por Roch-Ambroise Auguste BébianNotação Stokoe, publicado em 1960 por William Stokoe. Seu sistema de notação fonética tinha como objetivo chamar a atenção dos linguistas, que desconheciam a língua de sinais, e servir como sistema de transcrição para análise dos sinais; Hamburg Notation System (HamNoSys), sistema de notação fonética baseada na notação de Stokoe. Sua primeira versão foi publicada em 1984 pela Universidade de Hamburgo – Alemanha; Sistema D’Sign, publicada em 1990 por Paul Jouison. O sistema é capaz de transcrever frases inteiras da Língua de Sinais Francesa; Notação de François Neve, publicado em 1996 por Fançois Neves e desenvolvido a partir do sistema de Stoke; Sistema de Escrita das Línguas de Sinais (ELiS), criado em 1997 pela Profa Dra Mariângela Estelita Barros e posteriormente melhorado em 2008. O ELiS é um sistema de escrita linear da esquerda para a direita, representados por uma série de grafemas para representar quatro parâmetros da língua de sinais; Sistema de Escrita Signwriting, criado em 1974 por Valerie Sutton. Segundo Sutton, o Signwriting é uma escrita internacional. É o sistema de escrita da língua de sinais mais utilizado no mundo.[14]
Há também o Sistema de Escrita para Línguas de Sinais (Escrita SEL). O sistema de escrita foi desenvolvido pela Profa. Dra. Adriana S. C. 'Lessa-de-Oliveira em 1999 e posteriormente melhorado em 2011. A Escrita SEL foi desenvolvida para a Libras. Entretanto, segundo a criadora, pode ser utilizado para escrever outras línguas de sinais. Mas, em alguns casos é necessária adaptação simples.[15]

Alfabeto dactilológico

a
b
c
d
A difusão do alfabeto dactilológico, também conhecido como alfabeto manual, a pressuposição de que esse alfabeto é a própria língua de sinais, que há uma única língua de sinais e que essa língua é universal. No entanto, o alfabeto dactilológico é apenas um código de representação das letras alfabéticas, cuja função é a soletração de palavras das línguas orais, de algum vocábulo da língua oral que ainda não possua um sinal correspondente na língua de sinais, etc.[9]
De acordo om o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), o alfabeto dactilológico usado atualmente no Brasil é um conjunto de 27 formatos, ou configurações diferentes de uma das mãos, cada configuração correspondendo a uma letra do alfabeto do português escrito, incluindo o “Ç”. O alfabeto manual também não é universal. Por ser convencionado, cada língua de sinais possui o seu alfabeto dactilológico. Há também o alfabeto manual para pessoas surdas-cegos. Nesse caso, os indivíduos os surdos-cegos precisam pegar na mão de quem está sinalizando.[9]
É muito aconselhável soletrar devagar, formando as palavras com nitidez. Entre as palavras soletradas, é melhor fazer uma pausa curta ou mover a mão direita para o lado esquerdo, como se estivesse empurrando a palavra já soletrada para o lado. Normalmente o alfabeto manual é utilizado para soletrar os nomes de pessoas, de lugares, de rótulos, sinais de pontuação, tais como, vírgulasponto final e de interrogação, às vezes, são desenhados no ar. Preposições e outras classes de palavras de que a língua não dispõe são inseridas na sinalização por meio da dactilologia, ou do alfabeto manual.

Línguas de sinais e línguas orais

Ao falarmos em língua de sinais estamos a referir-nos a língua materna/natural de uma comunidade de surdos, isto é, uma língua de produção manuo-motora e de recepção visual, com vocabulário e gramática próprios, não dependente da língua oral, usada pela comunidade surda, que envolve também ouvintes, tais como familiares de surdos, intérpretes, professores e outros.

Aspectos comuns

  • Arbitrariedade: As línguas orais são maioritariamente arbitrárias, não se depreende a palavra simplesmente pelo sua representatividade, mas é necessário conhecer o seu significado. As palavras e os sinais apresentam conexões arbitrárias entre a forma e o significado. A iconicidade encontra-se presente nas línguas de sinais, mais do que nas orais, mas a sua arbitrariedade continua a ser dominante. Embora, nas línguas de sinais, alguns sinais sejam totalmente icônicos, é impossível, como nas línguas orais, depreender o significado da grande maioria dos sinais, apenas pela sua representação.[1][9]
  • Comunidade: As línguas orais têm uma comunidade que as adquirem, como língua materna, cujo desenvolvimento se faz através de uma comunidade de origem, passando pela família, a escola e as associações. Todas as línguas orais têm variações linguísticas. Todas as línguas gestuais possuem estas mesmas características.
  • Sistema linguístico: As línguas orais são sistemas regidos por regras. O mesmo acontece com as línguas de sinais, conforme referenciado por Stokoe (1960).[4]
  • Produtividade: As línguas orais possuem a características da produtividade e da recursividade, sendo possível aos seus falantes nativos produzirem e compreenderem um número infinito de enunciados, mesmo que estes nunca tenham sido produzidos antes.[1] Acontece o mesmo com as línguas de sinais, sendo encontradas a criatividade e produtividade nas produções. Podemos falar diversas coisas de diversas formas a partir das regras de cada língua.[9] Por exemplo, da LGP, pelos seus gestuantes nativos, parecendo não haver limite criativo.
  • Aspectos contrastivos: As línguas orais possuem aspectos contrastivos, isto é, as unidades fonológicas do sistema de determinada língua estabelecem-se por oposições contrastivas, ou seja, em pares de palavras, em que a substituição de uma unidade fonológica (um fonema) por outra altera o significado da palavra (por exemplo: parra e barra). Acontece o mesmo nas línguas de sinais, sendo que em vez de unidade fonológica, muda um pequeno aspecto do gesto (por exemplo, na LGP: método e liberdade).
  • Evolução e renovação: As línguas orais modificam-se, como no caso das palavras que caem em desuso, outras que são adquiridas, a fim de aumentar o vocabulário e ainda no caso da mudança de significado das palavras. O mesmo acontece nas línguas de sinais, a fim de responder às necessidades que a evolução socio-cultural impõe (por exemplo, na LGP, os seis gestos de "comboio", ou os gestos de "filme").
  • Aquisição da linguagem:A aquisição de qualquer língua oral é natural, desde que haja um ambiente propício desde nascença. Na língua de sinais acontece de igual forma, não tendo o indivíduo surdo que exercer esforço para aprender uma língua de sinais, ou necessidade de qualquer preparação especial.
  • Funções da linguagem: As línguas orais podem ser analisadas de acordo com as suas funções. O mesmo acontece com as línguas de sinais. As funções são: a função referencial,a emotiva, a conativa, a fática, a metalinguística, e a poética.
  • Processamento: Embora usando modalidades de produção e percepção, as línguas orais e de sinais são processadas na mesma área cerebral, no lado esquerdo do cérebro.[16]

Características próprias das línguas de sinais

Segundo Chomsky, todas a línguas possuem um sistema de combinação. A partir de unidades simples, formam-se unidade mais complexas.[17] As frases e sentenças são formadas a partir de palavras; as palavras são formadas a partir de unidades menores, morfemas; e os morfemas, são formadas a partir de fonemas. [18] As línguas de sinais e de sinais se diferem quanto a forma como as unidade são construídas. Segundo Gesser (2009), enquanto as línguas orais tendem a organizar as unidades sequencialmente/linearmente; as línguas de sinais, de uma maneira geral, incorporam as unidades simultaneamente, pois um signo pode ser articulado com uma mão, e outro com a outra, de forma simultânea.[9] Além disso, enquanto as mãos sinalizam itens lexicais, as expressões faciais e corporais fornecem informações discursivas e gramaticais. Mesmo assim, mesmo nas línguas de sinais, a linearidade está presente em todos os níveis de análise: do fonológico ao discursivo. Como por exemplo, nos sinais compostos.[19] Nos sinais compostos, duas unidades preexistentes na língua se juntam para criar um novo vocábulo. Nesses casos, o sinal é realizado em uma ordem linear. Não é possível invertê-la.[1]
Embora existam aspectos universais, pelos quais se regem todas as línguas de sinais, a comunicação visual dos Surdos não é universal. As línguas de sinais não seguem a ordem e estrutura frásicas das línguas orais. As línguas de sinais, assim como as orais, pertencem às comunidades onde são usadas, tendo apresentado diferenças consideráveis entre as determinadas línguas.

Referências

  1. ↑ Ir para:a b c d e f QUADROS, R. M; KARNOPP, L. B. Língua de sinais brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
  2.  CRYSTAL, David. Pequeno tratado sobre a linguagem humana: grandes conhecimentos para a vida. Tradução: Gabriel Perissé. São Paulo: Saraiva,. 2012.
  3.  Sa, Nídia Regina (1999). Educação de surdos - A caminho do bilinguismo. Rio de Janeiro: Eduff
  4. ↑ Ir para:a b STOKOE, W. (1960) Sign and Culture: A Reader for Students of American Sign Language.
  5.  XAVIER, Andre Nogueira. Descrição fonético-fonológica dos sinais da Língua de Sinais Brasileira (LIBRAS). 2006.
  6.  «Language Family: Sign language»
  7.  FERREIRA BRITO, Lucinda (1985). A comparative study of signs for time and space in São Paulo andd Urubu-Kaapor sing language.
  8.  STROBEL, Karin; FERNANDES, Sueli. Aspectos linguísticos da Língua Brasileira de Sinais.
  9. ↑ Ir para:a b c d e f g h GESSER, Audrei (2009). LIBRAS? Que língua é essa?: crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábola
  10.  Para uma Gramática de Língua Gestual Portuguesa, pág. 54.
  11.  CRYSTAL, David (2012). Pequeno tratado sobre a linguagem humana: grandes conhecimentos para a vida. São Paulo: Saraiva
  12.  SACKS, Oliver (2010). Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. São Paulo: Companhia das Letras
  13.  LABORIT, Emmanuelle (1994). O voo da gaivota. São Paulo: Best SelleR
  14.  BARRETO, Madson; BARRETO, Raquel. Escrita de sinais sem mistérios. 2 ª Edição. Revista,Atualizada e Ampliada. Vol. 1, 2015.
  15.  «ESCRITA SEL - Sistema de Escrita para Línguas de Sinais»
  16.  ROSA, Maria Carlota (2010). Introdução à (Bio)Linguística: linguagem e mente. São Paulo: Contexto
  17.  CHOMSKY, Noam (1999). The minimalist program. Lisboa: Editorial Caminho
  18.  Pinker, S. (1995). The Language Instinct. New York, NY: Harper Perennial
  19.  VIOTTI, Evani. Introdução aos Estudos Linguísticos. Florianópolis: UFSC, 2008.

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