segunda-feira, 12 de agosto de 2019

SANTA CRUZ DA GRACIOSA - FERIADO - 12 DE AGOSTO DE 2019

Santa Cruz da Graciosa

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Santa Cruz da Graciosa
Brasão de Santa Cruz da GraciosaBandeira de Santa Cruz da Graciosa
BrasãoBandeira
Localização de Santa Cruz da Graciosa
Gentílicograciosense
Área60,66 km2
População4 391 hab. (2011[1])
Densidade populacional72,39 hab./km2
N.º de freguesias4
Presidente da
Câmara Municipal
Manuel Avelar (PS)
Fundação do município1486
Região AutónomaRegião Autónoma dos Açores
IlhaIlha Graciosa
Antigo DistritoAngra do Heroísmo
OragoSanta Cruz
Feriado municipal2.ª feira após o 2.º domingo de agosto[2]
Código postal9880 Santa Cruz da Graciosa
Site oficialhttp://www.cm-graciosa.pt/
Municípios de Portugal Flag of Portugal.svg
A Graciosa vista do sul. A povoação no centro é a freguesia da Luz; no extremo direito o Maciço da Caldeira.
Santa Cruz, a sede do concelho, vista do Monte da Ajuda. Ao centro, o Rossio com as suas araucárias e pauis.
A famosa baleia de pedra da Ponta da Barca (um dique basáltico que resistiu à abrasão marinha).
Santa Cruz da Graciosa é um concelho açoriano sito na ilha Graciosa, no Grupo Central do arquipélago. Fundado em 1486, tem 60,66 km² de área e 4 391 habitantes (2011)[1]. Subdividido em 4 freguesias, o território do concelho ocupa a totalidade da ilha Graciosa e seus ilhéus, sendo assim rodeado pelo Oceano Atlântico. A sede do concelho é a Vila de Santa Cruz da Graciosa, uma localidade com cerca de 967[3] habitantes situado na costa nordeste da ilha.

Território e divisão administrativa[editar | editar código-fonte]

O concelho de Santa Cruz da Graciosa ocupa todo o território da ilha Graciosa e seus ilhéus (Ilhéu da Praiailhéu de Baixoilhéu da Baleia e ilhéu da Gaivota e outros ilhéus menores), perfazendo um total de 60,66 km² de área.
A ilha tem uma forma grosseiramente oval, com 12,5 km de comprimento e 8,5 km de largura máxima. É a menos montanhosa das ilhas açorianas, atingindo 405 m de altitude máxima no bordo leste da Caldeira. Esta baixa elevação confere à ilha um clima temperado oceânico, caracterizado pela menor pluviosidade do arquipélago.
O relevo do concelho é em geral aplainado, marcado por numerosos cones de escórias que lhe dão um carácter marcadamente vulcânico, com um relevo mais acentuado na parte meridional, podendo ser dividida quatro unidades geomorfológicas[4]:
  • Maciço da Caldeira, no extremo sueste da ilha, constituído por um vulcão bem conservado, com uma caldeira central bem definida;
  • Serra das Fontes, ao longo da costa nordeste, muito escarpada e muito alterada pela tectónica local;
  • Complexo da Serra Dormida e da Serra Branca, ocupando o terço centro-meridional da ilha, também muito desmantelado e alterado pela tectónica local;
  • A Plataforma de Santa Cruz, ocupando a metade noroeste da ilha, caracterizado por um relevo adoçado, com altitude máxima em torno dos 50 m e pontuado por numerosos cones de escórias.
Para efeitos administrativos, o concelho encontra-se dividido nas seguintes freguesias:
  • Guadalupe, criada em 1644, uma freguesia de bons solos agrícolas sita no centro e noroeste da ilha, durante alguns séculos a localidade mais populosa da ilha;
  • Luz, também conhecida por Sul, uma freguesia criada em 1601, no sueste da ilha, incluindo o lugar do Carapacho e as suas Termas;
  • São Mateus, também conhecida por Praia, uma localidade portuária que inclui a vila da Praia, sede entre 1546 e 1867 do concelho da Praia da Graciosa;
  • Santa Cruz da Graciosa, a sede do concelho e hoje a mais populosa povoação da ilha.

História[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Graciosa#História
Após o estabelecimento do primeiro núcleo populacional no Carapacho, zona de costa baixa e abrigada no extremo sudoeste da ilha, face à pouca fertilidade dos solos na zona e à sua vulnerabilidade em relação ao mar, os primeiros povoadores buscaram o interior da ilha, explorando os seus solos férteis e aplainados.
Em poucos anos os principais núcleos populacionais estavam estabelecidos na costa nordeste da ilha, aproveitando as facilidades de desembarque que Praia da Graciosa e as calhetas da Barra e de Santa Cruz ofereciam e a relativa abundância de água nas lagunas ali existentes, além dos poços de maré que podiam ser escavados naqueles locais. Nasciam assim os povoados que viriam a ser as actuais vilas de Santa Cruz da Graciosa e Praia.
Embora Vasco Gil Sodré tenha diligenciado no sentido de obter o cargo de capitão do donatário na ilha, e de ter mesmo construído uma alfândega, diligências em que foi sucedido por seu cunhado Duarte Barreto do Couto, apenas logrou, e mesmo isso não é seguro, governar a parte sul da ilha, estruturada em torno do que viria a ser a vila da Praia.
A capitania da parte norte da ilha, sita em terras bem mais férteis e amplas, foi entregue a Pedro Correia da Cunha, natural da ilha do Porto Santo e co-cunhado de Cristóvão Colombo que, a partir de 1485, logrou obter ao cargo de capitão do donatário em toda a ilha, unificando a administração. Fixando-se com a família em Santa Cruz, tal levou a que este povoado suplantasse a Praia como sede do poder administrativo na ilha. Logo no ano seguinte, Santa Cruz foi elevada a vila e sede de concelho, abrangendo todo o território da ilha e, com ele, as duas paróquias então existentes: Santa Cruz e São Mateus da Praia.
Esta fase em que o concelho de Santa Cruz da Graciosa abrangia toda a ilha terminou quando a cabeça da outra primitiva capitania, o lugar de São Mateus da Praia, foi também elevado a vila por foral concedido por Carta Régia do rei D. João III, datado de 1 de Abril de 1546. Ficou assim a ilha dividida em dois concelhos: a sul o eixo Praia e Luz (tornada freguesia autónoma em 1601); a norte o eixo Santa Cruz e Guadalupe (freguesia autónoma desde 1644).
A estrutura administrativa bicéfala da ilha sobreviveu até ao século XIX, quando por força da reestruturação administrativa que se seguiu à aprovação do segundo código administrativo do liberalismo, o concelho da Praia foi extinto em 1855, sendo o seu território integrado no concelho de Santa Cruz da Graciosa. Embora o decreto de extinção tenha apenas sido executado em 1867, com o fim do concelho, a Praia perdeu a categoria de vila, estatuto que só recuperaria em 2003, por força do Decreto Legislativo Regional n.º 29/2003/A, de 24 de Junho, aprovado pelo parlamento açoriano.
Pode-se assim dividir a história do concelho de Santa Cruz nas seguintes fases:
  • 1450-1486 — Fase de povoamento inicial, sem estruturas municipais definidas, com o poder apenas nas mãos dos capitães do donatário;
  • 1486-1546 — O concelho de Santa Cruz abrangia toda a ilha, coincidindo em território e sede com a capitania.
  • 1546-1867 — O concelho de Santa Cruz fica restrito ao norte da ilha, abrangendo apenas as freguesias de Santa Cruz e Guadalupe. O sul da ilha constituía o concelho da Praia da Graciosa.
  • 1867– .... — O concelho de Santa Cruz absorve o território do extinto concelho da Praia da Graciosa, passando a abranger toda a ilha.
Em 1791 Santa Cruz foi visitada pelo escritor francês François-René de Chateaubriand, que ali aportou aquando da sua passagem em direcção à América do Norte e esteve hospedado no convento franciscano de Santa Cruz, e que depois descreveu a ilha com mestria na sua obra.
Outro visitante célebre foi Almeida Garrett, que esteve em Santa Cruz em 1814, quando com apenas 15 anos visitou um seu tio que era juiz de fora em Santa Cruz. Reza a tradição que terá pregado um sermão na ilha, em óbvia contravenção da lei, e que ali terá escrito versos já reveladores do seu talento de poeta.
Também em 1879 a ilha foi visitada pelo príncipe Alberto I do Mónaco, que no decurso dos seus trabalhos de hidrografia e estudo da vida marinha, aportou à Graciosa no seu iate Hirondelle. Durante a sua permanência na ilha, desceu à Furna do Enxofre, no interior da Caldeira, tendo sido uma das primeiras vozes que se levantaram na defesa da criação de um acesso adequado que permitisse potenciar aquele local como atracção turística.
Ao longo da sua história a ilha foi por diversas vezes assolada por secas avassaladores, que provocaram grande sofrimento, incluindo, segundo alguns historiadores a morte de muitos habitantes. Já no século XIX, e por iniciativa de José Silvestre Ribeiro, então administrador geral do distrito de Angra do Heroísmo, procedeu-se ao envio por navio de água a partir da Terceira para combater a sede que ali grassava. De facto, no Verão de 1844 ocorreu uma seca que para além de afectar gravemente as produções agrícolas pôs em risco a sobrevivência de pessoas e animais. José Silvestre Ribeiro proveu a ilha prontamente com 90 pipas de água e mandou abrir poços e valas. Na noite de 20 de Agosto uma forte chuvada veio aliviar a crise.
Devido à emigração para os Estados Unidos durante as décadas de 1950, 1960 e 1970, e à migração interna que ainda afecta a ilha, o concelho de Santa Cruz da Graciosa entrou num rápido processo de recessão demográfica que na actualidade condiciona em muito a sustentabilidade socio-económica da sociedade graciosense.

Povoamento e demografia[editar | editar código-fonte]

Santa Cruz da Graciosa: panorâmica a partir do alto da Ermida de N. Sra. da Ajuda.
O concelho de Santa Cruz, tal como acontece com a generalidade do território açoriano, tem uma estrutura de povoamento que, apesar da sua dispersão aparente, é fortemente condicionada pela rede viária. Este povoamento disperso orientado[5], típico da zonas de colonização recente, como são as ilhas, levou a que a estruturação urbana da Graciosa se tenha produzido ao longo de grandes eixos, correspondentes aos vales da ilha, e, por consequência, às estradas que ao seu longo afluem às duas vilas da ilha. Assim surgiram os seguintes eixos: (1) ao longo da vale que separa o maciço da Caldeira do resto da ilha, entre a vila da Praia e o Carapacho, a Fonte do Mato, as Pedras Brancas e a Luz; (2) em torno da Serra das Fontes, o eixo que saindo de Santa Cruz por Santo Amaro, inclui as Fontes e Guadalupe, dividindo-se aí num ramo que pelo Pontal via até às Pedras Brancas e noutro que inclui as AlmasManuel GasparRibeirinha e Brasileira; (3) um eixo que saindo de Santa Cruz pelo Rebentão, contorna o Pico da Hortelã, indo até à Vitória no noroeste da ilha; e (4), finalmente, um eixo que pelas Dores vai até ao Bom Jesus e ao litoral da Vitória, numa paisagem muito aplanada e de povoamento muito disperso, bastante diferente do resto da ilha. Estes quatro grandes eixos incluem mais de 80% da população da ilha, deixando de fora apenas alguns povoados marginais, em geral satélites das vilas.
A evolução demográfica do concelho, e por consequência da ilha Graciosa, foi a seguinte:
Evolução da população do concelho de Santa Cruz da Graciosa
1844186418781890190019111920193019401950196019701981199120012011[1]
Guadalupe3 0322 6902 6162 6762 7182 4852 4792 7323 0873 2233 0132 5621 7361 5541 3061 096
Luz1 7971 7461 8121 8031 9051 8191 8302 0522 2482 2772 0051 5351 000 887 735683
São Mateus2 0201 8491 7091 7321 5881 3741 3011 4481 5801 6341 5471 3201 034 965 901836
Santa Cruz2 8082 4332 3082 2292 1481 9251 8672 2382 2782 3832 1041 9551 6071 7831 8381 776
Total9 6578 7188 4458 4408 3597 6037 4778 4709 1919 6178 6697 4205 3775 1894 7804 391
Fonte: DREPA (Aspectos demográficos - Açores 1978) e Serviço Regional de Estatística dos Açores (SREA)Ao longo dos últimos dois séculos a população da Graciosa, e por consequência do actual concelho de Santa Cruz, apresenta períodos distintos:
  • 1800-1920 — Durante este período a população decresceu paulatinamente, passando dos mais de 9 500 habitantes de 1844 até menos de 7 500 em 1920, resultado da pobreza que se instalara na ilha devido à devastação da vinha pela filoxera, o que levou a uma forte corrente migratória para o Brasil, bem documentada nos numerosos brasileiros de torna-viagem, alguns deles histórias de grande sucesso[6], e para os Estados Unidos, ligada à baleação da Nova Inglaterra. Estas correntes migratórias, particularmente a que se dirigia à América do Norte, eram na maior parte constituídas por jovens emigrantes clandestinos, resultado da política de restrição à emigração, e de verdadeiro cerco para o recrutamento militar, seguida durante todo o século XIX, mesmo quando a fome grassava devido à sobrepopulação da ilha. A taxa média de decréscimo da população neste período foi de apenas -0,34% ao ano, uma das mais baixas do arquipélago.
  • 1920-1950 — A Primeira Guerra Mundial e depois a Grande Depressão da década de 1930, levam ao estancar das correntes migratórias, particularmente quando os Estados Unidos impuseram cotas que excluíam quase totalmente os cidadão portugueses, restrição que se prolonga durante a Segunda Guerra Mundial. Neste período há mesmo o regresso de algumas famílias da América do Norte, o que conjugado com o fim da emigração, leva a um rápido crescimento da população: em três décadas o número de graciosenses sobe dos 7 500 para mais de 9 500 em 1950, tendo ultrapassado em meados da década de 1950 os 10 000 residentes, número que se constitui o máximo histórico.
  • 1950-1980 — As décadas de 1950 e 1960 foram um período de profunda crise económica e social na ilha (como aliás no resto do arquipélago), marcadas por uma crescente pobreza, a que se veio juntar o endurecimento do recrutamento militar, consequência do dealbar da Guerra Colonial. Estes dois factores, ligados à excessiva pressão demográfica, criaram uma situação de enorme desânimo, levando primeiro à partida em massa para a ilha Terceira, onde a construção da Base das Lajes criava oportunidades de emprego[7], e depois, graças à facilitação da emigração açoriana para os Estados Unidos em consequência do Kennedy-Pastore Act[8]. O resultado foi o declínio vertiginoso da população da ilha, com taxas de variação da ordem dos -1,70% ao ano (em média, -14,8% por década).
  • 1980- .... — Durante este período a quebra demográfica continuou quase ao mesmo ritmo do período anterior, agora já não alimentada pela emigração, que quase cessou a partir de 1990, mas pela redução drástica da natalidade, resultado do envelhecimento causado pela emigração selectiva no período anterior e da extraordinária melhoria nos padrões de vida que entretanto ocorreu. Esta tendência para o declínio está a abrandar, sendo de esperar a estabilização da população em torno dos 4 000 habitantes nas próximas duas décadas.

Cultura[editar | editar código-fonte]

Património natural[editar | editar código-fonte]

Património edificado[editar | editar código-fonte]

Gastronomia[editar | editar código-fonte]

Santa Cruz da Graciosa é famosa pelas Aguardentes (Pedras Brancas), Vinhos (Vinho Verdelho e Arinto Pedras Brancas) e pela sua requintada Pastelaria: Queijadas da Graciosa, Pasteis de Arroz da Graciosa, Queijadas Ilha Branca, Queijadas de Feijão, Queijadas de Coco, Rochedos, Madalenas, Suspiros e Rosquilhas de Aguardente.[9]

Referências

  1. ↑ Ir para:a b c «Resultados Provisórios dos Censos 2011». Consultado em 7 de Fevereiro de 2012
  2.  «Feriados Municipais» (PDF)
  3.  «Resultados dos Censos 2011». Consultado em 2 de janeiro de 2015
  4.  A. B. Ferreira, A Ilha Graciosa, Centro de Estudos Geográficos, Universidade de Lisboa, Lisboa, 1968.
  5.  Raquel Soeiro de Brito, A ilha de São Miguel – Estudo geográfico. Lisboa: 1955 (p. 24).
  6.  Veja-se o caso de Manuel José do Conde, o visconde do Rosário.
  7.  Pelo Decreto-Lei n.º 44311, de 28 de Abril de 1962[ligação inativa], as autoridades portuguesas da altura criaram mecanismos de controlo da migração interna, apenas permitindo o acesso à Terceira a quem tivesse emprego, como se de um país estrangeiro se tratasse.
  8.  Legislação especial passado pelo Congresso dos Estados Unidos Arquivado em 19 de janeiro de 2012, no Wayback Machine. em 1958, após a erupção do Vulcão dos Capelinhos, que permitiu a entrada de 2000 famílias açorianas naquele país. Como as leis de imigração nos Estados Unidos permitiam a reunificação familiar, esta leva inicial teve um extraordinário efeito multiplicador, permitindo nas décadas seguintes a partida de mais de 120 000 açorianos.
  9.  Catálogo dos Produtos dos Açores, 2 de abril de 2015.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • António de Brum Ferreira, A Ilha Graciosa. Lisboa: Livros Horizonte, Colecção Espaço e Sociedade, n.º 8, 1968 (2.ª ed. em 1987).
  • Félix José da CostaMemória Estatística e Histórica da Ilha Graciosa. Angra do Heroísmo: Imprensa de Joaquim José Soares, 1845. Há uma 3.ª edição, fac-similada: Instituto Açoriano de Cultura, 2007 (ISBN 978-972-9213-77-9).
  • DREPA, Aspectos demográficos. Açores - 78. Angra do Heroísmo: Departamento de Estudos e Planeamento dos Açores, 1978.
  • Guido de MontereyGraciosa e São Jorge (Açores) - Duas ilhas no centro do arquipélago. Porto: Sociedade de Papelaria, Lda., 1981.
  • Luís Daniel (editor dos textos), Graciosa – Guia do Património Cultural. Lisboa: Atlantic View, 2004 (ISBN 972-96057-4-2).

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