Veganismo
Veganismo é um movimento a respeito dos direitos animais. Por razões éticas, os veganos são contra a exploração dos animais e tudo que está ao seu alcance e que envolva sofrimento animal, é retirado da sua rotina diária. O boicote a atividades e produtos que são contra os direitos dos animais é uma das principais ações praticadas por quem adere ao movimento.
Em 1997, três por cento da população americana anunciou não ter usado nenhum produto de origem animal nos últimos dois anos. Em 2007, dois por cento da população inglesa se declarou como vegana.[1] O número de restaurantes veganos está crescendo, de acordo com o Oxford Companion to American Food and Drink (2007).[2] Tem sido mostrado que pessoas em dietas que incluem comidas de origem animal têm mais probabilidades de terem doenças degenerativas, principalmente doenças cardiovasculares.[3] A Associação Dietética Americana (The American Dietetic Association) e os Nutricionistas do Canadá (Dietitians of Canada) consideram a dieta vegetariana apropriada para todos os estágios do ciclo de vida, embora eles ainda alertem que uma dieta vegetariana mal planejada pode ser deficiente em vitamina B12, ferro, vitamina D, cálcio, iodo, e ácidos graxos ômega 3.[4]
Índice
Etimologia[editar | editar código-fonte]
O termo inglês vegan (pronuncia-se víg:an) foi criado em 1944, numa reunião organizada por Donald Watson (1910 - 2005) envolvendo 6 pessoas (após se desfiliarem da The Vegetarian Society por diferenças ideológicas), onde ficou decidido criar uma nova sociedade (The Vegan Society) e adotar um novo termo para definir a si próprios.[5]
Trata-se de uma corruptela da palavra "vegetarian", em que se consideram as 3 primeiras letras e as 2 últimas, excluindo o etari para formar a palavra vegan.[5]
Em português, se consideram as três primeiras e as três últimas letras (vegetariano), excluindo o etari, na formação do termo vegano (substantivo masculino, significando "adepto do veganismo" - feminino, vegana).
A definição oficial de veganismo é: "O veganismo é uma forma de viver que busca excluir, na medida do possível e do praticável, todas as formas de exploração e de crueldade contra animais, seja para a alimentação, para o vestuário ou para qualquer outra finalidade".
Ideologia[editar | editar código-fonte]
Veganismo significa os princípios pelos quais o ser humano viva sem explorar os animais. É a prática e busca ao fim do uso de animais para alimentação, apropriação, trabalho, caça, vivissecção, confinamento e todos os outros usos que envolvam exploração da vida animal. Os veganos procuram abolir qualquer prática que explore animais, zelando pela preservação da liberdade e integridade animal. Também boicotam qualquer produto de origem animal (seja alimentar ou não), além de produtos que tenham sido testados em animais ou que incluam qualquer forma possível de exploração animal nos seus ingredientes. Ou seja, não utilizam produtos de beleza, de higiene pessoal, de limpeza, etc. que não estejam isentos de crueldade.
Veganos referem-se às outras espécies como "animais não humanos" ou "seres sencientes". Para um vegano, é incorrecto distinguir os restantes animais usando o termo "animais irracionais", uma vez que se baseiam na capacidade de consciência semelhante à consciência humana que se encontra declarada como verificada nos animais não humanos, e reconhecida na "Declaração de Cambridge sobre a Consciência" de 2 de Julho de 2012, emitida na conferência "Consciência nos animais humanos e não humanos", na Cambridge College, na Universidade de Cambridge, em Cambridge, no Reino Unido.
É muito importante diferenciar a ideologia vegana da dieta vegetariana. Veganismo não é dieta. É um conjunto de práticas focadas nos Direitos dos Animais que, por consequência, adota uma alimentação estritamente vegetariana. Entende-se que os animais têm o direito de não serem usados como propriedade, e que o veganismo é a base ética para levar a sério esse direito, pelo mínimo de respeito a eles.
Vestuário, adornos etc.[editar | editar código-fonte]
Artigos em peles, couro, lã, seda, camurça ou outros materiais de origem animal (como adornos de pérolas, plumas, penas, ossos, pelos, marfim etc.) são preteridos, pois implicam a morte e/ou exploração dos animais que lhes deram origem. Sendo assim, um vegano se veste de tecidos de origem vegetal (algodão, linho etc.) ou sintéticos (poliéster etc.).
Alimentação[editar | editar código-fonte]
Veganos fazem uso da dieta vegetariana estrita, ou seja, excluem, da sua alimentação, carnes e embutidos (enchidos), banha, vísceras, músculos, gelatina, peles, cartilagens, lacticínios, ovos e ovas, insetos, mel e derivados, frutos do mar[6][7][8] e quaisquer alimentos de origem animal. Consomem basicamente cereais, frutas, legumes, vegetais, hortaliças, algas, cogumelos e qualquer produto, inclusive industrializados, que não contenha ingredientes que dependam de uso animal em sua produção.
O número de restaurantes e empresas especializadas em alimentação vegana vem crescendo, assim como o número de adeptos. A principal queixa dos veganos iniciantes era a dificuldade de encontrar produtos e receitas veganas, o que atualmente não acontece devido à facilidade que a Internet proporciona para encontrar receitas veganas e à expansão do mercado de produtos veganos. Não é mais incomum encontrar, nos mercados, produtos marcados como veganos. A conscientização quanto à causa animal é outro fator que tem impulsionado o aumento de pessoas que buscam o veganismo como estilo de vida.
Argumentos de Saúde[editar | editar código-fonte]
Pessoas que possuem dietas que incluem comidas de origem animal têm mostrado ter maior probabilidade de ter doenças degenerativas, incluindo doenças do coração.[3] De acordo com o Guia de Nutrição para Americanos de 2010, um relatório emitido pelo Departamento de Agricultura Americano e o Departamento de Saúde e Serviços Humanos Americano, uma dieta vegetariana é associada com baixos níveis de obesidade e risco reduzido de doenças cardiovasculares.[9] De acordo com um estudo da European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition-Oxford, uma dieta vegetariana fornece grandes quantidades de cereais, grãos, nozes, frutos e vegetais, e, assim sendo, uma dieta rica em carboidratos, ômega 6, fibra dietética, carotenoides, ácido fólico, vitamina C, vitamina E, e magnésio.
Os médicos John A. McDougall, Caldwell Esselstyn, Neal D. Barnard, Dean Ornish, Michael Greger e o bioquímico nutricional T. Colin Campbell argumentam que altas gorduras animais e dietas de proteínas, como a dieta padrão americana, são prejudiciais para a saúde, e que uma dieta vegetariana de baixa gordura pode prevenir e reverter doenças degenerativas como a doença arterial coronariana e a diabetes.[10] Uma pesquisa de 2006 da Barnard descobriu que, em pessoas com diabetes tipo 2, uma dieta vegetariana de baixas gorduras reduziu o peso, o colesterol total e o colesterol LDL, e foi muito melhor do que a dieta prescrita pela Associação Americana de Diabetes (American Diabetes Association).[11]
O estudo vegetariano de 12 anos da Universidade de Oxford com 11 000 pessoas recrutadas entre 1980 e 1984 indicou que veganos tinham menores concentrações de colesterol total e LDLquando comparados a carnívoros. Os índices de morte eram menores em pessoas que não comiam carne em relação aos que comiam; a mortalidade por doenças isquêmicas do coraçãoera positivamente associada com o consumo de gorduras animais e com o nível de colesterol na dieta. O estudo também sugeriu que os veganos no Reino Unido podem estar com risco de deficiência de iodo por causa de deficiências no solo.[12]
De acordo com o Associação Dietética Americana (The American Dietetic Association) e os Nutricionistas do Canadá (Dietitians of Canada), dietas que evitam carne tendem a ter níveis baixos de gorduras saturadas, colesterol e proteína animal, e tendem a ter níveis maiores de carboidratos, fibras, magnésio, potássio, ácido fólico e antioxidantes como as vitaminas C e E e fitoquímicos. Pessoas que evitam carne têm reportado terem índice de massa corporal inferior ao de pessoas numa dieta americana ou canadense, além de possuírem baixos índices de morte por doenças isquêmicas do coração, baixo nível de colesterol no sangue, baixa pressão sanguínea, e baixos índices de hipertensão, diabetestipo 2 e câncer de próstata e colo de útero.[4]
Uma metanálise de 1999 de cinco estudos comparando os índices de mortalidade de vegetarianos e não vegetarianos em países do leste descobriu que a mortalidade por doenças isquêmicas do coração era 26% menor entre veganos comparado com a maioria dos não vegetarianos, mas 34% menor entre ovo-lacto-vegetarianos (vegetarianos que comem laticínios e ovos). Se acredita que o baixo índice de proteção para veganos comparado com ovo-lacto-vegetarianos está ligado com os altos níveis de homocisteína [carece de fontes], que é causado por insuficiência da vitamina B12, e acredita-se[quem?] que veganos que consomem níveis suficientes de vitamina B12 devem mostrar níveis de risco de doenças isquêmicas do coração menores ainda do que ovo-lacto-vegetarianos [carece de fontes]. Nenhuma diferença significativa de mortalidade por outras causas foi encontrado.[13]
Uma grande pesquisa de 15 anos que investigou, no Reino Unido, a associação da dieta e o risco de catarata relacionada com a idade descobriu uma diminuição progressiva no risco de catarata partindo-se dos grandes consumidores de carne, passando pelos pequenos consumidores de carne, e chegando nos veganos. Descobriu-se que veganos tinham 40% menor risco de ter catarata em comparação aos consumidores de carne.[14]
Medicamentos, cosméticos, higiene e limpeza[editar | editar código-fonte]
Veganos evitam o uso de cosméticos, produtos de higiene e limpeza que tenham sido testados em animais.
O vegano defende o surgimento de alternativas para experiências laboratoriais, como testes in vitro, cultura de tecidos e modelos computacionais[carece de fontes].
São divulgadas, entre a comunidade vegana, extensas listas de marcas e empresas de cosméticos, produtos de limpeza e higienepessoal não testados em animais.
Entretenimento[editar | editar código-fonte]
Circos com animais, rodeios, vaquejadas, touradas, zoológicos ou qualquer coisa que explore os animais de algum modo, também são boicotados pelos veganos pois estas práticas implicam escravidão, posse, deslocamento do animal de seu habitat natural, privação de seus costumes e comunidades, adestramento forçoso e sofrimento.
Veganos não caçam, não promovem nenhum tipo de pesca, e boicotam qualquer "desporto" que envolva animais.
Dia Mundial Vegano[editar | editar código-fonte]
O dia 1 de Novembro é marcado pelo Dia Mundial Vegano ("World Vegan Day", em inglês), que é comemorado desde 1994, quando a Vegan Society da Inglaterra comemorou 50 anos de criação.
Documentários[editar | editar código-fonte]
O número de veganos tem crescido de forma gradual[15], com o auxílio de documentários que denunciam o especismo e ensinam direitos animais.
Documentários como Cowspiracy (2014), Meet your Meat ("Conheça sua Carne"), Earthlings ("Terráqueos"), Chew on This ("Pense Nisso") e o pioneiro brasileiro A Carne é Fraca, seguido de Não Matarás e "What the Health?", têm causado polêmica e, de uma forma geral, ganhado adeptos em todo o mundo[carece de fontes].