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PEDRO CORDEIRO
EDITOR DA SECÇÃO INTERNACIONAL
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Bom dia.
“Ela disse ‘não’ e ‘pára’ várias vezes”, lemos num documento, alegadamente na voz do homem que não terá respeitado o “não” e o “pára”. “Eu gritei ‘NÃO, NÃO, NÃO, NÃO, NÃO, NÃÃÃO, vezes sem conta, e supliquei que parasses”, escreve, numa carta ao homem, a mulher que diz ter sido vítima do ato. “Entrei nela por trás. Foi rude. Não mudámos de posição. Cinco a sete minutos. Ela disse que não queria, mas disponibilizaou-se [...] mas estava sempre a dizer ‘não’, ‘não faças isto’, ‘eu não sou como as outras’. Depois, pedi desculpa”, escreve ele. “Saltaste-me em cima de trás, com um rosário branco ao pescoço!”, escreve ela.
Ela é Kathryn Mayorga. Ele é Cristiano Ronaldo. As citações são de uma longa investigação da revista alemã “Der Spiegel”, disponível aqui em inglês. Anteontem a polícia metropolitana de Las Vegas informou ter reaberto uma investigação à alegada violação, de que Mayorga se queixou à polícia em 2009, ano em que tudo se terá passado durante uma festa no Palms Hotel and Casino, em cuja discoteca a rapariga, então com 24 anos, trabalhava (há fotos públicas do evento em que ambos aparecem). A sua advogada, Larissa Drohobyczer, afirmou ontem à noite, segundo a ESPN, que a queixosa está num “estado emocional demasiado frágil” para depor. “Estou aterrorizada”, afirmou a própria aos jornalistas de “Der Spiegel”. É a mesma frase que ouvimos Christine Blasey Ford proferir no Senado dos Estados Unidos da América, quando acusou o juiz Brett Kavanaugh de abuso sexual. A acusação de Mayorga está aqui.
Mayorga reconhece ter recebido, na altura, 375 mil dólares do futebolista português (cujo nome não indicara às autoridades) para deixar cair as acusações. Também assinou um acordo de confidencialidade, mas Drohobyczer, que não era sua advogada em 2009, crê que o mesmo não tem vaor jurídico. Os advogados de CR7 queixam-se de que a divulgação dos documentos (alguns provenientes da fuga conhecida como Football Leaks) pela revista germânica é “ilegal” e o acusado garante que tudo não passa de “fake news”. “Ela não se queixou da brutalidade. Queixou-se de eu a ter forçado. Não disse nada sobre querer ir à polícia”, lê-se no documento de 2009 obtido pela publicação.
A gravidade das acusações é inegável. Um perito consultado pela “Sports Illustrated”explica que descredibilizar a vítima é uma tática habitual nestes casos e que Mayorga foi mesmo avisada disso pela equipa jurídica de Ronaldo em 2009. O especialista considera pouco provável que o atleta venha a ser formalmente acusado, mas prevê que evitará os Estados Unidos nos próximos tempos e que a polícia quererá, em todo o caso, interrogá-lo. É um assunto que merece atenção e exige esclarecimento e investigação. Não é para varrer para debaixo do tapete.
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OUTRAS NOTÍCIAS
CÁ VAI KAVANAUGH. Por falar em Kavanaugh, a Fox News, canal próximo de Donald Trump, afirma que a investigação do FBI ao juiz nomeado pelo Presidente para o Supremo Tribunal pode terminar já hoje, o que permitiria que os senadores votassem a sua confirmação no sábado. O chefe de Estado americano preferiu, num comício, gozar com a acusadora Christine Blasey Ford e, por extensão, com todas as alegadas vítimas de abuso sexual, garantindo mesmo que a maioria é falsa. Ford gostaria de ser ouvida pelo FBI, escreve o “Politico”. Já Ambrose Evans-Pritchard lúcido colunista de “The Daily Telegraph”, evoca memórias do magistrado.
ORÇAMENTO: AS CONTAS CASAM OU ‘COISAM’? Por cá o tempo é de orçamento de Estado. Se poucos duvidam da aprovação do documento, o último da legislatura, o PCP faz exigências ao Governo para votar a favor. Sobre comunistas, BE e a sua relação complicada com o governante PS, vale a pena ouvir a Comissão Política, podcast do Expresso que chega à edição 50 a analisar as perspetivas conjugais dos parceiros de António Costa, na sequência da entrevista do primeiro-ministro à TVI. O “Observador” propõe-se detetar as respetivas verdades e falsidades.
HÁ MAIS VIDA... Se falamos das contas do Estado, é sempre oportuno recordar a frase de Jorge Sampaio, em 2003: “Há mais vida para lá do orçamento”. É verdade. E porque há mais vida para lá do trabalho, das obrigações e dos assuntos graves que inquietam o mundo, o Expresso lança hoje o sítio Vida Extra. É um espaço onde pode encontrar recomendações culturais, de lazer e bem-estar, que se pretendem práticas. Saúde, livros, tecnologia, moda, televisão, filmes ou gastronomia passarão por aqui. A título de aperitivo, imagine Nuno Artur Silva a apresentar um filme na Gulbenkian ou um cozinheiro espanhol com oito estrelas Michelin a abrir um restaurante em Lisboa. Não precisa de imaginar, vai acontecer e o Vida Extra explica-lhe tudo.
VIRAM-SE GREGOS. O Benfica pontuou pela primeira vez na Liga dos Campeões deste o tempo em que os animais falavam. Mas não foi fácil. Os encarnados abriram cedo o marcador contra o AEK, no Estádio Olímpico de Atenas, e reforçaram a vantagem ao quarto de hora, mas o adversário chegou ao empate na segunda parte, já Rúben Dias fora expulso. Valeu o golo de Alfa Semedo, como explica a Tribuna Expresso. O SLB é terceiro no grupo E, com três pontos, menos um do que o Bayern Munique e o Ajax, que empataram a uma bola. O clube holandês vem jogar à Luz no dia 23. Antes disso, já este domingo, o Glorioso recebe o campeão Porto, numa partida que afinal vai ter público.
STARTUPPERS DO MUNDO, UNI-VOS... EM LISBOA! A Web Summit, que acontece pela terceira vez em Lisboa no próximo mês, anunciará hoje que a capital lusa será a sua sede para os próximos dez anos. Madrid, Berlim ou Valência vão ter de esperar.
O POETA DOUTOR... Manuel Alegre recebeu ontem um doutoramento honoris causa pela Universidade de Lisboa. Na cerimónia houve leitura de poemas do escritor e político socialista, além de música, na presença das mais altas individualidades do país. O primeiro-ministro até encontrou a procuradora-geral da República, que deixa o cargo daqui a nove dias. “O meu poema rimou com a minha vida”, resumiu de forma bela o homenageado.
...E O DOUTOR EMIR. Doutorado foi também o emir de Sharjah, mas em Coimbra. Se exclamou ““Quem?!”, a Manuela Goucha Soares conta-lhe tudo sobre Muhammad Al Qasimi, o homem que gosta de livros portugueses, no Expresso Diário.
CATALUNHA E VOTOS. Não serão os sufrágios de um referendo de autodeterminação, que o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez já rejeitou vezes sem conta. Mas podem ser os votos de eleições gerais antecipadas, se os nacionalistas catalães, de quem o seu Governo depende, lhe retirarem o apoio por o governante socialista não ceder à sua chantagem, de resto previsivelmente inviável: Quim Torra, o líder do governo regional da Catalunha, exigia ao Executivo central uma proposta de consulta popular no prazo de um mês. Não precisa de esperar tanto, retorquiu a porta-voz de Sánchez. Vale a pena (sempre!) ler a análise de Enric Juliana, no diário catalão “La Vanguardia”.
AMOR E FRAUDE. Voltemos a Trump, para tentar perceber como se perdeu de amores por Kim Jong-un, cortesia de “The Washington Post”, e como enganou o fisco, segundo “The New York Times”.
DESGRAÇA ESQUECIDA? Antes que o tufão mediático empurre para segundo ou terceiro plano o maremoto que assolou a Indonésia, tentemos perceber o que falhou no sistema de alerta. O número de baixas não tem parado de aumentar, informa a CBS. A população está zangada, conta “The Guardian”.
TRÊS NOTAS TELEGRÁFICAS para pedir que não percam a explicação da Cátia Brunosobre o ‘Brexit’ e o congresso do Partido Conservador britânico, no “Observador”; a investigação do mesmo jornal à alegada corrupção de Manuel Pinho por Ricardo Salgado; e finalizemos com alegria porque a Apple lançou mais de 70 novos emojis, avança o “Hypebeast”.
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AS MANCHETES
Jornal de Notícias: “Crianças até 12 anos deixam de pagar nos transportes públicos”
Público: “Reformados da banca custam 500 milhões por ano ao Estado”
i: “Ronaldo: Polícia de Las Vegas reabre caso de violação”
Correio da Manhã: “Superdescontos nos passes sociais”
Diário de Notícias (online): “Racismo: há duas vezes mais queixas mas condenações são poucas e brandas”
Negócios: “Função pública: Governo dá um décimo do que pedem os sindicatos”
O Jornal Económico: “Governo quer cobrar imposto às renováveis”
A Bola: “Alfa sem medo”
Record: “Alfa na hora certa”
O Jogo: “Exorcista” (sim, refere-se ao mesmo jogador!)
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O QUE EU ANDO A LER
“Pão de Açúcar”, ou a história de Gisberta Salce Júnior, assassinada no Porto há 12 anos, contada por Afonso Reis Cabral, prémio Leya de 2014. O escritor explicou ao “Público”tratar-se de uma ficção para tentar compreender o caso, que o chocou, como a mim. Impossível não recordar a bela canção de Pedro Abrunhosa em honra da vítima, que Maria Bethânia glosou. Ainda este ano, “Gisberta”, texto de Rafael Souza-Ribeiro encenado por Renato Carrera, sobe aos palcos do Teatro Sá da Bandeira, no Porto (27 e 28 de novembro) e do Tivoli, em Lisboa (4,5 e 6 de dezembro).
O QUE EU ANDO A FREQUENTAR
A festa dos 20 anos do Lux Frágil, espaço que há 20 anos aterrou qual disco voador no cais da Bica do Sapato, a Santa Apolónia, e mudou a noite de Lisboa. Já não entrava lá há algum tempo, mas reconheci o lugar de tantas noites (e fins de tarde, que também os houve) e, sobretudo, encontrei amigos, que é o que sempre me habituei a lá fazer. Parabéns à casa num ano agridoce, em que viu partir o seu fundador e foi alvo de acusações de racismo que caberá esclarecer a fundo e evitar doravante. Obrigado, Lux. Obrigado e até sempre, Manuel Reis.
Por aqui me despeço...
...com um abraço especial aos alemães, que protagonizaram há 28 anos uma admirável e difícil reunificação e têm hoje um país que é líder. A informação continua a correr no Expresso online e nos canais da SIC. Pelas 10h45 da manhã, hora portuguesa, saberemos quem ganhou o Prémio Nobel da Química. Logo à tarde há Expresso Diário e, não esquecer, a estreia da Vida Extra. Outro dia qualquer haverá um álbum português de Madonna, promete o “Blitz”.
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