Nota: Para outros significados de Madalena, veja
Madalena.
Madalena, ilha do Pico, Açores.
Cavalos a pastar, interior da ilha do Pico.
Montanha do Pico, alguns aspectos. As brumas dançam na montanha.
Ilha do Pico, Montanha ao nascer do Sol.
Ilha do Faial vista da Madalena do Pico.
Currais de Vinha, paisagem protegida.
Museu do Vinho do Pico, curraletas de vinha, Lagido da Madalena.
Império do Espírito Santo da Madalena
A sede do município localiza-se na vila da Madalena que tem uma posição geográfica excelente, pois além de se localizar sensivelmente ao centro do concelho, localiza-se mesmo frente à
ilha do Faial e à cidade da
Horta. A sede dos
Paços do Concelho da Madalena do Pico foi o único edifício público existente na ilha no
Século XVIII. A Distância em
quilómetros entre a vila da Madalena e a cidade da Horta é somente de 7,5 quilómetros.
Este facto contribuiu para que se tenha transformado num dos principais eixos de comunicação da ilha do Pico com a ilha do Faial enquanto o concelho de
São Roque do Pico, se transformou no principal centro de comunicação com a
ilha de São Jorge que também lhe fica muito próxima.
Para a produção das vinhas, e devido às inclemências das condições do meio, principalmente a forte e sempre presente acção do
mar levou à criação dessa
paisagem única no mundo.
Foi necessário proceder à criação de centenas de
quilómetros de muros de protecção dos vinhedos, os chamados “
currais”, parcelas de terreno geralmente de pequena dimensão separadas por “
canadas”, caminhos, simples que permitem a deslocação entre as parcelas.
Esta divisão dos terrenos, e a natureza do material utilizado,
pedrapreta de
origem vulcânica, levou a que a organização do espaço feita através destas miríades de muros negros, integrando protecções paralelas de paredes singelas ou dobradas em pedra, e constituindo particular e peculiar paisagem, fosse considerada, em meados de
2004, “
Património da Humanidade” pela
UNESCO, criando-se assim a
Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico.
Este museu inclui a residência da ordem, que é a casa de apoio e as instalações da mesma onde se processavam as tarefas relacionadas com a vinificação.
[4]
Facto é que a implantação da vinha na ilha do Pico muito deve as ordens religiosas. São o caso das
Ordens dos Jesuítas e dos
Carmelitas que para esta ilha trouxeram e deram origem a criação das condições favoráveis ao desenvolvimento dos
bacelos, promoveram o aperfeiçoamento da fórmula de mistura das diversas castas envolvidas e responsáveis pelo vinho de cariz extremamente generoso, denominado por
verdelho.
Os frades destas ordens não só incentivaram os povos existentes nas localidades a fazerem a produção do vinho, como trouxeram os conhecimentos que passaram às populações, trazendo assim uma enorme mais valia dado que se passou a cultivar terrenos até ali absolutamente incultos dado que muitos deles se encontravam com a pedra a vista e nem
floresta produziam.
Dada a importância, é de referir que no espaço envolvente ao Museu do Vinho, existe o mais importante conjunto de
dragoeirosque se conhece no mundo. Esta planta que se apresenta como árvore ornamental, com diversas aplicações práticas, encontra-se em vias de extinção e aqui encontrou um
microclima especial e altamente propício à sua multiplicação espontânea. Os dragoeiros aqui existentes apresentam idades estimadas entre os 500 e os 1000 anos.
Um pouco por todo o concelho da Madalena, mas especialmente na zona de produção vitivinícola surgem construções directamente relacionadas com
vitivinicultura. Estas construções,
adegas, armazéns e
lagares, são na sua grande maioria construções simples feitas com os mesmos materiais com que os terrenos são divididos e protegidos, aparece assim a pedra de
basalto preto, a
madeira e a cobertura de
telha de canudo regional.
A riqueza gerada a partir da produção dos vinhos fez enriquecer algumas
famílias tradicionais da ilha do Pico e mesmo da ilha do Faial, detentoras de apreciáveis
latifúndios, como foi o caso das famílias dos
capitães donatários.
Além dessas famílias tradicionais nasceu uma miríade de pequenos e médios detentores de terras. Essa riqueza levou à construção de aparatosos
solares que são só por si uma demonstração da riqueza gerada.
Igualmente um pouco por toda a ilha, na Madalena inclusive, e especialmente nos campos de vinha surgem
poços de maré que durante séculos, até à instalação da água canalizada, foram estruturas fundamentais para o abastecimento de água às explorações vinhateiras.
Estes poços apresentam uma estrutura em pedra, com a parte ao nível do solo em pedra talhada em
cantaria com forma geralmente
rectangular com as pedras aparelhadas a interligarem-se por encaixe. A parte superior, a boca usualmente é coberta por uma tampa de madeira.
Nas cotas de maior
altitude e afastadas do mar onde começam a surgir campos de cultivo não destinados à vinha ou as pastagens, a paisagem adquire também características próprias, dado a adaptação que o homem teve de fazer a um terreno fortemente marcado pelo
vulcanismo onde a pedra era uma constante e muito variável em dimensão.
Assim neste solo muito pedregoso foi necessário proceder-se a uma remoção das pedras para que o cultivo fosse possível. Devido a esse facto, e dado que a abundância da pedra não permitia arruma-la somente em muros divisórios surgem na paisagem os “maroiços”. Estes maroiços são na prática elevações de pedra feita pelo homem. Estas pedras são dispostas em camadas, geralmente formando degraus, cuja dimensão diminui da base para o topo. Estes degraus funcionam como estrutura basilar da construção em si e também como modo de acesso aos degraus superiores.
As formas destes “maroiços” são variadas, conforme a arte e o engenho dos construtores, mas geralmente apresentado uma forma grosseiramente cónica, ou piramidais e por vezes alongadas. Surgem na paisagem de forma de forma dispersa, mas deixando sempre nesta uma presença forte e marcante.
Relativamente a
produção florestal, esta faz-se aproveitando os terrenos que usualmente não podem ser usados para outros fins. Assim procede-se à exploração de madeira e ao corte de lenha utilizado arvoredo plantado para esse fim, usualmente o
Pinheiro-bravo ou a
Criptoméria.
Com a mecanização e com o desbravamento de terras, principalmente em altitude, com modernas máquinas, actualmente surgem novas parcelas de terreno de
pastagem onde se procede à criação de gado, principalmente
bovino. Esta produção
pecuária tem-se transformado numa importante base de sustento para muitas famílias do concelho.
Faz-se a produção, venda de
carne, de
leite, e produz-se
queijo de elevada qualidade que é exportado para o exterior do arquipélago. Esta produção de bovinos transformou-se um pouco por todos os Açores, no já chamado
Ciclo da Vaca, uma vez que se estendeu por todas as ilhas, facto fortemente associada à qualidade natural das pastagens existentes.
Na ilha do Pico surgiram unidades familiares de produção de pequena dimensão que processam o leite de forma a fabricar o típico
Queijo da Ilha do Pico.
Relativamente à
pesca é de mencionar uma tradição secular, que se inicia com o povoamento da ilha, visto as
espécies pescadas serem variadas e a abundantes. Foram sempre uma importante fonte de
proteína, principalmente em épocas de carência alimentar, causadas por
tempestades que destruíam as
colheitas ou por outros motivos naturais. Actualmente a pesca tem um cariz mais industrial e a sua exportação para a
Europa continental, principalmente Portugal continental é uma importante fonte de receita.
Ainda no âmbito da pesca torna-se necessário a referência à pesca da
baleia dado a extraordinária importância que a captura destes
cetáceos teve para as ilhas, particularmente para a ilha do Pico ao longo de cerca de duzentos anos. Um pouco por toda a ilha, ao longo da costa, existem locais onde esta pesca deixou a sua marca.
Com o evoluir dos tempos, a sociedade moderna trouxe outras actividades que contribuíram para o desenvolvimento do concelho da Madalena, como é o caso do
turismo, do
comércio e serviços.
A beleza natural deste concelho, encontra-se directamente associada a um ambiente ainda pouco maculado pela acção do homem. Apresenta-se calmo, exótico e com uma autenticidade difícil de igualar. Em Alguns casos a natureza está no seu estado absolutamente puro.
Este facto tem levado ao nascimento de um
turismo fortemente relacionado com a
natureza, seja a ligado à terra como o ligado ao
mar como o mergulho, os passeios de barco, a observação de
cetáceos e o
mergulho.
Assim tem nascido nos principais centros urbanos hotéis, restaurantes, discotecas e bares, e, consequentemente, o incremento de novos projectos e serviços no âmbito do ecoturismo, turismo rural e náutico.
[5]
- Dom José da Costa Nunes, (Candelária do Pico, Açores, 15 de Março de 1880 — Roma, 29 de Novembro de 1976) foi um bispocatólico que exerceu as funções de Bispo de Macau (1920-1940) e Arcebispo de Goa e Damão (1940-1953). Foram-lhe concedidos os títulos honoríficos de Primaz do Oriente e de Patriarca das Índias Orientais (1940), sendo elevado a cardeal em 1962. Foi também professor, músico e escritor.
- Francisco Nunes da Rosa (Rio Vista, Califórnia, 22 de Março de 1871 — Bandeiras, 13 de Setembro de 1946), mais conhecido por Nunes da Rosa, foi um sacerdote católico, publicista e escritor açoriano que se notabilizou como contista.
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- por
ANTÓNIO FONSECA