A manchete do Expresso Diário de hoje remete imediatamente para o filme de Ethan e Joel Coen “Este País Não É Para Velhos” no qual o ator espanhol Javier Bardem faz o papel de um assassino psicopata que vai matando gente a torto e a direito usando uma arma nunca vista: uma garrafa de ar comprimido ligada a um ‘gatilho’ que faz saltar com um disparo o cilindro das fechaduras.
Leiam comigo o texto do Hugo Franco e do Micael Pereira: “Dois meses e meio depois de, a 27 de junho, um grupo de assaltantes ter levado 150 granadas de mão ofensivas, 18 granadas de gás lacrimogéneo e 1450 cartuchos de munição de nove milímetros de dois paiolins do Exército em Tancos, a Polícia Judiciária (PJ) e o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) decidiram avançar com um pedido de ajuda às autoridades espanholas para verem se conseguem fazer avançar o caso. A equipa da Unidade Nacional de Contraterrorismo (UNCT) da PJ que está a investigar aquele que é o furto mais grave de material militar em Portugal descobriu que as portas dos paiolins foram abertas com recurso a um equipamento que não se vende em Portugal — mas sim em Espanha. Trata-se de um saca-cilindros — uma ferramenta capaz de extrair cilindros de fechaduras de forma fácil e sem provocar danos nas portas. Um saca-cilindros custa cerca de 200 euros e é composto por um kit que, de acordo com a publicidade feita pelas lojas que os vendem, “permite uma abertura muito rápida das portas sem causar danos.”
O Bardem, que é espanhol e já se sabe onde arranjou o saca-cilindros, pode manter o papel na sequela — “Tancos Não É Para Velhos” ou “Portugal — Este País Não é Para Velhos”, as possibilidades de título são infinitas.
E o que temos mais no filme do Diário de hoje?
Este País Não É Para Velhos 2 — “O Governo está a estudar a possibilidade de que os reformados estrangeiros que queiram vir para Portugal ao abrigo do chamado regime de residentes não habituais venham a pagar uma taxa mínima de IRS já a partir do próximo ano. A ideia é evitar que Portugal se torne uma espécie de ‘paraíso fiscal’ para reformados estrangeiros e diminuir o descontentamento de outros Estados da União Europeia, que têm vindo a acusar o país de estar a promover uma concorrência fiscal desleal.”
Este País Não É Para Velhos 3 — “O médico Francisco George faz 70 anos vai deixar a Direção-Geral da Saúde no dia 20 de outubro, um dia antes de atingir o limite de idade para poder estar ao serviço do Estado. Francisco George diz alto para todos ouvirem que não vacinar é sinónimo de mau-trato e que entre os pais que o fazem, incluindo médicos, muitos ‘são mal informados, alguns pertencem a seitas e pensam que têm o direito de expor os filhos a riscos’. Sai com o lamento de não ter tido deputados mais audazes.” [Entrevista de Vera Lúcia Arreigoso a Francisco George]
Este País Não É Para Velhos 4 — “Quando se fizeram as grandes manifestações populares contra a troika também se dizia que o movimento sindical tinha sido ultrapassado. Naquela altura, valorizamos essa mesma participação cívica e continuamos no tempo esses protestos que levaram à queda do Governo PSD/CDS. Também aqui alguns já idealizavam o fim do movimento sindical e ele não acabou, reforçou-se.” [Entrevista de Rosa Pedroso Lima a Arménio Carlos]
Este País Não É Para Velhos 5 — “Arranca esta sexta-feira a sétima edição do Rock in Rio no Brasil, onde tudo começou em 1985, já lá vão 32 anos.” [Reportagem de Miguel Cadete no Rock in Rio, no Rio de Janeiro]
Este País Não É Para Velhos 6 — “Somos talvez o país mais envelhecido, somos talvez o país com a trajetória mais abrupta de envelhecimento, somos talvez o país com menos nascimentos, vamos a caminho de um futuro com 7 ou 8 milhões de habitantes, sendo que parte significativa dessa minúscula população será composta por idosos.” [Crónica de Henrique Raposo]
Este País Não É Para Velhos 7 — “Música para apaziguar as dores do crescimento” [Título da playlist da Mariana Lima Cunha]