sábado, 9 de abril de 2016

LA LYS - 9-ABRIL-1918 - 98 ANOS - 9 DE ABRIL DE 2016



Batalha de La Lys deu-se a 9 de abril de 1918, no vale da ribeira de La Lys, sector de Ypres, na região da Flandres, na Bélgica.
Nesta batalha, que marcou negativamente a participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial, os exércitos alemães infligiram uma pesada derrota às tropas portuguesas, constituindo o maior desastre militar português depois da batalha de Alcácer-Quibir, em 1578.
A frente de combate distribuía-se numa extensa linha de 55 quilómetros, entre as localidades de Gravelle e de Armentières, guarnecida pelo 11.º Corpo Britânico, com cerca de 84 000 homens, entre os quais se compreendia a 2.ª divisão do Corpo Expedicionário Português (CEP), constituída por cerca de 20 000 homens, dos quais somente pouco mais de 15 000 estavam nas primeiras linhas, comandados pelo general Gomes da Costa. Esta linha viu-se impotente para sustentar o embate de oito divisões do 6.º Exército Alemão, com cerca de 55 000 homens comandados pelo general Ferdinand von Quast (1850-1934). Essa ofensiva alemã, montada por Erich Ludendorff, ficou conhecida como ofensiva "Georgette" e visava à tomada de Calais e Boulogne-sur-Mer. As tropas portuguesas, em apenas quatro horas de batalha na madrugada e manhã de 9 de Abril, teriam registado milhares de baixas, entre mortos (1341), feridos (4626), desaparecidos (1932) e prisioneiros (7440)[1] . De acordo com estudos recentes, porém, esses números estariam muito inflacionados. Segundo um autor, em La Lys ter-se-ão registado apenas 423 mortos portugueses (de um total de 2086 mortos do Corpo Expedicionário Português em (1917-1918) e cerca de 6000 prisioneiros [2] . Outro autor refere apenas 300 mortos e 6000 prisioneiros portugueses em La Lys.[3]
Trincheiras em La Lys.
Entre as diversas razões para esta derrota tão evidente têm sido citadas, por diversos historiadores, as seguintes:
  • A revolução de dezembro de 1917, em Lisboa, que colocou na Presidência da República o Major Doutor Sidónio Pais, o qual alterou profundamente a política de beligerância prosseguida antes pelo Partido Democrático.
  • A chamada a Lisboa, por ordem de Sidónio Pais, de muitos oficiais com experiência de guerra ou por razões de perseguição política ou de favor político.
  • Devido à falta de barcos, as tropas portuguesas não foram rendidas pelas britânicas, o que provocou um grande desânimo nos soldados. Além disso, alguns oficiais, com maior poder económico e influência, conseguiram regressar a Portugal, mas não voltaram para ocupar os seus postos.
  • O moral do exército era tão baixo que houve insubordinações,deserção e suicídios.
  • A grande diferença numérica entre as forças portuguesas e as alemãs.
  • O armamento alemão era muito melhor em qualidade e quantidade do que o usado pelas tropas portuguesas o qual, no entanto, era igual ao das tropas britânicas.
  • O ataque alemão deu-se no dia em que as tropas lusas tinham recebido ordens para, finalmente, serem deslocadas para posições mais à retaguarda.
  • As tropas britânicas recuaram em suas posições, deixando expostos os flancos do CEP, facilitando o seu envolvimento e aniquilação.
O resultado da batalha já era esperado por oficiais responsáveis dentro do CEP, Gomes da Costa e Sinel de Cordes, que por diversas vezes tinham comunicado ao governo português o estado calamitoso das tropas.
No entanto, é de realçar o facto de a ofensiva "Georgette" se tratar duma ofensiva já próxima do desespero, planeada pelo Alto Comando da Alemanha Imperial para causar a desorganização em profundidade da frente aliada antes da chegada das tropas norte-americanas, que nessa altura se encontravam prestes a embarcar ou já em trânsito para a Europa.
A cidade de Ypres, devastada pelos combates.
O objectivo do general Ludendorff no sector português consistia em atacar fortemente nos flancos do CEP, consciente que nesse caso os flancos das linhas portuguesa e britânica vizinha recuariam para o interior das suas zonas defensivas respectivas em vez de manterem uma frente coerente, abrindo assim uma larga passagem por onde a infantaria alemã se pudesse lançar. Coerente com essa táctica e para assegurar que os flancos do movimento alemão não ficassem desprotegidos, os estrategas alemães decidiram-se a simplesmente arrasar o sector português com a sua esmagadora superioridade em capacidade de fogo artilheiro (uma especialidade alemã), e deslocando para a ofensiva um grande número de efectivos como se explica acima, (nas palavras dos próprios: "Vamos abrir aqui um buraco e depois logo se vê!", o que também indicia o estado de espírito já desesperado do planeamento da ofensiva). Nestas condições, não surpreende a derrocada do CEP, que apesar de tudo resistiu como pôde atrasando o movimento alemão o suficiente para as reservas aliadas serem mobilizadas para tapar a brecha.
Esta resistência é geralmente pouco valorizada em face da derrota, mas caso esta não se tivesse verificado a frente aliada na zona poderia ter sido envolvida por um movimento de cerco em ambos os flancos pelo exército alemão, o que levaria ao seu colapso. Trata-se de uma batalha com muitos mitos em volta a distorcerem a percepção do realmente passado nesse dia 9 de Abril de 1918.
Uma situação análoga à da batalha de La Lys foi a da contra-ofensiva alemã nas Ardenas na parte final da Segunda Guerra Mundial, a (Batalha do Bulge), que merece comparação pelas semelhanças entre ambas. Novamente um exército aliado escasso para defender o sector atribuído (o I Exército dos Estados Unidos da América), sujeito a uma ofensiva desesperada por parte do Alto Comando Alemão (OKW - Oberkommando der Wehrmacht), para desorganizar a frente aliada arrombando-a em profundidade, usando para o efeito quatro exércitos completos (dois blindados) para atacar no sector do I exército norte-americano. A consequência foi o colapso local da frente, com retirada desorganizada dos americanos e com milhares a serem feitos prisioneiros pelos alemães, contido depois com as reservas aliadas (incluindo forças sobreviventes da Batalha de Arnhem ainda em recuperação como a 101.ª e a 82.ª divisões aerotransportadas) e com o desvio de recursos de outros exércitos aliados nas regiões vizinhas (com destaque para o III Exército do generalPatton), obrigando a passar duma situação de ofensiva geral aliada à defesa do sector das Ardenas a todo o custo. Os aliados só retomariam a iniciativa na frente ocidental passado mais de um mês.
Comparando-se ambas compreende-se melhor a derrocada das forças do CEP em La Lys.
A experiência do Corpo Expedicionário Português no campo de batalha ficou registada na publicação João Ninguém, soldado da Grande Guerra, com ilustrações e texto do capitão Menezes Ferreira.
As cerimónias da comemoração do aniversário da Batalha de La Lys têm lugar, habitualmente, todos os anos no Mosteiro de Santa Maria da Vitória - Batalha (Leiria) num dos primeiros fins de semana de Abril, com a presença dos vários ramos das forças armadas portuguesas, entre outras entidades.

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Esta é a minha HOMENAGEM/LEMBRANÇA aos
 portugueses que morreram na 1ª Grande Guerra
 Mundial, passados que são,  98 anos sobre a Batalha de
 LA LYS que figurará para sempre (para o bem e para o
 mal) nas páginas da
 História de Portugal


ANTÓNIO FONSECA

sexta-feira, 8 de abril de 2016

OBSERVADOR - 8 DE ABRIL DE 2016


Hora de Fecho: Costa impôs código de conduta para declarações

Para: antoniofonseca1940@hotmail.com

Hora de fecho

As principais notícias do dia
Boa tarde!
JOÃO SOARES 
João Soares pisou o risco de manhã, com uma linguagem desabrida no Facebook. Costa lembrou-lhe o código de conduta à noite e o ministro da Cultura decidiu sair hoje pelo próprio pé.
ATENTADOS DE BRUXELAS 
Mohammed Abrini, envolvido nos ataques de0 Bruxelas e de Paris, foi detido pelas autoridades. Pode ser o "homem do chapéu". O segundo homem identificado nos ataques do metro belga também foi apanhado.
JOÃO SOARES 
João Soares pede demissão de ministro da Cultura depois do caso das bofetadas. "Demito-me também por razões que têm a ver com o meu respeito pelos valores da liberdade", disse.
POLÍTICA 
António Costa aceitou o pedido de demissão de João Soares, agradeceu o serviço prestado e diz que avançará nos próximos dias com o nome do seu substitut. A decisão, garante, foi exclusiva do ministro.
GOVERNO 
Vasco Pulido Valente e Augusto M. Seabra, os cronistas do Público ameaçados com "um par de bofetadas" pelo ministro da Cultura, reagiram à saída: "Não foi uma surpresa" e foi "uma demissão saudável".
JOÃO SOARES 
O ex-líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, considerou que a ameaça de João Soares "só foi a sério porque foi a fingir" e que o único efeito pedagógico foi "atingir o próprio ameaçador".
GOVERNO 
Primeiro-ministro falou sobre o "caso das bofetadas" do seu ministro da Cultura, pediu desculpas aos colunistas visados, mas não respondeu se mantinha confiança em João Soares.
JOÃO SOARES 
PSD e CDS colam Costa a João Soares e criticam postura face à relação com a comunicação social. PS, PCP e BE negam que governo saia fragilizado porque razões da demissão "não foram políticas".
ANTÓNIO GUTERRES 
Combate deve incidir no plano ideológico e dos valores e com políticas e coesão social, defendeu o antigo primeiro-ministro.
ESTADOS UNIDOS 
As autoridades do Texas admitem que poderá haver mais vítimas e que não sabem quantas pessoas estão envolvidas no incidente, que já levou ao encerramento de escolas.
LISBOA 
O vereador das Finanças não se coíbe de dizer que estes são os melhores números dos últimos dez anos e afirma também que já toda a gente sabe que esta é uma autarquia "com contas certas". 
Opinião

Maria João Avillez
Passos Coelho está isolado de uma “casta” que não presta mas lhe quer a pele. E que disfarça (mal) ambições difusas e confusas de “liderança”, que simultaneamente quer mas teme, deseja mas não assume.

Paulo Ferreira
O “espírito SCUT” está vivo e, aqui e ali, reaparece travestido de várias formas. Ele reencarnou nos manuais escolares “gratuitos” e nos mega-descontos da CP, por exemplo.

Miguel Tamen
Só quem não participou alguma vez numa aula de Chow Min, com a extraordinária experiência que isso implica, a pode reduzir às coreografias que parecem inconclusivas a olhos estranhos. 

Gonçalo Dorotea Cevada
Portugal, adoptando uma postura mais restritiva em relação aos paraísos fiscais que a dos seus parceiros Europeus torna-se menos competitivo, logo, menos atractivo para qualquer investidor estrangeiro

José Manuel Fernandes
Reverter significa voltar ao ponto de partida. Isto é, regressar ao passado. É pois extraordinário fazê-lo acenando com ilusões de "futuro", uma espécie de duplopensamento orwelliano "à la geringonça"
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EL VENTANO - 8 DE ABRIL DE 2016

Entrada nueva en El Ventano

El apagón (informativo) sobre la #NuitDebout

by cesar
EUGENIO HERNÁNDEZ Es tarea de adivinos adelantar si en los próximos días el brote conseguirá arraigar o se agostará en el esfuerzo. Pero resulta curioso que allí donde se ha transformado el paisaje político tras las acampadas en la Puerta del Sol no se le preste la menor atención a lo que ocurre en Francia   Una […]
cesar | abril 

OBSERVADOR - 8 DE ABRIL DE 2016


Macroscópio – Um banho de água fria chamado Mario Draghi

Para: antoniofonseca1940@hotmail.com

Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!

 
O Presidente da República teve a ideia original (mais uma) de convidar Mario Draghi para participar no Conselho de Estado de quinta-feira. O mesmo Draghi que muitos vêem, nos dias pares, como o salvador da Europa com a sua política monetária e, nos dias ímpares, como um dos seus diabos por causa da ortodoxia e falta de transparência do Banco Central Europeu. Sentado à mesa de um órgão consultivo do Presidente da República de um país da periferia do euro, para mais recentemente saído de um processo de resgate, Mario Draghi não arriscou e procedeu como habitualmente: trouxe um discurso escrito e, apesar de em Portugal se entender que o que é dito no Conselho de Estado fica no Conselho de Estado, o presidente do BCE publicou de imediato a sua intervenção no site da instituição: Participation of the President in the Portuguese Council of State. Ainda bem. Duplamente: porque assim ficámos a saber exactamente o que disse, e porque o que disse foram coisas importantes.
 
Apesar das notícias publicadas pela imprensa portuguesa – incluindo o Observador: "Não se justifica anular reformas anteriores" – é interessante consultar o documento original e lê-lo com atenção. Duas passagens:
a) The signs of the euro area and Portuguese economic recovery should not be an indication that we can rest on our laurels. The euro area as a whole only just managed last year to return to the levels of economic activity seen before the crisis and some countries, among them Portugal, are still not there. And our economies are still marked by significant vulnerabilities which need to be swiftly addressed. 
b) Portugal’s reform efforts were (…) both remarkable and necessary. We now see clear signs that these remarkable efforts are paying off here and elsewhere. Just to name a few examples: buoyant employment growth since 2014 suggests that labour market reforms are making the economy more adaptable. (…) However, all reforms take time to yield results. This is true for Member States across the Union, large and small. There is no case for unravelling past reforms. In addition to upholding past achievements, further reform efforts are needed across the euro area. (…) Improving the functioning of the labour market remains key in this respect, with a view to ensuring a rapid adaptation to shocks or structural change. This area remains an important challenge in Portugal.
 
Ou seja, a mensagem de Mario Draghi acabou por constituir um aviso a Portugal e à reversão das reformas realizadas nos últimos anos. Razão tinha o Bloco de Esquerda para dizer que ele não era bem vindo… (Já agora: repararam que Francisco Louçã apareceu de gravata?)
 
Independentemente disso, alguns textos publicados nos últimos dias sublinharam precisamente a mesma ideia: a de que a recuperação económica corre riscos, em Portugal e não só. Vale a pena chamar a atenção para alguns deles, com perspectivas diferentes, mas que ajudam a pensar a realidade actual:
  • Um par de bofetadas sérias, de Henrique Monteiro no Expresso, onde não se discute João Soares, mas sim o tema das cativações que já ameaça o orçamento das nossas Universidades: “57 milhões de cativações, ou seja dinheiro orçamentado para o Ensino Superior, já distribuído pelas respetivas Universidades (e também Politécnicos), que estas cam impedidas de gastar sem autorização especial. Para quem não sabe, a cativação é um modo de as Finanças (neste caso a Direção Geral do Orçamento) controlar os gastos do Estado. Pode ser virtuoso e pode ser desastroso. De qualquer modo, com este movimento, as Universidades caram com menos dinheiro do que aquele de que dispunham no tempo do Governo anterior.” Parece que afinal, conclui o cronista, “Esperemos que sim, que seja possível às Universidades “virar a página da austeridade”, mas já percebemos que nas Finanças a célebre frase de Vítor Gaspar – “Não há dinheiro, qual das três palavras não compreende?” – mantém-se muito atual.”
  • O futuro meteu a marcha atrás, de Maria João Avillez, no Observador, onde fala de preocupações com a situação económica, as quais ilustra exactamente com o exemplo das cativações ao orçamento das Universidades: “Qualquer pessoa séria sabe que não é bem assim, as noticias não são boas, há uma deterioração que os números, mesmo que se manipulem, ainda que se deturpem, nunca poderão esconder: mais perto que longe, a realidade se encarregará de fazer a sua “fracassante” entrada em cena. E não é preciso evocar o papão europeu, os “mercados”, ou seja o que for. Basta só atender à realidade intramuros, quando ela começar a dar de si.”
  • O passado, o futuro ou bater no muro da realidade, que eu mesmo publiquei também no Observador, comentando o artigo do Expresso onde se mostrava, com base nos números do INE, que há 20 anos que o rendimento dos mais novos está cair por comparação com o dos mais velhos: “O pensamento dominante tende a reagir a este tipo de revelações (…) defendendo subidas administrativas de salários (como o salário mínimo) e regimes laborais que contrariem a “precarização”. A verdade porém é que não se pagam salários mais elevados sem que se crie mais riqueza, nem se criam mais empregos sem que as empresas sejam capazes de competir nos mercados abertos do tempo da globalização. É por isso que há muito se fala, em toda a Europa, da necessidade de reformas do mercado de trabalho, reformas que a Alemanha e os países nórdicos já concretizaram no essencial, reformas que são violentamente combatidas na Europa do sul”. A seguir explicava como os últimos aumentos do nosso salário mínimo parecem estar já a prejudicar a criação de novos empregos.
  • Os cúmplices do mal, de Miguel Angel Belloso, no Diário de Notícias, onde relata a sua experiência de participação num debate numa televisão espanhola, um debate formatado para defender ideias próximas das do Podemos, como a de uma forte subida do salário mínimo: “Só lamento não ter tido acesso a tempo ao relatório elaborado pelo Departamento Federal de Emprego da Alemanha no qual se faz o balanço da introdução do salário mínimo no país, que foi uma das condições exigidas pela esquerda para formar o governo de coligação com o partido de Merkel. A conclusão deste relatório é que a introdução de um salário mínimo de 8,5 euros por hora desde janeiro de 2015 destruiu 60 mil empregos na principal locomotiva do continente.”
  • Interesses totalitários, de João César das Neves, no Diário de Notícias, a propósito de um cartas da Fenprof onde se escrevia que "os nossos impostos são para investir na escola pública, não para gastar com privados": “A frase representa a atitude corporativa, clientelar e burocrática que há séculos impõe o atraso nacional. Foi também esta mentalidade protecionista e interesseira que gerou a recente crise orçamental e financeira. Os professores são apenas um dos muitos grupos que se instalaram nas instituições nacionais, pondo o seu interesse particular no lugar do bem público que deveriam promover. Através de muito meios, mas sobretudo pelo Orçamento, esta distorção foi gerando a dívida que agora nos paralisa, bem como os incentivos, regulamentos e institutos que bloqueiam o desenvolvimento.”
  • Gratuito? Não acredite: alguém vai pagar a factura, de Paulo Ferreira, no Observador, a propósito do anúncio de que os estudantes do 1º ciclo do Básico passaram a dispor de manuais escolares gratuitos: “Os manuais passam a ser “gratuitos” para quem os utiliza mas são pagos pelo Estado, portanto por todos os contribuintes, às editoras, que mantêm o seu negócio. Como a medida vai ser universal, as famílias mais abastadas serão tão beneficiadas como as mais carenciadas. É o mesmo truque de magia das SCUT. Neste caso a factura não é paga na livraria mas sim na repartição de finanças.”
  • Reabilitar, de Vital Moreira no Diário Económico, a propósito do programa de reabilitação urbana e da intensão de algumas autarquias de criarem rendas acessíveis para a classe média: “As rendas “acessíveis” colocam um problema de “concorrência desleal”, suscitando a questão de saber se o Estado pode praticar rendas reduzidas na oferta de habitações ou estabelecimentos no mercado de arrendamento. Uma coisa é a obrigação do Estado (e dos municípios) de assegurar o direito à habitação a quem não tenha meios (oferta de “habitação social”, subvenção de rendas das pessoas de baixo rendimento, etc.), outra coisa é participar como agente no mercado de arrendamento e abster-se de cumprir as suas regras.”
  • Dinheiro das pensões para a construção civil?, de Pedro Sousa Carvalho no Público, sobre o mesmo programa de reabiçitação urbana, onde critica o modelo de financiamento: “A engenharia financeira é parecida: o Estado, as câmaras, as IPSS e até os privados podem entregar os seus imóveis a um fundo que, por sua vez, trata de os recuperar e de os colocar no mercado, segundo o Governo, com rendas acessíveis e abaixo do preço de mercado. Em troca recebem unidades de participação do fundo e, ao longo dos anos, previsivelmente dez, vão recebendo dividendos gerados pelas receitas das rendas e pelo produto da eventual venda de imóveis. (…) [O dinheiro virá do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social, só que “pôr ao serviço da construção civil e da reabilitação urbana, sem garantia de retorno, já que as rendas serão fixadas abaixo do preço de mercado, é um risco desnecessário para a Segurança Social.”
  • Ainda o Estado maternal social-democrata, de José Manuel Moreira, no Diário Económico, sobre as discussões ideológicas contemporâneas: “A conversão da direita ao estatismo e a sua contaminação pelo politicamente correcto ajudaram a agravar a crise, talvez teminal, de uma social-democracia que foi tornando insustentável o Estado fiscal-social(ista) de Bem-estar (dos políticos). Poderíamos dizer, corrigindo a profecia de Schumpeter sobre o fim do capitalismo, que a social-democracia foi vítima do seu êxito. Absorvendo de tal modo as populações e as classes dirigentes na sua rede de interesses que a situação parece já não ter saída.”
  • A culpa é sempre do capitalismo, de Francisco Assis, no Público, onde constata que, sobre os Panama Papaers, Daniel Oliveira não usou palavras muito distintas das que Marine Le Pen: “Sejamos sérios: nenhum dos pensadores ou teóricos do capitalismo receitou ou defendeu a selvática ausência de regras de enquadramento do funcionamento dos mercados. Pelo contrário  (…) preconizaram sempre a necessidade da existência de regras como condição imprescindível à prevalência do princípio da livre concorrência. Se nalguma coisa falharam foi justamente nesse excesso de optimismo que os levou a desvalorizar a dimensão política e a desguarnecer a salvaguarda de uma forte intervenção da instância estatal. (…) O sucesso da social-democracia reside precisamente aí, na capacidade de regular as pulsões próprias de um modelo capitalista, integrando-as numa perspectiva mais geral de uma sociedade eminentemente democrática. Quando o socialismo pretendeu ir mais longe do que isso revelou-se uma tragédia.”
 
Como viram consegui fazer hoje um Macroscópio quase sem me debruçar sobre o episódio das bofetadas, entretanto encerrado com a demissão do ministro. Não foi por acaso: os ministros vão e vêm, o país e os portugueses é que estão cá antes, durante e depois e não nos convém nem ignorar as recomendações de Mario Draghi, nem deixar de questionar e reflectir sobre o rumo que estamos a seguir.
 
Tenham um bom fim-de-semana, reencontramo-nos na segunda-feira.

 
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EXPRESSO - 8 DE ABRIL DE 2016



Bofetadas derrubam ministro (e a frase que começou tudo). Piratas no poder? Jane Fonda e os seus dois maridos desperdiçados

Para: antoniofonseca1940@hotmail.com
541
08 ABR 2016
José Cardoso
POR JOSÉ CARDOSO
Editor Adjunto
 
Bofetadas derrubam ministro (e a frase que começou tudo). Piratas no poder? Jane Fonda e os seus dois maridos desperdiçados
Boa tarde,

Antes de fazer a síntese dos principais temas do Expresso Diário desta sexta-feira, respondo já a uma pergunta que certamente muitos leitores terão feito ao longo de uma semana dominada pelo caso Panama Papers, o escândalo das offshore: então e os portugueses? Não há portugueses envolvidos?

. E poderá saber (muito) mais sobre isto no semanário que chega amanhã às bancas, no qual dedicamos várias páginas ao assunto e fazemos revelações sobre aquilo a quem poderia chamar os “Panama Portuguese Papers”.

Enquanto o semanário não chega às bancas (mas se tiver assinatura digital pode lê-lo já a partir desta meia noite), fique com os principais temas do Diário desta sexta-feira. Onde também falamos de Panama Papers, mas hoje em artigos um pouco diferentes.

Antes disso vamos ao tema de abertura, o caso João Soares. A Isabel Leiria conta a história da demissão, o que disse Soares justificando a demissão (“Não aceito prescindir do direito à expressão da opinião”) e o que disse António Costa ao aceitá-la (“Teria sido um grande ministro”. E relembra a frase com que tudo começou, dita há uns meses por João Soares a propósito do Plano Ajuda-Belém e visando o então presidente do CCB: “É um disparate total”.

Voltando aos Papéis do Panamá, publicamos nesta edição do Diário dois artigos “colaterais”.

O primeiro intitula-se “O povo que admite dar o poder aos piratas” e fala da Islândia, país onde os Panama Papers transformaram o Governo num vulcão, como diz a Joana Beleza. Num trabalho multimédia, com depoimentos em vídeo de islandeses, a autora conta como o escândalo lhes levou o primeiro-ministro e as próximas eleições estão em vias de lhes trazer os piratas.

O segundo é sobre um dos dois homens cujo nome está no centro do furacão. O senhor Fonsecada sociedade de advogados panamiana Mossack Fonseca. Chama-se Ramón Fonseca Mora , é um dos dois sócios do escritório de advogados especializado em “offshores” e também é escritor. A Anabela Natário leu o seu mais recente livro, chamado“Mister Politicus”, e conta do que se trata. E trata-se de umahistória de corrupção, de aproveitamento de bens do Estado, de desvio de dinheiros que é desvendada por uma pasta de documentos pertencente a Óscar, assessor de um deputado aspirante à Presidência do Panamá. É romance, é. Mas o senhor Fonseca tem uma nota curiosa no início do seu livro: “Qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência”.

No Expresso Diário desta sexta-feira, publicamos também umaentrevista à atriz Jane Fonda, que esteve por cá. A lenda de Hollywood contou à Mariana Lima Cunha como se tornou feminista e percebeu que merecia tanto respeito - e dinheiro - como os colegas homens. Ela que, quando era nova, “achava que merecia receber menos do que os homens”. O artigo tem vídeos da estrela feitos pelo João Santos Duarte.

Também sobre cinema e igualmente com vídeo, levantamos-lhe (mais) o véu do próximo “Guerra das Estrelas”.Chama-se “Rogue One” e só sairá lá para o Natal, mas o Nuno Galopim, que sabe muito do assunto, conta já o que aí vem e o que aí pode vir. E diz que “O mais quente dos rumores é que vamos ter Darth Vader”.

Depois de um artigo do Hugo Franco e da Margarida Fiúza sobreas novas buscas da PJ na TAP, por causa do negócio da compra de uma empresa de manutenção e engenharia no Brasil, temos ainda as habituais sugestões para o fim de semana(leituras da revista E, espetáculos e lazer, festival de peixe em Lisboa) e as também habituais crónicas das sextas-feiras, às quais se acrescenta hoje a do Bernardo Ferrão, que escreve sobre “Marcelo e os livros da “Anita”.

Nicolau Santos disserta sobre “Alegre, Cavaco e as palavras”, o Henrique Raposo diz que “Trump e Lincoln não cabem na mesma sala”, o Daniel Oliveira escreve sobre um ministro “Obviamente, demitido” e o Henrique Monteiro sai a terreiro para “Defender o jornalismo”.

Boas leituras, um bom resto de dia e um excelente fim de semana, que pode ser a rever filmes de Jane Fonda ou a comer peixe em Lisboa

Não se esqueça que amanhã há semanário, com revelações sobre portugueses dos Panama Papers e com a revista E, que traz na capa o código que lhe permitirá ler gratuitamente o Expresso Diário durante toda a próxima semana.

Que a força esteja consigo.
LER O EXPRESSO DIÁRIO
135 DIAS
JOÃO SOARES DEMITE-SE “Não aceito prescindir do direito à expressão da opinião” ANTÓNIO COSTA ACEITA “Teria sido um grande ministro” GOVERNO Durou intacto 135 dias ANÁLISE A origem das história das bofetadas
O povo que admite dar o poder aos piratas
O povo que admite dar o poder aos piratas
A PJ voltou à TAP (e não deve ficar por aqui). O que se está a passar?
A PJ voltou à TAP (e não deve ficar por aqui). O que se está a passar?
Nicolau Santos
Alegre, Cavaco e as palavras
 
Bernardo Ferrão
Marcelo e os livros da “Anita”
 
Daniel Oliveira
Obviamente, demitido
 
Henrique Monteiro
Defender o jornalismo
 
PANAMA PAPERS
O livro de ficção de Fonseca que já explicava a tramoia
VÍDEO
Entrevistámos Jane Fonda (que simpatia): “Só a partir do 3º marido é que vivi como deve ser”
ROGUE ONE
Nuno Galopim explica-nos os mistérios do denso novo trailer do próximo Star Wars
VEM AÍ CHUVINHA
Temos o melhor dos guarda-chuvas para o fim de semana: cultura
#HASHTAG
Zuckerberg, polegar levantado e o mundo a seus pés: o novo imperador disto tudo
SHARK TANK DE VOLTA
Há dois novos tubarões à procura de peixe miúdo
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