| MARCO ANTÓNIO COSTA - O “ ALPINISTA POLITICO “, OS “SHM” E A SUA “ REDE “ |
Quem é Marco António Costa? Esta é uma pergunta que algumas pessoas me
fazem com alguma regularidade. Se me pedissem uma resposta rápida e em
duas palavras eu diria que é um “ alpinista político ”, mas infelizmente
tenho muito mais para dizer.
Conheci Marco António Costa (MAC)
há cerca 20 anos na JSD, apesar de ele ser mais velho do que eu 4 anos.
Era um jovem de origens humildes, vivia em Valongo e trabalhava, se bem
me recordo, numa empresa na área da captação de águas. Estivemos juntos
em algumas batalhas políticas, ficamos amigos e até esteve no meu
casamento.
Entretanto com a minha decisão de abandonar a política
e os caminhos que Marco António começou a trilhar a vida foi-nos
afastando. Penso que não estamos juntos, nem falamos a alguns anos, mas
quero que fique claro que nada de pessoal me move contra ele. Reconheço
que é um político trabalhador, inteligente e muito ambicioso levando a
que algumas vezes não olhe a meios para atingir os seus fins. E este sim
é o seu grande defeito que nos coloca no plano dos princípios e dos
valores em lados completamente opostos.
A sua carreira política
profissional começou como mero adjunto do presidente da Câmara de
Valongo, Dr. Fernando Melo, mas rapidamente passou a ter muito poder na
autarquia. Foi vereador, presidiu a diversas empresas municipais, tendo
chegado mesmo a ser o vice-presidente da Câmara.
Nesses anos a
construção civil floresceu em Valongo. Foram construídos milhares de
apartamentos, em diversas torres que são visíveis da A4, mas também foi
feita muita habitação social no Concelho.
Nessa altura era
notória a sua ligação muito próxima a uma ou duas empresas que
construíram, em Valongo, centenas e centenas de apartamentos no âmbito
privado, bem como na área da habitação social e a custos controlados
O jovem que conheci a conduzir um modesto Citroen, comercial de dois
lugares, penso que propriedade da empresa onde laborava, passou em pouco
tempo, a conduzir carros topo de gama, recordo-me de Mercedes, BMW e de
um SAAB. Também rapidamente mudou-se de um andar moradia muito humilde e
antigo para uma grande e luxuosa moradia no centro da cidade de
Valongo.
E é precisamente, a partir de Valongo, que começa o seu
sonho de um dia chegar à liderança do PSD. O primeiro passo passava por
chegar à liderança da Distrital do PSD do Porto.
E assim foi. Em
2001 MAC começa devagarinho a “ fazer a cama “ a Luís Filipe Menezes.
Na altura eu desempenhava as funções de Secretário-Geral da JSD do
Porto, mas confesso não me apercebi deste processo de tentativa forçada
de afastamento de Menezes da liderança da Distrital do PSD do Porto. No
final do mandato o ambiente era tenso e recordo-me perfeitamente da
última reunião presidida por Menezes, em que apenas estivemos presentes 4
ou 5 pessoas, sendo eu uma delas. Nessa e nas reuniões anteriores
lembro-me que Marco António Costa, que era o Secretário, não esteve
presente, como todos aqueles que mais tarde vieram a integrar a sua
equipa.
O caminho já estava todo minado e Menezes tinha perdido
grande parte do seu espaço político. Hoje estou convicto que este plano
engendrado por Marco António Costa teve a ajuda e a conivência política
de Durão Barroso e de José Luís Arnaut que pretendiam afastar Menezes da
liderança da maior Distrital do País.
É no ano de 2002 que Marco
António Costa me convida, de forma insistente, para integrar a sua
lista candidata à Comissão Política Distrital. Na altura agradeci o
convite e disse-lhe que era minha intenção abandonar a vida partidária,
mas dada a sua insistência transmiti-lhe que iria pensar melhor sobre o
assunto ficando de lhe dar uma resposta passados uns dias.
E
assim foi, depois de ouvir algumas das pessoas mais próximas, acabei por
aceder ao seu convite e integrar a sua lista. Em 2002 fomos eleitos
para a Distrital do Porto, sendo que voltamos a ser reeleitos em 2004
para um novo mandato.
Entretanto, em 2005, com o PSD na oposição
a nível nacional, MAC tinha pouca margem para regressar à Câmara de
Valongo, atendendo a que as relações com Fernando Melo e outros
elementos da vereação eram muito tensas, sendo mesmo “ persona non grata
“ no Concelho.
Em 2006 MAC deixa a Distrital, mas faz-me um
convite para continuar integrando a lista que seria encabeçada por
Agostinho Branquinho, um dos “ seus homens de mão “ (SHM), a quem,
curiosamente, também passou o testemunho quando, em 2012, deixa a
Secretaria de Estado da Segurança Social.
Nesse ano de 2006
recuso o convite que MAC me fez para integrar a lista liderada por
Branquinho, que viria a ser eleito presidente da Distrital “ levado ao
colo “ por Marco António. E recuso, primeiro, porque era uma vontade
firme minha abandonar a vida partidária, mas também porque percebi que
estava a ser montada uma rede de interesses não compatíveis com a minha
forma de estar na vida pessoal e na política.
Aliás, Agostinho
Branquinho tornou-se conhecido porque foi o deputado que numa reunião de
uma comissão de inquérito sobre a liberdade expressão em Portugal, em
que se discutia a actividade da Ongoing, fez uma pergunta muito
comentada: "O que é a Ongoing? “. Pois, nem de propósito, poucos meses
depois renuncia ao mandato de deputado para se tornar administrador
desta mesma empresa.
Com a queda da Ongoing Branquinho regressa,
em 2012, a Portugal, penso que já com objectivos traçados e definidos
por MAC. Faz um ” estágio “ de 4 ou 5 meses na Santa Casa da
Misericórdia do Porto para ter currículo de forma a poder assumir a
pasta da secretaria de estado da Segurança Social.
Mas o
currículo deste “ homem de mão de MAC “ ficou também marcado, por no
decorrer da legislatura entre 2005 e 2009, ter tido intervenção como
consultor, sem nunca o ter declarado à Assembleia da República e ao
Tribunal Constitucional, no processo complexo de licenciamento do
Hospital de São Martinho, uma unidade de saúde privada, por acaso também
localizada em Valongo, e cujo único administrador era Joaquim Teixeira,
precisamente o homem que em 2007 passou a presidir à NTM empresa que
tinha sido propriedade de Agostinho Branquinho.
Tudo isto com certeza mais uma meras coincidências na vida de Marco António Costa e dos “SHM”!
Mas voltando novamente ao ano de 2005. Fico muito surpreendido quando,
na época, um amigo me diz que Luís Filipe Menezes convidara Marco
António para ser seu vice-presidente na Câmara de Gaia depois de tudo o
que se tinha passado na Distrital do Porto do PSD cerca de 4 anos antes.
Tanto quanto sei o convite foi logo aceite até porque era uma
saída airosa para Marco António que assim subia mais um degrau rumo à
concretização do seu sonho. Na altura foi uma decisão polémica que levou
ao afastamento de alguns elementos importantes da equipa de Menezes que
viam com maus olhos a entrada de MAC na Câmara de Gaia.
Marco
António Costa, durante a meia dúzia de anos que esteve em Gaia,
colonizou a Câmara e as Empresas de Municipais de Gaia, com “ amigos e
boys “ para “ alimentar “ alguns e para “ pagar favores “ a outros.
Recordo-me que pela mão de MAC entraram pessoas, para sectores
estratégicos, como o Eng. Pérpetua, para Director Municipal do
Urbanismo, como Virgílio Macedo, que ora ocupou funções de Tesoureiro,
ora da de Presidente da Distrital do Porto, para Revisor Oficial de
Contas da Câmara de Gaia e de empresas municipais, como Miguel Santos,
para a Administração da Amigaia, como Rogério Gomes, ex - Director do
Comércio do Porto, para as Águas de Gaia, António Paulino, como Assessor
de Imprensa e que acumulava funções como Assessor da Distrital,
diversos “ desempregados políticos “, atendendo a que o PSD se
encontrava na oposição a nível nacional, filhos, filhas, primos e primas
de pessoas com posições relevantes em determinadas empresas nacionais e
em órgãos de comunicação social, chegando ao cúmulo de a sua
companheira, salvo erro de nome Daniela, ter entrado para funcionária da
conhecida “ Gaianima “.
Aliás, a sua companheira, pouco tempo
depois de Marco António ter assumido funções no Governo, saiu da
Gaianima, passando posteriormente a exercer funções na Câmara Municipal
de Cascais, num processo que alegadamente levantou muitas dúvidas que
pelos vistos continuam ainda por esclarecer.
Aliás a “
colonização “ que MAC estava a levar a cabo na Câmara de Gaia e nas
Empresas Municipais chegou a tomar tamanhas proporções que obrigou Luís
Filipe Menezes a emitir uma ordem de serviço sublinhando que qualquer
contratação para a autarquia ou para qualquer empresa municipal tinha
que ter a autorização expressa do Presidente da Câmara Municipal.
Marco António foi também o responsável durante vários anos pelos
Pelouros Administrativo e Financeiro da Câmara de Gaia, sendo que foi,
nesse período, que a dívida da autarquia mais cresceu, responsabilidade
provavelmente da sua má gestão, bem como das muitas largas dezenas de “
contratações politicas “ que fez, pagas a peso de ouro, que visavam a
concretização da sua ambição pessoal de chegar à liderança do PSD.
É também em Gaia que sedimenta uma relação com o advogado Bolota
Belchior, precisamente com escritório em frente à Câmara Municipal, que
se foi alargando pelo tempo até aos dias de hoje. Penso mesmo que MAC
terá sido sócio ( formal ou informal de Bolota Belchior) e exercido
advocacia, neste escritório, juntamente com algumas figuras que por lá
se vão mantendo, sendo que algumas ora estão, ora vão saindo, conforme
os interesses pessoais de MAC e se o PSD está no poder ou na oposição a
nível nacional.
Aliás, segundo uma notícia do extinto “ Jornal 24
HORAS “, de 26/02/2008, assinada pelo jornalista João Bénard Garcia,
tendo por base uma declaração entregue pelo político, no Tribunal
Constitucional, o acima referido escritório sediado na Avenida da
República, em Gaia, será mesmo propriedade de Marco António Costa, sendo
Bolota Belchior e o actual deputado, vice-presidente do grupo
parlamentar do PSD e Director do Jornal “ Povo Livre “, Miguel Santos,
os seus inquilinos.
Aliás, segundo a mesma notícia, Bolota
Belchior e Paulo ( Miguel ) Santos pagavam a MAC uma renda milionária de
2500 euros / mês, sendo que este valor estaria inflacionado em mais de
300%, relativamente aos valores de aluguer de espaços similares na zona.
Esta noticia chama atenção ainda para o facto de Marco António ter um
documento de assunção de dívida para com o seu inquilino no valor de
20.000 euros.
Também curioso é o facto de Bolota Belchior, bem
como a sua Sociedade de Advogados, a partir dessa altura, passar a ter
dezenas de avenças chorudas, através de ajustes directos, com diversas
autarquias e empresas municipais no Distrito do Porto e ao longo do
País, bem como com várias empresas públicas, nomeadamente muito
recentemente uma com as Estradas de Portugal. É curioso que esta avença
coincide, mais ou menos temporalmente, com o facto de Adriano Rafael
Moreira, mais um dos “ homens de mão “ de Marco António, ter assumido
funções na Administração desta empresa pública.
Segundo ainda a
supracitada noticia, não deixa também de ser curioso o facto de MAC
viver num pequeno apartamento alugado em Gaia, pagando uma renda de 1500
€ / mês, valor que estaria inflacionado em mais de 200%, relativamente
aos valores de aluguer de apartamento similares.
Mais uma vez
todas estas coincidências, situações e as relações político /
profissionais são no mínimo duvidosas deixando no ar espaço para
suspeitas ou especulações.
No meio da sua passagem por Gaia, em
2008, percorre o País todo como Director da Campanha de Luís Filipe
Menezes e leva com os “ seus “ votos Menezes a Presidente do PSD, de
modo a ficar com espaço aberto para vir a ser o futuro Presidente da
Câmara de Gaia, e assim subir mais um degrau na sua caminhada para
concretizar o sonho de chegar um dia à liderança do PSD.
Em 2011,
com a vitória de Pedro Passos Coelho, pensava que podia chegar a
Ministro. Este era um degrau muito importante para concretizar o seu
sonho político, mas o Primeiro-Ministro atribui-lhe, tanto quanto tenho
conhecimento e muito a contragosto, apenas a Secretaria de Estado da
Segurança, a última da hierarquia do Governo.
Não gostou e até
amuou, mas MAC não teve outra solução que não aceitar em nome da sua
sobrevivência política. Em Gaia, tal como tinha acontecido no passado em
Valongo, passou a ser “ figura non grata “ e a ida para o governo
acabou por ser uma saída airosa para quem estava a ver a sua vida a
andar para trás na Câmara de Gaia. Aquele que se julgava já o “ DDT de
Gaia “ tinha perdido muito poder porque Menezes tinha assumido novamente
pelouros importantes e afastado lentamente Marco António dos dossiers
mais importantes da autarquia.
Entre 2002 e até hoje, no que diz
respeito à distrital do PSD do Porto, tem entrado e saído da liderança,
conforme lhe é mais conveniente, deixando nos intervalos entre as suas
saídas e entradas, na liderança, os “SHM” como são Agostinho Branquinho e
Virgílio Macedo.
Aliás, Marco António Costa faz da Distrital do
PSD a “ sua Quinta “ utilizando-a a seu belo prazer como uma importante
plataforma de gestão politica e de “ interesses”.
No plano
político faz a gestão da escolha dos nomes das listas de deputados e dos
candidatos às mais diversas autarquias, e com a sua influencia politica
vai conseguindo nomear dirigentes concelhios, familiares destes, e seus
amigos, para gabinetes ministeriais, para diversos lugares na
administração pública, que vão desde as administrações hospitalares,
passando por lugares nas diversas delegações regionais e
intermunicipais, pela administração da APDL, pela Lipor, por cargos
intermédios de gestão na Administração Pública, entre muitos outros,
reservando sempre para os “SHM” “ os lugares mais apetecíveis. Também no
plano político sempre que existem congressos do partido vai garantindo
um lugar para si próprio, em regra como vice-presidente do partido e
para os seus amigos mais próximos, acenando sempre aos mais diversos
candidatos com o facto de “ mandar “ na maior Distrital do PSD,
controlando assim votos muito importantes para qualquer eleição
nacional. E aqui MAC funciona como diz o povo “ quem parte e reparte e
não fica com a melhor parte, ou é burro ou não tem arte “.
No
plano dos “ interesses “ a Distrital serve, entre outras coisas, para
arregimentar avenças nas áreas financeiras, contabilísticas e jurídicas
para os “ SHM “. Aliás, prova disso mesmo é o facto de Virgílio Macedo e
a sua empresa ter possuído e continuar a possuir diversas avenças
milionárias como Revisor Oficial de Contas em diversas autarquias e
empresas municipais no Distrito e no País.
As eleições na
Distrital são, em regra, sempre antecipadas para surpreender possíveis
adversários políticos, não lhes permitindo apresentar uma candidatura
alternativa séria e realizar uma verdadeira campanha junto dos 30.000
militantes da estrutura partidária, sendo que nos últimos 12 anos Marco
António Costa ou os “ SHM” têm sido eleitos sempre em lista única, com a
excepção da eleição realizada a 6 de Dezembro de 2014 em que cheguei
anunciar a minha candidatura à Presidência da Distrital e a candidatura
do meu companheiro Celso Ferreira.
Por exemplo, e certamente,
mais uma vez, por mera coincidência, nestas últimas eleições foram
nomeados, antes e depois do acto eleitoral, vários dirigentes distritais
e concelhios do PSD do Distrito do Porto, para gabinetes dos membros do
Governo e para vários lugares de nomeação na administração pública, de
modo a “ comprar “ o maior número de votos e prometidos muitos outros
lugares.
Mas as coisas não ficaram por aqui. Outros dirigentes
foram ameaçados que, no caso de apoiarem outra lista adversária,
perderiam os lugares que ocupavam, ou não lhes seria renovada a
confiança para manterem os seus lugares. Aliás, isto mesmo foi dito numa
reunião, dos deputados do Distrito do Porto, pela voz de um dos “SHM “,
Miguel Santos, sendo que deputadas que apoiaram a lista “ anti-sistema “
foram mesmo ameaçadas, por esta personagem, que foi protagonista,
também pelos piores motivos, pelo facto de numa reunião da Comissão
Parlamentar de Saúde ter maltratado um doente com Hepatite C que
interrompeu a sessão. Este “famoso” deputado, a quem o jornalista Daniel
Oliveira chamou, recentemente num artigo do Expresso, de “ sociopata “ é
useiro e vezeiro em ameaçar e intimidar militantes do PSD que tomam
posições públicas que possam afectar a imagem de Marco António Costa ou
dos “ SHM”.
Um exemplo o Eng. Carlos Duarte foi um dos apoiantes
da lista liderada pelo Dr. Celso Ferreira. Há vários anos que tinha a
pasta da gestão dos fundos comunitários na Comissão de Coordenação e
Desenvolvimento Regional do Norte. Tinha um trabalho meritório e
reconhecido por todos os autarcas. Mais, tinha sido indicado
recentemente pela Associação Nacional de Municípios, por unanimidade dos
autarcas, incluídos os autarcas eleitos pelo Partido Socialista, para
um novo mandato para continuar a gerir os fundos comunitários da região.
Não é que, mais uma vez, coincidência das coincidências, o governo uma
semana depois das eleições para Distrital do Porto chumbou o nome do
Eng. Carlos Duarte para continuar a exercer as funções que desempenhava
há alguns anos com elevada competência e sucesso.
Um outro
exemplo uma das nossas empresas tinha apresentado duas candidaturas que
tinham que passar pela aprovação de uma entidade pública. No ano de 2013
tínhamos apresentado candidaturas a apoios exactamente iguais e foram
aprovadas em cerca de 45 dias
.
No caso das candidaturas
apresentadas no último trimestre de 2014, que coincidiram temporalmente
com a manifestação da apresentação da minha candidatura à Distrital do
PSD do Porto, uma das candidaturas apenas foi aprovada ao fim de 115
dias e a outra ao fim de mais de 80 dias
.
Neste caso, não é
que também, por coincidência das coincidências, apenas conseguimos que
as candidaturas fossem aprovadas, após termos efectuado um contacto
telefónico, junto do Gabinete do Ministro da respectiva tutela, em que
fizemos a exposição da situação. Esse contacto foi efectuado, no dia 9
de Fevereiro, ao início da manhã, e no dia seguinte, também ao início da
manhã recebemos dois emails com a informação que ambas tinham sido
aprovadas ainda no mesmo dia 9 de Fevereiro de 2015.
Eu não
tenho medo de Marco António porque, com a Graça de Deus, não preciso
dele, nem da política para nada. Por isso sempre expus com clareza e
liberdade as minhas opiniões e opções políticas, que sei por várias
fontes que não lhe agradam e até o deixam, em alguns casos, em
polvorosa. Mas também sei que muita gente partilha da minha opinião,
porém, infelizmente com medo das retaliações não podem ter a minha
postura.
Os dirigentes do PSD não respeitam minimamente Marco
António Costa, mas têm medo da sua forma de actuar na política e das
eventuais retaliações que possam vir sofrer no futuro.
É também
comum ouvir-se dizer da voz de dirigentes e empresários ligados ao PSD
que Marco António Costa “ não dá ponto sem nó “ ou que quando lhe dá
jeito vai dando “ um presunto mas tendo em vista receber no mínimo três
porcos “.
É assim, através desta fórmula com diversas variáveis,
em função de cada momento político, que MAC mantem o poder na Distrital
do Porto nas suas mãos, ou por interposta pessoa (SHM), há mais de 12
anos, porque tem consciência que no dia em que perder a Distrital a sua
carreira política terminará no dia seguinte.
Apenas lamento que
Pedro Passos Coelho mantenha no partido, como vice-presidente, uma
pessoa com este “ fantástico “ currículo e com esta forma de actuar na
política que levanta pelo seu sinuoso percurso muitas dúvidas ou
legitimas suspeitas, mas entendo que precisa dos “ seus “ votos.
Também percebi que Passos Coelho, de forma inteligente, logo que pode
retirou-o do governo engavetando-o no Partido atribuindo-lhe uma função
com um nome pomposo, como ele gosta de sublinhar e anunciar “
vice-presidente coordenador “.
Tenho consciência da importância
das coisas. Sei muito bem que para o actual Primeiro-Ministro os
interesses do País estão muito à frente dos interesses do Partido. E ter
Marco António vigiado e controlado no Partido é um mal menor. No
partido tem a companhia, como seu chefe de gabinete, de um outro “ SHM “
Sérgio Vieira, antigo deputado, com fortes relações no Brasil, País que
Marco António visita várias vezes por ano, para férias, mas também,
para tratar de alguns negócios que alegadamente terá no Brasil, que
serão também geridos por um dos “SHM”.
Talvez seja mais uma mera coincidência a escolha de Sérgio Vieira para seu chefe de gabinete!
Mas voltando ao PSD, no último Congresso, Passos Coelho manteve Jorge
Moreira da Silva na 1ª vice-presidência do Partido. Este é o melhor
exemplo do quanto o Presidente do PSD confia em Marco António Costa.
Aliás, cada vez são mais as vezes que outros vice-presidentes falam em
nome do PSD, como são o caso de Teresa Leal Coelho e José Matos Correia e
o Secretário-Geral, José Matos Rosa. É público e notório que o
protagonismo político de Marco António Costa tem diminuído a cada dia
que passa, por decisão de Passos Coelho, mas também porque este não
acredita que Passos Coelho possa vencer as próximas legislativas, logo
não se pode colar excessivamente a Passos Coelho.
Em caso de
derrota nas próximas legislativas Marco António sabe que não pode contar
com o apoio do mais influente militante e dirigente do PSD, Miguel
Relvas, porque sabe que o ex-Secretário-Geral prefere Luís Montenegro
para liderar o Partido.
Perante este cenário, o caminho para
Marco António chegar a líder está tapado, sobra-lhe ir mantendo a sua
influência no partido e apoiar um candidato forte que poderá ser Rui
Rio, mas também poderá ser um outro qualquer logo que tenha fortes
possibilidades de ser eleito. E por isso a prudência de MAC aconselha-o a
precaver o seu futuro.
Marco António Costa não gosta de Rui Rio,
nem nunca teve uma relação muito fácil com o ex-presidente da Câmara do
Porto, mas desde que Marco António é vice-presidente do partido e foi
secretário de estado da Segurança Social tratou de se aproximar de Rio,
mas apenas por uma razão muito simples: a necessidade e o instinto de
sobrevivência política de MAC.
Mas o que me preocupa não são
estas jogadas de “ baixa política ” de MAC. O que me preocupa mesmo é
saber que Marco António Costa continua a perseguir o seu sonho de
pequenino de chegar à liderança do PSD que começou há cerca de 20 anos
em Valongo. E Marco António Costa nunca poderá ser Presidente do Partido
Social Democrata, em nome de Portugal, dos nossos filhos e das futuras
gerações.
Algumas vezes sou abordado por pessoas que me perguntam
se não temo Marco António em função da frontalidade com que escrevo.
Até há uns meses atrás diria que não, mas agora confesso que ultimamente
às vezes sim, não tanto por mim, mas sobretudo pela minha família,
pelas minhas empresas e pelos postos de trabalho dos meus funcionários
porque conheço “ os seus métodos “ e tenho noção que infelizmente, para
mal do nosso Portugal, é uma pessoa com alguma influência no País.
Não sou pessoa de escrever cartas ou apresentar queixas anónimas. Ele
sabe isso. Sou assim, sempre fui assim, sou frontal, escrevo e assino
por baixo. E até porque estamos em Abril, apenas a dois dias de
assinalarmos os 41 anos da revolução de Abril, símbolo da Liberdade,
entendi que, antes que seja tarde, era este o momento para tornar
público o que conheço do “ alpinista “ politico, Marco António Costa,
dos “ seus homens de mão “ e da sua “rede “.
Há muito que digo
que luto pela moralização da vida política e pública. Pela separação da
política e dos negócios. Por isso nunca será por medo que deixarei de
escrever o que defendo em nome da defesa de princípios e causas para o
meu País.
Paulo Vieira da Silva
Nota: Pelas razões acima
expostas este meu texto foi enviado para a Senhora Procuradora Geral da
República, Dra. Joana Marques Vidal, para o senhor Director Nacional da
Polícia Judiciária, Dr. Almeida Ribeiro e para o Sr. Director do DCIAP,
Dr. Amadeu Guerra, disponibilizando-me, desde já, caso estas
autoridades judiciais entendam que existe matéria para investigação
criminal, para prestar todos os esclarecimentos que entendam úteis ou
necessários.
23 de Abril de 2015