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A PRIMAVERA NA EUROPA
A Primavera chegou à Europa
Lá para o Sul, lá para o Sul.
E Aquiles sacudiu as vestes.
limpou das sandálias o pó,
arrancou a seta dos gémeos
acordou de milénios
arrepanhou os cabelos,
fez da seta uma espada,
com a mão esquerda engalanada
destronou da vã glória,
os cavalos de troia da história.
A Primavera chegou à Europa,
lá para o Sul, lá para o Sul.
E a Europa tremeu.
Tremeu o mundo submisso,
tornou nus os mal vestidos
de honras e artifícios.
Fez do cidadão um homem
um homem com opinião
que dá aos outros o quinhão
e recebe pela opinião
vergastadas de mal visto.
Apresenta a solução
e é proscrito por isso.
A Primavera chegou à Europa
lá para o Sul, lá para o Sul.
Soltaram-se as cobras de Apolo
que dormiam nos seus cestos
vigiadas pelas vestais
com singulares adereços.
Lutam pelos mundos do Gás
cuja cobiça pretendem
e nem se quer entendem
quem é senhor, quem é amo.
Picam a esmo, sem cuidarem,
de quem picam o desengano.
A Primavera chegou à Europa,
lá pelo Sul, lá pelo Sul.
E Aquiles sacudiu a vestes,
limpou das sandálias o pó.
Que os homens, conforme os gatos,
quando não há nada a perder,
pela soberania
dão a vida e a mais-valia,
até o inimigo ceder.
A Primavera chegou á Europa
lá para o sul, lá para o Sul.
Que se faça Verão na Europa
a cada um o seu quinhão!
Aos usurários desdém,
as riquezas a quem as tem.
Que de ladrões estamos cheios
quer os lícitos, ou os ilícitos.
A cada cidadão o que lhe cabe
do seu país, do seu chão.
A Primavera chegou à Europa,
Lá para o Sul, lá para o Sul.
Helena Guimarães