sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Alfredo Ildefonso Schuster - 30 DE AGOSTO DE 2024

 

Alfredo Ildefonso Schuster

Alfredo Ildefonso Schuster
Beato da Igreja Católica
Arcebispo de Milão
Retrato de Dom Ildefonso por Santino Langé (1930)
Atividade eclesiástica
OrdemOrdem de São Bento
DioceseArquidiocese de Milão
Nomeação26 de junho de 1929
PredecessorEugenio Cardeal TosiO.Ss.C.A.
SucessorGiovanni Battista Cardeal MontiniO.F.S.
Mandato1929 - 1954
Ordenação e nomeação
Profissão Solene13 de novembro de 1900
Ordenação presbiteral19 de março de 1904
Arquibasílica de São João de Latrão
por Dom Pietro Cardeal Respighi
Nomeação abade6 de abril de 1918
Brasão abade
Ordenação episcopal21 de julho de 1929
Capela Sistina
por Papa Pio XI
Nomeado arcebispo26 de junho de 1929
Cardinalato
Criação15 de julho de 1929
por Papa Pio XI
OrdemCardeal-presbítero
TítuloSantos Silvestre e Martinho nos Montes
Brasão
Santificação
Beatificação12 de maio de 1996
Praça de São Pedro
por Papa João Paulo II
Veneração porIgreja Católica
Festa litúrgica30 de outubro
AtribuiçõesBáculo
PadroeiroArquidiocese de Milão
Dados pessoais
NascimentoRomaItália
18 de janeiro de 1880
MorteVenegono InferioreItália
30 de agosto de 1954 (74 anos)
Nome religiosoIrmão Ildefonso Schuster
Nome nascimentoAlfredo Ludovico Luigi Schuster
Nacionalidadeitaliano
ProgenitoresMãe: Maria Anna Tutzer
Pai: Johann Schuster
Habilitação académicaDoutorado em Filosofia e em Teologia pelo Pontifício Ateneu de Santo Anselmo
Funções exercidas-Abade de São Paulo Extramuros (1918-1929)
SepultadoCatedral de Milão
dados em catholic-hierarchy.org
Categoria:Igreja Católica
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

Bem-Aventurado Alfredo Ildefonso Schuster (18 de janeiro de 1880 – 30 de agosto de 1954) - nascido Alfredo Ludovico Schuster - foi prelado católico italiano e membro professo da Ordem de São Bento que serviu como arcebispo de Milão, de 1929 até a sua morte.[1] Ele tomou o nome de Ildefonso como monge beneditino e serviu como abade antes de sua elevação ao cardinalato.[2]

Ildefonso dirigiu a Arquidiocese de Milão, durante a II Guerra Mundial e ficou conhecido por ter apoiado o Fascismo no início. No entanto, mudou de opinião após a anexação da Áustria e a introdução de leis raciais que o levaram a fazer críticas vocais aos aspectos anti-cristãos do regime de Mussolini.[3]

Sua beatificação foi celebrada em meados de 1996, na Praça de são Pedro.

Biografia

Infância e presbitério

Alfredo Ludovico Schuster nasceu em 1880 no Ospedale Santissimo Salvatore, em Roma, para Johann Schuster (um alfaiate bávaro duas vezes viúvo) e Maria Anna Tutzer (natural de Bolzano). Johann era três décadas mais velho que Tutzer. Sua irmã Giulia entrou para os vicentinos como freira. Ele também tinha três meios-irmãos do segundo casamento de seu pai. Schuster foi batizado no dia 20 de janeiro como "Alfredo Ludovico Luigi". Em sua infância, foi vítima de sequestro durante um breve período, e o sequestrador acabou preso.[1]

Schuster recebeu sua crisma em 2 de abril de 1887 do Monsenhor Giulio Lenti e fez sua primeira comunhão no dia de Pentecostes de 1890 na igreja de Santa Anna na Porta Angelica. Seu pai Johann morreu em 18 de setembro de 1889.

Serviu como coroinha na Igreja de Santa Maria della Pietà em Camposanto dei Teutonici ao lado da Basílica de São Pedro. Schuster completou seus estudos de ensino médio (ginnasiali e liceali) na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em novembro de 1891. Em 13 de novembro de 1898, ele entrou para a Ordem de São Bento em seu noviciado na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, ocasião em que tomou o nome de Ildefonso.[1] Ele professou seus votos monásticos em 13 de novembro de 1900. Graduou-se com doutorado em Filosofia em 14 de junho de 1903 e, posteriormente, recebeu um doutorado em Teologia do Pontifício Ateneu de Santo Anselmo, em Roma.

Schuster recebeu sua ordenação sacerdotal em 19 de março de 1904 na Basílica de Latrão , em Roma, do cardeal Pietro Respighi (o arcipreste). Ele retornou para a Basílica de São Paulo Fora dos Muros em 1904. Seus dois mentores durante o seu tempo de educação foram o padre Bonifacio Oslander e Beato Placido Riccardi.

Abadia

Ildefonso se tornou o mestre de noviços em 1908, e prior em 1916, antes de ser eleito abade de São Paulo Fora dos Muros em 6 de abril de 1918. Ele também recebeu ali a bênção abacial do cardeal Basílio Pompilj em 14 de abril.[1] Serviu como o procurador-geral para a Congregação Cassinense de 1914 a 1929, e também serviu como presidente do Pontifício Instituto Oriental de 1919 a 1922. Visitou os seminários do norte da Lombardia, bem como aqueles em regiões meridionais da Calábria e de Campânia de 1924 a 1928.[1] Em novembro ou dezembro de 1926, ele pregou os exercícios espirituais de Angelo Giuseppe Roncalli (futuro Papa João XXIII) na Basílica de São Paulo Fora dos Muros. Durante sua abadia, foi feito consultor da Congregação para os Ritos e da Congregação para as Igrejas Orientais.

Episcopado e cardinalato

Schuster foi nomeado como o mais novo arcebispo de Milão em 26 de junho de 1929, para suceder Eugenio Tosi. Em 13 de julho seguinte, fez o juramento de fidelidade ao Estado italiano perante o rei Vítor Emanuel III; foi o primeiro bispo italiano a fazê-lo desde que a nova Concordata de Latrão o exigiu, de acordo com o seu artigo 20.[1] O Papa Pio XI elevou Schuster ao cardinalato em 1929, como cardeal-presbítero dos Santos Silvestre e Martinho nos Montes, e posteriormente conferiu-lhe a consagração episcopal na Capela SistinaCarlo Cremonesi e Agostino Zampini serviram como co-consagrantes. Em 1933, ele foi investido como bailio grã-cruz de honra e devoção da Ordem de Malta.

Schuster ordenou 1.265 presbíteros e consagrou 22 bispos durante seu mandato. Ele também fez cinco visitas pastorais durante o seu episcopado e escolheu São Carlos Borromeu como seu modelo. Ele enfatizou a importância da catequese e promoveu a Ação Católica, movimento para os fiéis. Também acreditava que o objetivo de todos os cristãos era a santidade.

Atuou como legado papal em várias ocasiões. Em 15 de agosto de 1932, ele foi nomeado legado para a celebração de Nossa Senhora de Caravaggio; em 21 de março de 1934, para as comemorações milenares do convento de Einsiedeln na Suíça; em 15 de setembro de 1937, para a inauguração da nova fachada da catedral de Desio; e, em 2 de agosto de 1951, para o Congresso Eucarístico Nacional Italiano em Assis.

Ele participou do conclave papal de 1939, que elegeu o Papa Pio XII na véspera da II Guerra Mundial e chegou a ser considerado um papabile para aqueles que buscavam um papa mais pastoral.

Morte

Túmulo de Schuster na Catedral de Milão.

Ildefonso faleceu em 30 de agosto de 1954, às 4h15min, de padecimentos cardíacos, em Venegono Inferiore perto de Milão. O cardeal Angelo Giuseppe Roncalli (futuro papa) celebrou seu funeral. Seu corpo foi enterrado em 2 de setembro de 1954, na catedral metropolitana, ao lado de seus dois antecessores imediatos.[1] Seu túmulo foi aberto em 28 de janeiro de 1985, e seus restos mortais foram encontrados intactos.[4]

Reconhecimentos

 Schuster foi homenageado com a Ordem do Santo Sepulcro.

 Em 1933, o cardeal foi investido Bailio Cavaleiro Grã-Cruz de Honra e Devoção.

Relações com o Fascismo

Durante o processo de beatificação de Schuster, houve acusações de que ele fora favorável ao fascismo italiano.[4] Enquanto há evidências de algum apoio às ambições fascistas, há também evidências de que ele denunciou o aspecto anti-cristão do regime. Diz-se que se recusava a participar de cerimônias envolvendo Mussolini e que também condenava a legislação racista durante este período.[4]

Schuster apoiou entusiasticamente a invasão italiana da Etiópia em 1935, comparou-a com as Cruzadas e via-a como uma fonte potencial de conversos.[5][6] Em 28 de outubro de 1935, durante a celebração da missa na Catedral de Milão, ele pediu a Deus para proteger as tropas italianas pois "elas abrem as portas da Etiópia para a fé católica e para a civilização romana"[7] antes de abençoar os banners da saída de tropas.

Em um discurso na Escola de Mística Fascista em Roma, em 1937, ele enredou uma improvável ligação direta entre a Roma Imperial e a Roma Cristã ao fascismo: "Deus escolheu recompensar o Duce por traçar sua figura histórica mais perto dos grandes espíritos de Constantino e de Augusto, através do empenho de Benito Mussolini a reconectar Roma e seu Rei a uma nova e brilhante coroa de paz romana".[8]

Em 1938, suas opiniões mudaram por conta da anexação da Áustria pela Alemanha e da introdução de doutrinas raciais alemãs com as leis raciais italianas.[9]

Relacionamento com Mussolini

As imprensas fascista e nazista atacaram Schuster durante a guerra, no entanto, sem causar prejuízo à sua estima entre seu rebanho em Milão. Em 25 de abril de 1945, o cardeal recepcionou no paço arquiepiscopal em Milão uma reunião entre guerrilheiros italianos e Mussolini numa tentativa de obter uma trégua entre as duas partes. Mussolini, no entanto, não aceitou a exigência de rendição incondicional que Marazza e Pertini, os delegados guerrilheiros, fizeram. Mussolini chegou pontualmente às 16h sem que a outra parte estivesse presente. Os delegados Cadorna e Lombardi, bem como Marazza, chegaram uma hora mais tarde. Mussolini teve uma conversa com Schuster enquanto esperava e deu-lhe um copo de rosolio para beber e uma cópia de um livro que ele havia escrito sobre a vida de um santo. Schuster se esforçou para pregar-lhe a humildade. Uma vez que Graziani e os outros líderes fascistas chegaram (de acordo com as versões dadas segundo todos os presentes, incluindo Schuster), os eventos que ocorreram diferem em relação às versões individuais.[10]

Embora o cardeal tenha procurado Mussolini, em 25 de abril de 1945, e lhe pedido para fazer as pazes com Deus, este desperdiçou a admoestação e foi assassinado numa semana.

Após o fim da guerra, o cardeal fez tentativas frequentes de enfatizar o perigo do totalitarismo que o comunismo e o fascismo inspiravam.[11]

Opiniões

Racismo

Schuster condenou o racismo como um grave "perigo internacional" durante um sermão que proferiu no púlpito em 13 de novembro de 1938.

Antissemitismo

O cardeal manifestou-se contra o antissemitismo e era conhecido por seus esforços ecumênicos para com pessoas de fé judaica.

Beatificação

Monumento em Verano Brianza.

O processo para a beatificação de Schuster foi inaugurado em Milão, em âmbito diocesano, por seu sucessor, em 30 de agosto de 1957; o processo foi fechado em 31 de outubro de 1963, após uma etapa realizada em Roma, de 21 de novembro de 1959 a 13 de julho de 1961, para coletar evidências adicionais e documentação. Seus escritos foram aprovados em 5 de março de 1970, como tendo aderido à doutrina tradicional. A causa permaneceu adormecida por algum tempo, até 18 de julho de 1986, quando a Congregação para as Causas dos Santos validou a fase diocesana e deu o Positio para avaliação em 1989. Teólogos aprovaram a causa em 12 de outubro de 1993, assim como os membros da CCS mais tarde, em 11 de janeiro de 1994. O Papa João Paulo II confirmou que Schuster teve uma vida de virtudes heróicas e o nomeou como Venerável em 26 de março de 1994.

A beatificação agora dependia de um milagre confirmado. Um caso foi investigado com as evidências coletadas enviadas para Roma, cujo processo foi validado pelos membros da CCS em 5 de julho de 1985. Médicos peritos confirmaram esse milagre, como tal, uma década depois, em 17 de novembro de 1994, enquanto que os teólogos confirmaram a avaliação em 21 de fevereiro de 1995; a CCS idem, em 2 de maio de 1995. João Paulo II confirmou que a cura em questão foi um milagre em 11 de julho de 1995, e confirmou a bem-aventurança de Schuster. A beatificação foi celebrada em 12 de maio de 1996, na Praça de São Pedro.[1][4]

O milagre que levou à sua beatificação foi a cura da freira Maria Emilia Brusati de um grave glaucoma.

Heráldica

BrasãoDescriçãoEscudo
Alfredo Ildefonso Schuster
Abade de São Paulo Extramuros
festa: no 1º de azul, com três montanhas vermelhas encimadas por uma cruz dourada com a inscrição PAX da mesma cor; no 2º de ouro ao destrochero do tenente vermelho uma espada na estaca. O escudo, accostato a um pastoral de ouro, colocado no poste, é estampado por um chapéu com cordas e borlas de verde. As borlas, doze em número, estão dispostas seis em cada lado, em cinco ordens de 1, 2, 3.
Alfredo Ildefonso Schuster
Cardeal-presbítero de
Santos Silvestre e Martinho nos Montes
Arcebispo de Milão
festa: no 1º de azul, com três montanhas vermelhas encimadas por uma cruz dourada com a inscrição PAX da mesma cor; no 2º de ouro ao destrochero do tenente vermelho uma espada na estaca. O escudo, que é preso a uma cruz processional de ouro patriarcal, colocado em um poste, é marcado por um chapéu com cordões e borlas vermelhas. As borlas, em número de trinta, estão dispostas quinze de cada lado, em cinco ordens de 1, 2, 3, 4, 5.


Ver também

Referências

  1. ↑ Ir para:a b c d e f g h Miranda 1998.
  2.  «Beato Alfredo Ildefonso Schuster». Santi e Beati. Consultado em 17 de novembro de 2017
  3.  «Schuster, Alfredo Ildefonso, Bl.». New Catholic Encyclopedia. 2003. Consultado em 17 de novembro de 2017
  4. ↑ Ir para:a b c d Terry 2010.
  5.  Lee 2000, p. 126.
  6.  Chadwick 1988, p. 8.
  7.  P. Beltrame Quattrocchi, Al di sopra del gagliardetti. L'arcivescovo Schuster: un asceta benedettino nell'era fascista, Marietti, Casale Monferrato (1985), s.v. "Etiopia". (em italiano)
  8.  Harris 2007, p. 218.
  9.  E. Nobili, La parabola di un'illusione. Il cardinale Schuster dalla guerra d'Etiopia alle leggi razziali, NED, Milan (2005), s.v. "Leggi razziali". (em italiano)
  10.  P. Beltrame Quattrocchi, Al di sopra del gagliardetti. L'arcivescovo Schuster: un asceta benedettino nell'era fascista, Marietti, Casale Monferrato (1985). (em italiano)
  11.  T. Leccisotti, Il cardinale Schuster, S. Benedetto (1969), Vol.II. (em italiano)

Ligações externas

Eustáquio van Lieshout - 30 DE AG OSTO DE 2024

 

Eustáquio van Lieshout

Eustáquio van Lieshout
Beato da Igreja Católica
Missionário da Saúde e da Paz
Eustáquio van Lieshout (1890-1943), padre, missionário e beato católico
Atividade eclesiástica
OrdemCongregação dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria e da Adoração Perpétua ao Santíssimo Sacramento do Altar
DioceseDiocese de Breda 1919-1925
Diocese de Uberaba 1925-1942
Arquidiocese de Belo Horizonte 1942-1943
[1]
Ordenação e nomeação
Profissão Solene18 de março de 1918
Ordenação presbiteral10 de agosto de 1919
BredaPaíses Baixos
por Dom Henrique Hopmans
Santificação
Beatificação15 de junho de 2006
Belo HorizonteMinas Gerais
por Dom José Cardeal Saraiva MartinsC.M.F.
Veneração porIgreja Católica
Festa litúrgica30 de agosto
Dados pessoais
NascimentoAarle-RixtelLaarbeekBrabante do NortePaíses Baixos
03 de novembro de 1890
MorteBelo HorizonteMinas GeraisBrasil
30 de agosto de 1943 (52 anos)
Nome religiosoEustáquio van Lieshout, SS.CC.
Nome nascimentoHubertus van Lieshout
Nacionalidadeneerlandês
ProgenitoresMãe: Elizabete van den Meulenhof
Pai: Guilherme van Lieshout
SepultadoCemitério do Bonfim (1943-1949)
Santuário Arquidiocesano da Saúde e da Paz (após 1949)[2]
Categoria:Igreja Católica
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

Eustáquio van Lieshout SS.CC., nascido Hubertus van Lieshout (Laarbeek3 de novembro de 1890 — Belo Horizonte30 de agosto de 1943), foi um presbítero neerlandês membro da Congregação dos Sagrados CoraçõesPadre Eustáquio, como ficou conhecido, foi beatificado em 15 de junho de 2006 pela Igreja Católica.[3]

Biografia

Família

Estátua do padre Eustáquio em Aarle-Rixtel

Batizado no dia de seu nascimento, Hubertus van Lieshout veio ao mundo em 3 de novembro de 1890 no distrito de Aarle-Rixtel, em LaarbeekPaíses Baixos. Pertencia a uma família de agricultores católicos. Tinha dez irmãos, sendo filho do casal Elizabete van den Meulenhof e Guilherme van Lieshout.[4]

Vocação

Em 1903, foi matriculado na escola de latim de Gemert e, em 1905, foi transferido para a Congregação dos Sagrados Corações. Seis anos depois, em 10 de dezembro de 1913 iniciou seu noviciado. No dia 27 de janeiro de 1915, fez sua profissão temporária de votos de pobreza, castidade e obediência e, em 18 e março de 1918, a profissão solene, tornando-se oficialmente um membro da congregação.[1] Na ocasião, adotou por nome religioso Eustáquio, por assim sendo mais conhecido.[5]

Após a conclusão de seus estudos teológicos, no dia 10 de agosto 1919 recebeu o sacramento da Ordem, tornando-se padre pela Diocese de Breda. Logo depois, foi designado para ser o pároco nas cidades de Maassluis e Roelofarendsveen na província de Holanda do Sul.[6] Quatro anos depois, Eustáquio foi agraciado com a Ordem de Leopoldo por seu trabalho com refugiados belgas pelo rei da Bélgica, Alberto I.[7]

Atendendo um chamado de seu superior, o padre Eustáquio van Lieshout veio como missionário ao Brasil em 1925.[5] No dia 15 de julho de 1925, Padre Eustáquio e seus irmãos de Congregação chegaram em Romaria, no Triângulo Mineiro, onde assumiram a pastoral do santuário episcopal e da paróquia de Nossa Senhora da Abadia de Água Suja e das paróquias de São Miguel de Nova Ponte e Santana de Indianópolis, todas na então Diocese de Uberaba. A padre Eustáquio, coube a função de vigário paroquial com prioridade de serviços de atendimento às comunidades da sede paroquial de Nova Ponte e de todas as suas capelas. Em 26 de março de 1926, tornou-se reitor do Santuário de Nossa Senhora da Abadia, pároco das três paróquias citadas e da paróquia de Iraí de Minas e assumiu, também, as responsabilidades de conselheiro da Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria no Brasil.

Missionário da Saúde e da Paz

Padre Eustáquio foi um nome ligado à história de Belo Horizonte, à fé do povo mineiro e a muitas ações de solidariedade.

Em 7 de abril de 1942, padre Eustáquio foi transferido para Belo Horizonte. Chegou na capital mineira sem alarde, já que era nacionalmente venerado como santo e taumaturgo. Porém, a despeito da discrição, logo nos primeiros dias muitas pessoas o procuraram pedindo bênçãos e curas, na capela Cristo Rei, no bairro Celeste Império.

Em 9 de setembro de 1942, o então prefeito da capital, Juscelino Kubitscheck, que se considerava beneficiado por milagre conseguido por intercessão do padre Eustáquio, doou à paróquia um terreno onde foi construída a Igreja dos Sagrados Corações, cuja pedra fundamental foi abençoada por Dom Antônio dos Santos Cabral. Nesse dia, após a cerimônia, padre Eustáquio disse a alguns membros da comissão pró-construção da matriz: "Não verei o fim da guerra. Comecei a igreja, mas não a terminarei".[8]

Últimos dias

Em 1943, de 18 a 21 de agosto, durante o retiro que pregava às alunas do Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Belo Horizonte, padre Eustáquio demonstrou aparência abatida e cansaço. No dia seguinte, repousou em seu quarto, febril e trêmulo. Na manhã do dia 23, ainda febril e mais abatido, dirigiu-se à igreja, como fazia todos os dias, para rezar a missa. Ao final, dirigiu-se à sacristia, onde se sentou em um banco e desfaleceu. Os médicos Américo Souza Gomes, Olinto Orsini de Castro, Alfredo Balena e Otávio Coelho Magalhães o examinaram, mas não houve dúvida no diagnóstico: tifo exantemático, devido a uma picada de carrapato.

Padre Eustáquio permaneceu ali, rezando, embora dissesse que não sobreviveria. Recebeu o sacramento dos enfermos, mas chamava ansiosamente pelo amigo padre Gil. Enquanto o aguardava, fez a renovação dos votos religiosos, pressentindo que a morte estava perto. As freiras, os médicos e os enfermeiros emocionaram-se vendo seu olhar irradiar-se quando ele repetia cada palavra da seguinte fórmula que o padre Hermenegildo lhe ditava, com lentidão e clareza: "Eu, Eustáquio, conforme as Constituições, Estatutos e Regras, renovo os meus votos de pobreza, castidade e obediência como irmão da Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria, em cujo serviço quero viver e morrer. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". Depois, a sós com seus dois confrades, disse em tom de alívio e de espera: "Graças a Deus, estou pronto! Mas como demora o padre Gil!"

No dia 30 de agosto, padre Gil conseguiu chegar para ver o amigo. Vendo-o à porta, padre Eustáquio, em esforço heroico, tentou erguer-se do leito. Com voz serena, disse-lhe: "Padre Gil, graças a Deus!" e desfaleceu-se, derradeiramente. No dia seguinte, Belo Horizonte amanheceu de luto: estava junto de Deus aquele que trazia Deus para junto de sua gente.

Beatificação

Placa comemorativa da beatificação de Eustáquio van Lieshout

Após sua morte, foi atribuída a ele a cura de um câncer de um devoto, constatada clinicamente e comprovada cientificamente. Esse relato consta no processo para sua beatificação, iniciado em 1997. Outros casos de curas e milagres também são relatados por várias pessoas.

A cerimônia de sua beatificação aconteceu ao dia 15 de junho de 2006, durante a 12ª Torcida de Deus, no estádio Mineirão, em Belo Horizonte. A cerimônia foi presidida por Dom José Cardeal Saraiva Martins, representante do Papa Bento XVI, sendo co-celebeada por Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo de Belo Horizonte.

Referências

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