sexta-feira, 16 de agosto de 2024

EÇA DE QUEIROZ - MORREU EM 1900 -. 16 DE AGOSTO DE 2024

 

Eça de Queiroz

Eça de Queirós
Nome completoJosé Maria de Eça de Queirós
Nascimento25 de Novembro de 1845
Praça do Almada, Póvoa de Varzim
Morte16 de Agosto de 1900 (54 anos)
Neilly-Sur-Senne, França
ResidênciaNeilly-Sur-Senne na França
NacionalidadePortuguês
Cidadaniaportuguesa
Etniacaucasiano
CônjugeD. Emília de Castro
Filho(a)(s)4, incluindo António
EducaçãoUniversidade de Coimbra

Colégio da Lapa, até aos 17 anos

Ocupaçãodiplomataromancistacontista
Magnum opusOs Maias
Escola/tradiçãorealismo
Movimento estéticoGeração de 70
Assinatura

José Maria de Eça de Queiroz[1] (Póvoa de Varzim25 de novembro de 1845 – Neuilly-sur-Seine16 de agosto de 1900), também escrito Eça de Queirós, foi um escritor e diplomata português. É considerado um dos mais importantes escritores de todos os tempos. Foi autor de romances de reconhecida importância como por exemplo: Os Maias e O Crime do Padre AmaroOs Maias é considerado por muitos o melhor romance realista português do século XIX.[2][3]

Eça de Queiroz e Machado de Assis são considerados os dois maiores escritores de língua portuguesa do século XIX.[4][5][6] Eça é notável pela originalidade e riqueza do seu estilo e linguagem, o realismo descritivo; e pela crítica social constantes nos seus romances.[7] O termo "acaciano" para definir alguém com um discurso vazio, enfeitado, pomposo, mas sem conteúdo, presente na Língua portuguesa, é uma alusão ao personagem Conselheiro Acácio, do romance O Primo Basílio.[8][9]

Biografia

Carolina Augusta Pereira de Eça de Queiroz (1826-1918) e José Maria de Almeida Teixeira de Queiroz (1820-1901), pais de Eça de Queiroz.
Eça de Queirós em 1893

José Maria de Eça de Queiroz nasceu em 25 de novembro de 1845, numa casa da Praça do Almada na Póvoa de Varzim, no então número 1 ao 3 do Largo de São Sebastião (hoje Largo Eça de Queiroz), no centro da cidade, em casa de um parente de sua mãe, Francisco Augusto Pereira Soromenho, funcionário aduaneiro da Póvoa de Varzim. Dado os seus pais não serem então casados (considerado indecente naquela época e naquela classe social), este parente, de certo relevo local, chefe da alfândega local, preferiu que o baptismo fosse realizado na Igreja Matriz de Vila do Conde, em vez da matriz local, muito próxima da casa, e fosse ocultado o nome da mãe, por instrução do pai Teixeira de Queiroz.[10]

O baptismo de Eça de Queiroz ocorreu no dia 1 de Dezembro e foi padrinho o Senhor dos Aflitos[11] e madrinha Ana Joaquina Leal de Barros[12], brasileira, casada com António Fernandes do Carmo .

Eça era filho de José Maria Teixeira de Queiroz, nascido no Rio de Janeiro em 1820 e delegado do procurador régio em Viana do Castelo, e de Carolina Augusta Pereira d'Eça, nascida em Monção em 1827. O casamento ocorreu posteriormente ao nascimento. O pai de Eça de Queiroz, magistrado e par do reino, convivia regularmente com Camilo Castelo Branco, quando este vinha à Póvoa para se divertir no Largo do Café Chinês. Uma das teses para tentar justificar o facto de os pais do escritor não se terem casado antes do seu nascimento sustenta que Carolina Augusta Pereira de Eça não teria obtido o necessário consentimento da parte de sua mãe, já viúva do coronel José Pereira de Eça. De facto, seis dias após a morte da avó que a isso se oporia, casaram-se os pais de Eça de Queiroz, quando o menino tinha quase quatro anos.

O pai era magistrado, formado em Direito por Coimbra.[2] Foi juiz instrutor do célebre processo de Camilo Castelo Branco, juiz da Relação e do Supremo Tribunal de Justiça, presidente do Tribunal do Comércio, deputado por Aveirofidalgo cavaleiro da Casa Real, par do Reino e do Conselho de Sua Majestade.[13] Foi ainda escritor e poeta.

Eça, por sua vez, apresenta episódios incestuosos em criança relatados no diário de sua prima. Por via dessas contingências foi entregue a uma ama, aos cuidados de quem ficou até passar para a casa de Verdemilho em AradasAveiro, a casa da sua avó paterna. Nessa altura, foi internado no Colégio da Lapa, no Porto, de onde saiu em 1861, com dezasseis anos, para a Universidade de Coimbra, onde estudou Direito.[13] Além do escritor, os pais teriam mais seis filhos.

Em Coimbra, Eça foi amigo de Antero de Quental. Os seus primeiros trabalhos, publicados na revista "Gazeta de Portugal", foram depois coligidos em livro, publicado postumamente com o título Prosas Bárbaras. Eça veraneava na Póvoa de Varzim, quando matriculado na Universidade de Coimbra. Sua tia materna, Carlota, arrendava casa na Póvoa, de verão e com ela, além do sobrinho José Maria, iam também os seus quatro filhos, três rapazes e uma rapariga.[14]

Celebração de 1906 na Póvoa de Varzim com a colocação de uma placa comemorando o nascimento de Eça naquela casa da Praça do Almada.
Estátua na Póvoa de Varzim.
Estátua na Póvoa de Varzim.
Nota de 10 Escudos de 1925, Eça de Queiroz.

Em 1866, Eça de Queiroz terminou a Licenciatura em Direito na Universidade de Coimbra e passou a viver em Lisboa, exercendo a advocacia e o jornalismo. Foi director do periódico O Distrito de Évora e colaborou em publicações periódicas como a Renascença[15] (1878-1879?), A Imprensa[16] (1885–1891), Ribaltas e gambiarras (1881) e postumamente na Revista de turismo [17] iniciada em 1916 e na Feira da Ladra (1929-1943). Porém, continuaria a colaborar esporadicamente em jornais e revistas ocasionalmente durante toda a vida. Mais tarde fundaria a Revista de Portugal.

Em 1869 e 1870, Eça de Queiroz fez uma viagem de seis semanas ao Oriente (de 23 de outubro de 1869 a 3 de janeiro de 1870), em companhia de D. Luís de Castro, 5.º conde de Resende, irmão da sua futura mulher, D. Emília de Castro, tendo assistido no Egito à inauguração do canal do Suez: os jornais do Cairo referem «Le Comte de Rezende, grand amiral de Portugal et chevalier de Queiroz». Visitaram, igualmente, a Palestina. Aproveitou as notas de viagem para alguns dos seus trabalhos, o mais notável dos quais o O Mistério da Estrada de Sintra, em 1870, e A Relíquia, publicado em 1887.[13] Em 1871, foi um dos participantes das chamadas Conferências do Casino.

Em 1870 ingressou na Administração Pública, sendo nomeado administrador do concelho de Leiria. Foi enquanto permaneceu nesta cidade, que Eça de Queiroz escreveu a sua primeira novela realista, O Crime do Padre Amaro, publicada em 1875.

Tendo ingressado na carreira diplomática, em 1873 foi nomeado cônsul de Portugal em Havana. Os anos mais produtivos de sua carreira literária foram passados em Inglaterra, entre 1874 e 1878, durante os quais exerceu o cargo em Newcastle e Bristol. Escreveu então alguns dos seus trabalhos mais importantes, como A Capital,[13] escrito numa prosa hábil, plena de realismo. Manteve a sua actividade jornalística, publicando esporadicamente no Diário de Notícias, em Lisboa, a rubrica «Cartas de Inglaterra». Mais tarde, em 1888 seria nomeado cônsul em Paris.[2]

Seu último livro foi A Ilustre Casa de Ramires, sobre um fidalgo do século XIX com problemas para se reconciliar com a grandeza de sua linhagem. É um romance imaginativo, entremeado com capítulos de uma aventura de vingança bárbara que se passa no século XII, escrita por Gonçalo Mendes Ramires, o protagonista. Trata-se de uma novela chamada A Torre de D. Ramires, em que antepassados de Gonçalo são retratados como torres de honra sanguínea, que contrastam com a lassidão moral e intelectual do rapaz.

Foi também o autor da Correspondência de Fradique Mendes e A Capital, obra cuja elaboração foi concluída pelo filho e publicada, postumamente, em 1925. Fradique Mendes, aventureiro fictício imaginado por Eça e Ramalho Ortigão, aparece também no Mistério da Estrada de Sintra. Seus trabalhos foram traduzidos em aproximadamente vinte línguas.

Aos 40 anos casou com Emília de Castro, com quem teve 4 filhos:[18] Alberto (16 de abril de 1894), António (28 de dezembro de 1889), José Maria (26 -2 -1888) e Maria (16 de janeiro de 1887).[19]

Doença e morte

Eça de Queiroz, nunca tendo sido de compleição robusta, ao longo da vida sofreu de diversas maleitas de menor gravidade, sobretudo alguma neurastenia. A partir de Fevereiro de 1900, apresentava, contudo, sintomas bastante debilitantes — dor estomacal, diarreia, febre, nevralgias, inchaço dos pés, falta de apetite e astenia. Consultado o Dr. Charles Bouchard, sumidade médica, que lhe diagnostica uma enterocolite e lhe recomenda repouso e cuidados. Andou por diversas termas, mas de pouco ou nada serviu. No final de Julho esteve na Suíça. Regressou a Paris a 13 de Agosto, num estado lastimável, magríssimo e com má cor. Chamado o Dr. Bouchard, que se apercebeu de que Eça estava à beira da morte. Acamado, semi-inconsciente, a 16 de Agosto de 1900, depois de ter recebido a extrema-unção, às 16h35, o escritor morria na sua casa de Neuilly-sur-Seine, perto de Paris.[20][nota 1]

Sepultura

Depois de ter morrido em Paris, Eça de Queiroz foi trasladado para Lisboa a 17 de Setembro de 1900 no navio militar África. As principais ruas da cidade exibiram faixas negras (oferecidas pelo empresário Grandela) e o carro fúnebre foi ornamentado pelo amigo do escritor Rafael Bordalo Pinheiro. O cortejo fúnebre, com honras de Estado, foi acompanhado por milhares de pessoas entre o desembarque no Terreiro do Paço e o cemitério do Alto de São João. [21] Os restos mortais foram sepultado no jazigo dos condes de Resende.[22]

Em virtude do jazigo se encontrar abandonado e prestes a ser vendido, por decisão da família, encabeçada por Maria da Graça Salema de Castro (1919-2015), viúva de um neto de Eça, e fundadora da FEQ, a 13 de Setembro de 1989 procedeu-se à trasladação dos restos do escritor para o jazigo da Fundação Eça de Queiroz no cemitério de Santa Cruz do Douro, em Baião.

Em Dezembro de 2020, com o apoio da maioria dos bisnetos, a Fundação Eça de Queiroz, então presidida por Afonso Eça de Queiroz Cabral, lançou o repto para a concessão de honras de Panteão Nacional.[23] Em Janeiro de 2021, a Assembleia da República aprovou por unanimidade uma proposta do PS para «conceder honras de Panteão Nacional aos restos mortais de José Maria Eça de Queiroz, em reconhecimento e homenagem pela obra literária ímpar e determinante na história da literatura portuguesa.»[24]

Os restos mortais do escritor deveriam ter sido trasladados para o Panteão Nacional em 27 de setembro de 2023.[25] No entanto, dois anos e meio depois da votação e apenas a uma semana da cerimónia[26], foi interposta uma providência cautelar por parte de uma minoria de bisnetos do escritor para impedir a transladação.[27] O Supremo Tribunal Administrativo, em sentença de 25 de setembro de 2023 relativamente à providência cautelar, e em sentença de 20 de Junho de 2024 relativamente à acção principal depois interposta, deu como provado que não há qualquer vontade expressa pelo próprio sobre o local de sepultamento - dissipando assim os mitos sobre não querer ser sepultado em Lisboa ou mesmo a suposta vontade de ser sepultado em Aveiro ou Tormes -, e deu também como provado que uma larga maioria de bisnetos apoia a trasladação. Face à sentença da acção principal, aguarda-se nova data para a cerimónia.

Busto de Eça de Queiroz em Neuilly-sur-Seine, avenida Charles de Gaulle (França).

Obras

Obras traduzidas

As Minas de Salomão (tradução do original inglês de 1885 em folhetins para a Revista de Portugal entre outubro de 1889 e junho de 1890 e publicação em livro em 1891)[28] (tradução).(eBook)

As obras de Eça de Queiroz foram traduzidas em cerca de 20 línguas, ultrapassando já os 70 exemplos: alemão (deutsche Sprache), basco (euskara), búlgaro (български език), castelhano (castellano), catalão (català), checo (čeština), eslovaco (slovenčina), francês (français), georgiano (ქართული ენა), húngaro (magyar nyelv), inglês (English), islandês (íslenska), italiano (lingua italiana), japonês (日本語), neerlandês (de Nederlandse taal), polaco (język polski), romeno (limba română), russo (russkiy yazyk) e sueco (svenska).

Dados genealógicos

Filho de José Maria Teixeira de Queiroz (nascido no Rio de Janeiro em 1820), magistrado e par do reino, e de Carolina Augusta Pereira d'Eça (nascida em Monção em 1827).[29] O casamento ocorreu posteriormente ao seu nascimento.

Casou, em 10 de Fevereiro de 1886, na Quinta de Santo Ovídio, no Porto[30] com Emília de Castro Pamplona, filha de D. António Benedito de Castro, 4.º conde de Resende, 18.º Almirante de Portugal, e D. Maria Baldina Pamplona Carneiro Rangel, filha primogénita do 1º visconde de Beire.[29]

Tiveram os seguintes filhosː

  • D. Maria de Castro de Eça de Queiroz casada com seu primo co-irmão D. José de Castro. Com geração.
  • José Maria de Eça de Queiroz (26 de Fevereiro de 1888 — 2 de Junho de 1928) casado, em 14 de Maio de 1915, com sua prima co-irmã D. Matilde de Castro (15 de Novembro de 1890), filha dos 6.ºs condes de Resende.
  • António Eça de Queiroz, chefe dos serviços externos da Propaganda Nacional, distinto escritor, ex-Oficial do Exército, casado em França com D. Maria Cristina Guimar̃ães Rino, filha de José Rino e Capitólia de Guimarães. Sem geração.
  • Alberto de Eça de Queiroz. Sem geração.[29]

Filme

Em 2020 foi lançado em Portugal o filme O Nosso Cônsul em Havana, de Francisco Manso, que acompanha a chegada de Eça a Cuba, e a sua permanência no país, como diplomata, na sua primeira missão consular, de dezembro de 1872 a março de 1874.[31]

Ver também

Referências

  1.  «Eça de Queiroz ou Eça de Queirós? - Pórtico da Língua Portuguesa»porticodalinguaportuguesa.pt. Consultado em 7 de fevereiro de 2016
  2. ↑ Ir para:a b c «José Maria Eça de Queirós». UOL - Educação. Consultado em 15 de novembro de 2012
  3.  «Eça agora! Fatos atuais sobre um escritor eterno»Folha de SP. Consultado em 9 de janeiro de 2020
  4.  «Machado de Assis e Eça de Queiroz se somam nas diferenças»ISTOÉ. Consultado em 9 de janeiro de 2020
  5.  «Machado de Assis & Eça de Queiroz: uma aproximação»Revista Ideias. Consultado em 9 de janeiro de 2020
  6.  Lago, Sylvio. Contrastes e Convergências. [S.l.: s.n.] p. 91. ISBN 9788541601450
  7.  «Liteeratura:Eça de Queiroz»Citi. Consultado em 9 de janeiro de 2020
  8.  «"Eça gostava do Brasil mas non troppo"»O Publico. Consultado em 9 de janeiro de 2020
  9.  «Uma questão bizantina»Folha de SP. Consultado em 9 de janeiro de 2020
  10.  Landolt, Candido (Outubro de 1911). O Meu Pantheon. [S.l.]: Revista Quinzenal "A Póvoa de Varzim"
  11.  Matos, A. Campos (2017). Eça de Queiroz: uma biografia 3a edição ed. Lisboa: Impresa nacional
  12.  Faro, A. (1977). «Eça e o Brasil». Consultado em 26 de setembro de 2023. Cópia arquivada (PDF) em |arquivourl= requer |arquivodata= (ajuda) 🔗
  13. ↑ Ir para:a b c d «Eça de Queirós»R7. Brasil Escola. Consultado em 15 de novembro de 2012
  14.  Helena Vaz da Silva. «Roteiro queiroziano». e-Cultura.pt. Consultado em 18 de abril de 2016
  15.  Helena Roldão (3 de outubro de 2013). «Ficha histórica: A renascença : orgão dos trabalhos da geração moderna» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 31 de março de 2015
  16.  Helena Bruto da Costa (11 de janeiro de 2006). «Ficha histórica:A imprensa : revista scientifica, litteraria e artistica (1885-1891)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 21 de abril de 2015
  17.  Jorge Mangorrinha (16 de janeiro de 2012). «Ficha histórica:Revista de Turismo: publicação quinzenal de turismo, propaganda, viagens, navegação, arte e literatura (1916-1924)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 13 de Maio de 2015
  18.  Cf. «Filhos de Eça». Centro de Investigação para Tecnologias Interactivas da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
  19.  Revista COLÓQUIO/Letras n.º 142 (Out. 1996). Cartas do Pai Eça, pág. 227.
  20.  N/A (17 de agosto de 1900). «Acte de décés nº 501/1900, de José Maria d'Eça de Queiroz». archivesenligne.neuillysurseine.fr. Consultado em 23 de setembro de 2023
  21.  getLISBON (25 de novembro de 2020). «Eça de Queiroz, Evocações em Lisboa • getLISBON»getlisbon.com. Consultado em 12 de julho de 2024
  22.  «Sobre o funeral, ver». Esalvide.edu.pt. Consultado em 15 de novembro de 2012
  23.  Afonso Eça de Queiroz Cabral (21 de dezembro de 2020). «Honras de Panteão Nacional a Eça de Queiroz». publico.pt. Consultado em 23 de setembro de 2023
  24.  Assembleia da República (5 de fevereiro de 2021). «Resolução da Assembleia da República n.º 55/2021 /Concessão de honras de Panteão Nacional a José Maria Eça de Queiroz» (PDF). Consultado em 24 de setembro de 2023 line feed character character in |título= at position 49 (ajuda)
  25.  «Marcelo: Restos mortais de Eça de Queiroz serão trasladados para o Panteão brevemente»
  26.  Miranda, Bárbara Reis, Adriano (23 de setembro de 2023). «Eça vai para o Panteão? Como nos romances, suspense até ao fim»PÚBLICO. Consultado em 12 de julho de 2024
  27.  «Tribunal aceita providência cautelar contra trasladação de Eça de Queiroz»SIC Notícias. 21 de setembro de 2023. Consultado em 22 de setembro de 2023
  28.  «As Minas de Salomão»Eça de Queirós. 29 de julho de 2012. Consultado em 24 de novembro de 2022
  29. ↑ Ir para:a b c Livro de Oiro da Nobreza, Apostilas à Resenha das Famílias Titulares do Reino de Portugal de João Carlos Fêo Cardoso Castelo Branco e Tôrres e Manoel de Castro Pereira de Mesquita, pelos Domingos de Araújo Affonso e Ruy Dique Travassos Valdez, Tomo III, Academia Nacional de Heráldica e Genealogia, Braga, 1933, pág. 46
  30.  Gomes, Américo Conceição E. Simão (13 de julho de 2017). «Porto de Antanho: (Continuação 3)»Porto de Antanho. Consultado em 24 de novembro de 2022
  31.  Filme "O Nosso Cônsul em Havana" chega às salas de cinema no próximo dia 19, Observador, via Lusa, 10 nov 2020, 01:15

Notas

  1.  Ainda hoje a causa da morte de Eça de Queiroz é desconhecida. Têm-se aventado várias hipóteses: tuberculose intestinal, amebíase, cancro do estômago, cancro do cólon, cancro do pâncreas, etc. Cf. "Os médicos na vida e obra de Eça de Queiroz", por Álvaro Sequeira, Medicina Interna, vol. 7, nº 3, 2000

Fontes para a biografia

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ANTÓNIO NOBRE - POETA - nasceu em 1867 - 16 DE AGOSTO DE 2024

 

António Nobre

António Nobre
António Nobre
Nascimento16 de agosto de 1867
Porto
Morte18 de março de 1900 (32 anos)
Porto
NacionalidadePortuguesa
Cidadaniaportuguês
Etniacaucasiano
EducaçãoUniversidade de Coimbra

Instituto de Estudos Políticos de Paris

Ocupaçãopoeta
Principais trabalhosDespedidas
Movimento literárioDecadentismo
Assinatura

António Pereira Nobre (Porto16 de agosto de 1867 — Foz do Douro18 de março de 1900), mais conhecido como António Nobre, foi um poeta português cuja obra se insere nas correntes ultra-românticasimbolistadecadentista e saudosista (interessada na ressurgência dos valores pátrios) da geração finissecular do século XIX português. A sua principal obra,  (Paris1892), é marcada pela lamentação e nostalgia, imbuída de subjectivismo, mas simultaneamente suavizada pela presença de um fio de auto-ironia e com a rotura com a estrutura formal do género poético em que se insere, traduzida na utilização do discurso coloquial e na diversificação estrófica e rítmica dos poemas. Apesar da sua produção poética mostrar uma clara influência de Almeida Garrett e de Júlio Dinis, ela insere-se decididamente nos cânones do simbolismo francês. A sua principal contribuição para o simbolismo lusófono foi a introdução da alternância entre o vocabulário refinado dos simbolistas e um outro mais coloquial, reflexo da sua infância junto do povo nortenho. Faleceu com apenas 32 anos de idade, após uma prolongada luta contra a tuberculose pulmonar.

Biografia

“Ai quem me dera entrar nesse convento. Que há além da morte e que se chama a Paz!”

— António Nobre, Soneto n°18, in .

António Nobre nasceu na cidade do Porto a 16 de agosto de 1867,[1] numa família abastada que residia na Rua de Santa Catarina, 467-469, na época de seu nascimento. Seu pai era natural de Borba de Godim (Lixa), tendo aí vivido durante sete anos. Passou a infância em Trás-os-Montes, na Póvoa de VarzimLeça de Palmeira e na Lixa. Em 1888 matriculou-se no curso de Direito da Universidade de Coimbra, mas não se inseriu na vida estudantil coimbrã, reprovando por duas vezes. Optou então por partir, em 1890, para Paris onde frequentou a Escola Livre de Ciências Políticas (École Libre des Sciences Politiques, de Émile Boutmy), licenciando-se em Ciências Políticas no ano de 1895. Durante a sua permanência em França familiarizou-se com as novas tendências da poesia do seu tempo, aderindo ao simbolismo. Foi também em Paris que contactou com Eça de Queirós, na altura cônsul de Portugal naquela cidade, e escreveu a maior parte dos poemas que viriam a constituir a colectânea , que publicaria naquela cidade em 1892.

O livro de poesia , que seria a sua única obra publicada em vida, constitui um dos marcos da poesia portuguesa do século XIX. Esta obra seria, ainda em sua vida, reeditada em Lisboa, com variantes, lançando definitivamente o poeta no meio cultural português. Aparecida num período em que o simbolismo era a corrente dominante na poesia portuguesa coeva,  diferencia-se dos cânones dominantes desta corrente, o que poderá explicar as críticas pouco lisonjeiras com que a obra foi inicialmente recebida em Portugal. Apesar desse acolhimento, a obra de António Nobre teve como mérito, juntamente com Cesário VerdeGuerra JunqueiroAntero de Quental, entre outros, de influenciar decisivamente o modernismo português e tornar a escrita simbolista mais coloquial e leve.

No seu regresso a Portugal decidiu enveredar pela carreira diplomática, tendo participado, sem sucesso, num concurso para cônsul. Entretanto adoece com tuberculose pulmonar, doença que o obriga a ocupar o resto dos seus dias em viagens entre sanatórios na Suíça, na Madeira, passando por Nova Iorque, pelos arredores de Lisboa, pela então chamada estância do Seixoso (na Lixa) e pela casa da família no Seixo, procurando em vão na mudança de clima o remédio para o seu mal.

Monumento a António Nobre em Leça da Palmeira

Vítima da tuberculose pulmonar, faleceu na Foz do Douro, a 18 de março de 1900, com apenas 32 anos de idade, na casa de seu irmão Augusto Nobre, reputado biólogo e professor da Universidade do Porto.

Deixou inédita a maioria da sua obra poética. Apesar da morte prematura, e de só ter publicado em vida uma obra, a colectânea , António Nobre influenciou grandes nomes do modernismo português, como Fernando PessoaMário de Sá-CarneiroAlfredo Pedro Guisado e Florbela Espanca, deixando uma marca indelével na literatura lusófona.

Foi sepultado num jazigo no Cemitério do Prado do Repouso construído em 1907 pelo irmão Augusto Nobre, mas o corpo do poeta foi posteriormente transferido em 1946 para o cemitério de Leça da Palmeira, localidade onde tinha crescido.

Um monumento a António Nobre, desenhado pelo arquitecto Álvaro Siza Vieira encontra-se perto da praia da Boa Nova em Leça da Palmeira. Está inscrito: «farto de dores com que o matavam / foi em viagens por esse mundo - a António Nobre, 1980». "Matar ou ser morridu"

Obra

“Quando ele nasceu, nascemos todos nós. A tristeza que cada um de nós traz consigo, mesmo no sentido da sua alegria é ele ainda, e a vida dele, nunca perfeitamente real nem com certeza vivida, é, afinal, a súmula da vida que vivemos — órfãos de pai e de mãe, perdidos de Deus, no meio da floresta, e chorando, chorando inutilmente, sem outra consolação do que essa, infantil, de sabermos que é inutilmente que choramos.”

— Fernando Pessoa,'Para a Memória de António Nobre',
A Galera, nº 5-6, Coimbra, Fevereiro 1915.

António Nobre referindo-se ao seu único livro publicado em vida,  (1892), declara que é o livro mais triste que há em Portugal. Apesar disso, e de ser real o sentimento de tristeza e de exílio que perpassa em toda a sua obra, ela aparece marcada pela memória de uma infância feliz no norte de Portugal e pelo relembrar das paisagens e das gentes que conheceu no Douro interior e no litoral português a norte do Porto, onde passou na infância e juventude, e em Coimbra, onde começou estudos de Direito.

Na sua poesia concede grande atenção ao real, descrito com minúcia e afecto, mesmo se à distância da memória e do sentimento de exílio que entretanto o invadira. Este sentimento, só aparentemente resultado da sua ida para Paris, estará presente em toda a sua obra, mesmo naquela que foi escrita após o seu regresso a Portugal.

Embora a tuberculose pulmonar apenas se tenha manifestado depois de publicada a primeira edição do livro, pelo que são erróneas as leituras que pretendem ver os poemas de  à luz daquela doença, em toda a obra de António Nobre está presente a procura de um regresso a um passado feliz, que transfigura a realidade, poetizando-a e aproximando-a da intimidade do poeta. Estas características da sua obra, que reflectem as influências simbolistas e decadentistas que recebeu em Coimbra e Paris, são acompanhadas de alguma ironia amarga perante o que achava ser a agonia de Portugal e a sua própria, particularmente na fase final da sua vida na qual as circunstâncias críticas do seu estado de saúde contribuíram em muito para as características da sua obra.

Em todos os seus livros ( e os póstumos Primeiros versos e Despedidas), bem como no seu abundante epistolário, está presente um sentimentalismo aparentemente simples, reflectido nos temas recorrentes da sua obra: a saudade, o exílio, a pátria e a poesia. Este sentimentalismo ganha uma dimensão mítica, por vezes um certo visionarismo, na procura de um passado pessoal entretanto perdido pelo desenraizamento da sua pátria ou pelo sentimento de amargura a sua estagnação lhe causa, como se percebe no seu poema Carta a Manuel.

Na sua obra poética, António Nobre procurou recuperar um pitoresco português ligado à vida dos simples, ao seu vigor e à sua tragédia, pelos quais sentia uma ternura ingénua e pueril. Nessa tentativa assume uma atitude romântica e saudosista que marcaria profundamente a literatura portuguesa posterior, aproximando-o de figuras literárias como Guerra Junqueiro e Almeida Garrett.

Esta proximidade e admiração a Almeida Garrett são confessadas pelo próprio autor no poema intitulado significativamente Viagens na minha terra:

«Ora, às ocultas, eu trazia
No seio, um livro e lia, lia
Garrett da minha paixão»

Estilisticamente, António Nobre, recusou a elaboração convencional, a oratória e a linguagem elevada do simbolismo do seu tempo, procurando dar à sua poesia um tom de coloquialidade, cheio de ritmos livres e musicais, acompanhado de uma imagística rica e original. Nesta ruptura com o simbolismo foi precursor da modernidade. Marcantes, ainda, na sua obra são o seu pessimismo e a obsessão da morte (como em Balada do CaixãoCa(ro) Da(ta) Ver(mibus)Males de Anto ou Meses depois, num cemitério), o fatalismo com a sua predestinação para a infelicidade (como em MemóriaLusitânia No Bairro Latino ou D. Enguiço) e o apreço pela paisagem e pelos tipos pitorescos portugueses (como na segunda e terceira partes de AntónioViagens na Minha Terra ou no soneto Poveirinhos! Meus velhos pescadores).

Considerada ousada para a época, a obra de António Nobre foi lida por alguns como nacionalista e tradicionalista. Essa leitura foi abandonada pela crítica mais recente que reconhece não se tratar de uma obra solipsista e ensimesmada, antes vê nela a representação de um universo interior e de um Portugal que epitomizam o sujeito finissecular e que expressam uma crise de valores que em breve, historicamente, traria mudanças de vulto.[2]

Na sua obra póstuma, constam Despedidas 1895-1899 (1902), que inclui um fragmento de um poema sebastianista de intenção épica, O Desejado, e Primeiros Versos 1882-1889 (1921). A sua vasta correspondência foi entretanto editada, acompanhada de diversos estudos sobre a sua vida e obra. António Nobre colaborou ainda em revistas como A Mocidade de Hoje (1883) e Boémia Nova (1889) e encontram-se, também, algumas colaborações suas em diversas publicações periódicas, nomeadamente: Branco e Negro[3] (1896-1898), A imprensa (1885-1891) e A leitura (1894-1896) e, postumamente, na Revista de turismo[4] iniciada em 1916.

Apesar do escasso número de volumes da obra de António Nobre, ela constitui um dos grandes marcos da poesia do século XIX e uma referência obrigatória da Literatura Portuguesa. Aquele autor é assim, à semelhança de outros autores de obra quase única, como são Cesário Verde e Camilo Pessanha, uma figura incontornável da poesia lusófona.

Obras publicadas

Folha de rosto da primeira edição de , Paris, 1892.

Em vida, António Nobre publicou apenas a colectânea , saída a público em Paris no ano de 1892. Deixou contudo um conjunto de inéditos, que foram publicados postumamente, e colaboração dispersa por diversos periódicos. É a seguinte a bibliografia activa mais relevante de António Nobre:

  • , Léon Vanier Editeur, Paris, 1892;(eBook)
    • 2.ª edição, revista e aumentada: Guillard, Aillaud e Cª, Lisboa, 1898;
    • Reprodução tipográfica da 2.ª edição (1898), prefácio e edição de Paula Morão, Caixotim, Porto, 2000;
    • Edição com prefácio de Agustina Bessa Luís, Livraria Civilização, Porto, 1983 (reimpresso em 1999).
    • Edição em espanhol: Solo. Ediciones sequitur, 2009
    • Edição em francês: Seul, L'Arbre à Paroles, Amay, 2008.
  • Despedidas (1895 - 1899), Porto, 1902; (eBook)
    • 2.ª edição, Biblioteca de Iniciação Literária, Lello e Irmãos, Porto, 1985.
  • Primeiros versos (1882-1889), Porto, 1921;
    • 2.ª edição, Biblioteca de Iniciação Literária, Lello e Irmão, Porto, 1984.
  • Cartas Inéditas de António Nobre, 1934;
  • Cartas e Bilhetes Postais a Justino Montalvão, 1956;
  • Correspondência, Lisboa, 1967;
  • Correspondência II, Lisboa, 1969;
    • Correspondência (organização, introdução e notas de Guilherme de Castilho), Imprensa Nacional Casa da Moeda, Lisboa, 1982.
  • Alicerces, seguido de Livro de Apontamentos (leitura, prefácio e notas de Mário Cláudio), Imprensa Nacional Casa da Moeda, Lisboa, 1983.
  • Correspondência com Cândida Ramos (leitura, prefácio e notas de Mário Cláudio), Biblioteca Pública Municipal do Porto, Porto, 1982.
  • Relaxando em Família (Carta a Jailson) Museu Nacional de Brenox, Publicado no setor Saymonxxx, Balsa 1745.

Ver também

Notas

  1.  Paróquia de Santo Ildefonso, Registo n.º332, de 31 de Agosto de 1867 (imagem 169 do respectivo livro de registos paroquais).
  2.  Paula Morão, Figuras das Cultura Portuguesa: António Nobre, in http://www.instituto-camoes.pt/cvc/figuras/anobre.html Arquivado em 23 de junho de 2007, no Wayback Machine. (acedido em 3 de Agosto de 2007).
  3.  Rita Correia (1 de fevereiro de 2012). «Ficha histórica: Branco e Negro : semanario illustrado (1896-1898)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 21 de janeiro de 2015
  4.  Jorge Mangorrinha (16 de janeiro de 2012). «Ficha histórica:Revista de Turismo: publicação quinzenal de turismo, propaganda, viagens, navegação, arte e literatura (1916-1924)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 13 de maio de 2015

Referências

  • --------, Memória de António Nobre, in Colóquio - Letras, nº 127/128, Lisboa, 1993;
  • Buescu, Helena Carvalhão, «Motivos do sujeito frágil na lírica portuguesa (entre Simbolismo e Modernismo)»«Metrópolis, ou uma visita ao Sr. Scrooge (a poesia de António Nobre)» e «Diferença do campo, diferença da cidade: Cesário Verde e António Nobre» in Chiaroscuro - Modernidade e literatura, Campo das Letras, Porto, 2001;
  • Castilho, Guilherme de, Vida e obra de António Nobre, 3ª ed. revista e ampliada, Bertrand, Lisboa, 1980;
  • Cintra, Luís Filipe Lindley, O ritmo na poesia de António Nobre (edição e prefácio de Paula Morão), Imprensa Nacional Casa da Moeda, Lisboa, 2002;
  • Cláudio, Mário, António Nobre – 1867-1900 – Fotobiografia, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2001;
  • Cláudio, Mário, Páginas nobrianas, Edições Caixotim, Porto, 2004;
  • Curopos, Fernando, Antonio Nobre ou la crise du genre, L'Harmattan, Paris, 2009;
  • Morão, Paula, O Só de António Nobre – Uma leitura do nome, Caminho, Lisboa, 1991;
  • Morão, Paula, «António Nobre», in Dicionário de Literatura Portuguesa (organização e direcção de A. M. Machado), Presença, Lisboa, 1996;
  • Morão, Paula, «António Nobre», in Dicionário do Romantismo Literário Português (coordenação de Helena Carvalhão Buescu), Caminho, Lisboa, 1997;
  • Morão, Paula (organização), António Nobre em contexto, Actas do Colóquio realizado a 13 e 14 de Dezembro de 2000, Biblioteca Nacional e Departamento de Literaturas Românicas da Faculdade de Letras de Lisboa, Colibri, Lisboa, 2001;
  • Morão, Paula, Retratos com sombra – António Nobre e os seus contemporâneos, Edições Caixotim, Porto, 2004;
  • Pereira, José Carlos Seabra, «António Nobre e o mito lusitanista», in História crítica da Literatura Portuguesa (volume VII - Do Fim-de-Século ao Modernismo), Verbo, Lisboa 1995;
  • Pereira, José Carlos Seabra, «Nobre (António Pereira)», in Biblos – Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa, volume 3, Verbo, Lisboa, 1999;
  • Pereira, José Carlos Seabra, António Nobre – Projecto e destino, Edições Caixotim, Porto 2000;
  • Pereira, José Carlos Seabra, O essencial sobre António Nobre, Imprensa Nacional Casa da Moeda, Lisboa, 2001.

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