quinta-feira, 15 de agosto de 2024

SOLENIDADE DA DORMIÇÃO DE MARIA - 15 DE AGOSTO DE 2024

 

Dormição de Maria

Dormição da Virgem Maria.
Mosaico na Igreja de Chora em Istambul.

Dormição de Maria, também chamada de Dormição da Teótoco (em gregoΚοίμησις Θεοτόκου - Koímēsis, frequentemente latinizado como Kimisis, e Uspénie em língua eslava eclesiástica, termos que se referem ao ato de dormir), é uma das grandes festas da Igreja Ortodoxa e das Igrejas Ortodoxas Orientais e Católicas Orientais que comemora a "dormição" ou morte da Teótoco (Maria, literalmente traduzido como "portadora de Deus"), e sua ressurreição corporal antes de ser elevada ao Céu. Ela é celebrada em 15 de agosto (28 de agosto no calendário juliano ainda observado por algumas denominações) como a Festa da Dormição da Mãe de Deus. A Igreja Apostólica Arménia celebra a Dormição não numa data fixa, mas no domingo mais próximo de 15 de agosto.

Dormição e a Assunção

Morte da Virgem.
1461. Por Mantegna, atualmente no Museu do Prado, em Madrid.

A Dormição da Teótoco é celebrada em 15 de agosto (28 de agosto no calendário juliano), o mesmo dia da Festa da Assunção de Maria da Igreja Católica. Apesar de ambos os eventos comemorarem o mesmo evento (a partida de Maria deste mundo), as crenças não são exatamente idênticas.

A ortodoxia ensina que Maria passou por uma morte natural, como qualquer outro ser humano; que sua alma foi recebida por Cristo após a sua morte e que seu corpo foi ressuscitado no terceiro dia, no qual este corpo foi finalmente elevado ao céu para se juntar à sua alma. Seu túmulo foi encontrado vazio no terceiro dia.

O ensinamento católico defende que Maria foi "assumida" no céu de corpo e alma, justamente como seu filho Jesus ascendeu. Alguns católicos concordam com os ortodoxos que este evento teria ocorrido após a morte de Maria, enquanto outros afirmam que ela não experimentou a morte. O Papa Pio XII, na sua constituição apostólica Munificentissimus Deus (1950), que definiu dogmaticamente o dogma da Assunção, deixou a questão propositadamente em aberto sobre se Maria teria ou não morrido no momento de sua partida, mas alude à sua morte pelo menos cinco vezes. Porém, durante uma audiência geral em 25 de junho de 1997, o papa João Paulo II afirmou que Maria, de facto, experimentou a morte natural antes de ser assunta aos céus. Ele disse:

É verdade que no Apocalipse, a morte é apresentada como uma punição pelo pecado. Porém, o fato de Igreja proclamar Maria livre do pecado original por um privilégio divino único não leva à conclusão de que ela também teria recebido a imortalidade física. A Mãe não é superior ao Filho, que morreu, dando à morte um novo significado, mudando-o para um meio de salvação. Envolvida na obra redentora de Cristo e associada a seu sacrifício salvador, Maria foi capaz de compartilhar de seu sofrimento e morte pelo bem da redenção da humanidade. O que Severo de Antioquia diz sobre Cristo também se aplica a ela: "Sem uma morte preliminar, como poderia a Ressurreição ter ocorrido?" (Antijulianistica, Beirut 1931, 194f.). Para compartilhar da Ressurreição de Cristo, Maria teve que primeiro compartilhar de sua morte. O Novo Testamento não nos dá nenhuma informação sobre as circunstâncias da morte de Maria. Este silêncio nos leva a supor que ela teria ocorrido naturalmente, sem nenhum detalhe adicional que merecesse atenção. Se não fosse este o caso, como poderia a informação sobre ela ter permanecido escondida de seus contemporâneos e não ter sido passado para nós de alguma forma? Sobre a causa da morte de Maria, as opiniões que querem excluí-la da morte por causas naturais parecem sem fundamento. É mais importante olhar para a atitude espiritual da Abençoada Virgem no momento de sua partida deste mundo. Neste ponto, São Francisco de Sales defende que a morte de Maria se deu por um transporte de amor. Ele fala de uma morte "no amor, do amor e através do amor", chegando ao ponto de dizer que a Mãe de Deus morreu de amor pelo seu filho Jesus ("Tratado sobre o Amor de Deus, livro 7, c. XIV). Qualquer que tenha sido, do ponto de vista físico, a causa orgânica, biológica do fim de sua vida terrestre, pode-se afirmar que para Maria a passagem desta vida para a outra foi o desenvolvimento completo da graça na glória, de modo que nenhuma outra morte pode ser tão adequadamente chamada de "dormição" como a dela.
 
— Papa João Paulo II[1].

Desenvolvimento da tradição da Dormição

Ícone da Dormição por Teófanes, o Grego, 1392. A Teótoco aparece deitada numa liteira rodeada por onze apóstolos (uma vez que Judas já estaria morto). No centro, Jesus Cristo aparece numa mandorla, enrolando a alma da Virgem Maria (um serafim vermelho aparece acima de sua cabeça). De cada lado dele estão os hieromártires Dionísio, o Areopagita, e Inácio de Antioquia, que, de acordo com a tradição, foram os responsáveis pelo relato da Dormição.

A tradição da Dormição está associada com vários lugares, principalmente com Jerusalém, que abriga o Túmulo de Maria e a Basílica da Dormição de Maria, e com Éfeso, onde está a Casa da Virgem (Meryem Ana).

Durante os primeiros quatro séculos, nada se escreveu sobre o fim da vida da Virgem Maria, embora se afirme, sem documentação sobrevivente, que a Festa da Dormição já era observada em Jerusalém logo depois do Concílio de Éfeso (431).[2]

Quando, no final do século V, quando as primeiras tradições sobre a Dormição começam a aparecer nos manuscritos, Stephen Shoemaker detectou[3] a repentina aparição de três distintas tradições narrativas descrevendo o final da vida de Maria (além de um punhado de outras atípicas): ele as chamou de "Palma da Árvore da Vida", "Belém" e "Copta".

Importância da festa

Na ortodoxia e no catolicismo, na linguagem das escrituras, a morte é geralmente chamada de "dormição" ou "cair no sono" (em gregoκοίμησις - coemetērium; de onde vem "cemitério", um lugar onde "dormem" os mortos). Um importante exemplo disto é o nome desta festa; outro é a dormição de Santa Ana, a Mãe de Maria. De acordo com as tradições ortodoxa e católica, Maria, tendo passado sua vida depois do Pentecostes apoiando e servindo a igreja nascente, estava vivendo na casa do apóstolo João em Jerusalém, quando o arcanjo Gabriel lhe revelou que sua morte ocorreria em três dias. Os doze apóstolos, que estavam espalhados pelo mundo, teriam então sido milagrosamente transportados para estar ao lado dela em seu leito de morte. A única exceção teria sido Tomé, que se atrasou. Acredita-se que ele tenha chegado três depois da morte dela, ele a teria visto partindo numa nuvem em direção ao céu. Tomé perguntou-lhe "Onde estás indo, ó Santificada?" Ela então tomou a sua cinta e deu-a para o apóstolo dizendo "Recebe isto, meu amigo!" e desapareceu.[4] Tomé foi levado para seus companheiros e pediu para ver o túmulo de Maria, de modo que pudesse se despedir dela. Maria havia sido enterrada no Getsêmani, a pedido dela. Quando eles chegaram ao túmulo, o corpo dela havia desaparecido e restava apenas uma doce fragrância. Uma aparição teria então confirmado que Jesus Cristo havia levado o corpo dela para o céu após três dias para que se reunisse com sua alma. A teologia ortodoxa ensina que a Teótoco já havia passado pela ressurreição que todos iremos experimentar na Segunda Vinda e está no céu num estado glorificado que os demais justos também experimentarão após o Juízo Final.[5]

Práticas litúrgicas

É comum em muitos lugares a bênção de perfumes no dia da Festa da Dormição. Em outros, o rito do "Enterro da Teótoco" é celebrado no mesmo dia, durante uma vigília de noite inteira. A ordem do serviço se baseia no Enterro de Cristo no Sábado de Aleluia. Um ícone de pano ricamente decorado - chamado Epitáfio - mostrando-a viva é utilizado, juntamente com um conjunto de hinos de lamentação especialmente compostos para a ocasião, que são cantados com o Salmo 119. O Epitáfio é colocado então num suporte e carregado em procissão da mesma forma que o Epitáfio de Cristo durante a Semana Santa.

Esta prática começou em Jerusalém e é de lá que foi levada para a Rússia, onde ela é seguida em várias catedrais dedicadas à Dormição, principalmente a Catedral da Dormição de Moscovo. A prática lentamente se espalhou entre os ortodoxos russos, embora não seja, de forma nenhuma, a prática padrão em todas as paróquias ou mesmo na maioria delas. Em Jerusalém, o serviço é cantado durante a Vigília da Dormição.

Jejum da Dormição

A Festa da Dormição é precedida por um jejum de duas semanas, chamado de "Jejum da Dormição". De 1 a 14 de agosto (inclusive), os ortodoxos e católicos orientais abstêm-se de carne vermelha, carne de aves, produtos derivados de carne, ovos e leite, peixe, azeite e vinho. Este jejum é mais estrito que o Jejum da Natividade (no Advento) e que o Jejum dos Apóstolos, permitindo o vinho e o óleo nos finais de semana (mas não o peixe). Assim como os outros jejuns durante o ano litúrgico, há sempre uma grande festa em seu decurso; neste caso, a Transfiguração (em 6 de agosto), dia em que se permite o peixe, vinho e óleo.

Em alguns lugares, os serviços litúrgicos nos dias de semana durante o jejum são similares aos da Grande Quaresma (com pequenas variações). Muitas igrejas e mosteiros de tradição russa geralmente o farão pelo menos no primeiro dia do Jejum da Dormição. Este dia é também um dia de festa conhecido como "Procissão da Santa Cruz" (1 de agosto), no qual é costume realizar uma procissão.

Morte de Maria na arte

Ver artigo principal: Morte da Virgem
Dormição da Virgem.
século XVI. Por El Greco, atualmente na Igreja da Dormição da Virgem em Siro, na Grécia.

A Dormição é conhecida como Morte da Virgem nos ciclos sobre a Vida da Virgem na arte católica, um tema relativamente comum, geralmente inspirado por modelos bizantinos, até o final da Idade Média. A "Morte da Virgem", de Caravaggio, de 1606, é provavelmente a última pintura famosa do tema no ocidente.

Ver também

Referências

  1.  Audiência geral - 25 de junho de 1997, secções 3 e 4
  2.  Um exemplo representativo do pensamento maioritário ortodoxo é oferecido por Sophia Fotopoulou: "Não temos nenhuma data histórica para indicar quanto tempo a Mãe de Deus permaneceu na terra após a Ascensão de Jesus ao céu e nem quando, onde ou como ela morreu, pois os evangelhos nada falam sobre isso. A base para a Festa da Dormição é a santa tradição da Igreja, que data da era apostólicaescritos apócrifos, a fé constante do povo de Deus e a opinião unânime que os Padres e os Doutores da Igreja do primeiro milénio do cristianismo." "The Dormition of the Theotokos".
  3.  Stephen J. Shoemaker, 2003. Ancient Traditions of the Virgin Mary's Dormition and Assumption (Oxford University Press).
  4.  «Dormition (Keemeesis) of the Theotokos»The Life of the Virgin Mary, The Theotokos. Holy Apostles Convent and Dormition Skete. Consultado em 6 de maio de 2011. Arquivado do original em 17 de maio de 2011
  5.  Ware, Archimandrite Kallistos; Mary, Mother (1984), The Festal MenaionISBN 0-571-11137-8, London: Faber and Faber, p. 64

Bibliografia

Ligações externas

SÃO BASILIO, O LOUCO POR CRISTO - 15 DE AGOSTO DE 2024

 

Basílio, o Louco por Cristo

 Nota: Para outros santos de mesmo nome, veja São Basílio (desambiguação).
São Basílio, o Louco por Cristo
São Basílio, A Oração.
1994. Por Sergei Alekseevich Kirillov.
Louco por Cristo
Nascimentoc. dezembro de 1469
YelokhovoRússia
Morte2 de agosto de 1552 ou 2 de agosto de 1559
MoscouRússia
Veneração porIgreja Ortodoxa
BeatificaçãoMoscou
por Patriarca Jó de Moscou
Canonização1580
Principal temploCatedral de São Basílio, na Praça Vermelha, em Moscou
Festa litúrgica15 de agosto
Atribuiçõesvestido em trapos ou nu
 Portal dos Santos

Basílio, o Louco por Cristo ou Basílio, o Bem-aventurado (em russoВасилий БлаженныйVasily Blazhenny) (Yelokhovodezembro de 1468/1469 - Moscou2 de agosto de 1552/1559) é um santo russo ortodoxo conhecido por sua loucura por Cristo (yurodivy).

Vida e obras

Ele nasceu servo em dezembro de 1468 ou 1469 em Yelokhovo, então nas redondezas de Moscou (e hoje dentro da cidade). Seu pai se chamava Jacó e sua mãe, Ana. De acordo com a tradição, ele teria nascido no pórtico da igreja paroquial.

Originalmente um aprendiz de sapateiro em Moscou, ele adotou um estilo de vida excêntrico baseado em pequenos roubos para doar aos pobres. Ele andava nu e carregava pesadas correntes. São Basílio também ficou famoso por repreender Ivã, o Terrível, por não dar a devida atenção ao estado da igreja (o edifício) e por seu comportamento violento para com os inocentes.

Quando ele morreu, em 2 de agosto de 1552 (ou 1557), São Macário, o metropolita de Moscou, compareceu ao seu funeral com muitos membros do clero. O próprio Ivã ajudou a carregar seu caixão até o cemitério. Basílio está atualmente sepultado na Catedral de São Basílio, em Moscou, que foi encomendada por Ivã para homenagear o santo recém-falecido.

Bibliografia

  • Attwater, Donald and Catherine Rachel John. The Penguin Dictionary of Saints. 3rd edition. New York: Penguin Books, 1993. ISBN 0-14-051312-4. (em inglês)

Ligações externas

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NOSSA SENHORA DA VITÓRIA - 15 DE AGOSTO DE 2024

 

Nossa Senhora da Vitória

Nossa Senhora da Vitória
Nossa Senhora da Vitória
Senhora da Vitória
Padroeira de Málaga
Padroeira do Club de Regatas Vasco da Gama

Venerada na Capela Nossa Senhora da Vitória em Carragosela na freguesia de Cavernães, conselho de Viseu, chamado dia da celebração das 7 Senhoras.

Instituição da festa8 de fevereiro de 1943
Venerada pelaIgreja Católica
Festa litúrgica15 de agosto
Padroeira dede MálagaSão Luís (MA)Vitória (ES)Vitória da Conquista (BA)Ilhéus (BA)Oeiras (PI)Santa Vitória (MG) e do Club de Regatas Vasco da Gama

Nossa Senhora da Vitória é um título mariano católico venerado em Portugal, em particular na Freguesia de Famalicão, concelho da NazaréPortugal.

Na paróquia de Famalicão, um dos antigos cultos populares é a Nossa Senhora do Livramento, a qual se encontrava num pequeno nicho junto à estrada, na localidade de Quinta Nova. Esta imagem foi venerada por muitos, que por ela passavam em direcção à Nazaré. Mais tarde, teve de ser recolhida para a casa da proprietária do terreno, devido a assaltos e vandalismos.

Do culto à Senhora da Vitória em Famalicão no concelho da Nazaré, sabe-se que foi trazido pelas gentes da Praia das Paredes da Vitória, que no início do século XVI se vieram fixar, trazendo com eles o culto de Nossa Senhora da Vitória.

A primitiva Imagem da Senhora da Vitória não chegou até aos nossos dias, mas podemos ver a bandeira com a respectiva imagem, a qual facilmente se constata que tem pouco a ver com a imagem que hoje se venera, e que é datada do século XVIII.

Escultura em madeira policromada de regular qualidade, com olhos de vidro, representando a Virgem Maria com o Menino ao colo, assente numa nuvem com várias cabecinhas de anjo, sob a invocação de Nossa Senhora da Vitória, evocando a vitória da vida sobre a morte, entre o bem e o mal. Sobre o ombro esquerdo pende um manto azul bordado a efeitos vegetativos dourados, que cai em ligeiras pregas até aos pés. No seu braço esquerdo segura o Menino, de largos caracóis louros. A Imagem foi ao longo dos tempos se degradando, tendo sido feitos alguns trabalhos de restauro, os quais lhe foram retirando a pintura inicial. Foi restaurada profundamente em 20 de Maio de 2005, aquando da comemoração dos 100 anos da sua Coroação, tendo sido feito um trabalho de limpeza até à própria madeira, sendo posteriormente pintada com as cores originais.

Altar de Nossa Senhora das Vitórias na Catedral Metropolitana de Maceió, Alagoas.

Da herança que nos chega até hoje, só se pode ver a inúmera quantidade de ouro e mantos, entre outros objectos, que ao longo dos anos, o povo da Paróquia ofereceu à sua Padroeira.

A festa de Nossa Senhora da Vitória tem lugar no segundo Domingo de Agosto, trazendo consigo inúmeros romeiros.

No Brasil, Nossa Senhora da Vitória é a padroeira oficial do Club de Regatas Vasco da Gama, que possui fortes conexões com a cultura portuguesa e do Esporte Clube Vitória, que possui uma capela com a imagem da sua padroeira no Barradão.

Catedral Metropolitana de São Luís do Maranhão é dedicada à santa, foi edificada a partir de 1690 pela Companhia de Jesus, instalada no Maranhão desde os inícios do século XVII. Ainda no Brasil existe a devoção a Nossa Senhora da Vitória em Oeiras, a primeira capital do Piauí, tendo sido elevada a freguesia em 1696. A igreja primitiva foi substituída por um novo templo, concluído em 1733. No século XX Nossa Senhora da Vitória foi eleita padroeira do estado do Piauí. É a padroeira da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo e a Catedral a tem por padroeira.

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