terça-feira, 25 de junho de 2024

FREI ANTONIO DAS CHAGAS - (ANTONIO DA FONSECA SOARES ou PADRE ANTÓNIO DA FONSECA) - FRADE FRANCISCANO E POETA - 1631 - 25 DE JUNHO DE 2024

 

Frei António das Chagas

Frei António das Chagas, de seu nome António da Fonseca Soares, também conhecido por Padre António da Fonseca, (Vidigueira, 25 de Junho de 1631 – Varatojo - Torres Vedras, 20 de Outubro de 1682) foi um frade franciscano e poeta português, destacando-se na história portuguesa mais pela sua faceta literária que propriamente eclesiástica.

Frei António das Chagas

A vida

O homem do mundo

Frei António das Chagas, de seu nome António da Fonseca Soares, também conhecido por Padre António da Fonseca, nasceu na Vidigueira (Portugal) a 25 de Junho de 1631, filho de pai português, fidalgo e juiz de profissão, e mãe irlandesa.

Passou a sua infância e juventude no Alentejo e estudou no Colégio dos Jesuítas em Évora, não tendo concluído os estudos devido à morte do pai, tinha então António 18 anos, forçando-o a regressar à Vidigueira. É então que se alista no exército, em plena Guerra da Restauração, iniciando uma carreira militar promissora.

António da Fonseca Soares participa na Guerra da Restauração, mas a sua fama vem-lhe da veia poética, ficando conhecido pela associação das armas e das letras como o Capitão das Boninas.

Despertos os sentidos para as questões amorosas e para a poesia, envolveu-se nas mais diversas aventuras, cometendo todo o tipo de excessos, fruto do seu temperamento impetuoso.

Em 1653, com 22 anos de idade, um desses episódios obrigou-o a fugir para o Brasil, perseguido pela justiça por ter causado a morte de um rival, em duelo. Passou três anos na Baía, sem alterar o seu modo de vida irreverente. Um texto de Frei Luís de Granada sensibilizou-o para a fé e para Deus.

De regresso a Portugal, em 1656, voltou a participar activamente na Guerra da Aclamação ou da Restauração, foi promovido a capitão em Setúbal, como reconhecimento pelo seu valor.

O religioso

Em maio de 1662, com 31 anos de idade, renunciou à vida militar e abraçou os votos monásticos na Ordem de São Francisco em Évora.

Desde então, António da Fonseca Soares passou a ser Frei António das Chagas.

Dedicou o resto da sua vida ao evangelho e a pregar a fé, com o ardor e a paixão que o caracterizavam. Tornou-se pregador vigoroso e algo exagerado. Correu as terras do Alentejo e Algarve em andanças missionárias. Estendeu as suas viagens de pregação ao centro e norte do país, incluindo a Corte.

A personalidade de Frei António das Chagas exerceu sobre os seus contemporâneos um fascínio perturbador, resultante, sem dúvida, do seu estatuto de homem mundano convertido à causa de Deus. O empenho combativo e radical de Frei António das Chagas contrastava grandemente com a ligeireza e o relaxamento de costumes que, com alardeamento público, vivera na juventude. A sua atitude penitente sob o hábito de S. Francisco bastava para atrair multidões aos lugares por onde passasse. A busca de efeitos teatrais, a ênfase e a demagogia do discurso de Frei António das Chagas foram alvo de inúmeras críticas, inclusive, do Padre António Vieira e de D. Francisco Manuel de Melo, seus contemporâneos.

Em 1680, Frei António das Chagas desvincula-se da Província Franciscana dos Algarves, no cumprimento das determinações do Breve Apostólico de Inocêncio XI, de 23 de novembro de 1679.

Passa a viver no Varatojo, convento que doravante e até 1833 passou a Seminário Apostólico das Missões (da Ordem dos Franciscanos), com estudos e disciplina apropriados, cuja iniciativa se deve a Frei António das Chagas, o antigo capitão António da Fonseca Soares.

Na sequência do prestígio apostólico do Varatojo, fundou em 1682 o Convento de Nossa Senhora dos Anjos de Brancanes, em Setúbal, para nele se formarem também missionários.

Faleceu a 20 de outubro de 1682, no Varatojo. Os seus restos mortais repousam em campa rasa no centro da Sala do Capítulo do Convento.

O poeta e o pregador

Frei António das Chagas foi um homem ousado e de génio arrebatado que deixou lendárias muitas das suas proezas. A sua vida e obra ilustram bem a mentalidade barroca da época, ambas cheias de contrastes e peripécias.

Poeta e prosador, deixou em quase todos os cancioneiros manuscritos da época, nomeadamente nos dois mais importantes, a Fénix Renascida e o Postilhão de Apolo, obras suas.

Escreveu nos mais diversos géneros poéticos: sonetos, madrigais, romances, décimas, glosas e dois poemas heróicos — Mourão Restaurado[nota 1] e Canto Panegírico à Vitória de Elvas.

A perfeição das formas e a temática dos seus poemas centra-se sobretudo na efemeridade da vida, nos desenganos a que estamos sujeitos, mas também em assuntos de circunstância, o que denotam o gosto pela imitação de Gôngora.

Bastante apreciado como poeta, atingiu também grande fama como pregador, devido ao modo pouco convencional de pregar. Na pregação, havia quem lhe estranhasse a forma como organizava as procissões de penitência e como se esbofeteava no púlpito, chegando a atirar com o crucifixo para cima do auditório, desde que isso fizesse passar a sua mensagem de uma forma mais clara.

Os seus sermões, sem as agudezas do cultismo e conceptismo, estão reunidos nos Sermões Genuínos, embora as Cartas Espirituais, sejam consideradas a sua obra-prima. Composta por 268 cartas escritas num estilo pitoresco, a obra dá a conhecer melhor o homem que em Lisboa era tratado pelo singelo nome de o fradinho, e coloca-o entre os grandes cultores da prosa barroca.

Conta e Tempo

Deus pede estrita conta de meu tempo.

E eu vou do meu tempo, dar-lhe conta.

Mas, como dar, sem tempo, tanta conta

Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?

Para dar minha conta feita a tempo,

O tempo me foi dado, e não fiz conta,

Não quis, sobrando tempo, fazer conta,

Hoje, quero acertar conta, e não há tempo.

Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta,

Não gasteis vosso tempo em passatempo.

Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta!

Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo,

Quando o tempo chegar, de prestar conta

Chorarão, como eu, o não ter tempo...

Frei António das Chagas, in 'Antologia Poética'

Obras da fase de religioso

  • Faíscas de Amor Divino, 1683
  • Espelho do Espírito, 1683;
  • Obras Espirituais, 1684;
  • Cartas Espirituais, 1.a parte 1684, 2.a parte 1687
  • Escola de Penitência, 1687
  • Sermões Genuínos, 1690;
  • Semana Santa Espiritual, Ramalhete Espiritual, 1722.

Notas

  1.  Refere-se à tomada da vila da Mourão, e foi dedicado ao seu comandante Joanne Mendes de VasconcellosCHAGAS, António das, O.F.M. 1631-1682, Mouram restaurado em 29. de Outubro de 1657 : offerecido ao senhor Joanne Mendes de Vasconcellos, Tenente General da Provincia do Alemtejo / por Antonio da Fonseca Soares. - Lisboa : na officina de Henrique Valente de Oliveira, impressor delRey nosso Senhor, 1658.

Referências

Fontes

Ligações externas

SÃO PRÓSPERO DA AQUITÂNIA - 25 DE JUNHO DE 2024

 

Próspero da Aquitânia

São Próspero da Aquitânia
Nascimentoc. 390
Gália Aquitânia
Morte465 (75 anos)
Prefeitura pretoriana da Itália
Veneração porIgreja Católica
Festa litúrgica25 de junho[1]7 de julho[2]
 Portal dos Santos

Próspero da Aquitânia (em latimProsper Aquitanus) ou Próspero Tiro (c. 390 – c. 465) foi um escritor cristão e discípulo de Agostinho de Hipona.

Próspero era natural da Aquitânia e parece ter sido educado em Marselha. Em 431 ele apareceu em Roma para entrevistar o Papa Celestino I sobre os ensinamentos de Agostinho; não há nenhum traço dele até 440, o primeiro ano do pontificado do Papa Leão I, que tinha estado na Gália, onde deve ter encontrado Próspero. De qualquer forma, Próspero logo estava em Roma, ligado ao papa em alguma posição de secretário. Genádio de Marselha (De script. eccl. 85) repete a tradição de que Próspero ditou as famosas cartas de Leão I contra Eutiques. A data de sua morte não é conhecida, mas sua crônica apareceu em 455, e o fato do cronista Conde Marcelino mencioná-lo no ano de 463 parece indicar que sua morte ocorreu pouco depois desta data.

Próspero era um leigo, mas impôs a si mesmo o ardor das controvérsias religiosas de sua época, defendendo Agostinho e propagando a ortodoxia. Os pelagianos foram atacados num apaixonante poema de cerca de 1000 linhas, Adversus ingratos, escrito em cerca de 430. O tema, dogma quod ... pestifero vomuit coiuber sermone Britannus, é realçado por um tratamento carente de ânimo e em medidas clássicas.

Neste período, também (cerca de 429), Próspero escreve uma carta a seu amigo Rufino – Ad Rufinum de gratia et libero arbitrio – na qual refuta a acusação de que teria se tornado um pelagiano, defendendo, mais uma vez, o pensamento agostiniano (Pollastri, 1234).

Após a morte de Agostinho ele escreveu uma três séries de defesas agostinianas, especialmente contra Vicente de Lérins (Pro Augustino responsiones).

Seu principal trabalho foi contra Collatio de João Cassiano, seu De gratia del ut libero arbitrio (432). Ele também induziu o Papa Celestino a publicar uma Epistola ad episcopos Gallorum contra Cassiano. Ele havia antes iniciado uma correspondência com Agostinho, junto com seus amigos Tiro e Hilário de Arles, e embora ele não o tenha encontrado pessoalmente, seu entusiasmo pelo grande teólogo o levou a fazer um resumo de seus comentários sobre os Salmos, assim como de uma coleção de sentenças de seus trabalhos – provavelmente a primeira compilação dogmática do tipo na qual Liber sententiarum de Pedro Lombardo é o exemplo mais conhecido. Ele também investiu em um poema elegíaco, em 106 epigramas, alguns dos provérbios teológicos de Agostinho.

Muito mais importante historicamente que esses é o seu Epitoma chronicon. É uma indiscreta compilação de São Jerônimo na parte inicial, e de outros escritores no resto, mas a falta de outras fontes o torna muito valioso para o período entre 425 e 455. Havia cinco diferentes edições, a última delas datando de 455, exatamente depois da morte de Valentiniano III. Por um longo período a Chronicon imperiale também foi atribuída a Próspero, mas sem justificativa. É completamente independente da realidade de Próspero, e em parte mostra até mesmo tendências e simpatias pelagianas.

Referências

  1.  «Saint Prosper» (em inglês). Catholic.org
  2.  Oxford Index

Bibliografia

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