terça-feira, 23 de abril de 2024

DIA INTERNACIONAL DA BIODIVERSIDADE - 23 DE ABRIL DE 2024

 

Biodiversidade

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Biodiversidade de um recife de coral.
Florestas húmidas são um exemplo de biodiversidade do planeta e, normalmente, possuem uma grande biodiversidade de espécies.
Exemplos de anfíbios.

Biodiversidade, ou diversidade biológica, pode ser definida como a variabilidade entre os seres vivos de todas as origens, a terrestre, a marinha e outros ecossistemas aquáticos, e os complexos ecológicos dos quais fazem parte. Essa variabilidade aparece apenas como resultado da natureza em si, sem sofrer intervenção humana. Assim, ela pode variar de acordo com as diferentes regiões ecológicas. Refere-se, portanto, à variedade de vida no planeta Terra, incluindo a variedade genética dentro das populações e espécies, a variedade de espécies da flora, da fauna, de fungos microscópicos e de micro-organismos.[1]

Pode-se compreender, do termo "conservação", a manutenção dos recursos que constituem a terra, bem como os seres vivos que a compõem, dentre eles, o homem.[2] Difere-se da preservação (que exclui o fator humano para que seja possível a manutenção supracitada), considerando que o homem, principal responsável pela degradação do meio ambiente, é parte dele.

Em ecologia, a conservação se refere aos estudos direcionados à conservação de fauna e flora de um ambiente, podendo ser a respeito de diversos grupos ou direcionado à espécies individuais envolvendo seu nicho e habitat.[3] Ela se baseia em alguns pressupostos, incluindo que a diversidade biológica e a evolução são positivas, e que a diversidade biológica tem valor por si só.[4] A diversidade biológica, mesmo sem que haja ação antrópica, não se mantém inalterada ao longo do tempo, ela muda e se adapta de acordo com as variações do ambiente que a compõe.[5] No entanto, as ações antrópicas podem agravar alguns problemas ambientais, como a alteração e perda de habitats, exploração predatória de recursos, introdução de espécies exóticas em diferentes ecossistemas, aumento de patógenos e tóxicos ambientais e as mudanças climáticas.[6]

Essa área de estudo tem como seus principais objetivos entender os efeitos dessas ações antrópicas no ecossistema, além de também apresentar um papel muito importante na reintrodução de espécies ameaçadas.[7] Um ambiente ecologicamente conservado proporciona uma diversidade de recursos muito maior para ser consumida, assim, a busca de um ecossistema equilibrado é vantajosa para todos os seres que dele usufruem direta ou indiretamente.[8]

A biodiversidade refere-se tanto ao número de diferentes categorias biológicas quanto à abundância relativa (equitatividade) dessas categorias. E inclui variabilidade ao nível local, complementaridade biológica entre habitats e variabilidade entre paisagens. Ela inclui, assim, a totalidade dos recursos vivos, ou biológicos, e dos recursos genéticos, e seus componentes. A espécie humana depende da biodiversidade para a sua sobrevivência.

A biologia de conservação busca integrar políticas de conservação com as teorias que provêm de diversos campos científicos que dão alicerce para a biologia da conservação, sendo elas, ecologiademografiabiologia populacionalgenéticataxonomia e também de ciências de outros campos, como a economiageografiaantropologiasociologia e outras. Essa união ocorre para que haja o estabelecimento de métodos efetivos para solucionar alguns dos problemas que a biologia da conservação precisa resolver.[4][7] Um exemplo da importância dessa interdisciplinaridade é a implementação de unidades de conservação, que abrange muitos fatores além dos ecológicos, como o fator sociocultural dos moradores das regiões que são implementadas como tais unidades.[9]

O termo foi criado por Thomas Lovejoy,[10] mas não há uma definição consensual de biodiversidade. Uma definição é: "medida da diversidade relativa entre organismos presentes em diferentes ecossistemas". Esta definição inclui diversidade dentro da espécie, entre espécies e diversidade comparativa entre ecossistemas.

Outra definição, mais desafiante, é "totalidade dos genes, espécies e ecossistemas de uma região". Esta definição unifica os três níveis tradicionais de diversidade entre seres vivos:

Abordagens da biodiversidade

Uma amostragem de fungoslíquenes e musgos, coletados durante o Verão de 2008 na floresta do norte de Saskatchewan, perto de La Ronge. É um exemplo de diversidade biológica.
  • Para os biólogos geneticistas, a biodiversidade é a diversidade de genes e organismos. Eles estudam processos como mutação, troca de genes e a dinâmica do genoma, que ocorrem ao nível do DNA e constituem, talvez, a evolução.
  • Para os biólogos zoólogos ou botânicos, a biodiversidade não é só apenas a diversidade de populações de organismos e espécies, mas também a forma como estes organismos funcionam. Organismos surgem e desaparecem. Locais são colonizados por organismos da mesma espécie ou de outra. Algumas espécies desenvolvem organização social ou outras adaptações com vantagem evolutiva. As estratégias de reprodução dos organismos dependem do ambiente.
  • Para os ecólogos, a biodiversidade é também a diversidade de interações duradouras entre espécies. Isto se aplica também ao biótipo, seu ambiente imediato, e à ecorregião em que os organismos vivem. Em cada ecossistema os organismos são parte de um todo, interagem uns com os outros mas também com o ar, a água e o solo que a cultura humana tem sido determinada pela biodiversidade, e ao mesmo tempo as comunidades humanas têm dado forma à diversidade da natureza nos níveis genético, das espécies e ecológico.

A biodiversidade é fonte primária de recursos, fornecendo comida (colheitas, animais domésticos, recursos florestais e peixes), fibras para roupas, madeira para construções, remédios e energia. Esta "diversidade de colheitas" é também chamada agro biodiversidade.

Os ecossistemas também nos fornecem "suportes de produção" (fertilidade do solo, polinizadoresdecompositores de resíduos, etc.) e "serviços" como purificação do ar e da água, moderação do clima, controle de inundações, secas e outros desastres ambientais.

Se os recursos naturais são de interesse econômico para o Homem, a importância econômica da biodiversidade é também crescentemente percebida. Novos produtos são desenvolvidos graças a biotecnologias, criando novos mercados. Para a sociedade, a biodiversidade é também um campo de trabalho e lucro. É necessário estabelecer um manejo sustentável destes recursos.[11]

Pontos críticos da biodiversidade

Diversas espécies epífitas numa floresta úmida da América Central. Os ecossistemas da zona intertropical albergam a maior parte da biodiversidade mundial actual.

Um "ponto crítico" (hot spot) de biodiversidade é um local com muitas espécies endêmicas. Ocorrem geralmente em áreas de impacto humano crescente. Esses impactos estão relacionados com atividades relevantes para a economia brasileira como a agropecuária, as exportações e importações, extrativismo e pesca.[12]

A maioria deles está localizada nos trópicos.

Alguns deles:

  • O Brasil tem 1/5 da biodiversidade mundial, com 50 000 espécies de plantas, 5 000 de vertebrados, 10-15 milhões de insetos, milhões de micro-organismos;
  • A Índia apresenta 8% das espécies descritas, com 47 000 espécies de plantas e 81 000 de animais.

Biodiversidade: tempo e espaço

A biodiversidade não é estática. É um sistema em constante evolução tanto do ponto de vista das espécies como também de um só organismo. A meia-vida média de uma espécie é de um milhão de anos e 99% das espécies que já viveram na Terra estão hoje extintas.

A biodiversidade não é distribuída igualmente na Terra. Ela é, sem dúvida, maior nos trópicos. Quanto maior a latitude, menor é o número de espécies, contudo, as populações tendem a ter maiores áreas de ocorrência. Este efeito que envolve disponibilidade energética, mudanças climáticas em regiões de alta latitude é conhecido como efeito Rapoport.

Existem regiões do globo onde há mais espécies que outras. A riqueza de espécies tendem a variar de acordo com a disponibilidade energética, hídrica (clima, altitude) e também pelas suas histórias evolutivas.

O valor econômico da biodiversidade

Floresta e exemplo de epifitismo.

Ecólogos e ambientalistas são os primeiros a insistir no aspecto econômico da protecção da diversidade biológica. Deste modo, Edward Osborne Wilson escreveu em 1992 que a biodiversidade é uma das maiores riquezas do planeta, e, entretanto, é a menos reconhecida como tal (la biodiversité est l'une des plus grandes richesses de la planète, et pourtant la moins reconnue comme telle).

A maioria das pessoas vê a biodiversidade como um reservatório de recursos que devem ser utilizados para a produção de produtos alimentícios, farmacêuticos e cosméticos. Este conceito do gerenciamento de recursos biológicos provavelmente explica a maior parte do medo de se perderem estes recursos devido à redução da Biodiversidade. Entretanto, isso é também a origem de novos conflitos envolvendo a negociação da divisão e apropriação dos recursos naturais.

Uma estimativa do valor da biodiversidade é uma pré-condição necessária para qualquer discussão sobre a distribuição da riqueza da Biodiversidade. Estes valores podem ser divididos entre:

  • valor intrínseco – todas as espécies são importantes intrinsecamente, por uma questão de ética;
  • valor funcional – cada espécie tem um papel funcional no ecossistema. Por exemplo, predadores regulam a população de presas, plantas fotossintetizantes participam do balanço de gás carbônico na atmosfera, etc.;
  • valor de uso directo – muitas espécies são utilizadas directamente pela sociedade humana, como alimentos ou como matérias primas para produção de bens;
  • valor de uso indirecto – outras espécies são indirectamente utilizadas pela sociedade. Por exemplo criar abelhas em laranjais favorece a polinização das flores de laranja, resultando numa melhor produção de frutos;
  • valor potencial – muitas espécies podem futuramente ter um uso directo, como por exemplo espécies de plantas que possuem princípios activos a partir dos quais podem ser desenvolvidos medicamentos.

Em um trabalho publicado na Nature em 1997, Constanza e colaboradores estimaram o valor dos serviços ecológicos prestados pela natureza. A ideia geral do trabalho era contabilizar quanto custaria por ano para uma pessoa ou mais, por exemplo, polinizar as plantas ou, ainda, quanto custaria para construir um aparato que servisse como mata ciliar, a fim de evitar o assoreamento dos rios. O trabalho envolveu vários "serviços" ecológicos e chegou a uma cifra média de 33 000 000 000 000 dólares estadunidenses por ano, duas vezes o produto interno bruto mundial.

Como medir a biodiversidade?

Do ponto de vista previamente definido, nenhuma medida objectiva isolada de biodiversidade é possível, apenas medidas relacionadas com propósitos particulares ou aplicações.

Para os conservacionistas práticos, essa medida deveria quantificar um valor que é, ao mesmo tempo, altamente compartilhado entre as pessoas localmente afetadas.

Para outros, uma definição mais abrangente e mais defensável economicamente, é aquela cujas medidas deveriam permitir a assegurar possibilidades continuadas tanto para a adaptação quanto para o uso futuro pelas pessoas, assegurando uma sustentabilidade ambiental. Como consequência, os biólogos argumentaram que essa medida é possivelmente associada à variedade de genes. Uma vez que não se pode dizer sempre quais genes são mais prováveis de serem mais benéficos, a melhor escolha para a conservação ambiental é assegurar a persistência do maior número possível de genes.

Para os ecólogos, essa abordagem às vezes é considerada inadequada e muito restrita.

Inventário de espécies

sistemática mede a biodiversidade simplesmente pela distinção entre espécies. Pelo menos 1,75 milhões de espécies foram descritas; entretanto, a estimativa do verdadeiro número de espécies existentes varia de 3,6 para mais de 100 milhões. Diz-se que o conhecimento das espécies e das famílias tornou-se insuficiente e deve ser suplementado por uma maior compreensão das funções, interações e comunidades. Além disso, as trocas de genes que ocorrem entre as espécies tendem a adicionar complexidade ao inventário.[13]

A biodiversidade está ameaçada

Durante as últimas décadas, uma grande erosão da biodiversidade vem sendo observada. A maioria dos biólogos acredita que uma extinção em massa está a caminho. Apesar de divididos a respeito dos números, muitos cientistas acreditam que a taxa de perda de espécies é maior agora do que em qualquer outra época da história da Terra.

Alguns estudos mostram que cerca de 12,5% das espécies de plantas conhecidas estão sob ameaça de extinção.[14] Alguns dizem que cerca de 20% de todas as espécies viventes podem desaparecer em 30 anos. Quase todos dizem que as perdas são decorrentes das atividades humanas, em particular a destruição dos habitats de plantas e animais.

Alguns justificam a situação não tanto pelo sobre uso das espécies ou pela degradação do ecossistema quanto pela conversão deles em ecossistemas muito padronizados (exemplo: monocultura seguida de desmatamento). Antes de 1992, outros mostraram que nenhum direito de propriedade ou nenhuma regulamentação de acesso aos recursos necessariamente leva à diminuição dos processos de degradação, a menos que haja apoio da comunidade.

Entre os dissidentes, alguns argumentam que não há dados suficientes para apoiar a visão de extinção em massa, e dizem que extrapolações abusivas são responsáveis pela destruição global de florestas tropicaisrecifes de coraismangues e outros habitats ricos. No entanto, esses não encontram base científica sólida para suas alegações, diante da acumulação de evidências sobre o intenso declínio na riqueza biológica do planeta e sobre a destruição ou degradação de inúmeros ecossistemas. Apesar disso, há influentes grupos de pressão econômica e política que alimentam uma ruidosa controvérsia artificial no intuito deliberado de confundir a opinião pública.

domesticação de animais e plantas em larga escala é um fator histórico de degradação da biodiversidade, gerando a seleção artificial de espécies, onde alguns seres vivos são selecionados e protegidos pelo homem em detrimento de outros.[15]

Manuseio da biodiversidade: ação, preservação e proteção

Silo Global de Sementes de Svalbard, criado em 2008 para conservar ex-situ sementes de plantas cultiváveis de todo o mundo.[16]

Nas últimas décadas observou-se uma preocupação crescente com questões ambientais globais devido principalmente a degradação do meio ambiente e práticas não-sustentáveis. Apesar de não haver consenso quanto ao tamanho e ao significado da extinção atual, muitos consideram a biodiversidade essencial.[17]

Há basicamente dois tipos principais de opções de conservação, conservação in-situ e conservação ex-situ. A in-situ é geralmente vista como uma estratégia de conservação elementar. Entretanto, sua implementação é às vezes impossível. Por exemplo, a destruição de hábitats de espécies raras ou ameaçadas de extinção às vezes requer um esforço de conservação ex-situ. Além disso, a conservação ex-situ pode dar uma solução reserva para projectos de conservação in-situ. Alguns acham que ambos os tipos de conservação são necessários para assegurar uma preservação apropriada.

Um exemplo de um esforço de conservação in-situ é a construção de áreas de proteção. Um exemplo de um esforço de conservação ex-situ, ao contrário, seria a plantação de germoplasma em bancos de sementes. Tais esforços permitem a preservação de grandes populações de plantas com o mínimo de erosão genética.

A ameaça da diversidade biológica estava entre os tópicos mais importantes discutidos na Conferência Mundial da Organização das Nações Unidas para o desenvolvimento sustentável, na esperança de ver a fundação da Global Conservation Trust para ajudar a manter as coleções de plantas.[18]

Estatuto jurídico da biodiversidade

A biodiversidade deve ser avaliada e sua evolução, analisada (através de observações, inventários, conservação...) e levada em consideração nas decisões políticas. Está começando a receber uma direção jurídica:

  • A relação "Leis e ecossistema" é muito antiga e tem consequências na biodiversidade. Está relacionada aos direitos de propriedade pública e privada. Pode definir a proteção de ecossistemas ameaçados, mas também alguns direitos e deveres (por exemplo, direitos de pesca, direitos de caça);
  • "Leis e espécies" é um tópico mais recente. Define espécies que devem ser protegidas por causa da ameaça de extinção. Algumas pessoas questionam a aplicação dessas leis;
  • "Lei e genes" tem apenas um século. Enquanto a abordagem genética não é nova (domesticação, métodos tradicionais de seleção de plantas), o progresso realizado no campo da genética nos últimos 20 anos leva à obrigação de leis mais rígidas. Com as novas tecnologias da genética e da engenharia genética, as pessoas estão pensando sobre o patenteamento de genes, processos de patenteamento, e um conceito totalmente novo sobre o recurso genético. Um debate muito caloroso, hoje em dia, procura definir se o recurso é o gene, o organismo, o DNA ou os processos.

convenção de 1972 da UNESCO estabeleceu que os recursos biológicos, tais como plantas, eram uma "herança comum da humanidade". Essas regras provavelmente inspiraram a criação de grandes bancos públicos de recursos genéticos, localizados fora dos países-recursos.

Novos acordos globais (Convenção sobre Diversidade Biológica), dão, agora, direito nacional soberano sobre os recursos biológicos (não propriedade). A ideia de conservação estática da biodiversidade está desaparecendo e sendo substituída pela ideia de uma conservação dinâmica, através da noção de recurso e inovação.

Os novos acordos estabelecem que os países devem conservar a biodiversidade, desenvolver recursos para sustentabilidade e partilhar os benefícios resultantes de seu uso. Sob essas novas regras, é esperado que o bio prospecto ou coleção de produtos naturais tem que ser permitido pelo país rico em biodiversidade, em troca da divisão dos benefícios.

Princípios soberanos podem depender do que é melhor conhecido como Access and Benefit Sharing Agreements (ABAs). O espírito da Convenção sobre Biodiversidade implica num consenso informado prévio entre o país fonte e o colector, a fim de estabelecer qual recurso será usado e para quê, e para decidir um acordo amigável sobre a divisão de benefícios. O bio prospecto pode vir a se tornar um tipo de Biopirataria quando esses princípios não são respeitados.

Ver também

Referências

  1.  Franco, José Luiz de Andrade (novembro de 2013). «O conceito de biodiversidade e a história da biologia da conservação:da preservação da wilderness à conservação da biodiversidade.». Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal, Brasil
  2.  CARVALHO, José Cândido de Melo. A Conservação da Natureza e Recursos Naturais no Mundo e no Brasil, In: Simpósio sobre Conservação da Natureza e Restauração do Ambiente Natural, publicado no Suplemento dos Anais da Academia Brasileira de Ciências, vol. 41, Rio de Janeiro, 30/09/1969, p. 7.
  3.  FRANCO, J. L. A. The concept of biodiversity and the history of conservation biology: from wilderness preservation to biodiversity conservation. Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal, Brasil. 2013.
  4. ↑ Ir para:a b Soulé, Michael E. "What is conservation biology? A new synthetic discipline addresses the dynamics and problems of perturbed species, communities, and ecosystems." BioScience 35.11 (1985).
  5.  Conservation Biology. Volume 18, N. 05, Outubro 2004.
  6.  ALHO, C. J. L. Importância da biodiversidade para a saúde humana: uma perspectiva ecológica. Dossiê Sustentabilidade . Scielo. Estud. av. vol.26 no.74. São Paulo, 2012.
  7. ↑ Ir para:a b BRITO, M. C. W. Apontamentos sobre a biologia da conservação. Terras Indígenas e Unidades de Conservação: O Desafio das Sobreposições . Instituto Socioambiental. São Paulo, 2004.
  8.  Primack, R.B.; Rodrigues, E. 2001. Biologia da Conservação , Editora Planta, Londrina, 2001, 327p.
  9.  FERREIRA, H. C. H.; CARNEIRO, M. J. Conservação ambiental, turismo e população local. Caderno EBAPE.BR. vol.3 no.3 Rio de Janeiro, 2005.
  10.  Tyler Prize. "2001 Tyler Laureates".
  11.  Haydée Torres de Oliveira, Flávia Torreã (julho de 2013). «Biodiversidade: abordagem de conceitos organizados em esferas que contemplam aspectos de conteúdos científicos, valores e atuação, na perspectiva de uma educação ambiental crítica.» (PDF). Unesp campus Rio Claro e campus Botucatu, USP Ribeirão Pretoe UFSCar. Consultado em 3 de agosto de 2017
  12.  PIRATELLI; FAVORETTO, BELLEMO. Biologia da Conservação - Uma Ciência Multidisciplinar. [S.l.: s.n.] 23 páginas
  13.  Freitas, Marcio Luiz Coelho de. «O valor da biodiversidade.» (PDF). Universidade Estadual do Amazonas. Consultado em 10 de agosto de 2017
  14.  Cristina Vargas Cadermartori. «Extinção em massa e a crise atual da biodiversidade: Lições do tempo profundo.» (PDF)
  15.  Camardelo, Ana Maria Paim (setembro de 2016). «A conservação da biodiversidade e o reconhecimento de grupos sociais:A formação de politica ambiental por meio dos conselhos municipais.». Universidade de Caxias do Sul, Brasil. Consultado em 3 de agosto de 2017
  16.  Mendes, Felipe (9 de março de 2018). «O cofre do fim do mundo»Isto É Dinheiro. Consultado em 17 de julho de 2019
  17.  Araújo, Miguel (1998). «A avaliação da biodiversidade e conservação» (PDF). Centro de Ecologia Aplicada, Universidade de Évora, P-7000 Évora. Consultado em 10 de agosto de 2017
  18.  «Politicas publicas em biodiversidade:Conservação e uso sustentado no país da megadiversidade»www.hottopos.com. Consultado em 10 de agosto de 2017

Ligações externas

SACADURA CABRAL (ARTUR DE SACADURA FREIRE CABRAL) - aviador - nasceu 1881 - 23 DE ABRIL DE 2024

 

Sacadura Cabral

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Artur de Sacadura Freire Cabral
Nome completoArtur de Sacadura Freire Cabral
Nascimento23 de maio de 1881
Celorico da BeiraSão Pedro
Morte15 de novembro de 1924 (43 anos)
Mar do Norte
Nacionalidadeportuguês
ProgenitoresMãe: Maria Augusta da Silva Esteves de Vasconcelos
Pai: Artur de Sacadura Freire Cabral
Ocupaçãoaviador

Artur de Sacadura Freire Cabral, mais conhecido por Sacadura Cabral GCTE • ComA • GCCa • MOBS (Celorico da BeiraSão Pedro23 de maio de 1881 — Mar do Norte15 de novembro de 1924) foi um aviador e oficial da Marinha Portuguesa.

Biografia

Era filho primogénito de Artur de Sacadura Freire Cabral (Celorico da Beira, São Pedro, 16 de outubro de 1855 — Lisboa, 19 de março de 1901) e de sua mulher (casados em Seia) Maria Augusta da Silva Esteves de Vasconcelos (ViseuSé Ocidental, 11 de julho de 1861 - Lisboa, 3 de abril de 1913), de família oriunda da Beira Interior.[1] Após os estudos primários e secundários assentou praça em 10 de novembro de 1897 como aspirante de marinha e frequentou a Sala do Risco, antecessora da atual Escola Naval, onde foi o primeiro classificado do seu curso. Foi promovido a segundo-tenente em 27 de abril de 1903, a primeiro-tenente a 30 de setembro de 1911, a capitão-tenente em 25 de abril de 1918 e, por distinção, a capitão-de-fragata em 1922. Terminado o seu curso, seguiu em 1901, a bordo do São Gabriel, para a Divisão Naval de Moçambique.

Serviu nas colónias no decurso da Primeira Guerra Mundial. Foi um dos primeiros instrutores da Escola Militar de Aviação, director dos serviços de Aeronáutica Naval e comandante de esquadrilha na Base Naval de Lisboa.

Unanimemente considerado um aviador distintíssimo pelas suas qualidades de coragem e inteligência, notabilizou-se a nível mundial, ultrapassando as insuficiências técnicas e materiais que na época se faziam sentir. Quando conheceu, em ÁfricaGago Coutinho, incentivou-o a dedicar-se ao problema da navegação aérea, o que levou ao desenvolvimento do sextante de bolha artificial. Juntos inventaram um "corretor de rumos" para compensar o desvio causado pelo vento. Realizou diversas travessias aéreas memoráveis, notabilizando-se especialmente em 1922, ao efectuar com Gago Coutinho, a primeira travessia aérea do Atlântico Sul.[2]

Busto de Sacadura Cabral (Museu de Marinha de Lisboa)

Navegou durante dois anos nas costas de Moçambique até que, em 1905, foi deliberado pelo governo que se procedesse a um levantamento hidrográfico rigoroso da baía de Lourenço Marques (hoje Maputo), em preparação da modernização do seu porto. Sacadura Cabral foi um dos oficiais escolhidos para este trabalho e, em colaboração com o seu camarada guarda-marinha, Bon de Sousa, fez uma carta hidrográfica do rio Espírito Santo e de trechos dos rios TembeUmbeluzi e Matola. Em 1906 e 1907 trabalhou como topógrafo na rectificação da fronteira entre o Transvaal e Lourenço Marques, serviço que foi feito em concorrência com os agrimensores ingleses do Transvaal.

Em 1907 chegou a Moçambique uma missão geodésica de que era chefe Gago Coutinho. No desempenho de missões geodésicas e geográficas, trabalharam juntos desde 1907 a 1910. Sacadura Cabral revelou nestes trabalhos as suas capacidades como geógrafo e astrónomo, bem como organizador.

Em 1911, concorreu aos serviços de Agrimensura de Angola, tendo sido nomeado para o lugar de subdirector destes serviços. Em Angola desempenhou vários serviços neste cargo, entre os quais observações astronómicas no Observatório de Angola e o reconhecimento da fronteira da Lunda. Em 1912 participou, com Gago Coutinho, na missão do Barotze, a fim de se delimitarem as fronteiras leste de Angola, o que foi feito em mais de 800 quilómetros. Sacadura Cabral regressou à metrópole em 1915.

Entretanto o Aero Club de Portugal procurava fazer propaganda da aviação e conseguiu que o governo abrisse um concurso para que os oficiais do exército e da marinha fossem enviados a várias escolas estrangeiras de aviação para nelas obterem o brevet de piloto aviador militar.

Sacadura Cabral foi para a França e deu entrada na Escola Militar de Chartres. Em 11 de novembro de 1915 realizou o seu primeiro voo como passageiro e, a 16 de janeiro de 1916 fez o seu primeiro voo como piloto. Em março fez as provas de brevet com aprovação. Ainda em França seguiu para a Escola de Aviação Marítima de Saint Raphael, onde se especializou em hidroaviões. Frequentou ainda várias escolas de aperfeiçoamento e esteve na Escola de Buc, pilotando aviões Blériot e Caudron G.3.

Terminada a sua aprendizagem em França, regressou a Portugal em agosto de 1916. Nesta altura estava a ser organizada a Escola de Aviação Militar em Vila Nova da Rainha e Sacadura Cabral foi aí incorporado como piloto instrutor. Entretanto, tendo o governo resolvido enviar para Moçambique uma esquadrilha de aviação para cooperar com o exército, na região do lago Niassa na defesa deste território em relação aos ataques alemães, Sacadura Cabral foi encarregado de adquirir em França o material necessário. Esta foi a primeira unidade de aviação constituída em Portugal.

Mapa da primeira travessia aérea do Atlântico Sul

Em seguida Sacadura Cabral foi encarregado de organizar a aviação marítima em Portugal, tendo sido nomeado, em 1918, director dos Serviços da Aeronáutica Naval e, a seguir, comandante da Esquadrilha Aérea da Base Naval de Lisboa. Em 1919 foi nomeado para fazer parte da Comissão encarregada de dar parecer sobre a melhor forma de pôr em prática um plano de navegação aérea. Foi, também, agraciado com a Medalha de Ouro de Bons Serviços.

Demonstrou, nesse mesmo ano, a viabilidade de vir a ser tentada a viagem aérea Lisboa-Rio de Janeiro, tendo sido nomeado para proceder aos estudos necessários para a sua efectivação. Foi então à Grã-Bretanha e Irlanda e à França, a fim de escolher o melhor material para equipar a Aviação Marítima, e propor o tipo de aparelho em que poderia vir a ser tentada a viagem Portugal-Brasil. Enquanto esteve nestes dois países desempenhou as funções de adido aeronáutico. Em 1920 fez parte da Comissão Mista de Aeronáutica.

Em 1921 realizou, com Gago Coutinho e Manuel Ortins de Bettencourt, a viagem Lisboa-Madeira, para experiência dos métodos e instrumentos criados por ele e Gago Coutinho para navegação aérea que, em 1922, vieram a ser comprovados durante a primeira travessia aérea do Atlântico Sul.

Sacadura Cabral e Gago Coutinho regressaram a Portugal a bordo da Barca Foz do Douro, de Costa Carvalho ("A minha viagem na Barca Foz do Douro, do Brasil a Portugal" Editora Maritímo-Colonial Lda., Lisboa).

Nesse ano, a 2 de junho, tornou-se o 36.º Sócio Honorário do Ginásio Clube Figueirense.[3]

Em 1923 elaborou um projecto de viagem aérea de circum-navegação, que não conseguiu realizar por falta de meios materiais. Em 1924, convencido de que o Governo não correspondia ao esforço por ele levado a cabo para a eficiência da Aviação Marítima, apresentou o seu pedido de demissão de oficial da Marinha, pedido que foi indeferido. Ainda em 1924, foi nomeado para estudar uma proposta feita ao governo para o estabelecimento de carreiras aéreas com fins comerciais. Morreu a 15 de novembro de 1924, quando pilotava um Fokker 4146 de Amesterdão para Lisboa, um dos cinco aviões que haviam sido adquiridos por subscrição pública, e que seriam utilizados no seu projecto da viagem aérea à Índia, uma vez fracassado o seu projecto de circum-navegação.

Atividade científica

Gago Coutinho (dir.) e Sacadura Cabral (esq.) a bordo do "Lusitânia", 1922

Juntamente com Gago Coutinho estudou um novo aparelho com o qual se viria a conseguir uma navegação estimada, e que viria a auxiliar e a completar a navegação astronómica por intermédio do sextante modificado por Gago Coutinho. Inicialmente este aparelho foi chamado "Plaqué de Abatimento" e mais tarde "Corrector de Rumos – Coutinho-Sacadura".

Este aparelho foi experimentado na primeira viagem aérea Lisboa-Madeira realizada em 1921. Tendo obtido os melhores resultados na sua utilização, este aparelho foi apresentado ao Congresso Internacional de Navegação Aérea, realizado em Paris de 15 a 25 de novembro de 1921, onde teve boa aceitação. A memória descritiva do "Corrector" foi publicada nos Anais do Club Militar Naval.

A preparação para a primeira travessia aérea do Atlântico Sul é da iniciativa de Sacadura Cabral, que expôs o projecto a Gago Coutinho, o que motivou que este acelerasse a adaptação do sextante clássico de navegação marítima à navegação aérea. A travessia iniciou-se em 30 de março de 1922, em Belém no hidroavião "Lusitânia". A primeira escala foi nas Canárias, de onde partiram para São Vicente, em Cabo Verde. Daqui partiram para os Penedos de São Pedro, com problemas de consumo de combustível. Ao amarar, uma vaga arrancou um dos flutuadores do "Lusitânia", o que provocou o afundamento do avião. Os aviadores foram recolhidos pelo navio "República". O "Lusitânia" acabara de realizar uma etapa de mais de onze horas sobre o oceano, sem navios de apoio, mantendo uma rota matematicamente rigorosa, o que mais uma vez veio provar a precisão do sextante modificado, pois os Penedos de São Pedro e São Paulo podem considerar-se um ponto insignificante na enorme vastidão atlântica.

Placa em homenagem a Sacadura Cabral e Gago Coutinho na Estação São Bento (Porto)

O governo enviou um outro hidroavião Fairey 16, cujo motor veio a avariar no percurso entre os Penedos de São Pedro e São Paulo e a ilha de Fernando de Noronha. Foi pedido um novo Fairey ao governo português, que foi enviado no "Carvalho Araújo". Três dias depois partiram para o troço final, chegando à baía de Guanabara e terminando a viagem no Rio de Janeiro a 17 de junho, depois várias escalas.

Esta viagem aérea constituiu um marco importante na aviação mundial, pois veio comprovar a eficácia do sextante aperfeiçoado por Gago Coutinho, com a ajuda de Sacadura Cabral, que permitia a navegação aérea astronómica com uma precisão nunca antes conseguida.

Faleceu num desastre de aviação algures no Mar do Norte, em 1924, quando voava em direcção a Lisboa, pilotando um avião que se despenhou. O cadáver nunca foi encontrado.

O comandante de 43 anos deslocara-se a Amesterdão com cinco colegas da Marinha a fim de levantarem três dos cinco hidroaviões da Fokker comprados por Portugal, através de subscrição pública, para proporcionar uma volta ao mundo aos dois heróis da travessia do Atlântico em 1922. Como todos os companheiros, Artur de Sacadura Freire Cabral e o cabo artilheiro mecânico José Pinto Correia saíram de Amesterdão no sábado, dia 15, mas não chegaram à cidade da Normandia nem à da Bretanha, nem jamais ali pousaram.

Acerca da sua morte escreveu um poeta:[quem?] "Encontrou a sepultura em pleno mar / Que a terra, donde andava foragido, / Era pequena demais para o sepultar".

Condecorações

Família

Artur de Sacadura Cabral morreu solteiro e sem descendência conhecida. É tio da economista Helena Sacadura Cabral e tio-avô dos políticos Miguel Portas e Paulo Portas.

Referências

  1.  "Freires Corte-Reais - Subsídios Genealógicos", Armando Freire Cabral de Sacadura Falcão, Estudos de Castelo Branco, 1ª Edição, Castelo Branco, 1964, p. 91.
  2.  «ALMANAQUE PRIDIE KALENDAS APRESENTA - GAGO COUTINHO E SACADURA CABRAL»www.calendario.cnt.br. Consultado em 29 de março de 2021
  3.  ginasiofigueirense.com - pdf
  4.  «Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Artur Sacadura Freire Cabral". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 26 de fevereiro de 2023

Bibliografia

  • Bernard Marck, Héros et héroïnes de l'aviation, Planeta, 2007, ISBN 978-8408073512
  • Bernard Marck, Héros et héroïnes de l'aviation, Arthaud, 2007, ISBN 978-2700300710
  • José Pedro Pinheiro Corrêa, Sacadura Cabral: homem e aviador, 1964, 320p.
  • História geral da aeronáutica brasileira: De 1921 às vésperas da criação do Ministério da Aeronáutica, Volume 1, Editora It

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