segunda-feira, 15 de abril de 2024

FERNANDO NAMORA - MÉDICO E ESCRITOR - NASCEU EM 1919 - 15 DE ABRIL DE 2024

 

Fernando Namora

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Fernando Namora
Fernando Namora
Nome completoFernando Gonçalves Namora
Nascimento15 de abril de 1919
Condeixa-a-NovaPortugal
Morte31 de janeiro de 1989 (69 anos)
LisboaPortugal
Nacionalidadeportuguês
OcupaçãoEscritormédico
PrémiosPrémio Ricardo Malheiros (1953)

Medalha de Ouro da "Societé d'Encouragement au Progrés" (1979)
Prémio D. Dinis (1982)

Magnum opusDeuses e demónios da medicina
Assinatura

Fernando Namora GO SE • GCIH • GCL (Condeixa-a-NovaCondeixa-a-Nova15 de abril de 1919 – Lisboa31 de janeiro de 1989) foi um médico e escritor português, autor de uma extensa obra, das mais divulgadas e traduzidas nas décadas de 1970 e 1980.[1] Existe uma escola secundária com o seu nome em Condeixa-a-Nova.

Biografia

Licenciado em Medicina (1942) pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, pertenceu à geração de 40, grupo literário que reuniu personalidades marcantes como Carlos de OliveiraMário DionísioJoaquim Namorado ou João José Cochofel, moldando-o, certamente, como homem, à semelhança do exercício da profissão médica, primeiro na sua terra natal depois nas regiões da Beira Baixa e Alentejo, em locais como TinalhasMonsanto e Pavia, até que, em 1951, acabaria por se instalar em Lisboa - onde, curiosamente, muito jovem tinha estudado no Liceu Camões -, como médico-assistente do Instituto Português de Oncologia.[2]

O seu volume de estreia foi Relevos (1937), livro de poesia, porventura sob a influência de Afonso Duarte e do grupo da Presença. Mas já publicara em conjunto com Carlos de Oliveira e Artur Varela, um pequeno livro de contos Cabeças de Barro. Em (1938) surge o seu primeiro romance As Sete Partidas do Mundo que viria a ser galardoado com o Prémio Almeida Garrett no mesmo ano em que recebe o Prémio Mestre António Augusto Gonçalves, de artes plásticas - na categoria de pintura. Ainda estudante e com outros companheiros de geração funda a revista Altitude e envolve-se ativamente no projeto do Novo Cancioneiro (1941), coleção poética de 10 volumes que se inicia com o seu livro-poema Terra, assinalando[3] o advento do neo-realismo, tendo esta iniciativa coletiva, nascida nas tertúlias de Coimbra, de João José Cochofel, demarcado esse ponto de viragem na literatura portuguesa. Na mesma linha estética, embora em ficção, é lançada a coleção dos Novos Prosadores (1943), pela Coimbra Editora, reunindo os romances Fogo na Noite Escura de Namora, Casa na Duna de Carlos de OliveiraOnde Tudo Foi Morrendo de Vergílio FerreiraNevoeiro de Mário Braga ou O Dia Cinzento de Mário Dionísio, entre outros.[4]

Com uma obra literária que se desenvolve ao longo de cinco décadas é de salientar a sua precoce vocação artística, de feição naturalista e poética, tal como a importância do período de formação em Coimbra, mais as suas tertúlias e movimentos estudantis. Ao dar-se o amadurecimento estético do neo-realismo e coincidente com as vivências dos anos 1950, enveredaria por novos caminhos, através de uma interpretação pessoal da narrativa, que o levaria a situar-se entre a ficção e a análise social. Os muitos textos que escreveu, nos diferentes momentos ou fases da vida literária, apresentam retratos com aspetos de picaresco, observações naturalistas e algum existencialismo. Independentemente do enquadramento, Namora foi um escritor dotado de uma profunda capacidade de análise psicológica, inseparável de uma grande sensibilidade e linguagem poética.[3] Escreveu, para além de obras de poesia e romancescontos, memórias e impressões de viagem, com destaque para os cadernos de um escritor, que proporcionam um diálogo vivo com o leitor, a abertura a outras culturas, terras e gentes, a visão de um mundo em transformação, de uma realidade emergente, expressa em Estamos no Vento (Fevereiro de 1974).

Entre os muitos títulos que publica em prosa contam-se Fogo na Noite Escura (1943), Casa da Malta (1945), As Minas de S. Francisco (1946), (capítulo inédito publicado no nº 16 da revista Mundo Literário[5] existente entre 1946 e 1948), Retalhos da Vida de um Médico (1949 e 1963), A Noite e a Madrugada (1950), O Trigo e o Joio (1954), O Homem Disfarçado (1957), Cidade Solitária (1959), Domingo à Tarde (1961, Prémio José Lins do Rego), Os Clandestinos (1972), Resposta a Matilde (1980) e O Rio Triste (1982, Prémio Fernando ChinagliaPrémio Fialho de Almeida e Prémio D. Dinis). Ou, as biografias romanceadas de Deuses e Demónios da Medicina (1952). Além dos títulos já referidos, publicou em poesia Mar de Sargaços (1940), Marketing (1969) e Nome para uma Casa (1984) . Toda a sua produção poética seminal foi reunida numa antologia(1959) denominada As Frias Madrugadas. Escreveu ainda sobre o mundo e a sociedade em geral, na forma de narrativas romanceadas ou de anotações de viagem e reflexões críticas, sendo disso exemplo Diálogo em Setembro (1966), Um Sino na Montanha (1968), Os Adoradores do Sol (1971), Estamos no Vento (1974), A Nave de Pedra (1975), Cavalgada Cinzenta (1977), URSS, Mal Amada, Bem Amada e Sentados na Relva, ambos de (1986). Porém, foram romances como os Retalhos da Vida de um MédicoO Trigo e o JoioDomingo à TardeO Homem Disfarçado ou O Rio Triste, que vieram a ser traduzidos em diversas línguas, tendo inclusive, em 1981, sido proposto para o Prémio Nobel da Literatura, pela Academia das Ciências de Lisboa e pelo PEN Clube.[6]

Também em 1975, Namora colaborou na publicação periódica Jornal do Caso República.[7]

Se quisermos contextualizar, sistematizar a sua obra em fases distintas de criação literária, podemos identificar: (1) o ciclo de juventude, principalmente enquanto estudante em Coimbra, coincidente com o livro-poema Terra e o romance Fogo na Noite Escura; (2) o ciclo rural, entre 1943 e 1950, representado pelas novelas Casa da Malta (escrita em 8 dias) e Minas de San Francisco, ou pelos romances A Noite e a MadrugadaO Trigo e o Joio sem esquecer os Retalhos da Vida de um Médico, cuja edição espanhola (1ª tradução) apresenta o prefácio de Gregório Marañón; (3) o ciclo urbano, coincidente com a sua vinda para Lisboa, marcado pela solidão e vivências do quotidiano, e que se terá refletido no romance O Homem Disfarçado, em Cidade Solitária ou no Domingo à Tarde; (4) o ciclo cosmopolita, ou seja, dos cadernos de um escritor, balizado no final dos anos 1960 e década de 1970, explicado pelas muitas viagens que fez, nomeadamente à Escandinávia, e pela sua participação nos encontros de Genebra; (5) o ciclo final, entre a ficção contemporânea, onde se insere o romance O Rio Triste ou Resposta a Matilde, intitulado pelo próprio divertimento, e as reflexões íntimas de Jornal sem Data (1988).[6]

Faleceu em 31 de Janeiro de 1989 tendo sido sepultado no Talhão dos Artistas do Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.[8][9]

Obras

A sua obra é composta por:[10][11][12]

  • As Sete Partidas do Mundo, romance – 1938
  • Terra, romance, 1941
  • Fogo na Noite Escura, romance – 1943
  • Casa da Malta, romance – 1945
  • Minas de San Francisco, romance – 1946
  • Retalhos da Vida de um Médico, narrativas / primeira série – 1949
  • A Noite e a Madrugada, romance – 1950
  • Deuses e Demónios da Medicina, biografias romanceadas – 1952
  • O Trigo e o Joio, romance – 1954
  • O Homem Disfarçado, romance – 1957
  • Cidade Solitária, narrativas – 1959
  • As Frias Madrugadas, poesia / antologia – 1959
  • Domingo à Tarde, romance – 1961
  • Retalhos da Vida de um Médico, narrativas (segunda série) – 1963
  • Diálogo em Setembro, crónica romanceada – 1966
  • Um Sino na Montanha, cadernos de um escritor – 1968
  • Marketing, poesia – 1969
  • Os Adoradores do Sol, cadernos de um escritor – 1971
  • Os Clandestinos, romance – 1972
  • Estamos no Vento, narrativa literário-sociológica – 1974
  • A Nave de Pedra, cadernos de um escritor – 1975
  • Cavalgada Cinzenta, narrativa – 1977
  • Encontros, entrevistas – 1979
  • Resposta a Matilde, divertimento – 1980
  • O Rio Triste, romance – 1982
  • Nome para uma Casa, poesia – 1984
  • URSS mal amada, bem amada', crónica – 1986
  • Sentados na Relva, cadernos de um escritor – 1986
  • Jornal sem Data, cadernos de um escritor – 1988

Adaptações ao cinema

Várias obras de Fernando Namora foram adaptadas ao cinema. Sendo talvez uma das suas obras mais conhecidas, Retalhos da Vida de um Médico, foi a primeira a ser adaptada ao cinema, por intermédio do realizador Jorge Brum do Canto (em 1962, filme selecionado para o Festival de Berlim), seguindo-se a série televisiva, da responsabilidade de Artur Ramos e Jaime Silva (1979-1980).[13]

O Trigo e o Joio foi adaptado para o cinema em 1965 numa longa metragem com o mesmo título com realização de Manuel Guimarães e com Eunice Muñoz e Igrejas Caeiro, entre outros. Do mesmo realizador, para televisão e em 1969, tem-se o documentário Fernando Namora.[14][15]

Domingo à Tarde (selecionado para o Festival de Veneza), foi realizado por António de Macedo em 1965 e contou com atores como Isabel de CastroRuy de Carvalho e Isabel Ruth.[16]

Em 1975, surge Fernando Namora – Vida e Obra realizado por Sérgio Ferreira.

A Noite e a Madrugada, de 1985, deve a sua realização a Artur Ramos.[17] Resposta a Matilde, de 1986, foi adaptado a televisão por Dinis Machado e Artur Ramos, com a participação de Raúl Solnado e Rogério Paulo.[18] Em 1990, regista-se O Rapaz do Tambor, curta metragem de Vítor Silva.[19]

Prémios e honras

Casa Museu Fernando Namora

Casa onde nasceu Fernando Namora em Condeixa-a-Nova

Ali, a dois passos da Vila, o Rio de Mouros. Nasceu de um fio de água, do suor de uma rocha, entre urzes e montes. Ainda a meio da serra, é um ribeirito que não dá para matar a sede a um rebanho. Mas depois, a terra começa, subitamente, a ficar brava, com penedos que têm o ar de montanhas, e o rio despenha-se entre os silvais e as fragas em som e espuma, com um fragor que, de Inverno, com as cheias, estremece os ouvidos da serra e dos homens. – texto de 1941.[21]

É possível visitar a casa onde Fernando Namora nasceu, e onde os seus pais abriram um pequeno estabelecimento comercial, situada no centro da vila de Condeixa-a-Nova, distrito de Coimbra.

Inaugurada em 30 de junho de 1990, esta iniciativa resultou da ideia de um grupo de amigos, seus conterrâneos, que quiseram homenageá-lo através da proposta da criação de uma Casa-Museu, de modo a recordar a todos, e nas palavras do Sr. Ramiro de Oliveira, que é Condeixense e que aqui viveu a sua infância e parte da mocidade.[21]

Aberta ao público desde então, nela se pode encontrar o seu escritório, tal qual estava em Lisboa, com todos os seus livros e objetos pessoais, e que acabou por ser o destino do que fui acumulando ao longo dos anos, coisas minhas, coisas do que vi e vivi e ainda valiosas coisas alheias que de algum modo se relacionam comigo. - carta de 7 de junho de 1984.[21]

Ver também

Referências

  1.  Agência Lusa (2009), “Aquando dos 20 anos do falecimento do autor. ”, Lisboa: noticias.sapo.pArquivado em 3 de fevereiro de 2009, no Wayback Machine. Notícia da Lusa.
  2.  Namora (1987), “Autobiografia”, Lisboa: ed. O Jornal.
  3. ↑ Ir para:a b Vieira Reis, Carlos (2000), “Fernando Namora- Médico, Escritor, Artista, Argumentista e Humanista Universal: 1919-1989”, Lisboa: http://vidaslusofonas.pt/namora.htm Arquivado em 9 de junho de 2010, no Wayback Machine..
  4.  Arquivo Fernando Namora (2011), “Fotografias e documentação bio-bibliográfica.”, Lisboa: http://fernando-namora.blogspot.com.
  5.  Helena Roldão (27 de janeiro de 2014). «Ficha histórica: Mundo literário : semanário de crítica e informação literária, científica e artística (1946-1948).» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 3 de Novembro de 2014
  6. ↑ Ir para:a b «Doação do Espólio de Fernando Namora à BNP»www.bnportugal.gov.pt. Consultado em 31 de janeiro de 2023
  7.  «Jornal do Caso República [1975]»hemerotecadigital.cm-lisboa.pt. Consultado em 31 de janeiro de 2023
  8.  «Biografia»livro.dglab.gov.pt. Consultado em 3 de janeiro de 2022
  9.  «Cemitério dos Prazeres, quando a morte também é um monumento»jornal PUBLITURIS. 29 de janeiro de 2019. Consultado em 3 de janeiro de 2022
  10.  «Biblioteca Nacional de Portugal - Obras de Fernando Namora»catalogo.bnportugal.gov.pt. Consultado em 3 de janeiro de 2022
  11.  «Fernando Namora | Wook»www.wook.pt. Consultado em 3 de janeiro de 2022
  12.  Fidelizarte. «Fernando Namora»Portal da Literatura. Consultado em 3 de janeiro de 2022
  13.  «Retalhos da Vida dum Médico - Filmes»cinemaportuguesmemoriale.pt. Consultado em 3 de janeiro de 2022
  14.  «O Trigo e o Joio - Filmes»cinemaportuguesmemoriale.pt. Consultado em 3 de janeiro de 2022
  15.  «Manuel Guimarães - Pessoas Cinema Português»cinemaportuguesmemoriale.pt. Consultado em 3 de janeiro de 2022
  16.  «Domingo à Tarde - Filmes»cinemaportuguesmemoriale.pt. Consultado em 3 de janeiro de 2022
  17.  «A Noite e a Madrugada - Filmes»cinemaportuguesmemoriale.pt. Consultado em 3 de janeiro de 2022
  18.  Portugal, Rádio e Televisão de. «Resposta a Matilde - Artes e Cultura - Teatro - RTP»www.rtp.pt. Consultado em 3 de janeiro de 2022
  19.  «O Rapaz do Tambor - Filmes»cinemaportuguesmemoriale.pt. Consultado em 3 de janeiro de 2022
  20. ↑ Ir para:a b c «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Fernando Gonçalves Namora". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 10 de outubro de 2019
  21. ↑ Ir para:a b c Pessoa, Miguel e Rodrigo, Lino (1999), “Crescer em Condeixa com Fernando Namora”, Condeixa: ed. Câmara Municipal de Condeixa.

Precedido por
Manuel Gonçalves Cerejeira
 Sócio correspondente da ABL - fundador da cadeira 10
1978 — 1989
Sucedido por
Agustina Bessa-Luís

SANTA ANASTÁSIA - 15 DE ABRIL DE 2024

 

Anastácia de Sírmio

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outras santas de mesmo nome, veja Santa Anastácia.
Santa Anastácia de Sírmio
Ícone de Santa Anastácia
Grande Mártir
MorteSírmio
Veneração porIgreja CatólicaIgreja Ortodoxa
Principal temploCatedral de Santa Anastácia, em Zadar, na Croácia
Basilica di Sant'Anastasia al Palatino, em Roma.
Festa litúrgica25 de dezembro na Igreja Católica22 de dezembro na Igreja Ortodoxa
Atribuiçõespalma do martírio e tigela com fogo (no ocidente); cruz do martírio e pote de remédio (no oriente)
Padroeiromártires; tecelões; viúvas; pessoas envenenadas
 Portal dos Santos

Anastácia de Sírmio (em gregoἈναστασία: "Ressurreição", também Ἁγία Ἀναστασία ἡ ΦαρμακολύτριαAnastácia, a Curandeira) foi uma santa, virgem e mártir cristã, que morreu em Sírmio. Na Igreja Ortodoxa, ela é comemorada como "Grande Mártir Anastácia, a Salvadora das Poções" (Hagia Anastasia Pharmacolytria).

Sobre a vida de Anastácia, é confiável que sua morte ocorreu durante a perseguição de Diocleciano. A maior parte das histórias foram escritas séculos depois de sua morte e elas a representam de várias maneiras diferentes, como uma romana ou uma nativa de Sírmio de família patrícia. Uma das versões afirma que ela seria a filha de um tal Praetextus e pupila de Crisógono. A tradição católica afirma que a mãe dela era Santa Fausta de Sírmio.

Anastácia há muito tempo tem sido venerada como curandeira e exorcista. Suas relíquias estão na Catedral de Santa Anastácia, em Zadar, na Croácia.

Ela é uma das sete mulheres, excluindo a Virgem Maria, a ser comemorada nominalmente no Cânone da Missa.

História

Esta mártir tem a distinção, única na liturgia romana, de ter uma comemoração especial na segunda missa de Natal. A missa do dia era originalmente celebrada não em honra ao nascimento de Cristo, mas sim em comemoração desta mártir e, por volta do final do século V, seu nome acabou sendo incluído também no Cânone Romano. Ainda assim, Anastácia é uma santa romana, pois ela sofreu o martírio em Sírmio, e não era venerada em Roma até pelo menos o final do século V. É verdade que sua História posterior ao século VI, pelo menos, faz de Anastácia uma romana, embora mesmo nesta história ela não tenha sofrido o martírio ali. Esta mesma versão liga o nome dela ao de Crisógono, que também não era um mártir romano, mas coloca a morte dela como tendo ocorrido em Aquileia.

De acordo com esta Passio, Anastácia era a filha de Praetextatus, um vir illustris romano e um de seus professores era Crisógono. No início da perseguição de Diocleciano, o imperador romano convocou Crisógono para Aquileia, onde ele foi torturado e morto. Anastácia, tendo ido dali até Sírmio para visitar a comunidade local, foi queimada viva na Ilha de Palmaria em 25 de dezembro e seu corpo foi enterrado na casa de Apolônia, que havia sido convertida numa basílica.

Devoção

No ocidente

Catedral de Santa Anastácia, em Zadar, na Croácia.

O chamado Martyrologium Hieronymianum[1] relata o seu nome em 25 de dezembro, não só para Sírmio, mas também para Constantinopla, algo que decorre de uma história diferente. De acordo com Teodoro, o Leitor[2], durante o patriarcado de Genádio I de Constantinopla (458-471), o corpo da mártir foi transferido para a capital imperial e enterrado numa igreja que até então era conhecida como Anastasis ("Ressurreição") e que passou, a partir daí, a ser conhecida como "Anastasia".

De forma similiar, a devoção de Anastácia foi introduzida em Roma a partir de Sírmio por meio de uma igreja já existente. Como esta já era bastante conhecida, acabou dando especial proeminência ao dia da festa da santa. Já existia em Roma, desde o século IV, ao pé da Colina do Palatino e acima do Circo Máximo, uma igreja que havia sido decorada pelo papa Dâmaso I (366-384) com um grande mosaico. Ela era conhecida como titulus Anastasiae e é mencionada com este nome nos atos do Concílio de Roma de 499. Há alguma incerteza sobre a origem deste nome: ou igreja o deve a uma homenagem à romana Anastácia, como é o caso de diversas outras igrejas titulares de Roma (Duchesne) ou ela era originalmente uma igreja em honra à Anastasis (Ressurreição de Jesus), como as que já existiam em Ravena e em Constantinopla, e a partir de "Anastasis" derivou "titulus Anastasiae" (Grisar). Qualquer que seja a opção, a igreja já era especialmente proeminente entre os séculos IV e VI, sendo a única no centro da Roma antiga, rodeada de templos pagãos.

Em sua jurisdição estava o Palatino onde a corte imperial se localizava. Uma vez que a venração da mártir de Sírmio passou a receber um novo ímpeto em Constantinopla durante a segunda metade do século V, podemos inferir com facilidade que as relações próximas entre a "Nova Roma" e a "Vilha Roma" também fizeram por aumentar a devoção de Santa Anastácia aos pés do Palatino.

De toda forma, a inserção do nome dela no Cânone Romano da Missa no final do século V mostra que ela então já ocupava uma posição única entre os santos publicamente venerados em Roma. A partir daí, a igreja no Palatino passou a ser conhecida por "titulus sanctae Anastasiae" e a mártir de Sírmio se tornou a santa titular da velha basílica do século IV. Evidentemente, por conta de sua posição como igreja titular do distrito que incluía as moradias imperiais no Palatino, esta igreja manteve por longo tempo uma proeminência entre as demais igrejas de Roma. Apenas duas a precediam em honra: São João de Latrão, a igreja-mãe de Roma, e Santa Maria Maggiore, principal igreja dedicada à Virgem Maria.

Este antigo santuário está hoje isolado em meio às ruínas de Roma. A comemoração de Santa Anastácia na segunda missa do Natal é o último resquício da proeminência de outrora.

De acordo com a tradição, São Donato de Zadar levou as relíquias de Constantinopla para Zadar quando ele visitou a cidade com o duque Beato de Veneza. A ordem havia sido dada por Carlos Magno como forma de negociar a fronteira entre o Império Bizantino e os territórios da Croácia que, na época, estavam sob domínio do Reino dos Francos.

No oriente

Igreja Ortodoxa venera Santa Anastácia como uma Grande Mártir, geralmente se referindo a ela como "Anastácia, a Romana". Ela geralmente recebe os epítetos de "Salvadora dos Grilhões" e "Salvadora das Poções" pois acredita-se que suas intercessões protejam os fiéis contra venenos e outras substâncias malignas[3]. De acordo com o Sinaxário, ela era filha de Praepextatus (um pagão) e Fausta (uma cristã).

No século V, as relíquias de Santa Anastácia foram transferidas para Constantinopla, onde uma igreja foi construída e dedicada a ela. Posteriormente, a cabeça e uma mão da Grande Mártir foram transferidas para o Mosteiro de Santa Anastácia, perto de Monte Atos.

Referências

  1.  ed. De Rossi and Duchesne, Acta Sanctorum, 2 November.
  2.  Hist. Eccles., II, 65.
  3.  The Great Horologion or Book of HoursISBN 0-943405-08-4, Boston: Holy Transfiguration Monastery, 1997, p. 354

Ligações externas

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