quarta-feira, 20 de março de 2024

SÃO MARTINHO DE DUME - 20 DE MARÇO DE 2024

 


Martinho de Dume

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
São Martinho de Braga
Representação de São Martinho de Dume numa miniatura do Códice Albeldensis, c. 976 (Biblioteca do Mosteiro de San Lorenzo de El EscorialMadrid). À esquerda, junto da cabeça do santo, pode-se ler Martinus episcopus bracarensis.
Nascimento518
Morte20 de março de 579 (61 anos)
Bracara Augusta
Festa litúrgica20 de março em Portugal e na Igreja Ortodoxa5 de dezembro no Calendário Romano; 22 de outubro na Diocese de Braga
PadroeiroDiocese de Braga
 Portal dos Santos

Martinho de Braga ou Martinho de Dume (Panónia, c.510/5 – Braga, 579/80), também conhecido como Martinho DumienseMartinho Bracarense ou Martinho da Panónia, foi um bispo de Braga e de Dume considerado santo pela Igreja Católica e pela Igreja Ortodoxa.[1] Martinho nasceu na Panónia, actual Hungria, no século VI. É conhecido como o "Apóstolo dos Suevos", por ser considerado o maior responsável pela sua conversão do arianismo ao catolicismo. Também é conhecido por nominar os dias da semana em língua portuguesa.[2]

Biografia

Estudou grego e ciências eclesiásticas no Oriente. De volta ao Ocidente, dirigiu-se para Roma e para a França, para continuar os estudos,[3] onde visitou o túmulo do seu conterrâneo Martinho de Tours.

Estabeleceu um mosteiro em Dume, uma aldeia das proximidades de Bracara Augusta, a partir do qual começou a irradiar a sua pregação. Estabeleceu a Diocese de Dume (caso único na história cristã — confinada ao referido Mosteiro de Dume a que presidia), da qual foi primeiro bispo, em 556.[3] Depois, por vacatura da diocese bracarense, em 569, foi feito metropolita dessa região de Braga, então capital do Reino Suevo. Consta na tradição e documentos que ele mesmo fundou a igreja e mosteiro de São Martinho de Tours, em Cedofeita, Porto. Esta cidade era um importante posto militar e administrativo suevo.

Reuniu o Concílio de Braga em 563, tendo proibido que se cantassem muito dos hinos e cantos de carácter popular que estavam incluídos nas missas e noutras celebrações. Ao longo dos anos, a música litúrgica foi sendo fixada no Cantochão, mas o povo, apoiado num substrato musical muito antigo, apoderou-se de alguns destes cânticos da Igreja e popularizou-os, dando-lhes a sua interpretação própria.

Para além de batalhador pela ortodoxia contra os arianos, foi também um fecundo escritor. Entre as principais obras, citamos: Escritos canônicos e litúrgicos. Destacou-se também como tradutor (designadamente, dos Pensamentos dos padres egípcios).

Estátua de S. Martinho de Dume

Martinho de Dume é também uma figura de capital importância para a história da cultura e língua portuguesas; de facto, considerando indigno de bons cristãos que se continuasse a chamar os dias da semana pelos nomes latinos pagãos de Lunae dies, Martis dies, Mercurii dies, Jovis dies, Veneris dies, Saturni dies e Solis dies, foi o primeiro a usar a terminologia eclesiástica para os designar (Feria secunda, Feria tertia, Feria quarta, Feria quinta, Feria sexta, Sabbatum, Dominica Dies), donde os modernos dias em língua portuguesa (segunda-feiraterça-feiraquarta-feiraquinta-feirasexta-feirasábado e domingo), caso único entre as línguas novilatinas, dado ter sido a única a substituir inteiramente a terminologia pagã pela terminologia cristã.

Isto explica o facto de os mais antigos documentos redigidos em português, fortemente influenciados por este latim eclesiástico, não terem qualquer vestígio da velha designação romana dos dias da semana, prova da forte acção desenvolvida por Martinho e seus sucessores na substituição dos nomes.

Martinho tentou também substituir os nomes dos planetas, mas aí já não foi tão bem-sucedido, pelo que ainda hoje os chamamos pelos seus nomes clássicos pagãos.[4]

Morreu no dia 20 de março de 579 e foi sepultado na catedral de Dúmio. Para si compôs o seguinte epitáfio: Nascido na Panônia, atravessando vastos mares, impelido por sinais divinos para o seio da Galiza, sagrado bispo nesta tua igreja, ó Martinho confessor, nela instituí o culto e a celebração da missa. Tendo-te seguido, ó patrono, eu, o teu servo Martinho, igual em nome que não em mérito, repouso agora aqui na paz de Cristo.

Obras

Túmulo de São Martinho de Dume, em Braga
  • Pro Repellenda Iactantia (Em favor da jactância que deve ser repelida)
  • Item de superbia (Acerca da soberba)
  • Exhortatio humilitatis (Exortação da humildade)
  • Sententiae Patrum Aegyptiorum (Sentenças dos Padres Egípcios)
  • De ira (Da Ira)
  • De correctione rusticorum (Da Correcção dos rústicos)
  • Formula vitae honestae (Fórmula da vida honesta)

Referências

  1.  Sanidopoulos, John. «Saint Martin of Braga»Mystagogy Resource Center (em inglês)
  2.  Richard A. Fletcher (1999). The Barbarian Conversion: From Paganism to Christianity. [S.l.]: University of California Press. p. 257. ISBN 978-0-520-21859-8
  3. ↑ Ir para:a b São Martinho de Dume, bispo, +579, evangelhoquotidiano.org
  4.  Kimminich, Eva. (1991). "The way of vice and virtue: A medieval psychology."Comparative Drama, 25(1), Vol. 25, 77—86. Recuperado em 5 de março de 2015.

Bibliografia

  • CALAFATE, Pedro – História do Pensamento Filosófico Português, Idade Média (Vol. I)
  • COSTA, Avelino de Jesus - S. Martinho de Dume, (XIV Centenário da sua chegada à Península). Braga, Ed. Cenáculo, 1950.

Cota: HG 5.460 (10) V

  • SILVA, Lúcio Craveiro da - Estudos de cultura portuguesa, Braga, Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho, 2002 (biografias São Martinho de Dume, D. Diogo de Sousa, Francisco Sanches, Cassiano Abranches, Bacelar e Oliveira e Júlio Fragata)
  • SOARES, Luís Ribeiro - A linhagem cultural de S. Martinho de Dume, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1997.

Cota: BPB 152.020

Ver também

Ligações externas

Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Martinho de Dume

Precedido por
criação do bispado
Bispo de Dume
556 – 579
Sucedido por
João
Precedido por
Lucrécio

SANTA EUFEMIA - 20 DE MARÇO DE 2024

 

Eufêmia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: "Santa Eufêmia" redireciona para este artigo. Para outros significados, veja Eufêmia (desambiguação) ou Santa Eufémia (desambiguação).
Santa Eufêmia
Mural mostrando o martírio de Santa Eufêmia
Na Basílica de Santa Eufêmia, em Rovinj, na Croácia.
VirgemGrande Mártir
Nascimentoc. 288
CalcedôniaBitíniaAnatólia
Mortec.307 (19 anos)
Calcedônia
Veneração porIgrejas católica e ortodoxa
Principal temploIgreja de São Jorge, em Istambul
Basílica de Santa Eufêmia, em RovinjCroácia
Festa litúrgica16 de setembro (martírio)[1]
11 de julho (milagre)[2]
AtribuiçõesMulher com vestes pudicas, com a cabeça coberta e cercada por um ou mais leões, geralmente segurando uma roda de tortura ou uma cruz.
 Portal dos Santos

Eufêmia (português brasileiro) ou Eufémia (português europeu) (em gregoΕὐφημίαCalcedôniac. 288 — Calcedônia, c. 307), dita "Bem aventurada" na Igreja Ortodoxa, é uma Grande Mártir e santa que morreu por sua fé, em Calcedônia no início do século IV.

Hagiografia

Eufêmia viveu no século III d.C. e era filha de um senador chamado Filofronos e de sua esposa, Teodósia, em Calcedônia, localizada então do outro lado do Bósforo a partir de Bizâncio (que se tornaria no futuro a cidade de Constantinopla, hoje chamada de Istambul). Desde a sua infância ela foi consagrada à virgindade.

governador da Calcedônia, Prisco, emitiu um decreto obrigando que todos os habitantes da cidade tomassem parte dos sacrifícios ao deus romano Marte. Eufêmia foi descoberta escondida juntamente com outros cristãos numa casa, rezando para o Deus cristão em clara desobediência às ordens do governador. Por conta de sua recusa em se submeter aos sacrifícios, eles foram torturados por vários dias e então entregues ao imperador. Eufêmia, a mais jovem entre eles, foi separada de suas companheiras e submetida a tormentos particularmente duros, incluindo a roda, na esperança de quebrar seu espírito. Acredita-se que ela tenha finalmente morrido num ataque de um urso selvagem na arena, por ordem de Diocleciano.

Eventualmente, uma catedral foi construída em Calcedônia sob seu túmulo.

Milagre durante o Concílio de Calcedônia

concílio de Calcedônia foi o quarto concílio ecumênico da Igreja cristã e ocorreu cento e cinquenta anos depois da morte de Eufêmia, em 451. Ele repudiou a doutrina eutiquiana do monofisismo, propondo o credo calcedoniano, que deixava clara "completa humanidade e a completa divindade" de Jesus Cristo, a segunda pessoa da Santíssima Trindade no cristianismo.

O concílio se reuniu na catedral que fora consagrada em nome de Eufêmia. Presentes ao concílio estavam 630 representantes de todas as igrejas cristãs locais. Tanto os monofisistas quanto os ortodoxos estavam bem representados no concílio, o que explica as reuniões calorosas e a falta de um consenso. O Patriarca de ConstantinoplaAnatólio sugeriu que o concílio submetesse então a decisão ao Espírito Santo, agindo pela intervenção de Santa Eufêmia.

Ambos os partidos contendores escreveram suas respectivas confissões de fé e as colocaram na tumba da santa, que foi selada na presença do imperador Marciano (e. 450–457), que colocou o selo imperial no lacre e colocou uma guarda de vigia por três dias. Durante este período, ambos os lados jejuaram e rezaram. Findo o período, a tumba foi aberta e o rolo com a confissão ortodoxa foi encontrado na mão direita da santa enquanto que o dos monofisistas estavam aos pés dela.

Santa Eufêmia.
Por Mantegna, no Museo e Gallerie Nazionali di Capodimonte, em Nápolis

Este milagre foi atestado por uma carta enviada pelo concílio ao Papa Leão I:

Pois foi Deus que agiu e a triunfante Eufêmia que corou a reunião como se fora uma noiva que, tomando a nossa definição da Fé como sua própria confissão, entregou-a ao seu Noivo pelas mãos do nosso muito religioso imperador e sua imperatriz, que ama Cristo, acalmando todo o tumulto dos oponentes e estabelecendo a nossa confissão da Verdade como aceitável para Ele, e com mão e língua juntando o selo dela aos nossos votos em proclamação do dito credo.
 
— Carta do Concílio de Calcedônia a Leão (carta 98)[3].

Relíquias

Quando a perseguição de Diocleciano terminou, os cristãos colocaram as relíquias de Santa Eufêmia num sarcófago de ouro numa igreja dedicada a ela. Suas relíquias passaram então a atrair multidões de peregrinos pelos séculos seguintes.

Por volta do ano 620, logo após a conquista de Calcedônia pelos persas sob Cosroes II no ano de 617, as relíquias de Santa Eufêmia foram transferidas para uma Igreja de Santa Eufêmia na capital imperial. Lá, durante as perseguições dos iconoclastas, seu relicário foi atirado ao mar, de onde foi resgatado por dois irmãos, Sérgio e Sergonos, que pertenciam ao partido ortodoxo (não iconoclasta). Eles o entregaram ao bispo, que o escondeu numa cripta secreta. As relíquias foram depois levadas para a ilha de Lemnos e, em 796, elas retornaram para Constantinopla. A Igreja Ortodoxa crê que elas ainda estejam na sede do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, na Igreja de São Jorge, em Istambul.

Locais de culto à Santa Mártir em Portugal

  • Celorico da BeiraGuarda onde se realiza a feira e romaria junto a ermida, com celebração a 16 de Setembro
  • Penedono (distrito de Viseu).
  • Quadrazais, concelho do Sabugal. No dia 15 de Setembro realiza-se a procissão das velas de transladação da imagem de Santa Eufêmia, da Capela para a Igreja Matriz. No dia 16 de Setembro a imagem regressa à Capela onde é realizada uma missa campal.[4]
  • Vilar de Ordem, freguesia de Povolide, concelho de Viseu, realiza-se uma festa em Sua honra no fim de semana seguinte ao dia 16 de Setembro.
  • Roriz, na freguesia de Pindo, concelho de Penalva do Castelo (Viseu)
  • Lavandeira de Ansiães no concelho de Carrazeda de Ansiães, do distrito de Bragança, a 16 de Setembro realiza-se uma romaria em Sua Honra.
  • Serra da Moita, freguesia de Mouronho, concelho de Tábua, no distrito de Coimbra, nos dias 7 e 8 de Setembro realiza-se uma romaria em sua honra.
  • Póvoa de Midões, concelho de Tábua, distrito de Coimbra, no dia 16 de setembro aqui se realizam os festejos religiosos.
  • Óvoa, concelho de Santa Comba Dão, distrito de Viseu.
  • Pinheiros, concelho de Tabuaço, distrito de Viseu, 16 de Setembro [5]
  • Figueiró da Serra, Concelho de Gouveia, distrito da Guarda, 15 e 16 de Setembro é realizada uma romaria, bicentenária.
  • Lagarinhos, concelho de Gouveia, distrito da Guarda, 15 e 16 de Setembro.
  • Melo, concelho de Gouveia, distrito da Guarda, tem uma ermida a nascente da povoação, com celebração a 16 de Setembro.
  • Lajes, aldeia da freguesia de Mioma, concelho de Sátão. Embora a data oficial seja em 16 de Setembro, e nesse dia continue a haver uma celebração, desde há alguns anos que a festa de Santa Eufémia passou a realizar-se num dos últimos domingos de Agosto. Tal mudança de data prende-se com o facto de a aldeia receber em Agosto a visita de muitos filhos da terra residentes do estrangeiro e não os querer privar da comemoração da sua padroeira. Os festejos começam na sexta feira anterior, prolongam-se pelo sábado e têm o seu auge no domingo. Para além das comemorações religiosas, as festividades incluem provas desportivas e convívios populares.
  • Rio de Moinhos, Abrantes, Santa Eufémia é a Padroeira e venera-se no primeiro Domingo de Setembro.
  • Felgueiras, concelho de Torre de Moncorvo, onde a Santa é Padroeira tendo a si uma igreja dedicada e é anualmente celebrada a Festa de Santa Eufémia, no primeiro fim-de-semana de Setembro.
  • Coz, freguesia do concelho de Alcobaça, distrito de Leiria, Patriarcado de Lisboa, de cuja paróquia é o orago.
  • Freineda, aldeia do concelho de Almeida, distrito da Guarda, tem uma Ermida onde se celebra a festa de Santa Eufêmia de 14 a 16 de setembro.
  • Cepões, concelho de Viseu, onde possui uma capela situada no topo da Lage Gorda, considerada o maior afloramento granítico da Península Ibérica.[1]
  • Aldeia de Lisei, Freguesia de Trancoselos, Concelho de Penalva do Castelo[2]
  • Alvarelhos, Trofa - Serra de Alvarelhos, denominada há já vários séculos "Monte de Santa Eufémia". Festa no terceiro domingo de Setembro.

    Referências

  1.  «Greatmartyr Euphemia the All-praised» (em inglês). Orthodox Church in America. Consultado em 16 de abril de 2011
  2.  «Miracle of the Greatmartyr Euphemia the All-praised at Chalcedon» (em inglês). Orthodox Church in America. Consultado em 16 de abril de 2011
  3.  «Carta do Concílio de Calcedônia a Leão (carta 98)» (em inglês). New Advent. Consultado em 16 de abril de 2011
  4.  Costa Braga, Franklim (11 de setembro de 2020). «A Sant'Ófêmia»Capeia Arraiana
  5.  «Paróquia de Santa Eufémia de Pinheiros» (em portugês). Pe. Manuel Gonçalves

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