domingo, 25 de fevereiro de 2024

UCRÂNIA-RÚSSIA - A GUERRA DE TRÊS DIAS QUE JÁ DURA HÁ DOIS ANOS - 25 DE FEVEREIRO DE 2024

 

Guerra Russo-Ucraniana

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para a invasão em larga escala mais recente, veja Invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022.
Guerra Russo-Ucraniana
Conflitos pós-soviéticos


Mapa do território da Ucrânia

     Controle ucraniano      Ocupação russa

Data27 de fevereiro de 2014 (de facto)[1] – presente
LocalUcrânia e Rússia[2]
SituaçãoEm andamento
  • A Rússia assume o controle militar efetivo da Crimeia;[3]
  • Operações secretas realizadas pelas forças armadas russas, autodenominadas "forças de autodefesa da Crimeia", sem a utilização de quaisquer identificações ou insígnias;
  • Fronteiras russo-ucranianas são patrulhadas pelo exército russo até 4 de março;[4]
  • Tropas russas entram no oblast de Kherson em 8 de março de 2014;[2]
  • Ucrânia fecha a fronteira com a região pró-russa da Transnístria em 15 de março;[5]
  • Tropas militares russas invadem a região da Bacia do Donets em 2014, intervindo em favor dos separatistas. Contudo, Moscou negou qualquer tipo de intervenção no conflito;[6]
  • Em fevereiro de 2022, tropas russas invadem a Ucrânia após reconhecer a independência de Lugansk e Donetsk;
  • No dia 30 de setembro de 2022, o governo russo anunciou a anexação dos territórios do Oblast de DonetskOblast de LuganskOblast de Kherson e Oblast de Zaporíjia.
Beligerantes
 Rússia
 Grupo Wagner[7]
 RP de Donetsk[8]
 RP de Lugansk[9]
 Ucrânia[18]
Comandantes
Rússia Vladimir Putin
Rússia Sergei Shoigu
Rússia Valery Gerasimov
 Andrey Troshev
Rússia Igor Sergun
Rússia Aleksandr Vitko
Rússia Sergey Aksyonov
Rússia Sergey Surovikin
Yevgeny Prigozhin (2014-2023)
 Denis Pushilin
 Dmitry Trapeznikov
 Alexander Zakharchenko
Rússia Alexander Borodai
 Leonid Pasechnik
 Igor Plotnitsky
 Valery Bolotov
 Volodymyr Zelensky
 Oleksandr Turtchynov (2014)
 Petro Poroshenko (2014–2019)
 Alexei Reznikov
 Ihor Tenyukh (2014)
 Sergey Shaptala
 Mykhailo Kutsyn (2014)
 Serhiy Hayduk
 Oleksii Reznikov
 Denys Shmyhal
 Denis Berezovsky
(desertou)
Forças
Tropas da Crimeia: 25 000 – 30 000[21][22]
  • Frota do Mar Negro: 11 000 (incluindo a Fuzileiros Navais)
  • 4 esquadrões de caças aéreos (18 aviões cada)
Reforços: entre 16 000[23][24][25] e 42 000[26] soldados

Tropas no leste:
+ 190 000 militares russos (2022)[27]
Guarnição da Crimeia:
~ 14 500 soldados[28]
10 navios de guerra

Exército no leste:
70 000 militares[29] (mobilizados)


Total: 300 000 militares (ativos e reservistas)[30]
Baixas
Crimeia:
1 miliciano pró-Rússia morto[31]
1 equipe de inteligência militar capturada[32]

Donbass (leste):
400 – 500 soldados russos mortos (até 2015)[33]

5 768 separatistas mortos[34][35]
12 700 – 13 700 feridos[34]

Invasão russa em 2022:
200 000 mortos, feridos ou desaparecidos (até maio de 2023)[36]
No leste:
4 619 mortos[37][38]
9 700 – 10 700 feridos[34]

Invasão russa em 2022:
124 500 – 131 000 mortos, feridos ou desaparecidos (até maio de 2023)[36]

Guerra Russo-Ucraniana[39] (em ucranianoросійсько-українська війнаtransl. rosiisko-ukrainska viina) é um conflito contínuo e prolongado que começou em fevereiro de 2014, envolvendo principalmente a Rússia, forças pró-russas e, Ucrânia; concentrada na península da Crimeia e partes do território de Donbas, que são internacionalmente reconhecidas como parte do território ucraniano. As tensões entre a Rússia e a Ucrânia explodiram especialmente de 2021 a 2022, quando ficou claro que a Rússia estava considerando lançar uma invasão militar da Ucrânia. Em fevereiro de 2022, a crise se aprofundou e as negociações diplomáticas para subjugar a Rússia falharam; isso aumentou quando a Rússia moveu forças para as regiões controladas pelos separatistas em 22 de fevereiro de 2022.[40][41][42]

Após os protestos do Euromaidan e a subsequente remoção do presidente ucraniano pró-Rússia Viktor Yanukovych em 22 de fevereiro de 2014, e em meio a agitação pró-Rússia na Ucrâniasoldados russos sem insígnias assumiram o controle de posições estratégicas dentro do território ucraniano da Crimeia. Em 1 de março de 2014, o Conselho da Federação da Federação Russa adotou por unanimidade uma resolução para fazer uma petição ao presidente russo Vladimir Putin para usar a força militar na Ucrânia.[43] A resolução foi adotada vários dias depois, após o início da operação militar russa no "Retorno da Crimeia". A Rússia então anexou a Crimeia após um referendo local amplamente criticado que foi organizado pela Rússia após a captura do Parlamento da Crimeia, cujo resultado foi a adesão da República Autônoma da Crimeia à Federação Russa.[44][45][46] Em abril, manifestações de grupos pró-Rússia na área de Donbas, na Ucrânia, se transformaram em uma guerra entre o governo ucraniano e as forças separatistas apoiadas pela Rússia das autodeclaradas "repúblicas populares" de Donetsk e Luhansk. Em agosto, veículos militares russos cruzaram a fronteira em vários locais do oblast de Donetsk.[47][48][49][50] A incursão dos militares russos foi vista como responsável pela derrota das forças ucranianas no início de setembro.[51][52]

A maioria dos membros da comunidade internacional[53][54][55] e organizações como a Anistia Internacional[56] condenaram a Rússia por suas ações na Ucrânia pós-revolucionária, acusando-a de violar o direito internacional e violar a soberania ucraniana. Muitos países implementaram sanções econômicas contra a Rússia, indivíduos ou empresas russas.[57] Em fevereiro de 2019, 7% do território da Ucrânia foi classificado pelo governo ucraniano como territórios ocupados temporariamente pelos russos.[58]

Histórico

Euromaidan e revolução ucraniana

Ver artigos principais: Euromaidan e Revolução Ucraniana de 2014

A Ucrânia foi tomada por distúrbios quando o presidente Viktor Yanukovych se recusou a assinar um acordo de associação com a União Europeia, em 21 de novembro de 2013.[59] Um movimento político organizado conhecido como 'Euromaidan' exigia laços mais estreitos com a União Europeia, bem como a destituição de Yanukovych.[60] Este movimento acabou por ser bem-sucedido, culminando na Revolução de Fevereiro de 2014, que removeu Yanukovych e seu governo.[61]

Instabilidade pós-revolução

Na sequência da destituição do presidente Yanukovych em 23 de fevereiro, protestos de ativistas pró-russos e anti-revolução começaram na região majoritariamente russófona da Crimeia.[62] Estes foram seguidos por manifestações em várias cidades do leste e do sul da Ucrânia, incluindo DonetskLuhanskKharkiv e Odessa.

Crise da Crimeia

Militares russos (Homenzinhos verdes) guardam uma antiga base militar ucraniana em Perevalne, durante a crise na Crimeia, em 2014.

A partir do dia 26 de fevereiro, à medida que os protestos apertavam na Crimeia, homens armados pró-russos gradualmente começaram a tomar o poder sobre a península.[63] A Rússia afirmou inicialmente que esses militantes uniformizados, chamados de "Homenzinhos verdes" na Ucrânia, eram "forças de autodefesa locais".[64] No entanto, eles mais tarde admitiriam que estes eram, de fato, soldados russos sem insígnias, confirmando os relatos de uma incursão russa na Ucrânia.[65][66][67][68][69][70][71] Em 27 de fevereiro, o edifício do parlamento da Crimeia foi tomado pelas forças russas. Bandeiras russas foram hasteadas sobre estes edifícios, e um governo pró-russo autodeclarado afirmou que iria realizar um referendo sobre a independência da Ucrânia.[72] Na sequência deste referendo não reconhecido internacionalmente, que foi realizado em 16 de março, a Rússia anexou Crimeia em 18 de março.

Guerra em Donbass

Ver artigo principal: Guerra Civil no Leste da Ucrânia

Desde o início de março de 2014, manifestações de grupos pró-russos e anti-governo ocorreram nos oblasts ucranianos de Donetsk e Luhansk - que em conjunto formam o comumente chamado "Donbass" - na sequência da revolução ucraniana de 2014 e do movimento Euromaidan. Estas manifestações, que se seguiram a anexação da Crimeia pela Federação Russa, e que faziam parte de um grupo maior de protestos pró-russos simultâneos em todo o sul e leste da Ucrânia, escalaram para um conflito armado entre as forças separatistas das auto-declaradas República Popular de Donetsk e República Popular de Lugansk, e o governo ucraniano.[73][74] Antes de uma mudança dos principais líderes em agosto,[75] os separatistas eram liderados principalmente por cidadãos russos.[76] Paramilitares russos são relatados por constituírem de 15% a 80% dos combatentes.[76][77][78][79][80]

Separatistas da Milícia Popular de Donbass tomam o conselho municipal de Sloviansk em Abril de 2014

Entre 22 e 25 de agosto, a artilharia e o pessoal russo, o qual a Rússia chamou de "comboio humanitário", foram relatados por terem cruzado a fronteira com o território ucraniano, sem a permissão do governo ucraniano. Os cruzamentos foram relatados como tendo ocorrido tanto em áreas sob o controle de forças pró-russas como em áreas que não estavam sob seu controle, como a parte sudeste do Oblast de Donetsk, perto de Novoazovsk. Estes acontecimentos seguiram ao bombardeio de posições ucranianas do lado russo da fronteira ao longo do mês anterior.[81][82][83][84][85] O Chefe do Serviço de Segurança da Ucrânia Valentyn Nalyvaichenko afirmou que os acontecimentos de 22 de agosto foram uma "invasão direta a Ucrânia por parte da Rússia".[86] As autoridades ocidentais e ucranianas descreveram esses eventos como uma "invasão furtiva" da Ucrânia pela Rússia.[85] Como resultado desta, os insurgentes recuperaram grande parte do território que haviam perdido durante a ofensiva militar anterior do governo. Um acordo para estabelecer um cessar-fogo, o chamado Protocolo de Minsk, foi assinado em 5 de setembro de 2014.[87] As violações do cessar-fogo de ambos os lados são comuns, mas este tem sido mantido, no entanto. Em meio à solidificação da linha entre o território insurgente e ucraniano durante o cessar-fogo, senhores da guerra assumiram o controle de porções de terra do lado dos insurgentes, levando a mais desestabilização.[88]

Em 2015, com os combates no leste da Ucrânia se intensificando, denúncias cada vez mais veementes apontavam que a presença militar russa no país aumentou, além de seu apoio aos separatistas. Putin foi acusado pelo ocidente de tentar desestabilizar a Ucrânia e de tentar anexar o leste daquela nação pela força.[89]

Em 2016, a OSCE reportou diversas movimentações militares de soldados e equipamentos, provavelmente russos, na região de fronteira e próximo a Donetsk, alertando uma nova escalada das tensões.[90][91] Em setembro deste mesmo ano, um soldado russo, Denis Sidorov, se rendeu às forças ucranianas em Shirokaya Balka e em seu interrogatório supostamente detalhou o sistema de ajuda dos russos para os rebeldes em Donetsk.[92]

Em 25 de novembro de 2018, no Estreito de Querche, navios de guerra russos dispararam contra três embarcações ucranianas, capturando-as logo em seguida.[93][94] No dia seguinte, a 26 de novembro, parlamentares ucranianos apoiaram a proposta do presidente Petro Poroshenko de declarar lei marcial (por 30 dias) na região costeira da Ucrânia e na fronteira com a Rússia, como resposta ao incidente.[95]

Eleições na Ucrânia

Em meio à crise prolongada, várias eleições foram realizadas em toda a Ucrânia. A primeira eleição realizada desde a destituição do presidente Yanukovych foi a eleição presidencial de 25 de maio, que resultou na eleição de Petro Poroshenko como presidente da Ucrânia. Na região de Donbass, apenas 20% das seções eleitorais foram abertas devido às ameaças de violência por parte dos insurgentes separatistas pró-russos.[96] Das 2 430 seções eleitorais previstas para a região, apenas 426 permaneceram abertas para votação.[96]

Como a guerra no Donbass prosseguia, as primeiras eleições parlamentares pós-revolucionárias na Ucrânia foram realizadas em 26 de outubro de 2014.[97] Mais uma vez, os separatistas impediram a votação nas áreas em que controlavam. Eles realizaram as suas próprias eleições, não reconhecidas internacionalmente e em violação ao processo de paz do Protocolo de Minsk, em 2 de novembro de 2014.[98] Embora compatíveis com o acordo de paz na visão dos rebeldes.[99]

Efeitos da crise

Ruínas do Aeroporto Internacional de Donetsk, destruído após semanas de intensos combates entre os rebeldes separatistas e militares do governo ucraniano.

A crise teve muitos efeitos, tanto nacionais como internacionais. De acordo com uma estimativa de outubro de 2014 pelo Banco Mundial, a economia da Ucrânia encolheu 8% durante o ano de 2014 como resultado da crise.[100]

As exportações de petróleo e gás fornecem mais de um terço do orçamento nacional russo. O maior parceiro é a União Europeia, que em 2022, recebeu quase 40% de seu gás e mais de um quarto de seu petróleo da Rússia. O que levou ao dilema dos líderes europeus entre querer punir a Rússia por sua agressão ou proteger suas próprias economias.[101] Mesmo assim, sanções econômicas foram impostas à Rússia pelas nações ocidentais que contribuíram para o colapso do valor do rublo russo e para a crise financeira russa resultante.[102]

A guerra no Donbass provocou uma escassez de carvão na Ucrânia, uma vez que a região de Donbass era a principal fonte de carvão para usinas de energia em todo o país. Além disso, a Usina Nuclear de Zaporizhia foi forçada a desligar um dos seus reatores após um acidente. A combinação destes dois problemas provocou apagões em toda a Ucrânia no mês de dezembro de 2014.[103]

A proposta de um novo gasoduto para a Turquia, com uma capacidade anual em torno de 63 bilhões de metros cúbicos (BCM), levará o gás natural para a Europa contornando completamente a Ucrânia como um centro de transporte tradicional para o gás russo.[104]

Crise em Donbass em 2021-2022

Em finais de 2021, a Rússia começou a fazer movimentações ao longo da fronteira ucraniana. O governo ucraniano então pediu que seu país fosse incluído na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) para evitar a invasão. Em 19 de dezembro, o governo dos Estados Unidos se disse pronto para iniciar conversações com o governo russo para discutir as "ações da Rússia". Washington então não acreditava que Putin fosse invadir o território ucraniano, mas o presidente Joe Biden advertiu que se isto acontecesse, haveria duras sanções econômicas.[105][106]

No dia 14 de janeiro, no entanto, o secretário de imprensa do Pentágono, John F. Kirby, disse que a Rússia havia enviado “um grupo de agentes” para a Ucrânia para fomentar um pretexto para outra invasão daquele país. Ele também disse que o Governo Biden ainda acreditava que havia espaço para resolver a situação com diplomacia. Naquela altura, a Rússia exigia que a Ucrânia não se tornasse membro da OTAN.[107]

No dia 17 de janeiro seguinte, senadores dos EUA visitaram Kiev e declararam que as sanções “não serão destinadas apenas à Rússia em diferentes direções, incluindo a econômica, mas também contra suas indústrias extrativas, contra Vladimir Putin e lideranças que podem estar envolvidas no incentivo à crise na Ucrânia.” Jeanne Shaheen, representante do Partido Democrata, disse também que: "queremos ser francos com Vladimir Putin. Estamos procurando maneiras de trazê-lo à justiça e ele deve entender que esta é uma questão com a qual o Congresso, a administração Biden e nossos aliados estão lidando, por isso temos uma frente unida contra qualquer esforço de Putin e da Rússia para invadir a Ucrânia."[108]

No dia 21 de janeiro, os EUA enviaram uma carga de armas e munições para a Ucrânia e outros países, como Estônia, Letônia e Lituânia, ex-membros da extinta União Soviética e atualmente membros da OTAN, disseram que fariam o mesmo.[109][110]

No dia 24 a OTAN enviou aviões e navios de guerra para a região e neste mesmo dia os Estados Unidos, Reino Unido e Austrália retiraram as famílias de funcionários de suas embaixadas na Ucrânia.[109][111][112]

Invasão militar da Ucrânia

Bombardeio russo contra a Torre de televisão de Kiev em 1 de março, durante a invasão de 2022.

Em 21 de fevereiro de 2022, o governo russo alegou que o bombardeio ucraniano havia destruído uma instalação de fronteira e alegou que havia matado cinco soldados ucranianos que tentaram atravessar o território russo. A Ucrânia negou estar envolvida em ambos os incidentes e os chamou de operação de bandeira falsa.[113][114]

No mesmo dia, o governo russo reconheceu formalmente as autoproclamadas República Popular de Luhansk e República Popular de Donetsk como países independentes, de acordo com Putin não apenas em suas áreas controladas de fato, mas nos oblasts ucranianos como um todo,[115] e Putin ordenou que tropas russas, incluindo tanques, entrassem nas regiões.[116][117]

Em 24 de fevereiro de 2022, o presidente russo Vladimir Putin ordenou a invasão do leste da Ucrânia.[118] Outros bombardeios contra edifícios, bem como bombardeios ocorreram na região, ocorreram.[119] Mais bombardeios de edifícios e bombardeios ocorreram na região.[119] O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy declarou lei marcial em toda a Ucrânia.[120] Sirenes de ataque aéreo também foram ouvidas em toda a Ucrânia durante a maior parte do dia.[121]

Guerra cibernética

No mês de fevereiro de 2022 o coletivo Anonymous declarou guerra contra a Rússia pela invasão da Ucrânia,[122][123][124] o grupo fez uma série de ataques contra sites governamentais do país. A Rússia foi acusada por especialistas[125] pela desestabilização de sites governamentais da Ucrânia.[126][127] A empresa de segurança Kaspersky Lab entrou na mira dos governos dos Estados Unidos e Alemanha, os países acusam a empresa de ter relações com o governo Russo e de possíveis envolvimentos com ataques virtuais contra os países da Europa e Norte Americano, o governo Americano colocou a Kaspersky Lab na lista de banimentos e a Alemanha recomendou que empresas do seu país não utilizem o software da empresa.[128][129][130]

Ver também

Notas

  1.  Alegadamente, mísseis contra a Ucrânia foram lançados da Transnístria durante a invasão de 2022.[14]

Referências

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Bibliografia

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Ligações externas

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CESÁRIO VERDE - POETA - NASCEU EM 1855 - 25 DE FEVEREIRO DE 2024

 

Cesário Verde

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Cesário Verde
Nome completoJosé Joaquim Cesário Verde
Nascimento25 de fevereiro de 1855
Linda a Pastora
Morte19 de julho de 1886 (31 anos)
Lisboa
ResidênciaLinda-a-PastoraOeiras
NacionalidadePortuguesa
Etniacaucasiano
EducaçãoUniversidade de Lisboa
OcupaçãoEscritor, comerciante
Género literárioPoesia
Magnum opusO Livro de Cesário Verde
Carreira musical
Período musicalSéc. XIX
Assinatura

José Joaquim Cesário Verde (LisboaMadalena25 de Fevereiro de 1855 — LisboaLumiar19 de Julho de 1886) foi um poeta português, sendo considerado um dos pioneiros, precursores da poesia que seria feita em Portugal no século XX.

Vida e Obra

Assento de baptismo de José Joaquim Cesário Verde, datado de 2 de Junho de 1855. Paróquia de MadalenaLisboa.

Filho do lavrador e abastado comerciante e ferrageiro José Anastácio Verde (1813-1888) e de sua mulher Maria da Piedade David dos Santos (1821-1890), aos 18 anos de idade Cesário matriculou-se no Curso Superior de Letras, mas apenas o frequentou alguns meses. Ali conheceu Silva Pinto, que ficou seu amigo para o resto da vida. Dividia-se entre a produção de poesias publicadas em jornais, destacando-se o semanário Branco e Negro[1] (1896-1898) e as revistas O Occidente[2] (1878-1915), Renascença[3] (1878-1879) e no periódico O Azeitonense[4] (1919-1922), e as actividades comerciais na Rua dos Fanqueiros herdadas do pai, descendente de comerciantes genoveses de nome Verdi. Era sobrinho-neto de João Baptista Verde e de D. Mariana Benedita Victória Verde, que foi casada com o pintor Domingos Sequeira.

Em 1877 começou a apresentar sintomas de tuberculose pulmonar, doença que já tinha levado a sua irmã Maria Júlia Verde (1853-1872) e posteriormente seu irmão Joaquim Tomás Verde (1858-1882). Estas mortes inspiraram contudo um de seus principais poemas, Nós (1884). Tinha mais um irmão, Jorge dos Santos Verde (1861-1941), que casou com uma das filhas de Manuel Pinheiro Chagas, e uma irmã, Adelaide Eufémia Verde (1856-1859), falecida de anginas.

Tenta curar-se da tuberculose mas, sem sucesso, vem a falecer no dia 19 de Julho de 1886, no lugar do Paço do Lumiar, aos 31 anos, sendo sepultado em jazigo no Cemitério dos Prazeres. No ano seguinte Silva Pinto organiza O Livro de Cesário Verde, compilação das suas poesias publicada em 1901. O seu pai faleceria dois anos depois, em 30 de Setembro de 1888, aos 75 anos, em Linda-a-Pastora, e a mãe em 26 de Janeiro de 1890, aos 68 anos, na Lapa.

No seu estilo delicado, Cesário empregou técnicas impressionistas, com extrema sensibilidade ao retratar a cidade e o campo, que são os seus cenários predilectos. Evitou o lirismo tradicional, expressando-se de uma forma mais natural.

Em 1933 a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o poeta dando o seu nome a uma rua na Penha de França.[5]

O Binómio cidade/campo

A supremacia exercida pela cidade sobre o campo leva o poeta a tratar estes dois espaços em termos dicotómicos. O contacto com o campo na sua infância determina a visão que dele nos dá e a sua preferência. Ao contrário de outros poetas anteriores, o campo não tem um aspecto idílico, paradisíaco, bucólico, susceptível de devaneio poético, mas sim um espaço real, concreto, autêntico, que lhe confere liberdade. O campo é um espaço de vitalidade, alegria, beleza, vida saudável… Na cidade, o ambiente físico, cheio de contrastes, apresenta ruas macadamizadas/esburacadas, casas apalaçadas (habitadas pelos burgueses e pelos ociosos) / quintalórios velhos, edifícios cinzentos e sujos… O ambiente humano é caracterizado pelos calceteiros, cuja coluna nunca se endireita, pelos padeiros cobertos de farinha, pelas vendedeiras enfezadas, pelas engomadeiras tísicas, pelas burguesinhas… É neste sentido que podemos reconhecer a capacidade de Cesário Verde em trazer para a poesia o real quotidiano do homem citadino.

Ao ler-se o poema "De Tarde", pertencente a "Em Petiz", é visível o tom irónico em relação aos citadinos, mas onde o tom eufórico também sobressai, ao percorrer os lugares campestres ao lado da sua "companheira". A preferência do poeta pelo campo está expressa nos poemas "De Verão" e "Nós" (o mais longo), onde desaparecem a aspereza e a doença ligadas à vida citadina e surge o elogio ao ambiente campesino. A arte de Cesário Verde é, pois, reveladora de uma preocupação social e intervém criticamente. O campo oferece ao poeta uma lição de vida multifacetada (por exemplo, os camponeses são retratados no seu trabalho diário) que ele transmite com objectividade e realismo. Trata-se, pois, de uma visão concreta do campo e não da abstracção da Natureza.

A força inspiradora de Cesário é a terra-mãe, sendo nela que Cesário encontra os seus temas. É por isto que, habitualmente, se associa o poeta ao mito de Anteu.

A mulher em Cesário Verde

A vendedeira de "Num Bairro Moderno" (1877) representa a mulher do campo, desgraçada, trabalhadora e inocente. ("Rapariga com cesto ao ombro", por Teresa de Saldanha).
Milady de "Deslumbramentos" é um tipo feminino calculista, destrutivo e frívolo, associado com a aristocracia e a sociedade citadina ("Retrato equestre de Ana de Áustria", por Jean de Saint-Igny).

Deambulando pelos dois espaços, depara com dois tipos de mulher, que estão articulados com os locais. A cidade maldita surge associada à mulher fatal, frívola, calculista, madura, destrutiva, dominadora, sem sentimentos. Em contraste com esta mulher predadora, surge um tipo feminino, por exemplo em "A Débil", que é o oposto complementar das esplêndidas aristocráticas, presentes em poemas como "Deslumbramentos" e "Vaidosa". Essa mulher é frágil, terna, ingénua e despretensiosa.

A mulher (desfavorecida) do campo é-nos mostrada numa perspetiva diferente. A vendedora em "Num Bairro Moderno", ou a engomadeira em "Contrariedades" mostram as características da mulher do povo no campo. Sempre feias, pobres e por vezes doentes, ou em esforço físico, as mulheres trabalhadoras são objecto da admiração de Cesário.

"Depois de referir o cenário geral da acção em "Num Bairro Moderno", os olhos do sujeito poético retêm, como uma objectiva, um elemento novo - a vendedeira. A sua caracterização é de uma duplicidade contrastante: ela é pobre, anémica, feia, veste mal e tem de trabalhar para sobreviver, mas aparece envolvida numa força quase épica, de "peito erguido" e "pulsos nas ilhargas", encarnando, pela sua castidade, a força genuína do povo trabalhador, que Cesário tão bem defende."

A poética de Cesário e as escolas literárias

Podemos afirmar a sua aproximação a várias estéticas, embora seja visível a proximidade com Charles Baudelaire, por retratar realidades quotidianas, o que o aproxima dos poetas portugueses do século XX e o fez incompreendido em seu tempo.

Embora Cesário Verde não pudesse ser enquadrado em nenhuma das escolas poéticas dos países de língua portuguesa da época podemos dizer que ele não poderia não estar relacionado às estéticas do seu tempo de alguma forma. Se se tiver em conta o interesse pela captação do real, por exemplo, ao considerarmos o tipo de cena a serem retratadas pelas quais o poeta optou, seus quadros e figuras citadinos, concretos, plásticos e coloridos, é fácil detectar aqui a afinidade ao Realismo. A ligação aos ideais do Naturalismo verifica-se na medida em que o meio surge determinante dos comportamentos. Se considerarmos o facto de o poeta figurar plasticamente uma cena, poderia aproximá-lo, inclusive, do Parnasianismo. Porém, sua obra ainda tem um certo sentimentalismo que remete ao Romantismo e as imagens retratadas, muitas vezes de personagens doentes ou pobres, jamais poderiam ser retratadas por um parnasiano.

Aproxima-se dos impressionistas que captam a realidade mas que a retratam já filtrada pelas percepções, o que, definitivamente, o inscreve no quadro dos poetas fundadores da modernidade. Ecos de sua obra podem ser vistos nos poemas de Fernando Pessoa, parecendo Cesário Verde o predecessor do heterónimo Álvaro de Campos de Opiário e sendo citado várias vezes por Alberto Caeiro e Bernardo Soares.

Importância da representação do quotidiano na poesia de Cesário Verde

Cesário Verde por Columbano, reproduzido em O Livro de Cesário Verde.

A observação das situações do quotidiano é o ponto de partida preferencial para os poemas de Cesário Verde. É o mundo real, rotineiro, que é retratado e analisado, servindo de suporte às ideias e sentimentos do poeta.

Os sujeitos poéticos criados por Cesário Verde são atentos ao que se passa. Aquilo que para outro transeunte seria uma banalidade é, na perspectiva do poeta, parte de um quadro do real. Veja-se que antes de se focar numa situação particular, que prenda a atenção, o poeta dá-nos uma visão geral do ambiente: "Dez horas da manhã, os transparentes/Matizam uma casa apalaçada(…)E fere a vista, com brancuras quentes, a larga rua macadamizada" (em "Num bairro moderno"). Mas, apesar de existirem situações particulares, estas poderiam ser integradas no movimento quotidiano de uma rua de uma cidade onde "(…) rota, pequenina azafamada,/Notei de costas uma rapariga" (em "Num bairro moderno"), mas que para o sujeito poético tomam uma nova dimensão. Um processo análogo pode verificar-se em "Cristalizações", onde as primeiras estrofes constituem uma visão panorâmica, para se focar mais à frente nos "calceteiros" ou na "actrizita". É essencialmente destacado o quotidiano urbano, onde o sujeito poético deambula, sendo o poema "O sentimento de um ocidental" aquele em que é mais clara a descrição do dia-a-dia como ponto de partida para a revolta contra a vivência desumana da cidade. Aliás, Cesário Verde está longe de se deixar na passividade da observação casual, e repara naquilo, que tendo-se tornado parte de cada dia, é um factor de animalização e doença. Outras vezes, partindo da realidade, transfigura-a, num impulso salutar, em que tudo parece tomar formas orgânicas e vivas em oposição ao emparedamento das ruas da cidade: "Se eu transformasse os simples vegetais, num ser humano que se mova e exista/Cheio de belas proporções carnais?!".

Linguagem e estilo

Eis algumas das características estilísticas e linguísticas: vocabulário objectivo; imagens extremamente visuais de modo a dar uma dimensão realista do mundo (daí poeta-pintor-calceteiro b ); pormenor descritivo; mistura o físico e o moral; combina sensações; usa sinestesiasmetáforas, comparações, hipálage; emprega dois ou mais adjectivos a qualificar o mesmo substantivo; quadras, em versos decassilábicos ou versos alexandrinos; utilização do "enjambement".

Ver também

Ligações externas

Bibliografia

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CommonsImagens e media no Commons


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  • Helder Macedo, Nós, uma leitura de Cesário Verde, Lisboa: Plátano, 1975.
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Referências

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