sexta-feira, 13 de outubro de 2023

MILAGRE DO SOL EM FÁTIMA - 13/10/1917 - 13 DE OUTUBRO DE 2023

 

Milagre do Sol

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Pessoas presentes na Cova da Iria, em Fátima, a 13 de outubro de 1917, olhando para o Sol. Fotografia de Judah Bento Ruah.
Vista geral da multidão presente na Cova da Iria, em Fátima, a 13 de outubro de 1917.

Milagre do Sol foi um acontecimento ocorrido no dia 13 de outubro de 1917 no terreno da Cova da Iria, perto de Fátima, em Portugal.[1]:183-194 As estimativas do tamanho da multidão variam de "trinta a quarenta mil" por Avelino de Almeida, escrevendo para o jornal português O Século,[1] a cem mil, segundo estimativa de José de Almeida Garrett, professor de ciências naturais na Universidade de Coimbra;[1]:177 ambos presenciaram o referido acontecimento.[1]:185-187

O evento foi oficialmente aceite como um milagre pela Igreja Católica em 13 de outubro de 1930. Em 13 de outubro de 1951, o cardeal Tedeschini afirma que, em 30 de outubro, 31 de outubro, 1 de novembro e 8 de novembro, o Papa Pio XII presenciou um milagre semelhante nos jardins do Vaticano.[2]

O evento

Os três pastorinhos de Fátima haviam relatado que na aparição de 13 de Maio a Virgem Maria tinha-lhes prometido um milagre para o dia 13 de Outubro, na Cova da Iria,[3]:74 "de modo que todos pudessem acreditar" nas Suas aparições.[3]:46

De acordo com muitas indicações das testemunhas, por exemplo o avô materno de Fátima Magalhães, entre muitas outras, após uma chuva torrencial, as nuvens dissiparam-se no firmamento e o Sol apareceu como um disco opaco, girando no céu.[3]:139-150 Algumas afirmaram que não se tratava do Sol, mas de um disco em proporções solares, semelhante à Lua. Disse-se ser observável significativamente menos brilhante do que o normal, acompanhado de luzes multicoloridas, que se reflectiam na paisagem, nas pessoas e nas nuvens circunvizinhas.[3]:139-150 Foi relatado que o pretenso Sol se teria movido com um padrão de zigue-zagues,[3]:139-150 assustando muitos daqueles que o presenciaram, que pensaram ser o fim do mundo.[3]:143-149 Muitas testemunhas relataram que a terra e as roupas previamente molhadas ficaram completamente secas num curto intervalo de tempo,[3]:150 e também relataram curas inexplicáveis de paralíticos e cegos, e outras doenças não explícitas, em vários casos comprovadas também por testemunhos de médicos.[4]

De acordo com relatórios das testemunhas, o Milagre do Sol durou aproximadamente dez minutos.[3] As três crianças[1]:207-210 relataram terem observado a Sagrada Família (São José, a Virgem Maria e o Menino Jesus), depois Jesus com Nossa Senhora das Dores, e, por fim, Nossa Senhora do Carmo abençoando a multidão a partir do firmamento.[3]:151-166

Avaliação crítica do evento

Página de Ilustração Portuguesa, 29 de outubro de 1917, mostrando as pessoas a observar o milagre

Diversos autores sugeriram possíveis explicações para o pretenso milagre com base em fenómenos naturais.[5][6]

Joe Nickell sugere que os efeitos testemunhados podem se dever a efeitos visuais causados na retina após exposição à luz intensa.[7] Nickell também sugere a possibilidade de a causa ter sido um parélio, um fenômeno atmosférico relativamente comum.[8]

Durante o dia do fenómeno, não foi reportada nenhuma observação científica extraordinária do Sol em observatórios..[3]:148-150,282 O professor Auguste Meessen, do Instituto de Física da Universidade Católica da Lovaina, afirmou que milagres do sol não podem ser aceites e que as observações relatadas foram efeitos ópticos causados pela prolongada observação directa do Sol. Meessen alega que as imagens residuais na retina, produzidas após breves períodos de olhar fixo no Sol, são a causa provável dos efeitos observados de dança. Semelhantemente, Meessen afirma que as mudanças de cor testemunhadas foram provavelmente causadas pela estimulação excessiva das células fotossensíveis da retina.[9] Meessen adverte que "milagres do Sol", com os mesmos efeitos ópticos, têm sido testemunhados em muitos locais onde peregrinos cheios de religiosidade têm sido encorajados a olhar para o Sol: por exemplo, em 1901 em Tilly-sur-Seuilles, em 1933 em Onkerzeele, em 1944 em Bonate, em 1946 em Espis, em 1950 em Acquaviva Platani, em 1949 em Heroldsbach, em 1950 em Fehrbach. em 1953 em Kerezinen, em 1965 em San Damiano, em 1982 em Tre Fontane, e em 1983 em Kibeho (Ruanda).[10]

Meessen descarta ainda a hipótese de, no caso de Fátima, se ter tratado de um OVNI, visto que este teria de ser demasiado grande para poder ser igualmente visto e confundido com o Sol, à mesma hora, em locais situados num raio de 18 km dali. A hipótese de um OVNI, bloqueando o Sol, teria de ter formado um "cone de sombra", que não foi observado.[10]

Explicações de crentes

Stanley L. Jaki, beneditino e autor de livros que tentam conciliar a ciência e o catolicismo, propôs uma teoria para o milagre. Para ele, o fenómeno pode ter sido meteorológico em natureza, mas o facto de ter ocorrido no exacto tempo prenunciado é um milagre.[11]

De Marchi afirma que a predição de um "milagre" inespecífico, o início e final abruptos do pretenso milagre, a natureza diversa dos observadores, incluindo crentes e descrentes, o grande número de pessoas presentes e a ausência de qualquer possível causa científica conhecida põem uma barreira à hipótese de alucinação em massa. De Marchi afirma também que a existência de relatos de que a atividade solar foi visível por pessoas a até 18 quilômetros de distância do local também elimina a possibilidade da teoria de alucinação ou histeria colectiva.[3]:150,278-282

Ver também

Referências

  1. ↑ Ir para:a b c d e Marchi, João de (1948). Era uma senhora mais brilhante que o sol. Fátima: Missões Consolata. OCLC 35835423
  2.  Pelletier, Joseph Albert (1983). The sun danced at Fatima (em inglês). Garden City, N.Y.: Image Books. p. 147-151. OCLC 9464739
  3. ↑ Ir para:a b c d e f g h i j k Marchi, João de (1952). The Immaculate Heart, the true story of Our Lady of Fatima; (em inglês). New York: Farrar, Straus and Young. OCLC 2947238
  4.  Haffert, John M (1961). Encontro de Testemunhas. Fátima, Portugal: Sede Internacional do Exército Azul. p. 35-36,58. OCLC 51643617
  5.  Simmons, Paul (17 de fevereiro de 2005). «Weather Secrets of Miracle at Fatima». The Times (em inglês)
  6.  McClure, Kevin. The evidence for visions of the Virgin Mary. Wellingborough, Northamptonshire: [s.n.] OCLC 11290280
  7.  Nickell, Joe (2009). «The Real Secrets of Fatima»Skeptical Inquirer. Arquivado do original em 8 de outubro de 2018
  8.  Nickell, John (1993). Looking for a Miracle: Weeping Icons, Relics, Stigmata, Visions, and Healing Cures. [S.l.]: Prometheus. ISBN 0-87975-840-6
  9.  Meesen, Auguste (25 de outubro de 2003). «Apparitions and Miracles of the Sun» (PDF). International Forum in Porto “Science, Religion and Conscience”. ISSN 1645-6564. Consultado em 16 de janeiro de 2021
  10. ↑ Ir para:a b Meessen, Auguste (23 de outubro de 2003). «Apparitions and Miracles of the Sun» (PDF). International Forum in Porto “Science, Religion and Conscience”. 15 páginas. ISSN 1645-6564. Consultado em 10 de julho de 2021
  11.  Jaki, Stanley L (1999). God and the sun at Fatima (em inglês). Royal Oak, Mich.: Real View Books. OCLC 42267032

Bibliografia

  • Torgal, Luís Filipe (2011). O Sol Bailou ao Meio-Dia: A Criação de Fátima. Lisboa: Tinta da China. ISBN 9789896710712
  • Machado, José Barbosa (2010). O Milagre do Sol. Braga: Edições Vercial. ISBN 9789898392268
  • da Fonseca, Tomás (2009). Na Cova dos Leões. Lisboa: Antígona. ISBN 9789726082071
  • Memórias e cartas da Irmã Lúcia - Introdução e notas pelo Padre Dr. António Maria Martins, S.J. Composição e impressão de Simão Guimarães, Filhos, Lda. Depositários L. E. Porto, Portugal: [s.n.] 1973
  • História das Aparições - Cónego José Galamba de Oliveira. Ocidental Editora : Porto, Portugal, 1954 in Fátima, altar do mundo Vol. II, pp. 21–160
  • Síntese crítica de Fátima-Incidências e repercussões - Cónego Sebastião Martins dos Reis. Edição do Autor, Évora, Portugal, 1967.
  • A vidente de Fátima dialoga e responde pelas Aparições - Cónego Sebastião Martins dos Reis. Tipografia Editorial Franciscana, Braga, Portugal, 1970.
  • Eu Vi Nascer Fátima, de Humberto Pasquale - Edições Salesianas, 1993 - ISBN: 9789726902720
  • Grandes Fenómenos da Cova da Iria e a História da Primeira Imagem de Nossa Senhora - por Gilberto Fernando dos Santos (1956)
  • Memórias - Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado, 13.ª edição, Secretariado dos Pastorinhos, Outubro de 2007 - ISBN 978 972 8524 18 0.
  • Documentação Crítica de Fátima : Seleção de Documentos (1917-1930) Edição do Santuário de Fátima, 2013 (Download disponível, em formato PDF, na própria página do Santuário de Fátima)
  • Encontro de Testemunhas - John Mathias Haffert (1961) Edição da Sede Internacional do Exército Azul

Ligações externas

106º ANIVERSÁRIO DA APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA AOS PASTORINHOS EM FÁTIMA - 13 DE OUTUBRO DE 2023

 

13 de Outubro de 1917

Ver artigo principal: Milagre do Sol
De acordo com os relatos da época, milhares de pessoas assistiram a um Milagre do Sol, em Fátima, no dia 13 de Outubro de 1917.

Devido ao facto de os pastorinhos terem revelado que a Virgem Maria iria fazer um milagre neste dia para que todos acreditassem, estavam presentes na Cova da Iria cerca de 50 mil pessoas, segundo os relatos da época. Chovia com abundância e a multidão aguardava as três crianças nos terrenos enlameados da serra. Lúcia assim descreve estes acontecimentos na Memória IV: "Saímos de casa bastante cedo, contando com as demoras do caminho. O povo era em massa. A chuva, torrencial. Minha mãe, temendo que fosse aquele o último dia da minha vida, com o coração retalhado pela incerteza do que iria acontecer, quis acompanhar-me. Pelo caminho, as cenas do mês passado, mais numerosas e comovedoras. Nem a lamaceira dos caminhos impedia essa gente de se ajoelhar na atitude mais humilde e suplicante. Chegados à Cova de Iria, junto da carrasqueira, levada por um movimento interior, pedi ao povo que fechasse os guarda-chuvas para rezarmos o terço. Pouco depois, vimos o reflexo da luz e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira.
Lúcia: — Que é que Vossemecê me quer? Nossa Senhora: — Quero dizer-te que façam aqui uma capela em Minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias. A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas. — Eu tinha muitas coisas para Lhe pedir: se curava uns doentes e se convertia uns pecadores, etc. — Uns, sim; outros, não. É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados. E tomando um aspecto mais triste: — Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido. E abrindo as mãos, fê-las reflectir no Sol. E enquanto que se elevava, continuava o reflexo da Sua própria luz a projectar-se no Sol.

Foto tirada na Cova da Iria e publicada num jornal português em 29 de Outubro de 1917.

Neste momento, Lúcia diz para a multidão olhar para o Sol, levada por um movimento interior que a isso a impeliu. "Desaparecida Nossa Senhora, na imensa distância do firmamento, vimos, ao lado do Sol, S. José com o Menino e Nossa Senhora vestida de branco, com um manto azul." Era a Sagrada Família. "S. José com o Menino pareciam abençoar o Mundo com uns gestos que faziam com a mão em forma de cruz. Pouco depois, desvanecida esta aparição, vi Nosso Senhor acabrunhado de dor a caminho do Calvário e Nossa Senhora que me dava a ideia de ser Nossa Senhora das Dores."

Página da edição de 29 de Outubro de 1917 da Ilustração Portuguesa com uma reportagem sobre o milagre.

Lúcia via apenas a parte superior do corpo de Nosso Senhor e Nossa Senhora não tinha a espada no peito "Nosso Senhor parecia abençoar o Mundo da mesma forma que S. José. Desvaneceu-se esta aparição e pareceu-me ver ainda Nossa Senhora, em forma semelhante a Nossa Senhora do Carmo, com o Menino Jesus ao colo."
Enquanto os três pastorinhos eram agraciados com estas visões (apenas Lúcia viu os três quadros, Jacinta e Francisco viram somente o primeiro), a maior parte da multidão presente observou o chamado O Milagre do Sol. A chuva que caía cessou, as nuvens entreabriram-se deixando ver o Sol, assemelhando-se a um disco de prata fosca, podia fitar-se sem dificuldade sem cegar. A imensa bola começou a girar vertiginosamente sobre si mesma como uma roda de fogo. Depois, os seus bordos tornaram-se escarlates e deslizou no céu, como um redemoinho, espargindo chamas vermelhas de fogo. Essa luz refletia-se no solo, nas árvores, nas próprias faces das pessoas e nas roupas, tomando tonalidades brilhantes e diferentes cores. Animado três vezes por um movimento louco, o globo de fogo pareceu tremer, sacudir-se e precipitar-se em ziguezague sobre a multidão aterrorizada. Tudo durou uns dez minutos. Finalmente, o Sol voltou em ziguezague para o seu lugar e ficou novamente tranquilo e brilhante. Muitas pessoas notaram que as suas roupas, ensopadas pela chuva, tinham secado subitamente. Tal fenómeno foi testemunhado por milhares de pessoas, até mesmo por outras que estavam a quilómetros do lugar das aparições. O relato foi publicado na imprensa por diversos jornalistas que ali se deslocaram e que foram também eles, testemunhas do acontecimento.[19]

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