segunda-feira, 18 de setembro de 2023

JORGE SAMPAIO - 18º PRESIDENTE DA REPÚBLICA - NASCEU EM 1939 - 18 DE SETEMBRO DE 2023

 

Jorge Sampaio

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Jorge Sampaio
Fotografia oficial do Presidente Jorge Sampaio
18.º Presidente da República Portuguesa
Período9 de março de 1996
9 de março de 2006
Antecessor(a)Mário Soares
Sucessor(a)Aníbal Cavaco Silva
Alto Representante para a Aliança das Civilizações
Período1 de abril de 2007
1 de março de 2013
Sucessor(a)Nassir Abdulaziz Al-Nasser
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa
Período22 de janeiro de 1990
15 de novembro de 1995
Antecessor(a)Nuno Krus Abecasis
Sucessor(a)João Barroso Soares
Secretário-Geral do Partido Socialista
Período15 de janeiro de 1989
23 de fevereiro de 1992
Antecessor(a)Vítor Constâncio
Sucessor(a)António Guterres
Líder da Oposição
Período6 de novembro de 1988
23 de fevereiro de 1992
Primeiro-ministroAníbal Cavaco Silva
Antecessor(a)Vítor Constâncio
Sucessor(a)António Guterres
Dados pessoais
Nome completoJorge Fernando Branco de Sampaio
Nascimento18 de setembro de 1939
LisboaSão Sebastião da Pedreira
Morte10 de setembro de 2021 (81 anos)
OeirasCarnaxide
ProgenitoresMãe: Fernanda Bensaúde Branco
Pai: Arnaldo Sampaio
Alma materUniversidade de Lisboa
CônjugeKarin Schmidt Dias (div.),
Maria José Rodrigues Ritta
Filhos2
PartidoMES (1974)
PS (1978–2021)
Profissãoadvogado, político
AssinaturaAssinatura de Jorge Sampaio

Jorge Fernando Branco de Sampaio GColTE • GColIH • GColL (LisboaSão Sebastião da Pedreira18 de setembro de 1939 – OeirasCarnaxide10 de setembro de 2021) foi um político português que exerceu o cargo de presidente da República Portuguesa, entre 9 de março de 1996 e 9 de março de 2006.

Infância e juventude

Filho do médico Arnaldo Sampaio e de Fernanda Bensaúde Branco (filha de Fernando Branco, antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Marinha da Ditadura Nacional (1928–1933), e de sua mulher, Sara Bensliman Bensaúde, esta, por sua vez, sobrinha-neta do industrial de tabacos José Bensaúde, de ascendência judaica). Nasceu na maternidade fundada pelo seu tio-avô, Abraão Bensaúde, na Rua da Beneficência, em Lisboa.[1] Era sobrinho do escultor António Duarte e irmão do psiquiatra Daniel Sampaio.[2]

Viveu com a família em Sintra até aos quatro anos.[1] Em 1944, passa a viver em casa da avó, Sara Bensaúde, e entra para o jardim-escola Queen Elizabeth’s Kindergarten & Junior School, na zona de São Bento, em Lisboa, onde teve como professora a atriz Mariana Rey Monteiro.[1][3] Por imperativo da carreira do pai, que recebe uma bolsa para estudar saúde pública na Universidade Johns Hopkins, muda-se com a família para Baltimore, nos Estados Unidos, em 1947. Frequentou, durante um ano, a escola pública americana e o Conservatório Peabody.[4] Inscreveu-se na YMCA, onde fez estudos musicais e praticou desporto.[1][5]

Em 1949, depois de chumbar no exame de admissão ao Colégio Militar, entra para o Liceu Pedro Nunes, em Lisboa.[1] Em 1952, passa férias em Londres, onde o pai fazia investigação científica, assistindo a um debate na Câmara dos Comuns, experiência que o marcou muito.[1] Em 1953, transfere-se para o Liceu Passos Manuel, também em Lisboa, onde teve como professores José Hermano Saraiva e Joel Serrão e onde conclui os estudos secundários.[1] Em 1956, é admitido na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde se licenciou em 1961.[1] O seu nome encontra-se na lista de colaboradores da publicação académica Quadrante[6] (1958–1962), publicada pela AAFDL.

Carreira profissional

Após concluir a licenciatura em Direito, inscreve-se na Ordem dos Advogados e inicia a sua carreira profissional como advogado estagiário, no escritório de José Olímpio, terminando o estágio em 1963.[1] Torna-se um advogado especializado em matérias de propriedade industrial, conseguindo vários clientes nacionais e internacionais, daí auferindo rendimentos com vista ao seu sustento.[4] A advocacia levou-o a envolver-se, pro bono, na defesa de presos políticos, sendo convidado por Mário Soares para defender um dos arguidos do caso da Revolta de Beja contra o Estado Novo.[1] Em 1965, vive nos Estados Unidos durante cerca de quatro meses, no âmbito de uma bolsa de Foreign Leader Program, assistindo aos discursos de Edward e Robert Kennedy, que exercem sobre si grande influência, no Senado, em Washington, D.C.[1]

Com Júlio Castro Caldas, juntou-se, em 1977,[1] à sociedade de advogados formada na década de 1970 por José Vera Jardim, Jorge Santos e José Macedo e Cunha, dando origem à Jardim, Sampaio, Caldas e Associados, a qual adota, atualmente, a denominação de Jardim, Sampaio, Magalhães e Silva & Associados.[7] Também desempenhou funções diretivas na Ordem dos Advogados.

Carreira política

Antes do 25 de Abril de 1974

Iniciou a sua carreira política na altura em que era estudante na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Envolvido na contestação ao regime salazarista, apoiou a candidatura de Humberto Delgado à Presidência da República, embora não pudesse ainda votar,[1] e foi presidente da Associação Académica da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 1959–1960 e em 1960–1961, e secretário-geral da Reunião Inter-Associações Académicas (RIA), em 1961–1962. Foi, nessa qualidade, um dos protagonistas da crise académica do princípio dos anos 1960 — início de um longo e generalizado movimento de contestação estudantil, surgido da proibição pelo governo das comemorações do Dia do Estudante (24 de março de 1962), e que teve o seu auge na Universidade de Lisboa, em 1962, e na Universidade de Coimbra, em 1969. Nesse processo, esteve preso três dias na sequência de uma greve de fome na cantina da Universidade de Lisboa.[8]

No contexto das lutas académicas, cria, em 1962, com João Cravinho e outros, o MAR — Movimento de Ação Revolucionária, de esquerda radical, onde também chega a participar Vasco Pulido Valente. Em julho desse ano, a PIDE fez buscas na sua casa, em Sintra, tendo sido interrogado em setembro de 1962.[1][3] A seguir, vai aproximar-se dos católicos progressistas — colabora em O Tempo e o Modo, de António Alçada Baptista e João Bénard da Costa; o mesmo sucede com Vasco Pulido Valente.[9] Antes, publicara artigos na Seara Nova, conotada com a esquerda republicana oposicionista.[10]

Em agosto de 1968, no mesmo mês em que António de Oliveira Salazar sofre uma queda de uma cadeira, conhece Álvaro Cunhal numa viagem a Paris, embora recuse aderir ao Partido Comunista Português (PCP) por se opor à invasão da Checoslováquia.[1] Prosseguindo a sua ação como opositor à ditadura, candidatou-se, nas eleições legislativas de 1969, à Assembleia Nacional, integrando as listas da Comissão Democrática Eleitoral (CDE), que em Lisboa se opunha à CEUD (esta liderada por Mário Soares e com incorporação da Comissão Eleitoral Monárquica).

De resto, desenvolveu uma constante atividade política e intelectual, participando nos movimentos de resistência à ditadura e propugnando ao mesmo tempo uma alternativa democrática de matriz socialista, aberta aos novos horizontes do pensamento político europeu.[5]

Pós-25 de Abril

Após o golpe de 25 de Abril de 1974, negociou a libertação dos presos políticos em Caxias, lançando também o slogan 25 de Abril sempre.[1] Em maio de 1974, foi fundador do Movimento de Esquerda Socialista (MES). Consta que antes fora sondado para a fundação do Partido Socialista (PS), mas recusara.[3] Apesar do seu papel na fundação do MES, abandonou o projeto logo no primeiro congresso do partido, em dezembro de 1974, alegando discordância de fundo com a orientação ideológica marxista-leninista aí definida.[11]

Em 28 de setembro de 1974, está nas barricadas à volta de Lisboa, destinadas a impedir a chegada da população à manifestação de apoio ao general António de Spínola, mais conhecida como a manifestação da maioria silenciosa.[3] Em março de 1975, sendo ministro dos Negócios Estrangeiros Melo Antunes, é nomeado secretário de Estado da Cooperação Externa do IV Governo Provisório, o terceiro e penúltimo de Vasco Gonçalves, que durou até julho de 1975. Participou, nessa qualidade, nas negociações para a independência de Moçambique.[8][11] Optou por não integrar os governos provisórios seguintes devido à sua proximidade com Ernesto Melo Antunes, sendo uma espécie de agente de ligação entre as instituições democráticas e a ala moderada do Movimento das Forças Armadas (MFA) e um ativo apoiante das posições do Grupo dos Nove.[8] A seguir ao 25 de novembro de 1975, é um dos fundadores da Intervenção Socialista, um grupo constituído por políticos e intelectuais que se dedica à reflexão política, defendendo uma terceira via de aliança entre o PS e o PCP.[1][11]

À semelhança de outros antigos militantes do MES (casos de Eduardo Ferro Rodrigues e Augusto Mateus, por exemplo), viria a aderir ao Partido Socialista, em 1978, ano em que a Intervenção Socialista é absorvida pelo PS.[1] Ainda em 1978, liderou a delegação portuguesa às conversações para a cooperação com Moçambique.[8] Assim, é já na bancada socialista que se estreia como deputado à Assembleia da República, na sequência das eleições legislativas de 1979. Por designação da Assembleia, entre 1979 e 1984, foi membro da Comissão Europeia para os Direitos Humanos, onde desempenhou um papel ativo. Entre 1979 e 1980, foi membro do Secretariado Nacional do PS. Entre 1986 e 1987, foi responsável pelas Relações Internacionais do PS e, entre 1986 e 1988, foi presidente do Grupo Parlamentar do PS. Em março de 1988, foi eleito membro do Conselho de Estado, órgão consultivo do presidente Mário Soares, pela Assembleia da República, durante a legislatura 1987–1991.[8]

A 16 de janeiro de 1989, na sequência da demissão de Vítor Constâncio, concorre a secretário-geral do PS, derrotando Jaime Gama e assumindo essas funções.[1] Exerce também as funções de copresidente do Comité África da Internacional Socialista.[8] Em 1989, depois de falhar em nomear um candidato à presidência da Câmara Municipal de Lisboa, assume ele próprio a posição de cabeça de lista à CML e obtém aquele que será, provavelmente, o feito político mais marcante na sua carreira, ao liderar uma histórica coligação entre o PS e o PCP, à Câmara Municipal de Lisboa, nas eleições autárquicas desse ano. Essa união faz com que consiga derrotar o candidato da coligação PSD/CDS-PP/PPM, Marcelo Rebelo de Sousa, com 49,07% dos votos e 9 vereadores (em 17), contra 42% do adversário. Toma posse a 22 de janeiro de 1990, mantendo o cargo de secretário-geral do PS, e opta por distribuir pelouros aos vereadores da coligação de centro-direita, embora apenas os vereadores do CDS e do PPM aceitem.[1] O sucesso da coligação ditaria que nas autárquicas seguintes, em 1993, continuasse o projeto de coligação, agora ampliado à União Democrática Popular (UDP) e ao Partido Socialista Revolucionário (PSR); o que veio a suceder, permitindo a reeleição de Sampaio, com 56,66% dos votos e 11 vereadores (em 17), contra os 26,4% do candidato do PSD, Macário Correia.[1] Este foi o melhor resultado de sempre obtido por um candidato à Câmara lisboeta.[11] Por inerência das funções de presidente da Câmara Municipal de Lisboa, é eleito presidente da Federação Mundial das Cidades Unidas, do Movimento Eurocidades e da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa; vice-presidente da União das Cidades Capitais Ibero-Americanas; dirigente do Comité das Regiões da União Europeia; e vice-presidente da Junta Metropolitana de Lisboa.[1][8] Durante o seu mandato, Lisboa foi Capital Europeia da Cultura, em 1994, e deu-se início à reconversão urbanística da parte oriental da cidade, com vista à realização da Expo 98[1]. Foi executado o Programa Especial de Realojamento, uma iniciativa do governo central, liderado por Aníbal Cavaco Silva, tendo em vista a eliminação das áreas urbanas de génese ilegal, e foi aprovado, em 1994, o primeiro Plano Diretor Municipal da cidade.

Entretanto, nas eleições legislativas de 1991, suspende o mandato na Câmara Municipal de Lisboa em agosto de 1991 e lidera a candidatura do PS, mas é derrotado, com 29,1% dos votos, pelo PSD, liderado por Aníbal Cavaco Silva, que obtém 50,6% dos votos. Nessa sequência, é também derrotado no X Congresso do PS, em fevereiro de 1992, por António Guterres, que se candidata a secretário-geral do PS e vence. Abandona assim as funções de secretário-geral do PS, mantendo a presidência da Câmara Municipal de Lisboa.[1]

Presidência da República

Retrato oficial do Presidente Jorge Sampaio (2005), por Paula RegoMuseu da Presidência da República.

Em julho de 1995, anunciou a sua candidatura à Presidência da República, à revelia do PS, que só o apoiaria posteriormente, e demite-se da presidência da Câmara Municipal de Lisboa em novembro de 1995.[1] Ganhou a eleição de 14 de janeiro de 1996 logo na primeira volta, com 53,91% dos votos, após as desistências a seu favor de Jerónimo de Sousa (PCP) e Alberto Matos (UDP), contra Aníbal Cavaco Silva, o anterior primeiro-ministro, que obteve 46,09% dos votos.

Tomou posse deste cargo a 9 de março de 1996, para um mandato de cinco anos (1996–2001). Com a eleição de Jorge Sampaio concretiza-se, pela primeira vez desde o 25 de Abril de 1974, um cenário político marcado por um governo e um Presidente da República da mesma família política, o que se manteve entre 1995 e 1999, com o XIII Governo Constitucional, e de 1999 a 2002, com o XIV Governo Constitucional, ambos minoritários e liderados por António Guterres.[12] Em 1996, sofreu duas intervenções cirúrgicas ao coração, no Hospital de Santa Cruz — uma em abril, em que foi detetada uma malformação cardíaca, e outra em julho, em que foi declarado o seu impedimento temporário pelo Tribunal Constitucional, sendo as suas funções asseguradas pelo então presidente da Assembleia da República, António de Almeida Santos. Em 2000, é submetido a nova intervenção cirúrgica para retirar uma hérnia inguinal e para corrigir uma fibrilhação auricular. No mesmo ano, chega a cancelar uma deslocação a Timor-Leste, a primeira após o referendo à independência, devido a uma pneumonia contraída durante uma partida de golfe, na ilha de Coloane, em Macau.[1][4]

Ao longo dos seus dois mandatos, utilizou o veto político num total de 75 vezes, em domínios de natureza diversificada, da lei das vagas adicionais, em dezembro de 1996, passando pelas portagens do Oeste, em 1998, ou o casino do Parque Mayer, em 2002. Alguns dos diplomas vetados por Sampaio revestiram-se de polémica, como foi o caso da lei do ato médico, em setembro de 1999, da lei-quadro dos novos municípios, em 2003, ou da lei de descriminalização do consumo de droga, em 2000, que, antes de ser promulgada com vista à redução de danos e reinserção social dos toxicodependentes, foi primeiro vetada por não terem sido auscultadas as assembleias legislativas regionais, levando o PSD a exigir um referendo sobre a matéria.[13][14] A promulgação da Lei de Programação Militar, em 2001, apesar das suspeitas de inconstitucionalidade por alegada falta de quórum da Assembleia da República no momento da sua aprovação, revestiu-se também de polémica, tendo recebido fortes críticas.[1]

Durante os seus mandatos presidenciais, atribuiu 2374 condecorações das ordens honoríficas portuguesas, sendo o 2.º presidente da República, atrás de Mário Soares, a ter atribuído mais condecorações,[15] entre as quais algumas que viriam a ser retiradas aos titulares na sequência de processos judiciais. Foram os casos de Carlos Cruz — condecorado em 2000 e irradiado da Ordem do Infante D. Henrique na sequência da sua condenação no Processo Casa Pia[16] — e de Armando Vara — condecorado em 2005 pela sua participação na organização do Campeonato Europeu de Futebol em Portugal e irradiado da Ordem do Infante D. Henrique na sequência da sua condenação no Processo Face Oculta.[17] Num ato inédito, condecorou os membros da banda U2, aquando da sua atuação em Portugal, em agosto de 2005, com a Ordem da Liberdade, pela sua dedicação às causas humanitárias, nomeadamente à defesa do povo de Timor-Leste contra a ocupação da Indonésia, matéria que lhe mereceu atenção enquanto presidente da República.[18]

Cessou o seu mandato presidencial a 9 de março de 2006. As suas intervenções presidenciais foram reunidas em seis volumes, sob o título Portugueses (I, II, III, IV, V e VI), estando o seu pensamento também publicado nos livros A Festa de Um Sonho (1991), Um Olhar sobre Portugal (1995) e Quero Dizer-vos (2000).[8]

Conviveu com quatro primeiros-ministros diferentes: António GuterresJosé Manuel Durão BarrosoPedro Santana Lopes e José Sócrates.

Política interna

A sua ação privilegiou os aspetos sociais e culturais. No domínio económico, impulsionou a criação da COTEC Portugal e criou, ainda em 1996, um Conselho Económico com vista a condicionar a política económica e orçamental do governo de António Guterres, sendo o órgão constituído por José da Silva LopesMiguel BelezaTeodora CardosoFernando Teixeira dos SantosVítor BentoAntónio Nogueira Leite e Augusto Mateus.[4]

Foi reeleito presidente da República em 14 de janeiro de 2001, com 55,5% dos votos, contra os 34,7% do candidato apoiado pelo PSD, Joaquim Ferreira do Amaral, para um mandato de cinco anos (2001–2006).[1] Pouco antes da sua tomada de posse para o segundo mandato, a 4 de março de 2001, ocorreu a Tragédia de Entre-os-Rios, o que determinou que as cerimónias de tomada de posse se cingissem à Assembleia da República, em respeito pelo luto nacional.[19] Até ao ano de 2001, o país viveu em relativa tranquilidade política, apesar da convocação, pela primeira vez desde 1974, de dois referendos em 1998 — um à regionalização e outro à despenalização da interrupção voluntária da gravidez, tendo vencido o 'não' em ambos.[1] Nesse ano, a crise financeira em que Portugal mergulhou passou a dominar as atenções de boa parte dos esforços das autoridades nacionais, incluindo a Presidência da República.[4] Ainda no seu primeiro mandato, em campanha para eleições presidenciais de 2001, forçou o primeiro-ministro, António Guterres, a promover a demissão do ministro da Juventude e do Desporto, Armando Vara, na sequência de irregularidades na gestão da Fundação para a Prevenção Rodoviária, criada por Armando Vara enquanto secretário de Estado da Administração Interna.[4] Esta situação fez reacender o debate em torno dos poderes constitucionalmente atribuídos ao Presidente da República.

A sua presidência viria a conhecer momentos conturbados no segundo mandato, que o levaram a tomar decisões polémicas. Exemplo disso foi a sua tomada de posição polémica e contrária à do seu próprio partido, pronunciando-se favoravelmente, enquanto reconhecido aficionado, à criação de um regime legal excecional para os espetáculos com touros de morte, em Barrancos, com base na defesa do pluralismo cultural e da compatibilização da lei com a tradição cultural da região.[20] A legislação foi aprovada a 11 de julho de 2002, com os votos a favor do PCP e da quase totalidade das bancadas do PSD e do CDS-PP e com os votos contra do seu próprio partido, o PS, bem como do BE, do PEV e de alguns deputados do PSD e do CDS-PP.[21]

Ainda em 2001, no seguimento da derrota do PS nas eleições autárquicas, quando António Guterres apresenta a sua demissão do cargo de primeiro-ministro, Sampaio decide-se, contra a vontade do então secretário-geral do PS, Eduardo Ferro Rodrigues[4], pela convocação de eleições legislativas antecipadas para 17 de março de 2002, das quais sai vencedor o Partido Social Democrata, chefiado por Durão Barroso, que forma o XV Governo Constitucional.

Em 29 de junho de 2004, na sequência do convite que lhe foi dirigido, Durão Barroso abandona o cargo para presidir à Comissão Europeia. Podendo optar entre a dissolução da Assembleia da República, a convocação de eleições ou permitir à mesma maioria parlamentar formar novo Governo, Jorge Sampaio decide pela terceira opção, novamente contra a vontade do secretário-geral do PS, Eduardo Ferro Rodrigues, e indigita Pedro Santana Lopes como primeiro-ministro do XVI Governo Constitucional, que toma posse a 17 de julho de 2004.[14] A sua decisão foi contestada pelos partidos de esquerda e acabou por influenciar a decisão de demissão do então secretário-geral do Partido Socialista, Eduardo Ferro Rodrigues.

A 10 de dezembro de 2004 — contrariando aquilo que fora a sua decisão anunciada e o compromisso com o novo primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes — resolve dissolver a Assembleia da República e, bem assim, tirar o poder à maioria formada pelo PSD de Santana e o seu parceiro de coligação, o CDS-PP de Paulo Portas (também membro desse governo). Para o efeito, invocou a demissão do ministro da Juventude e do Desporto, Henrique Chaves, que acusou o primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, de falta de lealdade e de verdade, como sinal de instabilidade política da maioria governativa. Foram convocadas eleições legislativas antecipadas para 20 de fevereiro de 2005.[1]

Abriram-se assim as portas para a chegada ao poder de José Sócrates, que entretanto (em eleições internas subsequentes à demissão de Ferro Rodrigues) conquistara, em 2004, a liderança do PS contra João Soares e Manuel AlegreSócrates tornar-se-ia assim o primeiro primeiro-ministro socialista a governar com maioria absoluta, após derrotar, nessas legislativas de 2005, o PSD de Pedro Santana Lopes.[14]

Política externa

Na cena política internacional, foi um importante contribuidor para a tomada de consciência da causa pela independência de Timor-Leste, que é aprovada em referendo, presidindo à sua independência em 2002 e visitando o país em 2006.[1] Em 1999, presidiu à transferência de soberania de Macau para a República Popular da China.[1] Em 2002, presidiu à entrada de circulação do Euro em Portugal, em substituição do escudo.[1] Em 2003, criou os encontros do Grupo de Arraiolos, que reúnem chefes de Estado de países da União Europeia sem poderes executivos.[1] Em 2004, presidiu à realização do Campeonato Europeu de Futebol em Portugal.[1]

Nova discussão sobre os poderes presidenciais surgiu quando, em 2003, aquando da realização da Cimeira das Lajes, que validou a intervenção da NATO no Iraque, invocou a sua qualidade de Comandante Supremo das Forças Armadas para impedir a participação de militares portugueses na intervenção, levando o governo, liderado por José Manuel Durão Barroso, a enviar militares da GNR para o efeito, não deixando de reivindicar para o governo a condução da política externa do país.[1]

Pós-Presidência da República

Jorge Sampaio no Horasis Global Meeting 2018 em Cascais.

Em abril de 2006, tomou posse como membro do Conselho de Estado, na qualidade de antigo Presidente da República.[8] Em maio de 2006, foi nomeado pelo Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas Enviado Especial para a Luta contra a Tuberculose, exercendo funções até 2012. Em 26 de abril de 2007, foi nomeado Alto Representante da ONU para a Aliança das Civilizações pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, exercendo funções até fevereiro de 2013. Ainda em 2007, foi nomeado presidente do Conselho Consultivo da Universidade de Lisboa.[8]

Em novembro de 2013, fundou a Plataforma Global de Assistência Académica de Emergência a Estudantes Sírios, com vista a promover a atribuição de bolsas de estudo do ensino superior a estudantes sírios deslocados da guerra civil no país.[1] Em 2016, sofreu duas hospitalizações devido a hipertensão arterial e, em 2017, sofreu uma intervenção cirúrgica por problemas de mobilidade.[1] Em 2019, por ocasião do seu 80.º aniversário, foi homenageado na sede nacional do PS, em Lisboa.[1]

No programa Os Grandes Portugueses, obteve o 80.º lugar.

Era membro da Clinton Global Initiative, do Club de Madrid e da Global Commission on Drugs Policy, bem como membro do Board of Trustees da Carnegie Corporation, de Nova Iorque, e membro do júri do Prémio Internacional Calouste Gulbenkian.[22]

Morte

Velório de Jorge Sampaio no antigo Picadeiro Real do Palácio de Belém.

Morreu no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, a 10 de setembro de 2021, aos 81 anos de idade, vítima de problemas respiratórios agravados pelas suas condições de saúde preexistentes,[22] tendo sido declarado luto nacional, com funeral de Estado. Foi sepultado no cemitério do Alto de São João, em Lisboa, no jazigo da família, criado pelo bisavô, Marcelino Augusto Branco.[23][24][25][26]

Relacionamentos e descendência

  • Relacionamento com Maria Emília Brederode Santos.[27]
  • Primeiro casamento (1967–1971) com Karin Schmidt Dias, médica neuropediatra,[1] filha de António Jorge Dias e de sua mulher Margot Schmidt Dias, de quem se divorciou, sem geração.
  • Relacionamento com Joana Lopes (1971–1972).[27]
  • Segundo casamento (1974–2021) com Maria José Ritta, de quem teve dois filhos:
    • Vera Ritta Branco de Sampaio, nascida em 1975.[8]
    • André Ritta Branco de Sampaio, nascido em 1980.[2][8]

Resultados eleitorais

Eleições legislativas

DataPartidoCírculo eleitoralPosiçãoCl.Votos%+/-StatusNotas
1969CDELisboa2.º114 745
10,3 / 100,0
Não eleito
1979PS4º (em 56)3.º339 032
25,8 / 100,0
Eleito
1980FRS7º (em 56)2.º370 412
28,1 / 100,0
Aumento2,3Eleito
1985PS12º (em 56)4.º255 030
19,8 / 100,0
EleitoPresidente do Grupo Parlamentar (1986–1988)
1987PSSantarém1º (em 12)2.º57 778
21,7 / 100,0
Eleito
Líder da Oposição (1988–1992)
Secretário-Geral do PS
1991PSLisboa1º (em 50)2.º365 112
29,7 / 100,0
Eleito

Eleições autárquicas

Câmaras Municipais

DataPartidoConcelhoPosiçãoCl.Votos%+/-StatusNotas
1989PS-PCP-PEV-MDP/CDELisboa1º (em 17)1.º180 635
49,07 / 100,00
EleitoPresidente da Câmara Municipal de Lisboa
1993PS-PCP-PEV-PSR-UDP1º (em 17)1.º200 822
56,66 / 100,00
Aumento7,49Eleito

Eleições Presidenciais

DataPartidos apoiantes1ª Volta2ª VoltaStatus
Cl.Votos%+/-Cl.Votos%+/-
1996PS
PCP
PEV
UDP
1.º3 035 056
53,91 / 100,00
Eleito
2001PS1.º2 411 453
55,76 / 100,00
Aumento1,85Eleito

Homenagens

  • Em 2004, recebeu o Prémio Carlos V pelo seu empenho no ideal europeu.[1]
  • Em 2 de abril de 2008, recebeu um Doutoramento honoris causa pela Universidade de Aveiro[28]
  • Em 16 de março de 2010, recebeu o XIV Prémio Norte-Sul do Conselho da Europa.
  • Em 24 de junho de 2010, recebeu um Doutoramento honoris causa pela Universidade de Coimbra.[29]
  • Em 11 de outubro de 2010, recebeu um Doutoramento honoris causa pela Universidade de Lisboa, aquando das comemorações do centenário da mesma, coincidindo com as comemorações do centenário da República Portuguesa (5 de Outubro).
  • Em março de 2015, recebeu o doutoramento honoris causa pela Universidade do Porto.
  • Em 24 de julho de 2015, recebeu o Prémio Nelson Mandela.[30]
  • Em 5 de maio de 2019, recebeu o prémio humanitário McCall-Pierpaoli pelo trabalho da Plataforma Global de Apoio aos Estudantes Sírios.[1]
  • Existe uma biblioteca com o seu nome em Ourique.

Condecorações

Ordens nacionais:[31]

Ordens estrangeiras:[32]

Referências

  1. ↑ Ir para:a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ab ac ad ae af ag ah ai aj ak al am an ao ap «Jorge Sampaio, uma vida em momentos e imagens»JN. 10 de setembro de 2021. Consultado em 8 de setembro de 2022
  2. ↑ Ir para:a b José Maria Raposo de Sousa Abecassis. Genealogia Hebraica. 1.ª Edição, Lisboa, 1990. [S.l.]: Edição do Autor. pp. Volume II. 248
  3. ↑ Ir para:a b c d «Expresso». expresso.sapo.pt
  4. ↑ Ir para:a b c d e f g «Visão | Morreu Jorge Sampaio, um lutador pela liberdade. Nove momentos decisivos»Visão. 10 de setembro de 2021. Consultado em 8 de setembro de 2022
  5. ↑ Ir para:a b «Museu da Presidência». www.presidencia.pt
  6.  Ana Cabrera. «Ficha histórica:Quadrante – a revolta de uma elite perante a crise da universidade» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 30 de março de 2015
  7.  «JSMS». www.jsms.pt
  8. ↑ Ir para:a b c d e f g h i j k l «Jorge Sampaio: um homem discreto e solidário que teve quase todos os cargos políticos possíveis»SIC Notícias. Consultado em 8 de setembro de 2022
  9.  [hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/.../OTempoeoModo/OTempoeoModo_guiao.pdf Hemeroteca Digital]
  10.  «Jorge Sampaio». jorgesampaio.pt
  11. ↑ Ir para:a b c d «Universidade do Porto». sigarra.up.pt
  12.  [Museu da Presidência]
  13.  Sampaio promulgou lei que descriminaliza consumo da droga, Público 22.11.2000
  14. ↑ Ir para:a b c «Museu da Presidência». www.museu.presidencia.pt
  15.  Condecorações. Quem foi o Presidente mais generoso?, Observador 15.01.2016
  16.  Sónia Balasteiro (29 de janeiro de 2015). «Carlos Cruz e Jorge Ritto expulsos da Ordem D. Henrique.»Sol. Consultado em 29 de janeiro de 2015
  17.  Armando Vara perde condecoração que recebeu de Jorge Sampaio, Eco 16.01.2019
  18.  Jorge Sampaio, o Presidente melómano que condecorou os U2, Rádio Comercial 10.09.2021
  19.  Das lágrimas ao mar de problemas: momentos que marcaram as Presidências de Jorge Sampaio, SIC Notícias 10.09.2021
  20.  Protoiro lamenta morte de Jorge Sampaio, 10.09.2021
  21.  Aprovado regime de excepção para touros de morte em Barrancos, Público 11.07.2002
  22. ↑ Ir para:a b «Jorge Sampaio»Jorge Sampaio (em inglês). 18 de fevereiro de 2008. Consultado em 8 de setembro de 2022
  23.  «Morreu Jorge Sampaio, o autor do "25 de Abril, sempre!"»Público. 10 de setembro de 2021. Consultado em 10 de setembro de 2021
  24.  «Morreu Jorge Sampaio, o ″prisioneiro da ansiedade por um futuro melhor″»www.jn.pt. Consultado em 10 de setembro de 2021
  25.  «Morreu Jorge Sampaio»SIC Notícias. Consultado em 10 de setembro de 2021
  26.  «Caras | No funeral de Jorge Sampaio, Maria José Ritta recebeu a bandeira nacional das mãos de Marcelo Rebelo Sousa»Caras. 12 de setembro de 2021. Consultado em 8 de setembro de 2022
  27. ↑ Ir para:a b «Acima de tudo e todos, Maria José Ritta»www.sabado.pt. Consultado em 8 de setembro de 2022
  28.  «Doutores honoris causa pela UA». Universidade de Aveiro. Consultado em 23 de agosto de 2014Cópia arquivada em 28 de julho de 2014
  29.  Agência Lusa (24 de janeiro de 2010). «Jorge Sampaio recebe hoje grau de doutor "honoris causa" pela Universidade de Coimbra». Jornal Público. Consultado em 20 de maio de 2014Cópia arquivada em 20 de maio de 2014
  30.  Liliana Borges (24 de julho de 2015). «Jorge Sampaio recebe Prémio Nelson Mandela». Jornal de Negócios. Consultado em 24 de julho de 2015
  31.  «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Jorge Fernando Branco Sampaio". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 23 de abril de 2018
  32.  «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Estrangeiras». Resultado da busca de "Jorge Fernando Branco Sampaio". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 20 de maio de 2014

Bibliografia

Ligações externas

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Precedido por
Vítor Constâncio
Secretário-Geral do Partido Socialista
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Sucedido por
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Presidente da Câmara Municipal de Lisboa
1990 — 1995
Sucedido por
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Precedido por
Mário Soares

18.º Presidente da República Portuguesa

1996 — 2006
Sucedido por
Cavaco Silva

SÃO JOSÉ DE CUPERTINO - 18 DE SETEMBRO DE 2023

 

José de Cupertino

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
José de Cupertino
José de Cupertino pintado por Ludovico Mazzanti (1686-1775)
Confessor
NascimentoCopertinoApúliaReino de Nápoles 
17 de junho de 1603
MorteÓsimoItália 
18 de setembro de 1663 (60 anos)
Veneração porIgreja Católica
Beatificação24 de fevereiro de 1753
RomaEstados Papais
por Papa Bento XIV
Canonização16 de julho de 1767
RomaEstados Papais
por Papa Clemente XIII
Principal temploBasílica de São José de Cupertino, Piazza Gallo, 10,
ÓsimoAnconaItália
Festa litúrgica18 de setembro
PadroeiroEstudantes, Ósimo, aviação, astronautas, desvantagens mentais, exames
 Portal dos Santos

José de Cupertino, nascido Giuseppe Desa (Copertino17 de junho de 1603 — Ósimo18 de setembro de 1663), foi um místico e frade da Ordem dos Frades Menores Conventuais, canonizado em 1767 pelo Papa Clemente XIII.[1]

Atribui-se a ele muitos milagres de levitação e êxtase, bem como visões e aparições sobrenaturais.[2]

Ao longo de sua vida sofreu grande confusão mental e falta de inteligência, chegando ao ponto de chamar a si próprio “irmão burro” perante os frades menores.[3] Apesar disso, é reportado de milagrosamente ter passado todos os estudantes de seu convento em conhecimento, e conseguia responder às questões mais complicadas.[1]

Foi despedido de dois conventos franciscanos por não conseguir corresponder aos ofícios e serviços comuns, mas após alguns anos trabalhando no estábulo do convento de Cupertino, foi admitido ao sacerdócio por ter impressionado aos frades com grande humildade, obediência e amor à penitência.[1]

É considerado o santo padroeiro dos alunos com dificuldades ou com "cabeça no ar", assim como dos viajantes de avião, pilotos e astronautas.[4]

Vida

Nasceu Giuseppe Maria Desa em 17 de junho de 1603, filho de Felice Desa e Francesca Panara, na vila de Cupertino, então na província de Apúlia, no reino de Nápoles, agora na província italiana de Lecce. Seu pai morreu antes de seu nascimento, no entanto, a casa da família foi confiscada para liquidar as grandes dívidas que lhe restavam, e sua mãe foi forçada a dar à luz em um estábulo.

José começou a ter visões extáticas quando criança, que continuariam por toda sua vida, fazendo dele objeto de desprezo. Sua vida foi dificultada por suas frequentes explosões de raiva. Ele logo foi aprendiz de seu tio, que era sapateiro. Sentindo-se atraído pela vida religiosa, em 1620 se inscreveu nos frades franciscanos conventuais, mas foi rejeitado por sua falta de educação. Então se candidatou aos frades capuchinhos em Martino, perto de Taranto, pelos quais foi aceito em 1620 como irmão leigo, mas foi demitido porque seus contínuos êxtases o tornavam impróprio para os deveres exigidos de sua função.

Depois que José voltou ao desprezo de sua família, pediu aos frades perto de Cupertino que lhe permitissem servir em seus estábulos. Depois de vários anos trabalhando lá, impressionou tanto os frades com a devoção e simplicidade de sua vida que foi admitido na Ordem, destinado a se tornar um sacerdote católico em 1625. Foi ordenado sacerdote em 28 de março de 1628, sendo então enviado para a Madonna delle GrazieGravina, na Apúlia, onde passou os próximos 15 anos de sua vida.

Após esse ponto, as ocasiões de êxtase na vida de José começaram a se multiplicar. Foi alegado que ele levitava enquanto participava da missa ou ingressava na comunidade para o Ofício Divino, ganhando assim uma reputação generalizada de santidade entre as pessoas da região e além. Porém foi considerado perturbador por seus superiores religiosos e autoridades da Igreja, e acabou confinado a uma pequena cela, proibido de participar de qualquer reunião pública da comunidade.

Como se acreditava amplamente que o fenômeno de voo ou levitação estivesse relacionado à bruxaria, José foi denunciado à Inquisição [carece de fontes]. Sob seu comando, ele foi transferido de um convento franciscano da região para outro para observação, primeiro para Assis (1639-1653), depois brevemente para Pietrarubbia e finalmente Fossombrone, onde viveu com e sob a supervisão dos frades capuchinhos (1653 -57). Ele praticou um ascetismo severo ao longo de sua vida, geralmente comendo alimentos sólidos apenas duas vezes por semana e adicionando pós amargos às refeições. Ele passou 35 anos de sua vida seguindo este regime.

Finalmente, em 9 de julho de 1657, José foi autorizado a retornar a uma comunidade conventual, sendo enviado para a cidade de Osimo, onde logo morreu no dia 18 de setembro de 1663, aos 60 anos.

José foi beatificado em 1753 pelo Papa Bento XIV e canonizado em 1767 pelo Papa Clemente XIII.

Filmes

No cinema, sua vida foi apresentada no filme The Reluctant Saint (1962), de Edward Dmytryk.[5]

Ver também

Referências

  1. ↑ Ir para:a b c «St. Joseph of Cupertino»Catholic Encyclopedia. Consultado em 18 de junho de 2021
  2.  «São José Copertino»Arquidiocese São Paulo. 29 de outubro de 2014. Consultado em 18 de junho de 2021
  3.  Garrigou-Lagrange, Réginald (2003). Las tres edades de la vida interior. Madrid: Rialp. p. 1199. ISBN 84-8239-048-1. Consultado em 19 de setembro de 2013
  4.  «São José de Cupertino enriqueceu a Igreja com sua santidade»Santo do Dia. Consultado em 18 de junho de 2021
  5.  ««The Reluctant Saint (O santo relutante)» (em inglês), no IMDb»

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