quarta-feira, 13 de setembro de 2023

JORNALISTAS RUSSOS PREOCUPADOS COM "ONDA DE ENVENAMENTOS" - 13 DE SETEMBRO DE 2023

 

Jornalistas independentes russos preocupados com "onda de envenenamentos"

História de SIC Notícias •11 h

A jornalista russa Elena Kostyuchenko viajava de comboio para Berlim em outubro passado, quando adoeceu abruptamente, num caso que levou as autoridades alemãs a investigar uma suspeita de tentativa de envenenamento.

Jornalistas independentes russos preocupados com "onda de envenenamentos"
Jornalistas independentes russos preocupados com "onda de envenenamentos"© Canva

Jornalistas russos independentes denunciaram, nesta terça-feira, à Lusa o ambiente de insegurança que sentem ao exercer a profissão, temendo a "onda de envenenamentos" que se tem registado contra profissionais da imprensa e ativistas da Rússia.

No Harriman Institute da Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque, Galina Timchenko - cofundadora, CEO e editora da Meduza, o maior meio de comunicação independente russo publicado em russo e inglês - e Ivan Kolpakov - editor chefe da Meduza - falaram dos desafios que enfrentam para transmitir notícias dentro da Rússia, apesar da forte propaganda do Kremlin.

Em resposta a uma questão da agência Lusa sobre os perigos de exercer jornalismo independente na Rússia, Ivan Kolpakov assegurou que esses perigos não estão limitados às fronteiras terrestres do país, multiplicando-se os casos de jornalistas russos atacados no estrangeiro.

"Na Rússia é proibido ser jornalista independente. Vamos para a prisão se fizermos jornalismo independente, basicamente. Então, se alguém trabalhar para a Meduza, pode ser preso porque está trabalhar para uma organização que foi considerada 'indesejável'. Ou pode ir para a prisão porque é 'traidor do Estado', ou porque está a violar uma lei sobre 'divulgação de informação sobre o exército russo'", explicou.

“Não é seguro ser jornalista russo em lugar nenhum”

"Mas ser jornalista russo não é seguro mesmo que você não esteja na Rússia. Talvez já tenham ouvido falar que a nossa repórter Elena Kostyuchenko foi envenenada na Alemanha no ano passado. Há uma onda de envenenamento de jornalistas e ativistas russos neste momento na Europa. Portanto, infelizmente, não é seguro ser jornalista russo em lugar nenhum", afirmou o editor chefe da Medusa, que está agora sediada em Riga, capital da Letónia.

A jornalista dissidente russa Elena Kostyuchenko viajava de comboio para Berlim em outubro passado, quando adoeceu abruptamente, num caso que levou as autoridades alemãs a investigar uma suspeita de tentativa de envenenamento.

A mulher de 35 anos - que deixou a Ucrânia depois de ter sido informada de que unidades chechenas em postos de controlo russos receberam ordens para matá-la - foi uma entre três jornalistas russos exilados que adoeceram com sintomas de envenenamento em capitais europeias durante o mesmo período, segundo o 'site' de investigação The Insider.

Além dos ataques físicos, jornalistas russos independentes têm sofrido outros tipos de pressões nos países em que estão exilados.

A autoridade de comunicação social da Letónia revogou em dezembro passado a licença de transmissão do canal de televisão independente russo Dozhd, que operava no exílio desde que Moscovo invadiu a Ucrânia.

"Estes são apenas alguns exemplos de como é ser um jornalista russo nos dias de hoje. Você foge do seu Governo, vai para a Letónia, um país vizinho e que faz parte da União Europeia, e então acaba expulso. É como se estivessem a lutar contra nós de ambos os lados. É perigoso ser jornalista russo? Eu acho que sim", admitiu Ivan Kolpakov, um dos jornalistas russos que entrevistou o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, logo após a invasão.

No evento em Nova Iorque, Galina Timchenko declarou que, após os episódios de envenenamento, foram adotados protocolos rígidos para evitar que situações semelhantes voltassem a acontecer contra jornalistas, principalmente em viagens, limitando, por exemplo, o consumo de líquidos em hotéis.

"Já sabíamos do caso da Elena Kostyuchenko desde o ano passado, então mudamos todos os nossos protocolos. Primeiro, para a nossa equipa editorial, depois para os nossos 'freelancers' e depois para todos nós", explicou a fundadora da Meduza.

"Pudemos perceber o padrão de quase todas as intoxicações, apesar de algumas ainda não terem sido reveladas: ocorreram durante viagens. Então, impusemos regras muito rígidas para viagens, para o uso de líquidos e para a vida quotidiana. Por exemplo, proibimos estritamente qualquer entrega de comida ou entrega ao domicílio ao nosso pessoal. É um pouco estranho, mas impusemos algumas regras para não usarem líquidos dentro dos hotéis e assim por diante. Mudamos seis ou sete protocolos", disse Timchenko.

Atmosfera anti-Ucrânia

Questionada ainda pela Lusa sobre o tipo de conteúdo informativo a que os cidadãos russos têm acesso nas suas televisões diariamente, a jornalista explicou que, antes mesmo da invasão, foi criada uma atmosfera anti-Ucrânia.

"Antes do início da guerra, era muito difícil assistir ao noticiário. Não havia notícias sobre a Rússia. Nada. Todas as notícias eram sobre a Ucrânia, sobre o quão ruim era a sua situação económica, a situação na sociedade civil, má cultura e assim por diante. Todas as notícias, todos os dias, eram sobre a Ucrânia. Nada sobre notícias internas da Rússia", disse.

"Atualmente, por um lado, tentam preencher todo o tempo de transmissão com programas de infoentretenimento ou entretenimento. E, ao mesmo tempo, debatem agressivamente sobre como os ucranianos odeiam os russos. É só isso", acrescentou Galina Timchenko, que afirmou que quando o Presidente russo, Vladimir Putin, chegou ao poder, a repressão e censura começaram a aumentar.

A Meduza consegue alcançar milhões de pessoas dentro da Rússia, apesar da redação do projeto funcionar no exílio durante os últimos nove anos. Em abril de 2021, as autoridades russas designaram a Meduza como um "agente estrangeiro" numa tentativa de reduzir as suas receitas publicitárias e, semanas após a invasão da Ucrânia pela Rússia, o Kremlin começou a bloquear completamente o website da Meduza.

Já em janeiro deste ano, Moscovo proibiu completamente a Meduza, declarando o meio de comunicação uma "organização indesejável" ilegal.

Face a essas circunstancias, a Meduza adaptou-se, mudando não só mudou a linguagem e o estilo associado à imprensa russa, mas conseguiu também inovar em diversas áreas -- desde novos formatos, até publicidade, desde 'podcasts' até manchetes animadas e de fácil acesso ao público.

Em 2022, a Meduza recebeu o Prémio Fritt Ord pelo seu "jornalismo corajoso, independente e baseado em factos".

KIM JON-UN E PUTIN REUNIDOS - 13 DE SETEMBRO DE 2023

 

“É por isso que viemos aqui”: Putin vai ajudar a Coreia do Norte a lançar satélites

História de Redação TVI Notícias •39 m
 “É por isso que viemos aqui”: Putin vai ajudar a Coreia do Norte a lançar satélites
“É por isso que viemos aqui”: Putin vai ajudar a Coreia do Norte a lançar satélites© TVI Notícias

Não foi por acaso que o encontro entre Putin e Kim Jong-un desta quarta-feura aconteceu no no centro espacial russo Vostochny Cosmodrome. Antes da reunião, Putin anunciou que Rússia vai ajudar a Coreia do Norte a lançar satélites.

De acordo com a imprensa estatal russa, quando questionado sobre se Pyongyang queria a assistência de Moscovo na construção de satélites, Putin disse na base espacial de Vostochny: “É por isso que viemos aqui”.

Kim Jong-un “demonstra grande interesse na tecnologia de foguetes, eles também estão a tentar desenvolver o espaço”, disse Putin, referindo-se às autoridades da Coreia do Norte.

A imprensa estatal disse que o líder norte-coreano fez a Putin inúmeras perguntas sobre os Soyuz-2 durante uma visita a uma instalação de lançamento destes foguetes espaciais russos em Vostochny.

Nos últimos meses, a Coreia do Norte falhou repetidamente tentativas de colocar em órbita o seu primeiro satélite espião-militar, algo que Kim Jong-un tinha descrito como crucial para aumentar a ameaça dos seus mísseis com capacidade nuclear.

A presidência da Rússia disse, num comunicado de imprensa, que os dois líderes visitaram ainda o local de montagem do lançador Angara e o sítio onde está a construída a plataforma de lançamento desta nova geração de foguetes russos.

Putin e Kim foram acompanhados pelo vice-primeiro-ministro e representante plenipotenciário no Distrito Federal do Extremo Oriente, Yuri Trutnev, pelo diretor da agência espacial russa Roscosmos, Yuri Boríov, e pelo diretor geral da JSC TsENKI, a agência que gere a base de Vostochny, Nikolai Nestechuk.

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