terça-feira, 22 de agosto de 2023

BRAGANÇA - MUNICIPIO E CIDADE PORTUGUESA - FERIADO - 22 DE AGOSTO DE 2023

 

Bragança (Portugal)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outros significados, veja Bragança.
Bragança
Brasão de BragançaBandeira de Bragança
Localização de Bragança
Mapa de Bragança
Gentílicobrigantino,
bragançano,
bragantino,
braganção,
bragancês (raro)
Área1 173,57 km²
População34 582 hab. (2021)
Densidade populacional29,5  hab./km²
N.º de freguesias49
Presidente da
câmara municipal
Hernâni Dias (PPD/PSD2021-2025)
Fundação do município
(ou foral)
1187
Região (NUTS II)Norte
Sub-região (NUTS III)Terras de Trás-os-Montes
DistritoBragança
ProvínciaTrás-os-Montes
e Alto Douro
OragoNossa Senhora das Graças
Feriado municipal22 de Agosto (Nossa Senhora das Graças)
Código postal5300
Sítio oficialwww.cm-braganca.pt
Município de Portugal 

Bragança é uma cidade raiana portuguesa e capital da sub-região das Terras de Trás-os-Montes, pertencendo à região do Norte e ao distrito de Bragança.

É sede do Município de Bragança que tem uma área total de 1.173,57 km2[1], 34.582 habitantes[2] em 2021 e uma densidade populacional de 29 habitantes por km2, subdividido em 39 freguesias[3]. O município é limitado a norte e leste pela região espanhola de Castela e Leão, a sudeste pelo município de Vimioso, a sudoeste por Macedo de Cavaleiros e a oeste por Vinhais.

História

Na área do actual município de Bragança, existia já uma povoação importante ao tempo da ocupação romana. Durante algum tempo, teve a designação de "Julióbriga", dada a Brigância pelo imperador Augusto em homenagem a seu tio Júlio César.

Destruída durante as guerras entre cristãos e mouros, encontrava-se em território pertencente ao mosteiro beneditino de Castro de Avelãs quando a adquiriu, por troca, em 1130Fernão Mendes de Bragança, cunhado de Dom Afonso Henriques. Reconstruída no lugar de Benquerença, Dom Sancho I concedeu-lhe foral em 1187, e libertou-a em 1199 do cerco que lhe impusera Afonso IX de Leão, pondo-lhe, então, definitivamente, o nome de "Bragança".

Em 1385, uma força expedicionária castelhana composta por cerca de 1100 homens, dos quais cerca de 700 eram peões e os restantes uma força conjunta de arqueiros e besteiros, todos comandadas por Juan Aligata. Esta força entra em Portugal pela fonteira norte do que é hoje o Distrito de Bragança. O seu objetivo final era, depois de tomarem a fortaleza de Bragança, se juntarem ao exército de João I de Castela. A incursão foi intersetada na região da cidade de Bragança por uma pequena força Portuguesa composta por cerca de 250 homens comandados por Dinis Oliveira. Os registos da batalha encontram-se no arquivo distrital de Bragança e segundo estes, a expedição castelhana foi derrotada pela pequena força portuguesa que, com um ataque de surpresa, conseguiu afugentar de forma humilhante os soldados castelhanos para Benavente. A força Portuguesa apenas registou cerca de 12 baixas entra as quais o comandante, enquanto que a expedição castelhana durante a batalha perdeu mais de 130 homens.[4][5]

O regente Dom Pedro, em 1442, elevou Bragança a cabeça de ducado concedido a seu irmão ilegítimo dom Afonso, 8º conde de Barcelos, que fora genro de Dom Nuno Álvares Pereira.

Em 1445, Bragança recebeu a concessão de uma feira franca e, em 1464Dom Afonso V elevou-a à categoria de cidade.

5 de março de 1770, Bragança tornou-se sede duma diocese. Passou a ter unida a si, desde 27 de Setembro de 1780, a diocese de Miranda (criada a 22 de maio de 1545), ficando a sede em Bragança, e por isso a designação oficial da diocese é de "Bragança e Miranda".

Foi feita Oficial da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito a 26 de Abril de 1919.[6]

Os celtas deram nome à cidade fundada no século II a.C., designando-a Brigância, topónimo que se foi latinizando até passar a ser "Bragança". Este nome é a origem do gentílico mais comum: brigantino. Bragançano também é muito usado. Bragantino e bragancês são pouco usados.

Figuras notáveis da região de Bragança

Património

Domus Municipalis

Castelo

Ver artigo principal: Castelo de Bragança

Infraestruturas

  • Instituto de Emprego e Formação Profissional de Bragança

Transportes

Estradas

Aeroporto

Aeródromo de Bragança (codico BGC).

Comboio

A cidade de Bragança não tem comboio desde o início da década de 1990 quando a linha do Tua foi encerrada.

Cultura

Instituições culturais

Desporto

O futebol é o desporto mais representativo do município, tendo no Grupo Desportivo de Bragança o seu maior representante.

Clima

A cidade de Bragança tem um clima temperado, com influências tanto continentais como atlânticas. O verão é tipicamente quente e seco e os dias costumam ser soalheiros, durante as ondas de calor a temperatura pode passar dos 35 graus Celsius. Durante este período a precipitação é escassa e a maior parte da que cai é devido a trovoadas de fim de tarde. O inverno é longo, frio e húmido e é nesta estação que se encontram os meses mais chuvosos. Apesar disso, longos períodos com dias de sol não são incomuns. É das cidades portuguesas em que mais neva,[carece de fontes] no entanto esta pode variar bastante de ano para ano, de invernos com menos de 5 dias de neve (2007/2008) para com mais de 20 dias (2008/2009).[carece de fontes] A 12 de Fevereiro de 1983, foi registada por uma estação meteorológica do IPB a temperatura de -17,5 °C nos arredores da cidade,[7] uma das mais baixas registadas em Portugal sob condições-padrão.[carece de fontes]

[Esconder]Dados climatológicos para Bragança (1981-2010)
MêsJanFevMarAbrMaiJunJulAgoSetOutNovDezAno
Temperatura máxima recorde (°C)20,420,425,728,633,636,938,839,537,730,622,418,839,5
Temperatura máxima média (°C)8,811,415,116,320,025,529,229,125,118,412,89,518,4
Temperatura média (°C)4,56,29,210,714,018,821,721,618,413,18,35,512,7
Temperatura mínima média (°C)0,20,93,25,18,012,014,214,011,67,93,71,36,8
Temperatura mínima recorde (°C)−11,4−11,6−10,2−5,1−2,03,44,44,41,4−3,8−8,6−9,7−11,6
Precipitação (mm)92,864,253,565,265,035,415,417,447,7102,292,4121,6772,8
Dias com neve1000000000001
FonteInstituto Português do Mar e da Atmosfera (1981–2010)[8] (Records: 1971-2010) 26 de fevereiro de 2013
Fonte 2Climate Zone (Dias de neve) [9] 26 de fevereiro de 2013

Camionagem

A "Serviço de Transportes Urbanos de Bragança" (STUB)[10] é uma empresa que presta serviços de transporte públicos urbanos na cidade de Bragança. Tem, actualmente, dezasseis linhas para o espaço urbano e para a periferia.

Freguesias

Freguesias do município de Bragança.

O município de Bragança está dividido em 39 freguesias:

Freguesias do município de Bragança
FreguesiaResidentes (2021)[11]
Alfaião164
Aveleda e Rio de Onor227
Babe209
Baçal460
Carragosa162
Castrelos e Carrazedo214
Castro de Avelãs430
Coelhoso279
Donai419
Espinhosela227
França199
Gimonde358
Gondesende139
Gostei397
Grijó de Parada248
Izeda, Calvelhe e Paradinha Nova851
Macedo do Mato178
Mós175
Nogueira462
Outeiro234
Parada e Faílde539
Parâmio195
Pinela227
Quintanilha217
Quintela de Lampaças184
Rabal152
Rebordainhos e Pombares148
Rebordãos533
Rio Frio e Milhão287
Salsas269
Samil1395
Santa Comba de Rossas276
São Julião de Palácios e Deilão319
São Pedro de Sarracenos380
Sé, Santa Maria e Meixedo22689
Sendas150
Serapicos187
Sortes262
Zoio141

Política

Eleições autárquicas [4]

Data%V%V%V%V%V%V%V%V%VParticipação
PPD/PSDCDS-PPPSFEPU/APU/CDUUDP/BEPRDINDADNCH
197643,41323,79222,2325,81-
57,42 / 100,00
197959,80514,71115,8415,21-0,98-
60,02 / 100,00
198225,64244,62421,4313,73-
64,22 / 100,00
198524,11246,66412,6618,19-3,88-
56,31 / 100,00
198938,3739,86-44,7642,57-
57,68 / 100,00
199335,5034,44-54,4141,85-
62,64 / 100,00
199749,0142,98-42,0632,56-
60,93 / 100,00
200161,8552,45-28,8922,96-
62,59 / 100,00
200562,6951,30-27,0222,97-1,78-
61,59 / 100,00
200948,1942,37-27,5621,62-1,25-16,141
58,48 / 100,00
201347,2442,06-26,0222,02-1,03-16,541
54,57 / 100,00
201757,0554,19-27,1222,08-2,72-1,72-
52,61 / 100,00
202157,5151,39-26,9822,22-1,32-5,89-
50,59 / 100,00

Eleições legislativas

Data%
CDSPSDPSPCPUDPADAPU/

CDU

FRSPRDPSNB.E.PàFPANLCHIL
197631,5627,3325,082,900,73
1979ADAD24,97APU2,3157,825,89
1980FRS1,0262,914,5024,55
198319,3132,7234,970,644,88
198515,6036,1525,710,875,439,08
19876,5859,3922,04CDU0,593,121,53
19915,6056,1330,032,020,491,97
19957,7941,4145,150,452,31
19996,7043,3441,823,600,221,16
20029,0550,6932,512,161,36
20057,3535,4046,362,253,71
200910,8739,0732,963,148,45
201110,1051,5425,903,213,04
2015PàFPàF35,323,326,6546,540,710,42
20193,5540,1235,242,287,521,610,521,050,65

Geminações

A cidade de Bragança é geminada com as seguintes cidades:[12]

Demografia

★ Os Recenseamentos Gerais da população portuguesa, regendo-se pelas orientações do Congresso Internacional de Estatística de Bruxelas de 1853, tiveram lugar a partir de 1864, encontrando-se disponíveis para consulta no site do Instituto Nacional de Estatística (INE).

A população registada nos censos foi:[13]

População do município de Bragança
AnoPop.±%
186425 935—    
187827 303+5.3%
189030 378+11.3%
190030 513+0.4%
191131 321+2.6%
192028 395−9.3%
193029 750+4.8%
194034 295+15.3%
195038 234+11.5%
196037 553−1.8%
197033 070−11.9%
198135 380+7.0%
199133 055−6.6%
200134 750+5.1%
201135 341+1.7%
202134 582−2.1%

(Número de habitantes que tinham a residência oficial neste município à data em que os censos se realizaram.)

Número de habitantes por Grupo Etário [14]
1900191119201930194019501960197019811991200120112021
0-14 Anos9 93610 6859 3739 79111 24412 15612 40410 0409 4136 4204 8404 3773 744
15-24 Anos6 1945 6455 1445 6486 6387 4286 4605 4706 3495 2795 0363 5773 677
25-64 Anos13 14713 29212 05512 05114 26315 99016 00013 65515 20716 01218 08919 18217 413
= ou > 65 Anos1 4831 6241 7151 9382 1362 4962 6892 9104 4125 3446 7858 2059 748

(Obs: De 1900 a 1950 os dados referem-se à população presente no município à data em que eles se realizaram Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente)

Ver também

Referências

  1.  Instituto Geográfico Português, Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013 Arquivado em 9 de dezembro de 2013, no Wayback Machine. (ficheiro Excel zipado)
  2.  «Conheça o seu Município»www.pordata.pt. Consultado em 29 de janeiro de 2022
  3.  Diário da RepúblicaReorganização administrativa do território das freguesias, Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro, Anexo I.
  4. ↑ Ir para:a b «Concelho de Bragança : Autárquicas Resultados 2021 : Dossier : Grupo Marktest - Grupo Marktest - Estudos de Mercado, Audiências, Marketing Research, Media»www.marktest.com. Consultado em 18 de dezembro de 2021
  5.  Crónica de Fernão Lopes
  6.  «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Cidade de Bragança". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 22 de outubro de 2014
  7.  Contribuição para o estudo do clima da bacia superior do Rio Sabor, tese de doutoramento do professor catedrático Dionísio Gonçalves
  8.  «Normais Climatológicas - 1981-2010 (provisórias) - Bragança». Consultado em 26 de fevereiro de 2013
  9.  «Bragança weather history» (em inglesa). Climate Zone. Consultado em 26 de fevereiro de 2013
  10.  STUB - Serviço de Transportes Urbanos de Bragança. Disponível em http://www.cm-braganca.pt/PageGen.aspx?WMCM_PaginaId=6767. Acesso em 7 de agosto de 2012.
  11.  Instituto Nacional de Estatística (23 de novembro de 2022). «Censos 2021 - resultados definitivos»
  12.  http://www.anmp.pt/anmp/pro/mun1/gem101l0.php?cod_ent=M5300
  13.  Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  14.  INE - http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=censos_quadros

Ligações externas

Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Bragança (Portugal)

ALFREDO DA SILVA - INDUSTRIAL FUNDADOR DA CUF - MORREU EM 1942 - 22 DE AGOSTO DE 2023

 

Alfredo da Silva

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Alfredo da Silva
Nascimento30 de junho de 1871
LisboaPortugal
Morte22 de agosto de 1942 (71 anos)
SintraPortugal
NacionalidadePortuguês
OcupaçãoIndustrial

Alfredo da Silva GCMAI (LisboaSão Nicolau30 de junho de 1871 — SintraSão Martinho22 de agosto de 1942) foi um industrial português, um dos maiores empreendedores numa época em que contrastava com o ritmo de Portugal. Foi o fundador de um império abrangendo empresas emblemáticas, como a Companhia União Fabril (CUF), a Tabaqueira, o Estaleiro da Rocha do Conde de Óbidos (depois Lisnave), o Banco Totta e Companhia de Seguros Império.

Biografia

Infância e juventude

Filho de um comerciante rico de Lisboa, de seu nome Caetano Isidoro da Silva, e de sua mulher, Emília Augusta Laymée Ferreira, bisneta dum Francês, Alfredo da Silva nasceu na freguesia de São Nicolau,[1] em Lisboa, e estudou em França até que a morte de seu pai, ocorrida em 1885, o obrigou a regressar a Portugal.

Alfredo da Silva nasceu no seio de uma família de comerciantes ricos de Lisboa. O pai, Caetano, explorava com o irmão uma casa comercial de móveis e colchões, ostentando o selo de fornecedor da Casa Real, mas tinha muito mais do que isso em ações — na Carris, em bancos — Banco Lusitano, Banco de Portugal e Crédito Predial — e na Companhia das Águas de Lisboa, atual EPAL.

Enquanto jovem, Alfredo da Silva evidenciava um especial fascínio pela cultura alemã, a que juntava um forte interesse pela química industrial, que viria a refletir-se nas suas opções empresariais. Enquanto estudava botânicafísica e tecnologia química, aprendeu diferentes idiomas: francês, que era nessa época a língua usual do comércio, inglês e alemão. A isso acrescentou o estudo de contabilidade, logística, operações comerciais e financeiras e noções gerais do Direito.

Depois de se matricular no Curso Superior de Comércio, em 1887, Alfredo da Silva vai assumir em 1890 o encargo de gerir a herança da família. Em 1893 já era administrador da Companhia Aliança Fabril (CAF) e do Banco Lusitano.[2]

Carris e os Elétricos de Lisboa

Em 1892, a direção da Carris convidou o jovem acionista Alfredo da Silva a realizar uma visita de estudo a algumas cidades da Europa onde os melhores sistemas de tração mecânica estivessem a funcionar. O relatório que produziu terá sido o elemento decisivo para a adoção do sistema de tração elétrica com condutor aéreo por parte da Carris, os vulgos Elétricos de Lisboa.[2]

Ultrapassados diversos diferendos e objeções, fruto de opiniões que viam com maus olhos a participação de capitais estrangeiros no empreendimento, em breve começariam os trabalhos de assentamento das vias, que a Lisbon Electric Tramways, empresa de capitais britânicos a quem a Carris arrendara as linhas, adjudicara à Portuguese Construction Company. Por fim, na madrugada de 31 de agosto de 1901 o primeiro elétrico lisboeta percorria o trajeto Terreiro do Paço — Belém — Algés.[2]

Alfredo da Silva — que viria a ser diretor da Companhia entre 1896 e 1899, com Zófimo Consiglieri Pedroso e Carlos Krus —tinham sido os principais obreiros desta transformação.[2]

Companhia Aliança Fabril

Foi enquanto diretor do Lusitano que Alfredo da Silva comprou ao Banco de Portugal ações da Aliança Fabril de que o Banco Lusitano era credor. Alfredo da Silva vinha mantendo contactos com a direção da Companhia, no sentido de resolver um débito que ascendia a 38 contos. Na verdade, no início de 1893 a Aliança Fabril encontrava-se numa difícil situação — à qual procurava fazer face remodelando e reapetrechando a fábrica que possuía na Avenida 24 de Julho. A relativamente pequena Aliança Fabril fabricava essencialmente velas, sabões duros e moles, óleo de purgueira, glicerina, oleína e outros produtos, enfrentando uma forte concorrência dos produtos estrangeiros similares, especialmente de origem inglesa.[2]

Ao seu estilo, Alfredo da Silva participou na reunião de acionistas que teve lugar em 7 de Abril de 1893, formulando críticas em relação à direção da companhia, num protesto a que se associaram Martinho Guimarães, do Conselho Fiscal, e Ernesto Driesel Schröeter, futuro ministro da Fazenda de João Franco, apontando para a necessidade de reformar os estatutos da Aliança Fabril. Foi então nomeada uma comissão destinada a proceder a essa reforma, dela fazendo parte Alfredo da Silva, e eleitos novos corpos gerentes: Eusébio Serôdio Gomes, Manuel José Gomes Revelo e João Eduardo Ahrends e como substitutos Feliciano de Abreu e Alfredo da Silva. Todavia, Ahrends não aceitou o cargo e o lugar que deixou vago foi imediatamente ocupado por Alfredo da Silva. Alfredo da Silva assumiu, assim, as suas novas funções de administrador-gerente da Aliança Fabril.[2]

Casou-se no ano seguinte, em 19 de Abril de 1894, na igreja de Alcântara, em Lisboa, com Maria Cristina Resende Dias de Oliveira, filha de Alfredo Dias de Oliveira e de Luísa Amélia Resende Dias de Oliveira, ambos naturais de Lisboa. Foi seu padrinho de casamento o banqueiro João Baptista Dotti, um dos principais acionistas da Companhia Aliança Fabril.[3] Dedicou-se por inteiro à catividade da fábrica da Avenida 24 de Julho, não deixando, contudo, de participar nas sessões da Sociedade de Geografia de Lisboa (onde assumiu o cargo de secretário da secção da indústria e participou na comissão de reforma dos estatutos da Sociedade, colaborando com Luciano Cordeiro) então dominadas pelas discussões em torno dos problemas de administração colonial, em particular a questão da concessão do caminho de ferro do Chire.[2]

Até então soubera bem aproveitar e habilmente rentabilizar o capital que herdara, construindo um caminho próprio onde desde já se denotam um carisma pessoal ou pelo menos um estilo próprio e a capacidade que a fortuna lhe foi propiciando de bem tecer e coordenar uma rede de conhecimentos que se entrecruzarão ao longo da vida.[2]

Constituição da CUF

Pragmático e visionário, aos 26 anos concebeu um projeto audacioso, que viria a modelar o futuro da indústria portuguesa: a fusão da sua empresa, a CAF, com a CUF. Era uma questão de sobrevivência, pois ambas as companhias estavam a enfrentar sérias dificuldades financeiras.

Foi assim que, em 22 de abril de 1898 foi formalizada a constituição da nova CUF, que doravante produzia sabõesvelas e óleos vegetais, e viria a tornar-se um gigante da indústria, ao iniciar em Portugal a produção de adubos em grande escala.

Em 1907 a Companhia União Fabril estava em plena expansão e era necessário encontrar um local para instalar novas unidades fabris. Alfredo da Silva escolheu o Barreiro. A pequena vila à beira do Rio Tejo nunca mais viria a ser a mesma. De resto a empresa veio a espalhar várias fábricas pelos país, empregando 16 mil trabalhadores ao todo. O lema da CUF era "O que o País não tem, a CUF cria". Ao prestígio de Alfredo da Silva e da sua empresa não era alheio o facto de esta oferecer excelentes condições de trabalho aos seus funcionários e às respetivas famílias (bairros residenciais, ensino gratuito, etc.[4]

Atentados e participação política

Alfredo da Silva foi vitima de dois atentados fracassados o que o conduziu a exilar-se para Espanha e França gerindo a CUF à distância.

Alfredo da Silva foi eleito deputado em 1906 antes de apoiar Sidónio Pais e de conquistar um lugar na Câmara Corporativa logo em 1935. Com o auxílio da grande burguesia, opõe-se frontalmente à lei das 8 horas de trabalho. Apoiou o Estado Novo e manteve uma relação de cordialidade com Oliveira Salazar com evidentes vantagens para ambos, políticas para o ditador e empresariais para Alfredo da Silva. No ano de 1936 é adjudicada a concessão do "Estaleiro da Rocha Conde de Óbidos" pertença da A.G.P.L. à CUF: foi a revolução da construção naval em Portugal e o embrião da Lisnave.

Alfredo da Silva, graças ao seu poderio económico e ao sentido do negócio podia, por vezes, interessar-se por empreendimentos diferentes da sua mais habitual atividade industrial. Exemplo disso é a aquisição do Cine-Teatro Éden, que nem sequer tinha a intenção de explorar como tal, mais tarde irá vendê-lo com grande lucro.

Fracassos

Nem em tudo o empresário foi bem sucedido. Assim, existiram dois projetos que Alfredo da Silva nunca conseguiu realizar: o primeiro remonta ao ano de 1926, quando ele tentou avançar com a constituição da Companhia Portuguesa de Rádio Marconi, perdendo-a para terceiros (dois anos antes de Salazar se tornar Ministro das Finanças e 4 anos antes deste se tornar Presidente do Conselho). O outro caso é passado nos anos 1930 quando ele tenta em concurso que seja arrendada à CUF a concessão da Linha de Caminho de Ferro Sul-Sueste, pertença dos Caminhos de Ferro do Estado, não tendo também êxito.

Condecorações

A 31 de Dezembro de 1932 foi feito Grã-Cruz da Ordem Civil do Mérito Agrícola e Industrial Classe Industrial[5] e a 28 de Outubro de 1933 foi feito 47.º Sócio Honorário do Ginásio Clube Figueirense.[6]

Vida familiar

Em 1894 casa-se com Maria Cristina de Resende Dias de Oliveira, filha Alfredo Dias de Oliveira e de Luisa Amélia de Resende.

Tiveram apenas uma filha, Amélia de Resende Dias de Oliveira da Silva, que se casa com D. Manuel Augusto José de Mello, filho do Conde do Cartax.

Alfredo da Silva faleceu na sua casa de Sintra, na freguesia de São Martinho, a 22 de Agosto de 1942,[1] a CUF passando depois pelo comando do Grupo Mello, composto pelo seu genro Manoel de Mello e seus filhos Jorge de Mello e José de Mello.

Estes são os fundadores do Grupo Mello que conta, em grande parte com a fortuna do sogro e avô, mas conseguiram aumentá-la e consolidá-la até ao 25 de Abril. Depois disso grande parte da fortuna do Grupo Mello foi expropriada. Hoje em dia, esta encontra-se de novo na família e em crescimento.

Legado

No Barreiro, Alfredo da Silva tem uma estátua com dois metros de altura no Parque de Santa Catarina.

Em 2001, na série biográfica Alves dos Reis, um seu criado, um ator interpreta o Alfredo da Silva. Nessa série é revelado que antes de Artur Alves dos Reis cometer a burla terá se cruzado com o industrial, devido ao seu sucesso nos caminhos de ferro em Angola.

Ver também

Referências

  1. ↑ Ir para:a b «Livro de registo de batismos da Paróquia de São Nicolau, Lisboa (1855-1874)»digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. assento 25 do ano de 1871
  2. ↑ Ir para:a b c d e f g h «Ordem dos Engenheiros»www.ordemengenheiros.pt. Consultado em 21 de agosto de 2022
  3.  «Livro de registo de casamentos da Paróquia de Alcântara, Lisboa (1894)»digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. fls. 17v, assento 35
  4.  Ferreira, Ricardo (30 de outubro de 2007). «O Grupo CUF - elementos para a sua história: Barreiro - Bairro Operário da C.U.F.»O Grupo CUF - elementos para a sua história. Consultado em 21 de agosto de 2022
  5.  «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Alfredo da Silva". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 25 de outubro de 2015
  6.  ginasiofigueirense.com [1]

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