sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

GAGO COUTINHO - (CARLOS VIEGAS GAGO COUTINHO) AVIADOR - NASCEU EM 1869 - 17 DE FEVEREIRO DE 2023

 

Gago Coutinho

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Gago Coutinho
Almirante
Nome completoCarlos Viegas Gago Coutinho
Dados pessoais
Nascimento17 de fevereiro de 1869
Santa Maria de BelémLisboa
Morte18 de fevereiro de 1959 (90 anos)
Santa EngráciaLisboa
NacionalidadePortugal Português
Vida militar
ForçaNaval Jack of Portugal.svg Marinha Portuguesa
Anos de serviço1888-1939
HierarquiaPOR-Navy-OF9.svg Almirante
FunçãoGeógrafo , HistoriadorNavegador
Honrarias
AssinaturaAssinatura Gago Coutinho.svg
Primeira travessia aérea do Atlântico Sul

Carlos Viegas Gago Coutinho ou somente Gago Coutinho GCTE • GCC • ComA • GOA • GCA • GCSE • GCIC (Santa Maria de BelémLisboa17 de fevereiro de 1869 — Santa Engrácia, Lisboa, 18 de fevereiro de 1959) foi um geógrafo cartógrafo, oficial da Marinha Portuguesanavegador e historiador. Juntamente com o aviador Sacadura Cabral, tornou-se um pioneiro da aviação ao efetuar a Primeira travessia aérea do Atlântico Sul, no hidroavião Lusitânia em 1922.[1][2]

Infância e juventude

Carlos Viegas Gago Coutinho nasceu em Santa Maria de BelémLisboa, na número 5 ( actualmente numero 27) da Calçada da Ajuda em 17 de fevereiro de 1869, filho de José Viegas Gago Coutinho, natural de São Brás de Alportel, e de sua mulher e prima em segundo grau Fortunata Maria Coutinho, natural de Faro.[3][4]

De família humilde, não pode frequentar, como desejava, o curso de Engenharia na Alemanha e ingressou, aos 17 anos, na Marinha Portuguesa, tendo terminado o curso da Escola Naval em 1888.

Carreira militar

Serviu em vários navios e participou nas operações militares de Tungue (Moçambique) em 1890 e em Timor em 1912.

Distinguiu-se como cartógrafo e geodeta a partir de 1898, aquando de sua primeira comissão em Timor. Até 1920 levantou e cartografou não apenas aquele território mas também o de Niassa (1900), Congo (1901), Zambézia (1904-1905), Barotze (1912-1914), São Tomé e Príncipe (1916), estabelecendo vértices geodésicos e determinando coordenadas em missões científicas onde conseguia precisões notáveis, devido ao seu rigor e dedicação à missão que lhe fora confiada. Respondeu pela delimitação definitiva da parte norte da fronteira entre Angola e Zaire.

No decurso destes trabalhos fez a pé a travessia da África, onde conheceu Sacadura Cabral. Este incentivou-o a dedicar-se ao problema da navegação aérea, o que levou ao desenvolvimento do sextante de horizonte artificial, posteriormente comercializado pela empresa alemã Plath com o nome "Sistema Gago Coutinho".[5] Juntos inventaram ainda um "corretor de rumos" (o "plaqué de abatimento") para compensar o desvio causado pelo vento. Para testar essas ferramentas de navegação aérea, realizaram em 1921 a travessia aérea Lisboa-Funchal.

A 11 de Março de 1919 foi feito Comendador da Ordem Militar de São Bento de Avis, tendo sido elevado a Grande-Oficial da mesma Ordem a 19 de Outubro de 1920.[6]

Primeira travessia aérea do Atlântico Sul

Rota da primeira travessia aérea do Atlântico Sul.

Assim preparados, em 1922, no contexto das comemorações do centenário da Independência do Brasil, os dois aviadores realizaram a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, sendo recebidos entusiasticamente em várias cidades do Brasil (Rio de JaneiroSão PauloSalvadorRecife), bem como no regresso a Portugal.[7]

Gago Coutinho e Sacadura Cabral regressaram a Portugal a bordo da Barca Foz do Douro, de Joaquim Costa Carvalho ("A minha viagem na Barca Foz do Douro, do Brasil a Portugal" Editora Maritímo-Colonial Lda., Lisboa).

Anos posteriores

Gago Coutinho recebeu largo reconhecimento devido a este feito, tendo sido promovido a contra-almirante e condecorado com as mais altas e prestigiosas distinções do Estado Português, tendo sido agraciado com a Grã-Cruz da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito a 21 de Abril de 1922 e com a Grã-Cruz da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico a 1 de Maio do mesmo ano, 35.º Sócio Honorário do Ginásio Clube Figueirense a 2 de Junho de 1922,[8] e elevado a Grã-Cruz da Ordem Militar de São Bento de Avis a 18 de Outubro de 1926,[6] além de ter recebido várias outras condecorações estrangeiras. Retirou-se da vida militar em 1939. A 28 de Janeiro de 1943 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Império Colonial e a 28 de Junho de 1947 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo.[6]

Jazigo do Almirante Gago Coutinho, no Cemitério da Ajuda

Em 1954 a TAP convidou-o para um voo experimental ao Rio de Janeiro em um DC-4, antecipando a futura linha regular que se estabeleceria em 1961.

A partir de 1925 dedicou-se à História Náutica, tendo desenvolvido vasta obra de investigação científica, publicando significativa variedade de trabalhos geográficos e históricos, principalmente acerca das navegações portuguesas, como, por exemplo, "O Roteiro da Viagem de Vasco da Gama" e a sua versão de "Os Lusíadas". Vários de seus trabalhos encontram-se compilados na "Náutica dos Descobrimentos".[9]

Conhece-se colaboração da sua autoria na revista Boletim Fotográfico[10] (1900-1914), na Gazeta das colónias[11] (1924-1926) e na edição mensal do Diário de Lisboa[12] (1933).

Correspondeu-se com grandes nomes da história da aviação da época como Alberto Santos Dumont, apoiou Sarmento de Beires e João Ribeiro de Barros.

Pertenceu ao Grande Oriente Lusitano da Maçonaria Portuguesa e foi sócio da Sociedade de Geografia de Lisboa, onde foi responsável por uma das secções.

Por decisão da Assembleia Nacional e mediante decreto específico foi promovido a Almirante em 1958.[13]

Morte

Faleceu no dia seguinte a completar 90 anos, no Hospital da Marinha, na freguesia de Santa Engrácia, vitima de esclerose renal, no estado civil de solteiro e sem filhos, sendo sepultado no Cemitério da Ajuda em Lisboa.[4]

Notas

  1.  Sacadura Cabralsite www.vidaslusofonas.pt
  2.  Sobre a recente biografia de Gago Coutinho leia-se RTP: Biografia de Gago Coutinho.
  3.  «Aeroporto de Faro mudou o nome para Gago Coutinho para homenagear o almirante que ali teria nascido. Mas estes documentos contam uma história diferente»CNN Portugal. Consultado em 23 de junho de 2022
  4. ↑ Ir para:a b «Livro de registo de óbitos da 1.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa (31-12-1958 a 28-09-1959)». Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 44 verso, assento 88
  5.  Foi utilizado, por exemplo, na viagem de circum-navegação do LZ 127 Graf Zeppelin.
  6. ↑ Ir para:a b c «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Carlos Viegas Gago Coutinho". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 12 de abril de 2015
  7.  Pinheiro Corrêa. Gago Coutinho, precursor da navegação aérea. Edição do Centenário (1869 - 1969) Porto, 1969
  8.  ginasiofigueirense.com - pdf
  9.  Coutinho, Gago (1969). A náutica dos descobrimentos: os descobrimentos marítimos vistos por um navegador : colectânea de artigos, conferências e trabalhos inéditos. [S.l.]: Agência-Geral do Ultramar
  10.  João Oliveira (31 de Janeiro de 2012). «Ficha histórica: Boletim photographico (1900-1914)» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 4 de Julho de 2014
  11.  Pedro Mesquita (12 de Junho de 2014). «Ficha histórica: Gazeta das colonias: semanário de propaganda e defesa das colonias (1924-1926)» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 28 de Outubro de 2014
  12.  «Diário de Lisboa : edição mensal [1933]»hemerotecadigital.cm-lisboa.pt. Consultado em 15 de junho de 2022
  13.  Decreto-Lei n.º 41636, de 22 de Maio de 1958, que promove ao posto de almirante o vice-almirante Carlos Viegas Gago Coutinho.

Homenagens

Entre outras homenagens, vários lugares homenageiam Gago Coutinho:

Monografias

Entre muitas outras obras dispersas por periódicos, é autor das seguintes monografias:

  • A náutica dos descobrimentos. Os descobrimentos marítimos vistos por um navegador. Colectânea de artigos, conferências e trabalhos inéditos do Almirante Gago Coutinho, Org. e pref. do Comandante Moura Braz, 2 vols., Lisboa, Agência Geral do Ultramar, 1951-1952.
  • Ainda Gaspar Corte-Real, 35 p., Lisboa, 1950.
  • Influencia que as primitivas viagens portuguesas a América do Norte tiveram sobre o descobrimento das "Terras de Santa Cruz", 26 p, Lisboa, 1937.
  • Descobrimento do Brasil: Conferências. Liceu Literário, 1955

Ver também

Bibliografia

  • CORREIA, Pinheiro, Gago Coutinho, Precursor da Navegação Aérea, Lisboa, edição de autor, 1965
  • MOTA, Avelino Teixeira da (org.), Obras Completas de Gago Coutinho. Obras Técnicas, Científicas e Históricas (1893-1915), vols. I (1893-1915) e II (1917-1921), Lisboa, Junta de Investigações Científicas do Ultramar, 1972-75
  • PINTO, Rui Miguel da Costa. ”Gago Coutinho simples aventureiro ou um homem de Ciência” in Filatelia Lusitana, série III, nº19, Lisboa, Federação Portuguesa de Filatelia, 2009.
  • PINTO, Rui Miguel da Costa. Gago Coutinho, breve perfil biográfico, Lisboa, Academia da Marinha, 2009.
  • PINTO, Rui Miguel da Costa. Gago Coutinho e as relações luso brasileiras, Espírito Santo (Brasil), Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, 2009.
  • PINTO, Rui Miguel da Costa - Gago Coutinho - O Último Grande Aventureiro Português. Eranus. Lisboa. 2014

Ligações externas

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  1.  «LEI 2444/2001»legis.serra.es.gov.br. Consultado em 19 de março de 2018

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