Palavras cruzadas
O jogo de palavras cruzadas é um passatempo bastante difundido. Consiste de várias linhas formadas por quadrados em branco, algumas na vertical e outras na horizontal, que se cruzam umas com as outras. Cada linha deve ser preenchida por uma palavra, e cada palavra deve ser descoberta através de dicas que acompanham as cruzadas. Ao se preencher uma das linhas, automaticamente se preenche alguns quadrados das outras linhas que a cruzam, tornando mais fácil sua resolução. A profissão de criar palavras cruzadas denomina-se "cruciverbalismo" e os profissionais são chamados de "cruciverbalistas". A prática ou cultivo das palavras cruzadas pelos leigos é denominado "cruzadismo" e os seus praticantes são chamados de "cruzadistas".
Palavras cruzadas infantis geralmente são compostas por poucas linhas, que se cruzam em não mais do que dois ou três pontos cada. Nas palavras cruzadas para adultos as linhas são dispostas de modo a formar um quadrilátero, com quase todos os quadrados pertencendo a duas linhas (uma vertical e outra horizontal). A diferença de tamanho entre as palavras é compensada através de quadrados pretos, que não devem ser percebidos. Linhas que contêm quadrados pretos geralmente são formadas por mais de uma palavra, mas não sempre. Nos demais casos a segunda porção da linha só será preenchida por uma palavra contida numa linha do sentido oposto (vertical para uma linha horizontal e vice-versa).
Apesar de palavras cruzadas serem vendidas em revistas de passatempo, sua maior difusão se dá por meio da publicação em jornais. Todos os grandes jornais do mundo publicam palavras cruzadas, geralmente no caderno de entretenimento ou no de TV.
História
As primeiras cruzadas modernas foram elaboradas por Arthur Wynne e publicadas no jornal New York World, em 1913. Durante a infância, Wynne conviveu com jogos de encaixar letras em espaços delimitados por um quadrado, de modo que formassem diferentes palavras, na horizontal ou na vertical. A inovação do inglês foi dar dicas para preencher os espaços, ao invés de dar as palavras de uma vez. O jogo foi publicado em 1913 e, devido ao grande sucesso, no início da década seguinte já estava presente nos maiores jornais do mundo todo.[1]
Entretanto uma forma rústica do jogo já existia no Antigo Egito. Durante a Segunda Guerra Mundial, as forças armadas britânicas recrutaram especialistas em palavras cruzadas para tentar decifrar códigos.[carece de fontes]
No Brasil
No Brasil, as palavras cruzadas mais difundidas são as do grupo Coquetel da Ediouro Publicações, publicadas em revistas próprias e em vários jornais tal como os syndicate norte-americanos.[2][3] Durante anos, a Folha de S.Paulo preferiu manter um formato mais comum nos Estados Unidos, com um profissional contratado exclusivamente para criar suas palavras cruzadas. O criador das cruzadas da folha era o cruciverbalista Júlio Moncorvo; suas cruzadas costumavam ser mais complexas que as das empresas especializadas em passatempos e muitas vezes usavam palavras citadas no jornal naquele dia ou no dia anterior. Também era conhecido por usar várias vezes uma mesma palavra e uma mesma dica (por exemplo, palavra litúrgica de anuência - amém).
O brasileiro Euro Oscar tem sido um bom exemplo como autor de palavras cruzadas e charadas. Ganhou dezenas de concursos e torneios mensais e bimestrais de composição e decifração, tanto de cruzadas quanto de charadas, nas mais renomadas publicações. Além de suprir as exigências técnicas dos regulamentos, revelava virtuosismo, como, por exemplo, o emprego de todas as letras e dígrafos do alfabeto e mensagens ocultas, em cada trabalho. Certa vez incluiu num diagrama cruzadístico todos os planetas do Sistema Solar, em uma disposição semelhante às órbitas dos mesmos em relação ao Sol.
Foi, virtualmente, campeão brasileiro de palavras cruzadas, como compositor, aos dezoito anos de idade, em 1971, no Primeiro Campeonato Brasileiro de Palavras Cruzadas, promovido pela extinta revista "Palavrão", do grupo Bondinho, de cuja administração participava Maria Juncker Rivellino, autora de um Dicionário de Palavras Cruzadas. Euro ganhou a primeira e única etapa, contra campeões de todo o Brasil. Detém até hoje vários recordes em língua portuguesa, como 2 esquemas de 9 x 9 com total cruzamento, sem nenhuma barreira e sem usar locuções, e diagramas de 11 x 11 linhas com 14 palavras de 11 letras cada, e diversos deles com 13 palavras de 11 letras. Esquemas de 12 x 18 linhas com 16 palavras longas de 12 letras ou mais, sendo 8 delas no centro, sem barreiras. Euro Oscar utilizou até álgebra para inovar suas técnicas e com isso, mesmo tendo inglês somente intermediário, preparou algumas palavras cruzadas em inglês, que estão no site http://www.eurooscar.com, as quais o guindaram ao primeiro lugar mundial nos rankings do exigente Google (em toda a WEB) representando a língua portuguesa, à frente dos autores nativos da língua inglesa, desde 2004, como crosswords master e difficult level. Todavia ele considera que o mais importante é o decifrador, o trabalho oferecido deve ser interessante, agradável, criativo, correto e informativo e nesse sentido as composições desse autor são um modelo digno de estudo.
O processo de composição de palavras cruzadas é complexo e poucos autores se dedicam ao tema no Brasil. Programas de computador, como o Kurupira Crossword, facilitam a vida dos editores amadores.
Em Portugal
Conhece-se uma data: 3 de junho de 1925. Dia em que foram publicadas, pela primeira vez, palavras cruzadas no primeiro jornal desportivo da cidade do Porto, o 'Sporting'.
Benefícios
Há estudos que colocam este passatempo entre as boas práticas para evitar doenças como Alzheimer e Parkinson. De qualquer forma, fazer regularmente palavras cruzadas enriquece o vocabulário e a cultura geral ao mesmo tempo que treina a ortografia.
Na escola
O professor pode utilizar este instrumento de maneira personalizada, onde acessando plataformas digitais como Crossword Puzzle Maker poderá formular cruzadinhas dentro do contexto que vem sendo trabalhado em sala. E desta forma propor desafios para resolução da cruzadinha de maneira colaborativa.
Tipos de palavras cruzadas
Ver também
Referências
- ↑ PATRICK, Bethanne; THOMPSON, John. An uncommon history of common things. National Geographic. P. 245.
- ↑ Gonçalo Junior (2004). A guerra dos gibis. A formação do mercado editorial brasileiro e a censura aos quadrinhos, 1933-1964. [S.l.]: Companhia das Letras. 116 páginas. ISBN 8535905820
- ↑ Josué Machado (outubro de 2011). «Palavras Cruzadas»