As 13 seleções da Europa no Mundial: Portugal vence Uruguai e está nos oitavos de final
Portugal venceu o Uruguai, por 2-0, e assegurou a passagem aos oitavos de final do Mundial do Qatar. Dois golos de Bruno Fernandes, o segundo de penálti já nos descontos, deram substância à superioridade lusa nos 90 minutos.
A aposta em William Carvalho deu qualidade ao jogo de Portugal, na posse e na circulação da bola. Faltou apenas melhor companhia a Ronaldo na frente. Félix voltou a ser demasiado inconsequente e às vezes até egoísta, mas valeu haver um meio campo mais consistente.
O golo de abertura, aos 54 minutos, foi atribuído no um primeiro momento a Bruno Fernandes, num cruzamento para Ronaldo, que pareceu ter entrado direto na baliza após tentativa do avançado de tocar no esférico. Mais tarde, a FIFA alterou a decisão e deu o golo a Ronaldo, que soma assim dois golos no Mundial.
O Uruguai respondeu bem ao golo sofrido, cresceu e até acertou no poste além das excelentes intervenções do guarda-redes Diogo Costa.
Já nos descontos, a castigar uma mão assinalada pelo VAR, Bruno Fernandes selou o triunfo em 2-0, de penálti.
Com o triunfo, Portugal garantiu a qualificação e fica a um empate de ser o primeiro do grupo H, evitando dessa forma, logo nos oitavos, o vencedor do grupo G, que deverá ser o Brasil.
Um pouco antes, a Suíça resistiu mais de 80 minutos ao Brasil, conseguindo inclusive algumas chances, mas acabou derrotada, por 0-1. O golo, marcado por Casemiro aos 83, valeu à "canarinha" a qualificação para os oitavos de final.
O helvéticos vão ter de decidir com a Sérvia quem acompanha os brasileiros, bastando-lhes o empate na derradeira jornada se os Camarões não ganharem ao Brasil. O primeiro lugar do grupo G também continua em aberto.
A Sérvia esteve a ganhar 3-1 contra os Camarões, deixou-se empatar (3-3) e assim fica obrigada a ganhar à Suíça, dependendo ainda do que os africanos fizerem diante do Brasil, sendo que o primeiro critério de desempate é a diferença entre golos marcados e sofridos.
As seleções europeias
Há 13 equipas da Europa a competir no Mundial 2022. Portugal e a atual campeã França serão as melhor cotadas para discutir a taça no Qatar, mas a vice-campeã europeia Inglaterra também tem uma palavra a dizer além das crónicas candidatas Alemanha e Espanha.
A um nível logo abaixo surgem a Bélgica, os Países Baixos, a Dinamarca e a finalista de 2018 Croácia, que podem surpreender.
País de Gales, Polónia, Sérvia e Suíça terão poucas hipóteses de chegar a final, mas no futebol são 11 contra 11 e, no final ganha... quem marca. Nem sempre os melhores e muito menos a Alemanha, como já se viu.
[Para ler a informação de cada equipa, clique na seleção pretendida se o nome está a azul]
Eis o que podem fazer as equipas europeias neste primeiro Mundial realizado no outono e no Médio Oriente, começando por Portugal e seguindo pela ordem de entrada em cena:
PORTUGAL
Prestação da equipa no Mundial
Os campeões da Europa de 2016 estrearam-se no grupo H com um triunfo suado diante do Gana, por 3-2. No segundo jogo, venceu o Uruguai, por 2-0, e fica apenas a um empate contra a Coreia do Sul, de Paulo Bento, de vencer o grupo.
ANTEVISÃO
Como correu a qualificação?
Embora seja uma das melhores seleções do mundo, a qualificação não foi brilhante. Depois de um estranho empate (0-0- na República da Irlanda, Portugal precisava apenas de um empate em casa no último jogo, mas perdeu diante da Sérvia e teve de jogar um play-off inédito de quatro equipas e dois jogos.
Jogou ambas as partidas em casa, derrotando a Turquia e o carrasco da Itália, a Macedónia do Norte.
Em que estado está a equipa?
A equipa não jogou bem nos últimos jogos, mas a maioria dos jogadores compete nas melhores ligas europeias, incluindo a Liga dos Campeões, e muitos estão a jogar bem. Em especial o trio do Manchester City (Rúben Dias, Bernardo Silva e João Cancelo) e Rafael Leão, no AC Milan.
Sendo um dos melhores conjuntos no torneio, a seleção está a apontar à conquista do título naquele que poderá ser o último Mundial de Cristiano Ronaldo, mas só os nomes não ganham jogos e o selecionador Fernando Santos mostrou alguma dificuldade em gerir uma equipa de alto nível.
Agora, há também a incerteza do impacto da explosiva entrevista de Cristiano Ronaldo, que levou ao despedimento amigável do avançado no Manchester United a dois dias da estreia no Qatar.
Quem é a grande estrela da equipa?
Cristiano Ronaldo é a grande estrela, mas aos 37 anos está claramente na fase descendente da carreira, mas mostra-se motivado e sobretudo agora como jogador livre precisa de mostrar que ainda é jogador para grandes contratos.
Bernardo Silva é outro dos jogadores que pode ser o porta estandarte neste Mundial, se o selecionador finalmente perceber como retirar o melhor dele, colocando-o atrás dos avançados.
Quem pode ser a surpresa na equipa das quinas?
Rafael Leão (AC Milan), Palhinha (Fulham) e Matheus Nunes (Wolverhampton) podem ser as grandes surpresas.
Leão chega ao Mundial como o melhor jogador da última Serie A e campeão italiano. É um avançado que pode herdar de Eusébio a alcunha de “pantera negra” porque chega a parecer invisível nos jogos até “morder” os adversários de forma explosiva, com assistências e golos.
Palhinha é um típico número 6 a jogar esta época no habitat natural, a Liga inglesa, onde tem mostrado agressividade positiva, capacidade de passe curto e longo, e até tem marcado golos. Tudo com grande intensidade.
Nunes é um jogador de transições rápidas. Pode transformar uma ação defensiva num perigoso contra-ataque só com um movimento corporal. É forte na posse da bola, intenso a defender e tem sempre o golo no alvo.
Três palavras para descrever a equipa?
Talentosa. Tecnicista. Experiente.
Quais as expectativas dos adeptos para a prestação a equipa no Qatar?
Os portugueses são, por natureza, otimistas no que toca ao futebol. Temos uma das melhores equipas do mundo, se não a melhor, olhando posição por posição. Mas depois há a inconsistência.
A equipa é capaz das melhores exibições e de provocar a frustração dos adeptos com exibições muito abaixo da qualidade que os jogadores mostram nos respetivos clubes.
Cristiano Ronaldo é o grande goleador, mas também tem sido visto como o maior problema porque, com ele em campo, a equipa está sempre a procura-lo e ele já não é o mesmo jogador de há 10 anos.
Os adeptos não confiam muito no selecionador e muitos pensam que Fernando Santos já não devia liderar a seleção neste Mundial. Em muitos jogos tem-se limitado a tentar não perder em vez de jogar sempre para vencer ou para marcar mais golos como esta equipa talentosa, tecnicista e experiente deve fazer.
INGLATERRA
Prestação da equipa no Mundial
A Inglaterra estreou-se no grupo B do Mundial como uma goleada (6-2) sobre o Irão, num duelo onde os temas extra-futebol se sobrepuseram ao jogo jogado.
Na segunda jornada, os "três leões" empataram a zero com os Estados Unidos e, no derradeiro jogo, só uma desastrosa derrota por mais de três golos colocaria os ingleses fora do Mundial.
ANTEVISÃO
Como correu a fase de qualificação?
Depois da frustração de terem perdido para a Itália a final do Euro2000, a Inglaterra navegou a favor do vento pela fase de qualificação do Mundial.
Num grupo de qualidade desnivelada, da Polónia e da HUngria a Andorra e San Marino, os "três leões" terminaram em primeiro, concedendo apenas dois empates, frente a polacos (fora) e húngaros (casa).
Em que nível chegam os três leões ao Qatar?
A qualificação pode ter sido tranquila, mas o estado da seleção inglesa desde que garantiu a presença no Qatar tem provocado alguma preocupação nos adeptos.
"Despistaram-se" na divisão A da Liga das Nações, goleados (0-4) em casa, por exemplo, pela Hungria.
O selecionador Gareth Southgate defendeu-se afirmando que aproveitou a prova para experiências na equipa a pensar na missão maior, o Mundial, mas os adeptos estão preocupados com o estado da equipa e a forma de algumas das principais estrelas.
O avançado Harry Kane, por exemplo, realizou 22 jogos pelo Tottenham mais dois pela seleção em apenas dois meses e meio, num calendário este ano concentrado para incluir o Mundial a meio da época.
Quem é a estrela de Inglaterra?
Harry Kane é a principal figura e o jogador que os adeptos esperam seja decisivo no grande palco. Se marcar mais dois golos com os três leões ao peito, iguala o recorde de Wayne Rooney, o atual melhor marcador da seleção com 53 golos apontados.
Quem pode ser a surpresa nos três leões?
Não o será para os adeptos do Borussia de Dortmund, mas Jude Bellingham, de 19 anos, pode ser a grande revelação.
O extremo ofensivo tem sido a estrela dos últimos jogos apesar da má forma revelada pela equipa.
Outra surpresa pode ser o médio do Leicester James Maddison. Os golos e as assistências numa equipa de meio da tabela valeram-lhe a chamada de última hora para o Mundial.
Três palavras para descrever a seleção de Inglaterra?
Conservadora. Pragmática. Apaixonante.
Quais as expectativas dos adeptos ingleses para a prestação dos três leões no Qatar?
A recente má forma apresentada provocou inquietação entre os adeptos em relação às táticas de Gareth Southgate, que veem como conservador e incapaz de alcançar o sucesso nos grandes jogos.
Outros, no entanto, veem os últimos resultados oficiais (empate em casa com a Alemanha e derrota em Itália) como gotas no que tem sido um período de sucesso sob o comando de Southgate, que, ao contrário dos antecessores, tem conseguido criar um espírito de equipa quando os jogadores se juntam na seleção.
Se a Inglaterra fracassar no Qatar, não será porque os jogadores estão contra o selecionador.
[Texto: Chris Harris]
PAÍS DE GALES
Prestação da equipa no Mundial
O País de Gales estreou-se no Grupo B com um empate (1-1) diante dos Estados Unidos. No arranque da segunda jornada, os "dragões" foram derrotados pelo Irão, de Carlos Queiroz.
Na terceira jornada, vão jogar pelo apuramento diante da rival britânica Inglaterra, mas têm de golear por quatro golos.
ANTEVISÃO
Como correu a fase de qualificação?
O País de Gales terminou em segundo a fase de grupos da qualificação, que partilhou com a Bélgica e a Chéquia. Isso implicou ter de passar pelos play-offs para chegar ao Mundial do Qatar.
Depois de derrotar a Áustria, Gales defrontou a Ucrânia pelo carimbo no passaporte. A tensão era enorme. Por um lado, Gales não se qualificava para um Mundial desde 1958. Por outro, todo o Mundo estava do lado da Ucrânia, por causa da guerra.
Entre os jogadores, houve algumas lesões desde o início da época, incluindo Gareth Bale e Harry Wilson. O médio Joe Allen foi convocado apesar de não jogar desde setembro devido a lesão.
Quem é a estrela do País de Gales?
Tenho de destacar Gareth Bale. Se perguntar aos adeptos galeses, dirão o mesmo. Sabe como liderar a equipa e, apesar de ter já 33 anos, ainda consegue fazer coisas em campo que mais nenhum galês consegue.
Quem pode ser a surpresa nos dragões?
Depende do conhecimento que se tem do futebol galês, mas para quem o vê de fora diria Brennan Johnson. Joga no Nottingham Forest, na Liga inglesa, e tem um talento fantástico.
Três palavras para descrever a equipa galesa?
Contra-ataque. Brava. Determinada. São uma equipa que dá tudo pela vitória.
Qual a expetativa dos adeptos na prestação dos dragões no Qatar?
Não íamos a um Mundial há 64 anos. Só ter chegado lá já é para muito gente absolutamente enorme. Por outro lado, temos conseguido ir além da fase de grupos nos outros grandes torneios onde temos estado.
[Texto: Glen Williams, correspondente em Cardiff do Wales Online, ouvido por **Estelle Nilsson-Julien**]
PAÍSES BAIXOS
Prestação da equipa no Qatar
A equipa de Louis van Gaal estreou-se no grupo A com uma vitória por 2-0 diante do Senegal.
O jogo foi muito equilibrado até aos 84 minutos, momento em que Cody Gakpo aproveitou uma saída em falso do guarda-redes dos leões de Teranga, antecipou-se e abriu o marcador. Em contra-ataque, já no final dos quase 10 minutos de descontos, Klaassen fixou o resultado final.
Empate a um golo contra o Equador, na segunda jornada, deixa tudo em aberto para a última ronda depois de o Senegal ter "eliminado" a equipa da casa com um triunfo por 3-1. Tirando o Qatar, todos podem passar, mas aos Países Baixos basta um empate com os anfitriões e o Senegal está obrigado a ganhar.
ANTEVISÃO
Como correu a fase de qualificação?
Os neerlandeses chegaram a este Mundial em melhor forma do que qualquer outra seleção europeia.
Desde que o treinador Louis van Gaal regressou no verão de 2021, a equipa ganhou 11 e empatou quatro dos 15 jogos realizados, destacando-se o triunfo por 4-2 contra a Dinamarca e os 4-1 contra a Bélgica.
Venceram o grupo de qualificação, impondo-se à Turquia e à Noruega.
Quem é a estrela da laranja mecânica?
O jogador mais importante da equipa é Frankie de Jong. Tem estado excelente desde a chegada de Van Gaal e está na melhor fase a nível de clubes desde que se transferiu do Ajax para o Barcelona.
Virgil van Dijk e Memphis Depay também são jogadores chave, mas De Jong marca o ritmo da equipa no meio-campo e pode controlar os jogos por si só.
Quem pode ser a surpresa nos Países Baixos?
Cody Gakpo não era muito conhecido fora dos Países Baixos no início de 2022, mas isso mudou rapidamente.
A jogar no PSV Eindhoven, o avançado de 23 anos contribuiu diretamente para mais golos do que qualquer outro jogador das grandes ligas europeias esta época e parece pronto a transferir-se para os maiores clubes do mundo?
Três palavras para descrever a seleção dos Países Baixos?
Excitante. Preparada. Subvalorizada.
Quais as expectativas dos adeptos neerlandeses para a prestação da laranja mecânica no Qatar?
Há otimismo em torno desta equipa. O plantel está repleto de jovens talentos como Gakpo e Xavi Simons, e é liderado pelo indiscutível melhor selecionador de sempre.
No entanto, se tudo correr como planeado, os Países Baixos vão enfrentar aquelas que são talvez as duas seleções em melhor forma que eles, a Argentina e o Brasil, nos quartos e nas meias finais.
Se passarem as duas equipas sul-americanas ou as evitarem de todo, não há outra equipa que os neerlandeses receiem nem há outra razão para que não sejam pela primeira vez campeões do Mundo.
[Texto: Opinião do comentador de futebol neerlandês Finley Crebolder, redigida por **Estelle Nilsson-Julien**]
DINAMARCA
Prestação da equipa no Mundial
A Dinamarca estreou-se no grupo D do torneio com um empate a zero diante da Tunísia. No segundo jogo, enfrentou a campeã do Mundo França e perdeu 1-2.
No terceiro jogo, os "vikings" estão obrigados a vencer a Austrália para se manterem em prova, contando que Tunísia não ganhe à França nem consiga melhor diferença de golos.
ANTEVISÃO
Como correu a fase de qualificação e em que forma está?
A dinamáquina est1a numa situação muito favorável depois da quase perfeita qualificação em que apenas perderam com a Escócia a terminar.
O facto de terem chegado às meias-finais no Euro2020 levantou a confiança da nação.
Quem é a estrela da equipa?
Christian Eriksen é o cérebro. Vai jogar numa posição mais ofensiva pela Dinamarca do que o que faz pelo Manchester United. É um jogador muito criativo.
Quem pode ser a surpresa na Dinamarca?
Não estou certo de que seja uma grande surpresa, mas diria Jesper Linstrom. É o avançado em melhor forma e tem sido fantástico a jogar pelo Eintracht de Frankfurt.
O meu receio é que não tenha tempo de jogo suficiente para mostrar o talento.
Três palavras para descrever a equipa dinamarquesa?
Fléxivel. Madura: Positiva. Há muitos jogadores experientes internacionais. A equipa já não é vista como a “pequena Dinamarca”.
Os adversários sabem que os dias em que seria fácil ganhar à Dinamarca são passado.
Quais as expectativas dos adeptos dinamarqueses para a prestação da equipa no Qatar?
A única pressão é passar a fase de grupos. Todos contam que a Dinamarca se apure em segundo, atrás da França, derrotando a Tunísia e a Austrália.
O sorteio não foi favorável, no entanto acredito que os jogadores dinamarqueses se tornam melhores quando vestem a camisola da seleção, o que não é o caso noutras equipas como a Inglesa.
[Texto: Jornalista desportivo Liam Barker ouvido por **Estelle Nilsson-Julien**]
POLÓNIA
Prestação da equipa no Mundial
A Polónia estreou-se no grupo C do torneio com um empate a zero diante do México. Lewandowski desperdiçou uma grande penalidade. Na segunda jornada enfrentou a sensação da prova, Arábia Saudita, que ganhou à Argentina, de Messi, mas os polacos foram melhores e venceram.
No terceiro jogo, a Polónia vai decidir a qualificação diante dos argentinos.
ANTEVISÃO
Como correu a fase de qualificação?
A Polónia terminou em segundo no mesmo grupo de qualificação da Inglaterra e isso colocou a equipa no caminho da Rússia nos play-offs.
Só que devido à invasão militar da Ucrânia, que faz fronteira com a Polónia, a equipa recusou-se a enfrentar os russos. A FIFA viria a desqualificar a Rússia do torneio.
A Polónia teve ainda de defrontar a Suécia, que venceu 2-0 para se apurar para o Qatar, mesmo tendo mudado de selecionador. Czesław Michniewicz substituiu Paulo Sousa, que se transferiu para o Flamengo, do Brasil, onde o português permaneceu apenas escassos meses.
Quem é a estrela da equipa?
Robert Lewandowski, agora no FC Barcelona, é o melhor marcador de sempre da seleção e a grande estrela.
O avançado de 34 anos, que passou oito no Bayern de Munique antes de se mudar para Espanha, não tem à sua volta na seleção, no entanto, o mesmo nível de jogadores de aue beneficia nos clubes.
Quem pode ser a surpresa das águias brancas?
O defesa central Jakub Kiwior (Spezia Calcio), que joga em Itália, ainda só tem quatro internacionalizações, mas mostra muito mais experiência do que os seus 22 anos podem fazer pensar.
Três palavras para descrever a seleção da Polónia?
É difícil, mas diria trabalhadora, ignorada e imprevisível.
Quais as expectativas dos adeptos polacos para a prestação da equipa no Qatar?
São sempre relativamente altas e a grande esperança é a vitória sobre o México no primeiro jogo da fase de grupos.
A maioria dos adeptos espera que a equipa passe à segunda fase, mas não se espera que vão muito mais além.
[Texto: Escritor e jornalista de futebol polaco Ryan Hubbard, ouvido por **Estelle Nilsson-Julien**]
FRANÇA
Prestação da equipa no Mundial
Os campeões do Mundo estrearam-se no grupo C do torneio com uma goleada (4-1) diante da Austrália. Na segunda jornada, garantiram a passagem aos oitavos de final com um triunfo, por 2-1, diante da Dinamarca e com Mbappé a assinar um bis que o coloca na liderança dos goleadores, com três golos em dois jogos.
O jogo com a Tunísia, a fechar a fase de grupos, permite a Deschamps rodar a equipa e começar a preparar as surpresas a apresentar nos play-offs.
ANTEVISÃO
Como correu a fase de qualificação?
Correu bem. A França terminou invencível e no primeiro lugar do grupo, com mais seis pontos que a segunda equipa, a Ucrânia.
Em que estado estão os galos?
O treinador Didier Deschamps apenas convocou para o Qatar onze jogadores da equipa que foi campeã do mundo no Rússia2018.
Alguns; como Blase Matuidi, abdicaram de representar a seleção. Outros, como Pogba, Kanté, Kimpembe, Nkunku e mais recentemente Benzema, estão lesionados.
Quem é a estrela da equipa?
Ainda mais do que em 2018, a grande figura é Kylian Mbappé. Época após época, o avançado do Paris Saint-Germain bate recordes. Este ano, tornou-se no mais jovem jogador da História a chegar aos 40 golos na Liga dos Campeões.
Quem pode ser a surpresa na equipa dos galos?
A surpresa pode ser mais a forma como a equipa se vai apresentar. Na ausência de Jonathan Clauss e Lucas Digne, é de esperar que a França não se apresente com os habituais três centrais.
Três palavras para descrever a equipa francesa?
Título. Campeões. Mundo.
Quais as expectativas dos adeptos gauleses para a prestação de França no Qatar?
Como em muitos outros países, a questão do boicote do Mundial do Qatar tornou-se muito importante nas últimas semanas.
Muitas das grandes cidades anunciaram a não instalação de ecrãs gigantes para mostrar os jogos, mas uma recente sondagem sugeriu que 60% dos franceses vão assistir ao Mundial.
Em relação à prestação da equipa, os adeptos estão divididos. Os mais pessimistas imaginam um regresso a casa logo após a fase de grupos. A este respeito, as estatísticas estão mais ou menos em linha porque somente o Brasil, em 1962, e a Itália, em 1938, se conseguiram sagrar bicampeões em Mundiais consecutivos.
Cauteloso, o Presidente Emmanuel Macron fez saber que apenas irá ao Qatar se a França chegar às meias finais.
[Texto: Vincent Coste]
CROÁCIA
Prestação da Croácia no Mundial
A equipa de Modrić estreou-se no grupo F com um empate a zero diante de Marrocos. Na segunda jornada, goleou (e eliminou) o Canadá. Na terceira jornada, enfrenta a Bélgica a precisar apenas de um empate
ANTEVISÃO
Como correu a fase de qualificação e em que estado está a equipa?
Os jogos de qualificação revelaram alguma instabilidade e o selecionador, Zlatko Dalić, andou à procura da equipa certa, mas a presença no Mundial nunca esteve em causa mesmo após a derrota na Eslovénia.
A Croácia está otimista e não há muitas dúvidas em torno da equipa.
Quem é a estrela da equipa?
Terei de dizer Luka Modrić. Ele tem 37 anos, mas ainda é um grande jogador. É o capitão e o líder da equipa.
Quem pode ser a surpresa da Croácia?
A equipa junta uma boa dose de caras novas a outras mais velhas e experientes. O defesa Josip Šutalo pode ser uma das surpresas. É um jovem do Dínamo de Zagreb.
Três palavras para descrever a equipa croata?
Direto. Mais. Possível. A Croácia tem em curso uma pequena transição tática. Em 2018, era uma equipa mais de contra-ataque. Agora está mais inclinada para a posse de bola devido a pequenas mexidas táticas.
Quais as expetativas dos adeptos para a prestação da equipa no Qatar?
A ressaca da medalha de prata de 2018 já é passado e isto é muito raro na Croácia. Os adeptos são muito realistas e a primeira conquista será passarem da fase de grupos.
Depois, como se viu no Mundial de 2018, se o sorteio for favorável pode esperar-se algo desta equipa. No entanto, o objetivo é passar a fase de grupos.
[Texto: Jornalista croata Juraj Vrdoljak, ouvido por **Estelle Nilsson-Julien**]
ALEMANHA
Prestação da equipa no Mundial
A Alemanha estreou-se no grupo E a perder diante do Japão, por 2-1. Na segunda jornada, os germânicos conseguiram travar a "fúria" espanhola e alcançaram um empate (1-1) que deixa tudo em aberto para a derradeira ronda.
Os alemães têm de ganhar à Costa Rica e, em caso de empate entre japoneses e espanhóis, terão de ganhar com pelo menos mais um golo marcado do que os nipónicos no final das contas.
ANTEVISÃO
Como correu a fase de qualificação?
Bem. A Alemanha terminou em primeiro do grupo com apenas uma derrota e nove pontos de vantagem sobre a Macedónia do Norte.
Em que estado está a equipa?
A forma da equipa tem flutuado de certa forma. Com o novo selecionador, Hansi Flick, conseguiram uma qualificação dominante, mas na Liga das Nações da UEFA terminaram em terceiro do grupo apesar de terem conseguido a primeira vitória oficial da história sobre a Itália.
No último jogo de preparação antes do Mundial, conseguiram uma difícil vitória (1-0) sobre Oman.
Flick debate-se com as lesões de Timo Werner, Marco Reus e Florian Wirtz. O ponto fraco mantém-se na defesa, onde apenas Antonio Rüdiger parece estar num bom momento.
Quem é a estrela da equipa?
A mannschaft não tem uma verdadeira estrela na equipa. O guarda-redes e capitão Manuel Neuer joga o quarto Mundial e a equipa conta ainda com a experiência do veterano Thomas Müller. Há seis jogadores do Bayern na espinha dorsal da seleção.
Quem pode ser a surpresa da equipa?
No ataque, Youssoufa Moukoko, do Borussia de Dortmund, foi convocado. Aos 17 anos, é o mais jovem jogador na seleção alemã desde Uwe Steeler. Se tudo lhe correr bem, pode ser a sua revelação internacional.
Três palavras para descrever esta mannschaft?
Equipa. De. Torneios. A Alemanha muitas vezes tem dificuldades em chegar aos torneios, mas aí consegue sempre superar as expetativas.
Quais as expetativas dos adeptos para a prestação da equipa neste Mundial?
Na Alemanha, muitos adeptos estão a boicotar o torneio: dizem que não vão assistir ao Mundial de todo ou, pelo menos, de forma muito limitada.
Nos últimos dois torneios, Mundial 2018 e Euro 2020, a mannschaft esteve sobretudo medíocre.
Os adeptos não veem a campeã do Mundo de 2014 como favorita, mas esperam que a equipa possa recuperar a glória de outros tempos.
[Texto: Sebastian Zimmermann]
ESPANHA
Prestação de Espanha no Mundial
A equipa estreou-se no grupo E com a maior goleada deste torneio, até à data, diante da Costa Rica. "La Roja" cilindrou os "ticos", por 7-0. Na segunda jornada, enfrenta uma Alemanha ferida pelo Japão no primeiro jogo.
Aos espanhóis basta agora um empate diante do Japão e, em caso de derrota, só uma enorme surpresa (goleadas volumosas do Japão e da Alemanha) que desfizesse os sete golos positivos, entre marcados e sofridos, que a equipa de Luís Enrique conseguiu logo na primeira jornada.
ANTEVISÃO
Como correu a fase de qualificação?
Espanha qualificou-se para o Qatar no primeiro lugar do grupo. No entanto, uma surpreendente derrota com a Suécia chegou a fazer tremer a equipa até ao último momento.
Na Liga das Nações foi similar. Venceu o grupo, mas apenas graças a um golo no último minuto diante de Portugal, no derradeiro jogo.
Quem é a estrela da equipa?
O jogador mais talentoso é Pedri, seguido por Gavi. Ambos do Barcelona.
Espanha tem uma equipa talentosa, mas falta uma estrela internacional quando comparada com outros tempos em que havia Xavi, Iniesta, Sérgio Ramos, Casillas, Villa ou Poyol.
A verdadeira estrela é o selecionador Luis Enrique, que construiu uma equipa à sua imagem e em que ele é a figura central. Às vezes é criticado por escolher os jogadores de que gosta, independentemente da forma em que estão ou se há outros num melhor momento.
Apesar de tudo, Luis Enrique conseguiu levar uma equipa jovem à final da Liga das Nações, o que lhe dá muito crédito neste Mundial entre os adeptos.
Quem pode ser a surpresa em La Roja?
Ansu Fati pode fazer a diferença. Falhou alguns jogos por lesão no início da época do FC Barcelona e esteve ausente dos últimos jogos de Espanha, o que motivou algumas críticas ao selecionador.
É um jogador diferente e com talento para se tornar um avançado de classe mundial. Tem a capacidade de mudar a tendência de um jogo, marca golos que parecem impossíveis e, no geral, tem o que é preciso para se tornar uma estrela.
Três palavras que descrevam a equipa espanhola?
Posse. Posse. Posse.
Quais as expectativas dos adeptos para a prestação de Espanha no Qatar?
Não há certezas. Vendo os jogadores que temos, podemos dizer que a Espanha está um passo atrás de outros favoritos como o Brasil e a França, mas estamos conscientes de que temos talento suficiente para vencer.
Vimos isso na final da Liga das Nações, onde só perdemos devido a um penálti controverso. Por isso, os adeptos não excluem a possibilidade de um Mundial “mediano” nem a conquista do título. Estamos otimistas.
[Texto: Manuel Terradillos]
BÉLGICA
Prestação da equipa no Mundial
A Bélgica estreou-se como uma difícil vitória (1-0) diante do Canadá. Na segunda jornada; perdeu (0-2) diante de Marrocos e fica obrigada a ganhar na terceira jornada.
Um empate pode ser suficiente, se Marrocos perder por mais de três golos sem marcar.
ANTEVISÃO
Como correu a qualificação?
A Bélgica não perdeu nenhum dos jogos de qualificação para o Mundial, terminando no topo do grupo à frente do País de Gales e da Chéquia.
Em que estado está a equipa?
Há quatro anos, no Mundial, a Bélgica bateu a Inglaterra nos play-offs e acabou em terceiro, a melhor classificação de sempre.
Desde aí, a equipa perdeu alguns dos melhores jogadores da chamda “geração de ouro”, como a antiga estrela do Manchester City Vincent Kompany, mas há ainda muita qualidade.
Quem é a estrela da equipa?
O médio Kevin de Bruyne é um génio. Pode fazer tudo com a bola e mais rápido do que os adversários, no entanto, o facto de poder fazer tudo também lhe coloca muito peso nos ombros.
Quem pode ser a surpresa entre os diabos vermelhos?
Leandro Trossard, do Brighton, está em grande forma. Marcou contra o Manchester City e o Chelsea esta época, além de um hat-trick contra o Liverpool.
Três palavras para descrever a equipa belga?
Muro. Experiência. Criatividade.
Muro, porque temos Thibaut Courtois do Real Madrid na baliza, por quem é impossível passar. Experiência, porque temos onze jogadores acima dos 30 anos. E, finalmente, a criatividade.
Quais as expectativas dos adeptos para a prestação da Bélgica no Qatar?
Não há muita pressão sobre a equipa, o que leva a uma menor ambição e expetativas. Este sentimento está também ligado ao facto de que a equipa está a envelhecer.
[Texto: Jornalista belga Sven Claes, ouvido por Estelle Nilsson-Julien]
SUÍÇA
Prestação da equipa no Qatar?
A Suíça estreou-se no grupo G do Mundial a ganhar (1-0) aos Camarões. Na segunda jornada, perdeu (0-1) com o Brasil, manteve o segundo lugar, mas vai ter de pontuar pelo menos com a Sérvia e esperar que os africanos não consigam uma surpresa com a "canarinha", já apurada.
ANTEVISÃO
Como correu a qualificação?
Suíça terminou no topo do grupo de qualificação, à frente de Itália, que acabou por ser eliminada nos play-offs pela Macedónia do Norte.
Em que estado está a equipa?
A maioria do grupo está numa boa forma exceto dois jogadores importantes: o guarda-redes Yann Sommer e o médio e capitão Granit Xhaka. O primeiro tem estado a recuperar de lesão num pé e o segundo teve um problema digestivo, mas está recuperado e pronto para ajudar a equipa.
Há também o ponto de interrogação sobre o avançado Xherdan Shaqiri, que não joga desde a eliminação em outubro dos Chicago Fire nos play-offs da Liga norte-americana, a MLS.
No último jogo de preparação, a Suíça perdeu 0-2 com o Gana, curiosamente o primeiro adversário de Portugal no Mundial.
Quem é a estrela da equipa?
O capitão Granit Xhaka. Voltou a tornar-se indispensável no respetivo clube, o Arsenal, de Inglaterra, e é a estrela da seleção. Outros jogadores de topo são o avançado do AS Mónaco Breel Embolo e Noah Okafor, do RB Salzburgo e a estrela em ascensão do futebol helvético.
Quem pode ser a surpresa?
O selecionador suíço Murat Yakin surpreendeu ao convocar quatro guarda-redes para o Qatar. Com Yann Sommer e Jonas Omlin sem estarem a 100%, Fabian Rieder, guarda-redes de 20 anos do Young Boys, de Berna, pode ser a aposta inicial.
Quais as expetativas dos adeptos para a prestação da Suíça no Qatar?
A equipa está num grupo difícil, com Brasil, Camarões e Sérvia. Para muitos adeptos suíços, já seria bom conseguirmos passar à próxima fase. Tudo o que vier depois é bónus.
[Texto: Vincent Coste]
SÉRVIA
Prestação da equipa no Qatar?
A Sérvia entrou a perder (0-2) no Mundial diante do Brasil, no grupo E. Na segunda jornada, empatou a três golos com os Camarões e vai discutir o apuramento com a Suíça, dependendo também do jogo dos africanos contra o Brasil.
ANTEVISÃO
Como correu a qualificação?
A Sérvia qualificou-se sendo invencível num grupo onde se destacava o Campeão da Europa de 2016. Somaram seis vitórias e a última, a decisiva para a qualificação direta, no último jogo, em Lisboa, exatamente contra Portugal.
Em que estado está a equipa?
Depois da qualificação, a Sérvia manteve a boa forma na Liga das Nações, vencendo o respetivo grupo na Liga B, com cinco vitórias e um empate.
Dragan Stojković, um mito do futebol sérvio apelidado como “Pixi”, tornou-se selecionador em 2021 e transformou a equipa.
A Sérvia tornou-se mais ofensiva e marca mais golos, permitindo ao avançado Aleksandar Mitrović (Fulham) destacar-se, com oito golos na qualificação para o Mundial e seis na Liga das Nações.
Quem é a estrela da equipa?
Vários jogadores se destacam. À cabeça Aleksandar Mitrović (Fulham), Dušan Vlahović (Juventus) e o capitão Dušan Tadić (Ajax). São as peças principais do motor sérvio.
Com 50 golos em 76 jogos, Mitrović é o melhor goleador da história da Sérvia, mas os adeptos estão preocupados com o estado físico de Mitrović e Vlahović.
Quem pode ser a surpresa?
Srđan Babić, de 26 anos, que joga nos espanhóis do Almeria, e Strahinja Erakovic, de 21, que é o único jogador da seleção no Mundial que atua na Liga sérvia, pelo Estrela Vermelha. Ambos podem surpreender no Qatar.
Três palavras para descrever a equipa?
Ofensiva. Confiante. Combativa.
Quais as expectativas dos adeptos para a prestação da equipa no Qatar?
Existe alguma euforia e uma verdadeira “febre do futebol” no país. Resulta da qualificação para o Mundial e da recente prestação no relvado e do estilo de jogo conseguido pelo selecionador Dragan Stojković.
Apesar de a Sérvia ter calhado no mesmo grupo do Brasil, os adeptos estão otimistas. E, para Stojković, isso é normal.
“Os jogadores estão conscientes das responsabilidades. Vamos jogar no Qatar completamente à vontade, numa competição extremamente forte para a qual nos qualificámos com estilo”, lançou o treinador.
"Apenas quem for malicioso pode encontrar erros. Não gosto de orgulho desmedido, mas gosto de modéstia quanto baste", acrescentou Stojković.
[Texto: Aleksa Boljanović]
[Em atualização]