terça-feira, 22 de novembro de 2022

A mulher que usou a braçadeira arco-íris no Catar e a mulher que aplaudiu o silêncio no hino iraniano - 22 DE NOVEMBRO DE 2022

 

A mulher que usou a braçadeira arco-íris no Catar e a mulher que aplaudiu o silêncio no hino iraniano

História de Redação CNN Portugal • Ontem às 18:12
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Uma delas sabemos quem é: chama-se Alex Scott, ex-internacional inglesa que agora comenta jogos de futebol para a BBC. A outra não: apenas sabemos que é iraniana, e que chorou e aplaudiu os jogadores da sua seleção, quando estes se calaram perante o hino do seu país.

Alex Scott
Alex Scott© CNN Portugal

Uma usou uma braçadeira arco-íris, a tal braçadeira que a FIFA proibiu os capitães das seleções de Inglaterra, País de Gales, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Países Baixos e Suíça (onde estás tu, Portugal?) de usarem durante o Mundial no Catar, ameaçando-os com cartões. A outra usou um lenço a tapar o cabelo, o tal cabelo que tanto tem incomodado o regime iraniano desde que há um país revoltado com a morte de Mahsa Amini.

Uma tinha uma mensagem para o Catar: "One Love", este sim um verdadeiro gesto pela inclusão, quando ainda ontem nos tentaram falar tanto dela. A outra nem precisou de falar, porque há gestos que dizem tudo.

Uma já jogou em muitos estádios, foi estrela do Arsenal e da seleção feminina inglesa, e hoje recebeu a braçadeira que Kane tanto queria ter usado e mostrou-a na televisão, a BBC, que tem tratado o Mundial do Catar de forma especial (no domingo, por exemplo, não transmitiu a cerimónia de abertura). A outra não pode entrar em estádios no Irão, pelo que viu no Catar a liberdade que lhe resta para assistir a um simples jogo de futebol, enquanto era apanhada pelas câmaras da televisão um pouco por todo o mundo.

A mulher que usou a braçadeira arco-íris no Catar e a mulher que aplaudiu o silêncio no hino iraniano
A mulher que usou a braçadeira arco-íris no Catar e a mulher que aplaudiu o silêncio no hino iraniano© Fornecido por CNN Portugal

Alex Scott e a adepta iraniana, duas mulheres que marcaram este dia de Mundial, não foram as únicas. Se os jogadores iranianos aproveitaram o momento simbólico do hino para se calarem - e, assim, mais uma vez, demonstrarem a sua solidariedade com os manifestantes que continuam a ser mortos no seu país -, os ingleses colocaram um joelho no chão - foi a única forma que encontraram de poder protestar de alguma forma. 

Harry Kane não desistiu completamente e apresentou-se no relvado com uma braçadeira com as palavras "Não à discriminação". Foi o protesto possível, lá está, e até inspirou Van Dijk a fazer o mesmo no jogo seguinte.

Capitão dos Países Baixos também usou a braçadeira autorizada pela FIFA no jogo frente ao Senegal.
Capitão dos Países Baixos também usou a braçadeira autorizada pela FIFA no jogo frente ao Senegal.© Fornecido por CNN Portugal

Fora dos estádios também nem tudo está a decorrer assim tanto quanto a FIFA desejaria. Esta segunda-feira, por exemplo, a equipa de reportagem da CNN Portugal captou em exclusivo o momento em que um adepto iraniano estava a ser levado pela polícia catari e impedido de entrar no estádio. Ao que parece, o problema estava na bandeira que levava, a antiga bandeira persa, considerada "política" pelas autoridades. 

Política, é isso. É isso que ingleses, iranianos, inglesas e iranianas fizeram hoje. O futebol também não foi nada mau, já agora.

Polícia angolana dispersa com gás lacrimogéneo tumulto em funeral de músico "Nagrelha" - 22 DE NOVEMBRO DE 2022

 

Polícia angolana dispersa com gás lacrimogéneo tumulto em funeral de músico "Nagrelha"

História de Raquel Rio • Há 1 hora
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Luanda, 22 nov 2022 (Lusa) - A polícia angolana está dispersar com gás lacrimogéneo um tumulto nas imediações no cemitério de Santa Ana, onde será sepultado hoje o músico kudurista "Nagrelha”.

Angola/Eleições: Tensão entre polícia e apoiantes da UNITA nos mercados de Luanda
Angola/Eleições: Tensão entre polícia e apoiantes da UNITA nos mercados de Luanda© Fornecido por Lusa

As cerimónias fúnebres do músico, que morreu na sexta-feira, atraíram uma multidão de milhares de angolanos no que será o maior funeral de sempre em Luanda.

Esta amanhã havia ainda centenas de pessoas no Estádio da Cidadela, onde decorreram as homenagens, e de onde saiu um cortejo a pé, em candongueiros e com milhares de motoqueiros em direção ao cemitério de Santa Ana.

A grande concentração de pessoas levou a policia a intervir, ouvindo-se disparos, já que apesar de estarem mobilizados 800 agentes, a polícia teve dificuldade em controlar os grandes aglomerados.

O lançamento do gás lacrimogéneo provocou uma debandada e desmaios, com várias pessoas caídas no chão.

Ao longo do cortejo, ouviam-se jovens a chorarem e a gritarem "filho de Zedu", uma referência ao ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos. Muitos empunhavam vários cartazes e houve quem gritasse "’Nagrelha’ Presidente, João Lourenço chefe de Estado".

A polícia angolana anunciou ter mobilizado 800 agentes para assegurar o velório, cortejo e funeral do kudurista.

Gelson Caio Manuel Mendes, mais conhecido como "Nagrelha", o mais célebre cantor do estilo musical kuduro, morreu aos 36 anos em Luanda devido a um cancro no pulmão, segundo o Complexo Hospitalar de Doenças Cardiovasculares D. Alexandre do Nascimento, onde se encontrava internado.

O vice-governador provincial para o setor Político e Social, Manuel Gonçalves, apelou no domingo a todos os cidadãos e aos kuduristas, em particular, para que mantivessem a serenidade, a fim de manter a ordem pública e evitar distúrbios.

Por motivos de segurança, o cemitério está encerrado e exclusivamente reservado ao funeral de "Nagrelha".

O Secretariado do Bureau Político do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido em cujos comícios o artista participava com regularidade, deixou uma mensagem de condolências, elogiando a forma ímpar e inigualável de ser e estar de "Nagrelha", que inspirou e mobilizou muitos artistas a aderirem ao estilo kuduro.

Para o MPLA, o músico notabilizou-se como um dos mais carismáticos integrantes do grupo musical Os Lambas, responsável pela introdução de um novo paradigma no estilo musical kuduro, marcado por composições com apreciável rima e elevada capacidade criativa, que catapultaram o grupo ao patamar dos melhores no estilo em referência. 

Também o grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), principal partido da oposição angolana, endereçou votos de pesar à família, amigos, fãs e ao Ministério da Cultura, considerando "Nagrelha" como um ícone da música popular, especialmente da juventude angolana.

“Falar da morte de 'Nagrelha' é falar de uma dor que trespassa os corações de milhares de angolanos jovens e adultos amantes do kuduro”, referiu, num comunicado.

“Carismático, criativo e excêntrico, filho do povo e um dos símbolos da juventude que não se resigna ante as dificuldades sociais e económicas, 'Nagrelha' deixa um grande reportório musical que o imortaliza e mantém presente na memória cultural de Angola”, salientou a UNITA.

 

RCR // VM

Lusa/Fim

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