Ucrânia: Voluntários fabricam redes de camuflagem para o exército
Alexandre Reis - Ontem às 16:52
Nave de 20 toneladas esteve fora de órbita e deixou países em alerta. Portugal, Espanha, Itália e Grécia estavam na rota.
GTRES
O mundo voltou a estar em alerta na manhã desta sexta-feira, dia 4 de novembro de 2022. Parte do foguetão chinês CZB5 – que faz parte do programa espacial Longa Marcha-5B Y4 - esteve fora de controle, tendo sido lançado o alerta de que iria cair na Terra ainda hoje. Isto mesmo já terá acontecido, na zona do Pacífíco Sul, segundo o exército dos EUA. Havia vários pontos geográficos do Sul da Europa que estavam na sua rota e dois deles eram em Portugal: Lisboa e a ilha de Santa Maria, nos Açores, afetando o tráfego aéreo. Vários aeroportos em Espanha pararam as operações e foram cancelados voos em Lisboa.
Tratava-se de um foguetão chinês com 20 toneladas que esteve hoje em órbita em torno da Terra e não é a primeira vez que as autoridades espaciais chinesas geraram este tipo de perigo global, que a NASA já qualificou no passado de "irresponsável".
No caso de hoje, a Agência Europeia para a Segurança da Aviação veio a público dizer que o foguetão chinês CZB5 poderia impactar a Terra entre as 08h03 e as 18h37 (hora de Portugal). E indicou quais são as cidades que estavam em risco de sofrer o seu impacto:
- Lisboa e ilha de Santa Maria, em Portugal;
- Barcelona, as ilhas das Canárias e Madrid (Espanha);
- Roma e Brindisi (Itália);
- Atenas (Grécia);
- Nicósia (Chipre).
Segundo conta o El País, foi por volta das 11h00, hora peninsular espanhola (10h00 em Portugal Continental), que chegaram as primeiras notícias de cidadãos que tinham observado o clarão da reentrada do foguetão sobre Melbourne (Austrália), coincidindo com a órbita planeada. Às 11h01, entrou na atmosfera do Pacífico Sul, de acordo com o Comando Espacial do Exército dos EUA.
“Uma vez que atinge a atmosfera, a queda é muito vertical. Dizer que atinge a atmosfera ou o mar é praticamente a mesma coisa”, explica Alberto Águeda, coordenador dos programas de vigilância espacial da empresa GMV, citado pelo diário espanhol, dando nota que o risco sobre a Espanha era real, já que sobrevoou o norte da Península por Castilla y León, Aragão e Catalunha.
“Prevemos a trajetória e os cálculos nem sempre são exatos, mas poderia ter acontecido. O alerta para o tráfego aéreo foi realizado em resposta ao comunicado do sistema europeu de monitorização e vigilância espacial e [o módulo foguete] voltou a entrar um pouco mais tarde”, conta, frisando: “Poderia ter reentrado por aqui: caiu às 11h01 e às 11h30 passou novamente por Espanha”.
Aerospace
Voos cancelados e caos nos aeroportos
Durante a manhã desta sexta-feira, o tráfego aéreo foi afetado em Portugal e em Espanha. Até à data de publicação desta notícia, a ANA -Aeroportos de Portugal já havia cancelado dois voos: um da TAP a sair de Lisboa e outro da Iberia a sair de Madrid, sem que seja conhecida uma tomada de posição oficial de nenhuma autoridade portuguesa. No país vizinho, a Proteção Civil da Catalunha informou sobre a restrição total dos voos naquela comunidade autónoma, como prevenção sobre queda do objeto espacial.
E estas restrições podem ir mais além. Esta sexta-feira, o 'Eurocontrol' anunciou que a queda do foguetão chinês poderá afetar o tráfego aéreo internacional "sob forma de atrasos na aterragem e desvios das rotas em voo".
eusst.eu
Como é o foguetão chinês CZ-5B?
- Foi lançado a 31 de outubro de 2022;
- Fase “core” do rocket de foguetões para o módulo da estação espacial de Mengtian
- Tamanho: cerca de 30 metros
- Massa: entre 17-23 toneladas
- Inclinação: 41.47º
Dada a dimensão do objeto espacial CZ-5B - que é "um dos maiores pedaços a reentrar num passado próximo", segundo a EU SST - a sua monotorização merece ser “cuidadosa”. A SST da UE está a analisar todo o seu trajeto ao detalhe para produzir a melhor estimativa possível para o local e horário de reentrada esperados.
Esta é a quarta vez que um pedaço de uma nave inserida no projeto da Longa Marcha 5B entra na Terra de forma descontrolada. No passado, quando um foguetão chinês reentrou na atmosfera desta forma, não houve registo de mortes ou feridos, embora tenham caído em áreas habitadas na costa oeste da África, no Oceano Índico e no norte de Bornéu (Ásia).
Apesar de ainda não ter havido danos humanos, os cientistas temem que isso possa acontecer em algum momento. Até porque a China parece ainda não ter resolvido os riscos que assume com os seus lançamentos de foguetões e outros aparelhos espaciais.
*Notícia atualizada às 13h00 com a informação da queda de partes do foguetão no Pacíficio Sul
