Parte de foguetão chinês reentrou descontrolado na atmosfera e cruzou espaço aéreo ibérico. Espanha suspendeu vários voos
A fricção com a atmosfera terrestre deve fazer com que o módulo do lançador Long March 5B, largado numa órbita errática, se desintegre durante a reentrada, mas alguns fragmentos podem mesmo atingir a superfície
A reentrada descontrolada de uma parte de um foguetão chinês na atmosfera levou as autoridades espanholas a suspender esta sexta-feira vários voos nos aeroportos de Barcelona, Tarragona, Ibiza e Reus, avançou o diário “El País”.
Entretanto, após ter girado várias vezes ao redor da Terra, o Comando Espacial dos EUA já confirmou que o objeto fez a entrada na atmosfera no Pacífico Sul. Após ter cruzado o espaço aéreo espanhol durante cerca de uma hora, a trajetória atual já não passa pela Península Ibérica.
“O foguetão Long March 5B, da República Popular da China, reentrou na atmosfera sobre o centro-sul do Oceano Pacífico às 10h01”, escreveu o Comando Espacial dos EUA no Twitter.
O lançador Long March 5B pesa 20 toneladas no total, mas a fricção deve fazer com que o módulo que foi largado numa órbita errática se desintegre ao reentrar na atmosfera. No entanto, alguns fragmentos podem atingir a superfície e o local do impacto é bastante imprevísivel.
O risco de que pedaços do módulo do foguetão caíssem sobre Espanha fez com que as autoridades do país vizinho suspendessem, por precaução, vários voos.
Esta não é a primeira vez que a reentrada descontrolada de um foguetão chinês coloca o mundo em sobressalto. Basta recuar até 30 de julho para encontrar uma situação idêntica, envolvendo também a queda descontrolada do que restava de um Long March 5B, lançado pela China para a órbita terrestre
“A lógica destes lançadores chineses é que tenham a capacidade para colocar em órbita uma carga até 25 toneladas. Depois, o lançador fica numa órbita baixa, a 300 ou 500 quilómetros de altitude”, explico na altura Rui Agostinho, astrofísico e investigador do IA, em declarações ao Expresso.
Estes foguetões chineses “ficam sempre a gravitar à volta da Terra, mas a embater contra a microatmosfera, o que os vai travando e, uma vez esgotado o combustível todo, não é possível controlar a reentrada”, detalhou Rui Agostinho. Ou seja, “andam lá por cima, sem nenhum sistema de controlo, ao deus-dará”.