Presidente iraniano ironiza vontade de Biden "libertar" o Irão
O Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, ironizou hoje sobre as propostas do homólogo norte-americano, Joe Biden, que afirmou que vai "libertar" o Irão.
"Os Estados Unidos dizem que vão libertar o Irão, mas devo dizer que o Irão já se libertou há 43 anos e não se submeterá mais [aos Estados Unidos]", disse Raisi diante de milhares de pessoas reunidas na capital por ocasião da comemoração da tomada de reféns da embaixada norte-americana em Teerão a 04 de novembro de 1979 por partidários da Revolução Islâmica.
Na altura, os ativistas da Revolução Islâmica, que exigiram a extradição do antigo xá, Mohammad Reza Pahlevi, então em tratamento nos Estados Unidos, mantiveram reféns 52 diplomatas e funcionários durante 444 dias.
Cinco meses depois, Washington rompeu relações diplomáticas com Teerão e impôs um embargo ao país.
"Morte à América, morte a Israel, morte ao Reino Unido" foi uma das palavras de ordem da multidão que hoje se concentrou em Teerão para ouvir Raisi, ao mesmo tempo que alguns dos manifestantes empunhavam cartazes com frases como "O Irão é forte" ou "obedecemos ao Guia Supremo" Ali Khamenei.
Quinta-feira, num comício na Califórnia, Biden garantiu que os Estados Unidos vão "libertar" o Irão "muito em breve".
O Irão está a ser assolado há quase dois meses por protestos desencadeados pela morte, a 16 de setembro passado, de Mahsa Amini, uma curda iraniana presa três dias antes pela "polícia dos costumes", que a acusou de quebrar o rígido código de vestimenta, impondo inclusive o uso do véu em público.
Dezenas de pessoas, sobretudo manifestantes, mas também membros das forças de segurança, foram mortas desde o início do protesto, segundo as autoridades. Centenas de outras pessoas, incluindo mulheres, foram presas.
"Os nossos homens e as nossas mulheres estão determinados e nunca permitiremos que [Biden] realize os seus desejos satânicos", disse Raisi, dirigindo-se ao Presidente dos Estados Unidos.
"O inimigo quer atingir a nossa unidade, a nossa segurança, a nossa paz e a nossa determinação", acrescentou Raisi, elogiando a diversidade da sociedade iraniana, listando as comunidades curda, turcomana ou árabe, entre outras.
Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, denunciou hoje a "hipocrisia" dos Estados Unidos, que, defendeu, "incentiva a violência e o terror" no Irão, enquanto procura "concluir um acordo nuclear".
"Senhor Biden, pare com esse comportamento hipócrita", escreveu Amir-Abdollahian na rede social Twitter.
O Irão e as grandes potências nucleares iniciaram negociações em abril de 2021 em Viena com o objetivo de ressuscitar um acordo internacional de 2015, que garante o caráter civil do programa nuclear iraniano, acusado, apesar das negações, de procurar desenvolver armamento nuclear, conversações que estão num impasse desde setembro.
Sob a presidência de Donald Trump, os Estados Unidos retiraram-se unilateralmente do acordo em 2018.
No final de outubro, o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, disse ter poucas esperanças de reativar o acordo de 2015, invocando as pré-condições exigidas por Teerão.
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