Foguetão chinês descontrolado provocou uma hora de caos no espaço aéreo espanhol e português
Não se sabe onde vai cair ao reentrar na Terra.
Parte do espaço aéreo espanhol e português foi afetado esta manhã por um evento inusitado: um foguetão chinês descontrolado à reentrada na atmosfera começou a seguir trajetórias imprevistas.
O foguetão Long March 5B, responsável pelo transporte de peças para a construção da estação espacial chinesa Tiangong, ameaçou passar sobre a Península Ibérica e cair um dia antes do previsto.
O pior não chegou a acontecer mas colocou de sobreaviso o Eurocontrol e a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA) e fez com que esta manhã tenha sido fechado parte do espaço aéreo da Península Ibérica, nomeadamente, Catalunha, Ilhas Baleares, Aragão, Navarra, La Rioja e Castilla y León interromperam toda a sua atividade aérea entre 9h30 e 9h45. Quase uma hora depois, a partir das 10h30, todos os aeroportos afetados foram progressivamente reativados, embora os efeitos dos atrasos continuem ao longo do dia.
A área afetada pela trajetória do foguetão no primeiro percurso percorre uma faixa que vai da costa mediterrânea ao Atlântico e é tão larga quanto a Catalunha de norte a sul, chegando a Portugal, noticiam os jornais espanhóis, como La Vanguardia ou ABC.
A EASA emitiu um aviso de segurança sobre o foguetão dizendo que um objeto de 17 a 23 toneladas está a reentrar na atmosfera da Terra, altura em que muito provavelmente arderá.
Os serviços de Vigilância e Rastreio Espacial da União Europeia (EU STT) disseram que os detritos provavelmente entrarão na atmosfera da Terra no meio do Atlântico e que se afundarão no mar, mas também alertaram que o norte da Espanha e Portugal e o sul da Itália também estão dentro da trajetória.
"A probabilidade estatística de um impacto no solo em áreas povoadas é baixa", disse o EUSST. "Estas previsões sempre vêm com incertezas e uma estimativa melhor só será possível perto do momento da reentrada".
O Long March 5B (CZ-5B), o foguetão mais potente da China, descolou em 31 de outubro do sul da China para entregar o último módulo da estação espacial chinesa atualmente em construção Taingong.
Foi o quarto voo desde o seu primeiro lançamento em maio de 2020. Quando regressou, fragmentos caíram na Costa do Marfim, danificando vários edifícios daquele país da África Ocidental, embora sem causar ferimentos a pessoas.
Os detritos do segundo voo, a 31 de julho deste ano, aterraram inofensivamente no Oceano Índico, enquanto os restos do terceiro caíram no Mar Sulu, nas Filipinas.