Apresentador russo diz que crianças que não apoiam o Kremlin devem ser “atiradas ao rio” ou “queimadas”. Canal suspende-o e agora diz estar “realmente envergonhado”
O apresentador do canal de televisão estatal russo RT Anton Krasovsky foi suspenso por defender a morte de crianças ucranianas que não apoiam o Kremlin, anunciou esta segunda-feira a diretora do canal, Margarita Simonián, no canal de mensagens Telegram.
“Por enquanto, vou suspender a nossa cooperação [com Anton Krasovsky], porque nem eu nem ninguém na RT pode permitir que se possa pensar que alguém daqui partilha estas ideias de selvajaria”, escreveu Simonian.
Num programa transmitido ao vivo no dia 20, o jornalista afirmou que as crianças que viram os russos como ocupantes deviam ter sido “atiradas a um rio que tivesse uma corrente forte” ou, em alternativa, “colocadas numa cabana e queimadas”.
Krasovsky fez esse comentário numa entrevista com o escritor de ficção científica Sergeri Lukianenko, que lhe disse que, na primeira vez que esteve na Ucrânia, em 1980, algumas crianças disseram que viveriam melhor se não fosse o facto de os russos ocuparem o seu país.
Russia Today’s anchor in full Radio Mille Collines genocide mode: Ukrainian children saying Ukraine is occupied by Russia? Need to throw them into a fast river and drown them alive. Or, even better, put them into wooden houses, nail the doors and burn them alive. pic.twitter.com/B9GBIoBVfh
— Yaroslav Trofimov (@yarotrof) October 23, 2022
“O que Krasovski disse é selvagem e repugnante. Talvez o Anton explique que loucura temporária o levou a dizer isso. É difícil acreditar que Krasovski acredite sinceramente que as crianças devem ser afogadas”, disse a diretora da RT.
Também esta segunda-feira, o próprio apresentador Anton Krasovsky veio, através do Telegram, pedir desculpa pelas suas declarações e dizer que está “realmente envergonhado” com o que disse.
Tanto o canal RT como a agência russa de notícias Sputnik, ambos controlados pelas autoridades russas, estão sob sanções da União Europeia, que suspendeu as suas atividades por alegadamente promoverem e apoiarem a agressão militar contra a Ucrânia e a desestabilização dos seus países vizinhos.