Até há bem pouco tempo existia na cidade Invicta um vazio urbano. O antigo Matadouro do Porto, localizado em Campanhã, esteve desativado durante 20 anos. E, agora, está a ser transformado num novo centro empresarial, cultural e social da cidade. A primeira fase dos trabalhos no local já está concluída seguindo-se uma nova fase das obras levada a cabo pela EMERGE, uma empresa subsidiária do grupo Mota-Engil, que vai investir 40 milhões de euros nesta reabilitação. Está, portanto, tudo encaminhado para que esta nova centralidade da cidade do Porto abra portas ao público em outubro de 2024.
A ideia central passa por transformar este antigo edifício num “equipamento âncora” na reabilitação da zona oriental da cidade no Porto, promovendo a coesão social, económica e a cultural. Contam-se 26.000 metros quadrados (m2) que vão ter novos usos dentro de dois anos. Dos 20.500 m2 que correspondem à área edificada, cerca de 12.500 m2 vão dar lugar a espaços empresariais, como escritórios e zonas de restauração. Neste momento, a Mota-Engil já avançou para a fase de comercialização dos espaços e as manifestações de interesse já começaram a surgir, refere a autarquia numa nota de imprensa.
Quase 8.000 m2 do futuro Matadouro vão ficar sob gestão da Câmara Municipal do Porto. E o que é que a autarquia pretende desenvolver neste espaço? São vários os planos socioculturais que o município da cidade Invicta tem para a área de exploração que lhe foi atribuída num acordo celebrado com a construtura Mota-Engil em 2020. A ideia passa por reservar um espaço ao Museu da Cidade e a uma extensão da Galeria Municipal. Mas não só: o futuro Matadouro terá uma programação cultural permanente, a ser desenvolvida pela Câmara do Porto, havendo a possibilidade de criação de sinergias entre diferentes usos (workspaces/restauração/programa cultural/social/eventos), explicam na mesma nota.
“Da área total, 60% será para negócios e vamos reservar 40% para nós. O que queremos fazer ali? Em primeiro lugar, arte pública, a Galeria Municipal”, disse Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto
Haverá também lugar para zonas ajardinadas que vão fazer a ponte entre os edifícios. Aqui vão ser criados dois grandes espaços públicos ao ar livre, refere o Jornal de Económico na sua edição impressa:
- Um trata-se da entrada principal do futuro Matadouro que pode também funcionar como um espaço extra para a organização de mercadinhos, concertos, feitas temáticas e exposições;
- Anfiteatro ao ar livre que irá uma zona de lazer em pleno contacto com a natureza:
“Todas as restantes zonas exteriores têm sempre a implementação de elementos vegetais e arborizados que promovem a permanência e a interação entre todos os usuários do complexo. A envolvente próxima do antigo Matadouro irá sofrer um enorme efeito de contágio positivo, mas o mesmo irá alastrar-se a todo o município de forma inclusiva”, conclui Luís de Sousa, Chief Purpose Officer da Emerge Mota-Engil Real Estate Developers, citado pelo mesmo jornal.
Em que fase estão as obras no antigo matadouro no Porto?
Foi em maio de 2021 que foi dado o primeiro passo no processo de reconversão do antigo Matadouro Industrial da Campanhã, marcado pelo avanço da demolição das estruturas do edifício “em avançado estado de degradação”, segundo explicou a própria Câmara Municipal do Porto numa nota de imprensa.
Um ano depois, as demolições já estão concluídas e segue-se, agora, uma nova fase nas obras. "Estamos prestes a arrancar com a obra mais a fundo. A finalizar o processo de seleção dos materiais, dentro de uma a duas semanas vamos entrar com toda a força na obra. Objetivo é estarmos a abrir em outubro de 2024", Sílvia Mota, chairman da Emerge – Mota-Engil Real Estate Developers, citada pelo Porto Canal.
Este processo de seleção de materiais de construção contou com a presença do arquiteto japonês Kengo Kuma numa visita ao projeto. Este será o responsável pelo desenho do novo centro empresarial e cultural do Porto, em parceria com os arquitetos portugueses da OODA.
“Foi a primeira vez que o arquiteto Kengo Kuma visitou o Matadouro depois de se terem iniciado as obras. Foi uma visita técnica, de aferição do estado da obra, que serviu também para escolher, em alguns casos, materiais de acabamento finais e as cores a aplicar. O construtor fez um conjunto de protótipos e foram tomadas algumas decisões relativamente ao acabamento final de alguns espaços do futuro Matadouro”, sublinhou o vereador do Urbanismo e Espaço Público, Pedro Baganha, citado na nota de imprensa da autarquia.
Em concreto, este novo centro empresarial, cultural e social, contará em 11 edifícios, com áreas que vão desde 374m2 aos 2.408m2, e que possuem quatro frentes. E o projeto prevê ainda uma grande cobertura que une o antigo, que será preservado, e o novo edifício de remate, assim como a passagem por cima da VCI.
“Apresentam-se como pavilhões industriais autónomos que são transformados em edifícios de escritórios independentes, que cumprem os mais elevados níveis de eficiência térmica e acústica que os novos usos exigem. Será um conjunto diverso de edifícios (…) que terão apenas um ocupante permitindo um nível de personalização elevado e ajustado à evolução das necessidades de cada entidade ao longo do tempo”, refere Luís de Sousa, da Emerge Mota Engil Real Estate Developers, citado pelo Jornal Económico.
Em matéria de sustentabilidade, este edifício vai contar com 2500 m2 de painéis solares na cobertura para gerar energia verde. E vai ainda utilizar sistemas térmicos, energéticos e hídricos eficientes. A ideia é que o futuro Matadouro seja de tal forma sustentável, que conte com a certificação LEED.