Ucrânia: Cereais ucranianos chegam a Espanha de comboio
Madrid, Espanha, 08 out 2022 (Lusa) – Um comboio com cereais da Ucrânia chegou a Espanha no âmbito de um projeto-piloto que estuda a possibilidade de utilizar o transporte ferroviário como complemento ao marítimo, afetado pelo conflito com a Rússia, anunciou hoje o Governo espanhol.
A Ucrânia é um importante produtor e exportador mundial de cereais e quase todas as suas exportações são tradicionalmente feitas a partir dos seus portos do Mar Negro, mas a invasão russa do país, em fevereiro, perturbou gravemente as exportações ucranianas de cereais, fazendo subir os preços dos alimentos.
No âmbito de um projeto-piloto que visa estudar a viabilidade da importação de cereais ucranianos por via ferroviária, um comboio de mercadorias pertencente ao operador ferroviário estatal espanhol Renfe partiu de Madrid a 09 de agosto para a cidade polaca de Chelm, perto da fronteira ucraniana.
O comboio, constituído por 25 contentores de 12 metros cada, foi carregado com 600 toneladas de grãos ucranianos, antes de iniciar a viagem de regresso de 2.400 quilómetros.
Num comunicado citado pela agência France-Presse, o ministério espanhol dos Transportes disse hoje que o comboio chegou a Barcelona na quinta-feira à noite, após paragens em Lodz, na Polónia central, e Duisburg, na Alemanha ocidental.
"Este projeto permite-nos analisar a viabilidade técnica e económica do transporte ferroviário de cereais, como complemento do modo marítimo, numa altura marcada pela guerra na Ucrânia", afirmou o ministério.
A iniciativa, acrescentou, mostrou que “no contexto atual, o transporte ferroviário de longa distância requer um grande esforço de coordenação entre os diferentes atores envolvidos no processo".
A 22 de julho, a Rússia e a Ucrânia assinaram um acordo, apoiado pela ONU e mediado pela Turquia, para levantar o bloqueio naval de Moscovo e libertar milhões de toneladas de cereais bloqueados, ajudando a evitar uma crise alimentar global.
Desde essa altura, dezenas de navios carregados com produtos alimentares agrícolas deixaram os portos ucranianos do Mar Negro.
PLI // ACL
Lusa/Fim