terça-feira, 27 de setembro de 2022

RAMALHO ORTIGÃO - ESCRITOR - MORREU EM 1915 - 27 DE SETEMBRO DE 2022

 

Ramalho Ortigão

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ramalho Ortigão
Ramalho Ortigao 01.JPG
Ramalho Ortigão
Nome completoJosé Duarte Ramalho Ortigão
Nascimento24 de outubro de 1836
Casa de Germalde, Santo IldefonsoPortoReino de Portugal
Morte27 de setembro de 1915 (78 anos)
MercêsLisboaRepública Portuguesa
Nacionalidadeportuguês
CônjugeEmília Isaura Vilaça de Araújo Vieira (3 filhos)
OcupaçãoEscritor
Magnum opusAs Farpas
Assinatura
AssinaturaRamalhoOrtigão.svg

José Duarte Ramalho Ortigão ComC (PortoSanto Ildefonso, Casa de Germalde, 24 de Outubro de 1836 — LisboaMercês27 de Setembro de 1915) foi um escritor português.[1]

Vida e Obra

José Duarte Ramalho Ortigão nasceu no Porto, na Casa de Germalde, freguesia de Santo Ildefonso. Era o mais velho de nove irmãos e irmãs, filhos e filhas do primeiro-tenente de artilharia Joaquim da Costa Ramalho Ortigão e de sua mulher Antónia Alves Duarte Silva.

Viveu a sua infância numa quinta do Porto com a avó materna, com a educação a cargo de um tio-avô e padrinho Frei José do Sacramento. Na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, frequentou brevemente o curso de Direito. Ensinou francês e dirigiu o Colégio da Lapa no Porto, do qual seu pai havia sido director.

Iniciou-se no jornalismo colaborando no Jornal do Porto e no jornal de cariz monárquico O CorreioSemanário Monárquico [2] (1912-1913). Também foi colaborador em diversas publicações periódicas, em alguns casos postumamente, entre as quais se destaca: Acção realista (1924-1926); O António Maria[3] (1879-1885;1891-1898); Branco e Negro[4] (1896-1898); Brasil-Portugal[5] (1899-1914); Contemporânea (1915-1926); A Esperança[6] (1865-1866; Galeria republicana (1882-1883); Gazeta Literária do Porto[7] (1868), Ideia Nacional[8] (1915), Lisboa creche: jornal miniatura[9] (1884), A Imprensa[10] (1885-1891); O Occidente[11] (1878-1909); Renascença[12] (1878-1879?); Revista de Estudos Livres[13] (1883-1886), A semana de Lisboa[14] (1893-1895); A Arte Portuguesa[15] (1895); Tiro e Sport[16] (1904-1913); Serões (1901-1911); O Thalassa: semanario humoristico e de caricaturas (1913-1915) e, a título póstumo, no periódico O Azeitonense[17] (1919-1920).

Em 24 de Outubro de 1859 casou na igreja paroquial da freguesia de Paranhos com D.ª Emília Isaura Vilaça d'Araújo Veiga, de quem veio a ter três filhos: Vasco, Berta e Maria Feliciana.

Ainda no Porto, envolveu-se na Questão Coimbrã com o folheto «Literatura de hoje», acabando por enfrentar Antero de Quental num duelo de espadas, a quem apodou de cobarde por ter insultado o cego e velhinho António Feliciano de Castilho. Ramalho ficou fisicamente ferido no duelo travado, em 6 de Fevereiro de 1866, no Jardim de Arca d'Água.

No ano seguinte, em 1867, visitou a Exposição Universal em Paris, de que resultou o livro Em Paris, primeiro de uma série de livros de viagens. Insatisfeito com a sua situação no Porto, mudou-se para Lisboa com a família, obtendo uma vaga para oficial da Academia das Ciências de Lisboa.

Reencontrou em Lisboa o seu ex-aluno Eça de Queirós e com ele escreveu um «romance execrável» (classificação dos autores no prefácio de 1884): O Mistério da Estrada de Sintra (1870), que marcou o aparecimento do romance policial em Portugal. No mesmo ano, Ramalho Ortigão publicou ainda Histórias cor-de-rosa e iniciou a publicação de Correio de Hoje (1870-71).[1] Em parceria com Eça de Queiroz, surgiram em 1871 os primeiros folhetos de As Farpas, do que veio a resultar a compilação em dois volumes sob o título Uma Campanha Alegre. Em finais de 1872, o seu amigo Eça de Queiroz partiu para Havana exercer o seu primeiro cargo consular no estrangeiro, continuando Ramalho Ortigão a redigir sozinho As Farpas.

Entretanto, Ramalho Ortigão tornara-se uma das principais figuras da chamada Geração de 70. Aconteceu-lhe o que ocorreu a quase todos os membros dessa geração. Numa primeira fase, pretendiam aproximar Portugal das sociedades modernas europeias, cosmopolitas e anticlericais. Desiludidos com as luzes europeias do progresso material, porém, voltaram-se, numa segunda fase, para as raízes de Portugal e para o programa de um «reaportuguesamento de Portugal». Foi dessa segunda fase que resultou a constituição do grupo «Os Vencidos da Vida», do qual fizeram parte, além de Ramalho Ortigão, o Conde de Sabugosa, o Conde de Ficalho, o Marquês de Soveral, o Conde de ArnosoAntero de QuentalOliveira MartinsGuerra JunqueiroCarlos Lobo de ÁvilaCarlos de Lima Mayer e António Cândido.[1] À intelectualidade proeminente da época juntava-se então a nobreza, num último esforço para restaurar o prestígio da Monarquia, tendo o Rei D. Carlos I, significativamente, sido eleito por unanimidade «confrade suplente do grupo».[1]

Na sequência do regícidio, em 1908, escreveu Rei D. Carlos: o martyrizado. Com a implantação da República, em 1910, pediu imediatamente a Teófilo Braga a demissão do cargo de bibliotecário da Real Biblioteca da Ajuda, escrevendo-lhe que se recusava a aderir à República «engrossando assim o abjecto número de percevejos que de um buraco estou vendo nojosamente cobrir o leito da governação». Saiu em seguida para um exílio voluntário em Paris, onde começou a escrever as Últimas Farpas (1911-1914) contra o regime republicano. O conjunto de As Farpas, mais tarde reunidas em 15 volumes, a que há que acrescentar os dois volumes das Farpas Esquecidas, e o referido volume das Últimas Farpas, foi a obra que mais o notabilizou, escrita num português muito rico, com intuitos pedagógicos, sempre muito crítico e revelando fina capacidade de observação. Eça de Queiroz escreveu que Ramalho Ortigão, em As Farpas, «estudou e pintou o seu país na alma e no corpo».[18]

Regressou a Portugal em 1912 e, em 1914, dirigiu a célebre Carta de um velho a um novo, a João do Amaral, onde saudou o lançamento do movimento de ideias políticas denominado Integralismo Lusitano:

«A orientação mental da mocidade contemporânea comparada à orientação dos rapazes do meu tempo estabelece entre as nossas respectivas cerebrações uma diferença de nível que desloca o eixo do respeito na sociedade em que vivemos obrigando a elite dos velhos a inclinar-se rendidamente à elite dos novos».[19]

Vítima de cancro, recolheu-se na casa de saúde do Dr. Henrique de Barros, na então Praça do Rio de Janeiro, em Lisboa, falecendo em 27 de Setembro de 1915, na sua casa da Calçada dos Caetanos, na freguesia da Lapa.

Foi Comendador da Ordem de Cristo e Comendador da Imperial Ordem da Rosa do Brasil. Além de bibliotecário na Real Biblioteca da Ajuda, foi secretário e oficial da Academia Nacional de Ciências, vogal do Conselho dos Monumentos Nacionais, membro da Sociedade de Geografia de Lisboa, da Academia das Belas Artes de Lisboa, do Grémio Literário, do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro,[1] e da Sociedade de Concertos Clássicos do Rio de Janeiro. Em Espanha, foi-lhe atribuído o grau de Excelentíssimo Senhor Grã-Cruz da Real Ordem de Isabel a Católica e foi membro da Academia de História de Madrid, da Sociedade Geográfica Real de Espanha, da Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, da Unión Iberoamericana e da Real Academia Sevillana de Buenas Letras.

Foram impressas duas notas de 50$00 Chapa 6 e 6A de Portugal com a sua imagem.

Obras

Estátua de Ramalho Ortigão no Porto.
Estátua de Ramalho Ortigão por Leopoldo de Almeida (Parque D. Carlos ICaldas da Rainha.)
  • Litteratura de hoje (1866).
  • Em Pariz (1868).
  • Historias cor-de-rosa (1869).
  • O mysterio da estrada de Cintra (1870, com Eça de Queiroz).
  • Correio de hoje (1870-71).
  • Biographia de Emília Adelaide Pimentel (1871).
  • As Farpas (1871-72, com Eça de Queiroz).
  • As Farpas (1871-1882).
  • Banhos de caldas e aguas mineraes (1875).
  • As praias de Portugal (1876).
  • Theophilo Braga: esboço biographico (1879).
  • Notas de viagem, Pariz e a exposic̦ão universal (1878-1879) (1879).
  • A Instrucção Secundaria na Camara dos Senhores Deputados (1883).
  • A Hollanda (1883).
  • John Bull, depoimento de uma testemunha ácerca de alguns aspectos da vida e da civilisação ingleza. (1887).
  • O culto da Arte em Portugal (1896). (eBook)
  • Rei D. Carlos: o martyrizado (1908).
  • Últimas Farpas (1911-14).
  • Carta de um Velho a um Novo (1914).
  • Pela terra alheia; notas de viagem, 1878-1910 (1916).

Referências

  1. ↑ Ir para:a b c d e «Ramalho Ortigão»Porto Editora. Infopédia. Consultado em 24 de Outubro de 2012
  2.  Rita Correia (4 de Agosto de 2015). «Ficha histórica: O correio : semanario monarchico (1912-1913)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 27 de Junho de 2016
  3.  Rita Correia (27 de Outubro de 2006). «Ficha histórica: O António Maria (1879-1885;1891-1898).» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 12 de Maio de 2014
  4.  Rita Correia (1 de Fevereiro de 2012). «Ficha histórica: Branco e Negro : Semanario illustrado (1896-1898)» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 21 de Janeiro de 2015
  5.  Rita Correia (29 de Abril de 2009). «Ficha histórica: Brasil-Portugal : revista quinzenal illustrada (1899-1914).» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 26 de Junho de 2014
  6.  Helena Roldão (26 de Fevereiro de 2016). «Ficha histórica: A esperança : semanario de recreio litterario dedicado ás damas» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 11 de Abril de 2016
  7.  Helena Roldão (19 de março de 2015). «Ficha histórica: Gazeta litteraria do Porto (1868)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 5 de Maio de 2015
  8.  Rita Correia (5 de Fevereiro de 2015). «Ficha histórica: A ideia nacional : revista politica bi-semanal (1915)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 28 de Fevereiro de 2015
  9.  Catálogo BLX. «Lisboa crèche : jornal miniatura oferecido em benefício das creches a sua majestade a Rainha a Senhora Dona Maria Pia, maio de 1884, página 2, ficha técnica – registo bibliográfico.». Consultado em 21 de maio de 2020
  10.  Helena Bruto da Costa (11 de Janeiro de 2006). «Ficha histórica: A imprensa : revista scientifica, litteraria e artistica (1885-1891)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 21 de Abril de 2015
  11.  Rita Correia (16 de Março de 2012). «Ficha histórica: O occidente : revista illustrada de Portugal e do estrangeiro (1878-1915)» (PDF)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 4 de Janeiro de 2015
  12.  Helena Roldão (3 de Outubro de 2013). «Ficha histórica: A renascença : orgão dos trabalhos da geração moderna» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 31 de Março de 2015
  13.  Pedro Mesquita (22 de Outubro de 2013). «Ficha histórica: Revista de estudos livres (1883-1886)» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 17 de Abril de 2015
  14.  Álvaro de Matos (29 de Abril de 2010). «Ficha histórica: A semana de Lisboa : supplemento do Jornal do Commercio» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 3 de Maio de 2016
  15.  Helena Roldão (17 de Maio de 2016). «Ficha histórica: A arte portugueza: revista de archeologia e arte moderna(1895)» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 30 de Maio de 2017
  16.  Rita Correia (22 de Abril de 2014). «Ficha histórica: Tiro e sport : revista de educação physica e actualidades (1904-1913)» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 18 de Dezembro de 2015
  17.  Jorge Mangorrinha (1 de Abril de 2016). «Ficha histórica: O Azeitonense: orgão independente defensor dos interesses de Azeitão (1919-1920)» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 18 de Setembro de 2016
  18.  Novas cartas inéditas de Eça de Queirós, Camilo, etc., a Ramalho Ortigão, Rio de Janeiro, Alba Editora, 1940, p. 95
  19.  Leão Ramos Ascensão, O Integralismo Lusitano, Edições Gama, Porto, 1943, p. 49

Bibliografia

  • 1997 - Quintas, José Manuel - O Integralismo Lusitano e a herança de «Os Vencidos da Vida», Sintra, Academia da Força Aérea, 1997.
  • 1999 - Oliveira, Maria João L. Ortigão de - O essencial sobre Ramalho Ortigão, Lisboa, INCM, 1999.
  • 2000 - Oliveira, Rodrigo Ortigão de - A Família Ramalho Ortigão, Porto, Ed. Lit. Rodrigo Ortigão de Oliveira, 2000, 368 p. ISBN 972-95094-8-4
  • António Cândido [et al.] - Os vencidos da vida, Porto, Fronteira do Caos, 2006.

Ligações externas

Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Ramalho Ortigão

SÃO VICENTE DE PAULA - 27 DE SETEMBRO DE 2022

 

Vicente de Paulo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Disambig grey.svg Nota: Para outros santos de mesmo nome, veja São Vicente.
Vicente de Paulo
corpo incorrupto de S. Vicente
PresbíteroCapelão-Geral e Real da França
Fundador da Ordem Lazarista
NascimentoPouy, França 
24 de abril de 1581
MorteParis 
27 de setembro de 1660 (79 anos)
ProgenitoresMãe: Bertrande de Moras
Pai: Jean de Paul
Veneração porIgreja Católica
Beatificação13 de agosto de 1729
Roma
por Papa Bento XIII
Canonização16 de junho de 1737
Roma
por Papa Clemente XII
Principal temploCapela de São Vicente de Paulo, 95, Rue de Sèvres, Paris, França
Festa litúrgica27 de setembro
Padroeirodas Obras de Caridade
Gloriole.svg Portal dos Santos

Vicente de Paulo,[1] nascido Vincent de Paul ou Vincent Depaul, (Pouy,[2] 24 de abril de 1581 — Paris27 de setembro de 1660) foi um sacerdote católico francês, declarado santo pelo Papa Clemente XII em 1737. Foi um dos grandes protagonistas da Reforma Católica na França do século XVII.

Biografia

São Vicente de Paulo nasceu em uma terça-feira de Páscoa, em 24 de abril de 1581, na aldeia Pouy, sul da Paris. Como era então frequente, Vicente foi batizado no mesmo dia de seu nascimento. Era o terceiro filho do casal João de Paulo (Jean de Paul) e Bertranda de Moras (Bertrande de Moras), camponeses profundamente católicos. Seus seis filhos receberam o ensino religioso em casa através de Bertranda.

Desde cedo destacou-se pela notável inteligência e devoção. Fez seus primeiros estudos em Dax, onde após 4 anos, se tornou professor. Isto lhe permitiu concluir os estudos de teologia na Universidade de Toulouse. Foi ordenado sacerdote, aos dezenove anos, em 23 de setembro de 1600.

Ordenou-se padre e logo passou pela primeira provação: uma viúva que gostava de ouvir as suas pregações, ciente de que ele era pobre, deixou para ele sua herança - uma pequena propriedade e determinada importância em dinheiro, que estava com um comerciante em Marselha.

No retorno desta viagem a Marselha, em 1605, o navio em que se encontrava foi atacado por piratas turcos. Vicente sobreviveu ao ataque, mas foi feito prisioneiro. Os turcos o conduziram a Túnis, onde foi vendido como escravo para um pescador, depois para um químico; com a morte deste, foi herdado pelo sobrinho do químico, que o vendeu para um fazendeiro, um renegado, que antes era católico e, com medo da escravidão, adotara a religião muçulmana. Ele tinha três esposas: uma era turca e esta, ouvindo os cânticos do escravo, sensibilizou-se e quis saber o significado do que ele cantava. Ciente da história, ela censurou o marido por ter abandonado uma religião que para ela parecia tão bonita. O patrão de Pe. Vicente arrependeu-se e propôs a ele uma fuga para a França, que só se realizou dez meses depois, já em 1607.

Eles atravessaram o Mar Mediterrâneo em uma pequena embarcação e conseguiram chegar à costa francesa. De Aigues-Mortes foram para Avinhão, onde encontraram o Vice-Legado do Papa. Vicente voltou à condição de padre e o renegado abjurou publicamente, retornando à Igreja Católica. Vicente e o renegado ficaram vivendo com o Vice-Legado e, quando este precisou viajar a Roma, levou-os em sua companhia. Durante a estada na cidade, Pe. Vicente frequentou a universidade e se formou em Direito Canônico. E o renegado foi admitido em um mosteiro, onde se tornou monge.

O Papa precisou mandar um documento sigiloso para o Rei Henrique IV da França e Pe. Vicente foi escolhido como fiel depositário. Devido a sua presteza, o Rei Henrique IV nomeou-o Capelão da Rainha Margarida de Valois, a rainha Margot. Pe. Vicente era encarregado da distribuição de esmolas aos pobres e fazia visitas aos enfermos no hospital de caridade em nome da rainha. Após o assassinato de Henrique IV da França, em 1610, São Vicente passou um ano na Sociedade do Oratório, fundada pelo Cardeal Pierre de Bérulle. Mais tarde, padre Bérulle foi nomeado Bispo de Paris e indicou Vicente de Paulo para vigário de Clichy, subúrbio de Paris.

Vicente fundou a Confraria do Rosário e todos os dias visitava os doentes. Atendendo a um pedido de padre Berulle, partiu e foi ser o preceptor dos filhos do general das galés e residir no Palácio dos Gondi. Naquele período, a Marinha francesa estava em expansão e, para resolver o problema da mão-de-obra necessária para o remo, era costume a condenação às galés por delitos comuns. Vicente empenhou-se nesta missão, lutando por mais dignidade para estes prisioneiros, que viviam em condições sub-humanas. No trabalho em favor dos condenados às galés chegou até a se colocar no lugar de um deles para libertá-lo. As propriedades da família dos Gondi eram muito grandes e Pe. Vicente e a senhora de Gondi faziam visitas às famílias que residiam nestas propriedades. Foi assim que o Pe. Vicente percebeu como era necessária a confissão deste povo. Na missa dominical, ele fazia com o povo a confissão comunitária. Conseguiu outros padres para as confissões, pois eram muitos os que queriam esse sacramento. Pe. Vicente esteve nas terras da família Gondi por cinco anos. Foi a Paris e, mais tarde, a pedido do Pe. Berulle, voltou para a casa dos Gondi por mais oito anos.

Sua piedade heróica conferiu-lhe o cargo de Capelão Geral e Real da França. Vendo o abandono espiritual dos camponeses, fundou a Congregação da Missão, que são os Padres Lazaristas, para evangelização do "pobre povo do interior". A Congregação da Missão demorou de 1625 até 12 de janeiro de 1633 para receber a Bula do Papa Urbano VIII, reconhecendo-a.

Em 1643, Luís XIII pediu para ser assistido, em seu leito de morte, por Vicente, tendo morrido em seus braços. A seguir foi nomeado pela Regente Ana d'Áustria, de quem era o confessor, para o Conselho de Consciência (para assuntos eclesiásticos dessa Regência).[3]

Num apelo que o padre Vicente fez durante sermão em Châtillon, nasceu o movimento das Senhoras Damas da Caridade (Confraria da Caridade). A primeira irmã de caridade foi a camponesa Margarida Nasseau, que contou com a orientação de Santa Luísa de Marillac e que, mais tarde, estabeleceu a Confraria das Irmãs da Caridade, atuais Filhas da Caridade. De apenas quatro irmãs no começo, a Confraria conta, hoje, com centenas delas. Foi também ele o responsável pela organização de retiros espirituais para leigos e sacerdotes, através das famosas conferências das terças-feiras (Confraria de Caridade para homens).

Inspirado por seu amor a Deus e aos pobres, Vicente de Paulo foi o criador de muitas obras de amor e caridade. Sua vida é uma história de doação aos irmãos pobres e de amor a Deus. Existem diversas biografias suas, mas sabemos que nenhuma delas conseguirá descrever com total fidelidade o amor que tinha por seus irmãos necessitados. Muitos acham que a maior virtude de São Vicente é a caridade, mas sua humildade suplantava essa virtude. Sempre buscava o bem da Igreja. São Vicente de Paulo foi um pai dos Pobres e um reformador do clero. Basta dizer que a Associação dos Filhos de Maria, hoje Juventude Mariana Vicentina, criada a pedido da Virgem Maria que apareceu a Santa Catarina Labouré na noite de 18 de julho de 1830, e as Conferências Vicentinas, fundadas por Antônio Frederico Ozanam e seus companheiros, em 23 de abril de 1833, foram inspiradas por ele. Espalhadas no mundo inteiro, vivem permanentemente de seus exemplos e ensinamentos.

Segundo São Francisco de Sales, Vicente de Paulo era o "padre mais santo do século". Faleceu em 27 de setembro de 1660 e foi sepultado na capela-mãe da Igreja de São Lázaro, em Paris. Foi canonizado pelo Papa Clemente XII em 16 de junho de 1737. Em 12 de maio de 1885 é declarado patrono de todas as obras de caridade da Igreja Católica, por Leão XIII.

Cidade de São PauloBrasil, homenageou o religioso, nomeando uma das vias do bairro de Higienópolis como “Rua São Vicente de Paulo”.

Obra

Funda sucessivamente diversas congregações:

Canonização

A sua canonização ocorreu em 16 de junho de 1737, pelo Papa Clemente XII. Em 12 de maio de 1885 foi declarado, pelo Papa Leão XIII, patrono de todas as obras de caridade da Igreja Católica.

O corpo incorrupto de São Vicente de Paulo

Processo de reconstrução facial forense realizada em 2022 a partir da exumação

Cinquenta e dois anos após a sua morte, o corpo foi exumado pela primeira vez diante de dois médicos, autoridades da Igreja e outras testemunhas. Foi encontrado incorrupto, com sinais de deterioração apenas no nariz e nos olhos. Os médicos atestaram que esta preservação não poderia ser natural. Vinte anos mais tarde, por ocasião da canonização, o corpo já estava em estado de decomposição devido a inúmeras inundações no terreno.[4]

O corpo de São Vicente de Paulo, reconstituído em cera, está atualmente exposto à visitação pública na Capela de São Vicente de Paulo, na Rua de Sèvres, Métro Vaneau, em Paris. Seu coração encontra-se em um relicário na Capela Nossa Senhora da Medalha Milagrosa.

Aproximação facial forense

Aproximação facial forense

Em fevereiro de 2022 um projeto idealizado pelo Dr. José Luís Lira e o 3D designer Cicero Moraes, com o auxílio de 8 outros especialistas no campo médico e forense, reconstruíram a face do santo, utilizando como base o reconhecimento dos seus restos mortais da década de 1960. [5][6]

Ver também

Wikiquote
Wikiquote possui citações de ou sobre: Vicente de Paulo

Referências

  1.  Frequentemente referido, de forma errada, como «de Paula». Tal erro dever-se-á, porventura, a confusão com um outro santo católico, Francisco de Paula, natural da localidade italiana de Paola.
  2.  Grafia aquitana; a correspondente grafia francesa é Paul, donde o aportuguesamente para Paulo. Em 1828 a localidade foi rebaptizada Saint-Vincent-de-Paul. Cf. [1]
  3.  "Lectures pour Tous - Revue Universelle et Populaire Illustrée" 3éme Année - Número I - Outubro 1900 - Paris- Hachette & Cie
  4.  Quevedo, O. Os milagres e a ciênciaEdições Loyola, São Paulo, Brasil, 1998
  5.  «Face reconstruída de São Vicente de Paulo será apresentada no próximo domingo - Vatican News»www.vaticannews.va. 10 de fevereiro de 2022. Consultado em 10 de fevereiro de 2022
  6.  «A Aproximação Facial 3D de São Vicente de Paulo — documentação OrtogOnLineMag #4»ortogonline.com. Consultado em 10 de fevereiro de 2022

Ligações externas

Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Vicente de Paulo

Etiquetas

Seguidores

Pesquisar neste blogue