Deputados locais russos confrontados pela polícia depois de apelarem à "deposição" de Putin
Vários funcionários do Estado eleitos na Rússia foram convocados pela polícia depois de terem exigido a deposição [impeachment] do Presidente russo, Vladimir Putin.
Numa rara manifestação de dissidência no país, deputados locais do município de Smolninskoye, na zona de São Petersburgo, apelaram à Duma russa [câmara baixa do Parlamento] para que depor o Presidente por aquilo a que chamaram de crimes de alta traição.
O autor do apelo, Dmitry Palyuga, publicou-o no Twitter, alegando que Putin era responsável “(1) pela dizimação de jovens russos capazes que serviriam melhor a força de trabalho do que para militares; (2) pela recessão económica e fuga de cérebros da Rússia; (3) pela expansão da NATO para leste, incluindo a soma da Finlândia e Suécia que “duplicam” a sua fronteira com a Rússia; (4) pelo efeito oposto da ‘operação militar especial’ na Ucrânia".
Palyuga e seu o colega deputado Nikita Yuferev publicaram mais tarde no Twitter uma convocatória emitida pela polícia de S. Petersburgo por "desacreditarem o regime em vigência".
Palyuga informou mais tarde que dois dos quatro deputados convocados foram libertados pela polícia, esperando-se que todos tenham de pagar multas.
O Kremlin tentou arduamente asfixiar qualquer crítica à sua invasão da Ucrânia.
Após ter lançado uma invasão em larga escala no final de fevereiro, o governo russo avançou rapidamente para fechar os restos da imprensa livre russa e introduziu uma nova lei que impõe severas sanções penais pela divulgação de informações “falsas”.
Segundo o OVD-Info, um grupo independente que rastreia detenções na Rússia, já foram presas ou detidas 16.437 pessoas por ativismo anti-guerra na Rússia desde o início da invasão.