Rússia. Incêndio em paiol perto da fronteira ucraniana
Duas aldeias russas foram hoje evacuadas devido a um incêndio que deflagrou num paiol situado perto da fronteira com a Ucrânia, anunciaram as autoridades locais.
Este incêndio surge alguns dias após explosões numa base militar e num depósito de munições na Crimeia, península ucraniana anexada pela Rússia em 2014, acusando Moscovo neste último caso Kyiv de um ato de "sabotagem".
"Um depósito de munições incendiou-se perto da aldeia de Timonovo", situada a menos de 50 quilómetros da fronteira ucraniana, na província de Belgorod, declarou o governador da região, Viatcheslav Gladkov, em comunicado.
Não se registaram vítimas, mas os habitantes de Timonovo e da aldeia vizinha, Soloti, foram "deslocados para uma distância segura", prosseguiu, acrescentando que as autoridades estão a investigar as causas do incêndio.
Num vídeo divulgado nas redes sociais, podia ver-se uma enorme bola de fogo de onde se elevava uma espessa coluna de fumo negro. Noutro vídeo, eram visíveis ao longe várias explosões sucessivas.
O incêndio de hoje surgiu no contexto de uma série de explosões que têm atingido instalações militares russas próximas da Ucrânia.
No início de agosto, a explosão de munições destinadas à aviação militar perto do aeródromo militar de Saki, na Crimeia, fez um morto e vários feridos.
Alguns dias depois, foi um paiol na Crimeia que foi alvo de explosões. Neste caso, Moscovo admitiu -- facto raro -- ter-se tratado de um "ato de sabotagem".
Desde o início da guerra russa na Ucrânia, a 24 de fevereiro, Moscovo acusou várias vezes as forças ucranianas de terem efetuado ataques ao seu território, em particular na região de Belgorod.
No mês passado, caíram mísseis na cidade de Belgorod, capital da província homónima, fazendo quatro mortos, segundo as autoridades locais.
No início de abril, Gladkov acusou a Ucrânia de ter efetuado um ataque a um depósito de combustível em Belgorod com dois helicópteros.
A ofensiva militar lançada no final de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 16 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido enviando armamento para a Ucrânia e impondo à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca à energia e ao desporto.
A ONU confirmou que 5.514 civis morreram e 7.698 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 176.º dia, sublinhando que os números reais são certamente muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
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