terça-feira, 16 de agosto de 2022

SANTO ESTEVÃO DA HJUNGRIA - 16 DE AGOSTO DE 2022

 

Estêvão I da Hungria

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Estêvão I
Rei da Hungria
Apóstolo dos húngaros
Igual aos apóstolos
Retrato de Estêvão sobre a mortalha de coroação húngara de 1031
Grão-príncipe dos húngaros
Reinado997–1000 ou 1001
Antecessor(a)Géza
Sucessor(a)Título novo
Rei da Hungria
Reinado1000 ou 1001–1038
PredecessorTítulo novo
SucessorPedro
 
Nascimento975 (1047 anos)
 EstrigônioReino da Hungria
Morte15 de agosto de 1038
 SzékesfehérvárReino da Hungria
CasaArpades
PaiGéza
MãeSarolta
AssinaturaAssinatura de Estêvão I
Santo Estêvão
Veneração porIgreja Católica
Canonização20 de agosto de 1083
Estrigônio, Hungria
por Papa Gregório VII
Principal temploBasílica de Santo EstêvãoBudapeste
Festa litúrgica
  • 16 de agosto
  • 20 de agosto (Hungria)
PadroeiroHungria

Estêvão I, também conhecido como Rei Santo Estêvão (em húngaroSzent István király; em latimSanctus Stephanus; em eslovacoŠtefan I. ou Štefan Veľký; c. 975 - 15 de agosto de 1038), foi o último grão-príncipe dos húngaros entre 997 e 1000 ou 1001, e o primeiro rei da Hungria de 1000 ou 1001 até sua morte em 1038. O ano de seu nascimento é desconhecido, mas muitos detalhes de sua vida sugerem que nasceu em ou após 975 em Estrigônio. Ao nascer, adquiriu o nome pagão Vajk. A data do seu batismo também é incerta. Era o único filho do grão-príncipe Géza I e sua esposa Sarolta, progênie da relevante família dos giulas. Embora seus pais tenham sido batizados, Estêvão foi o primeiro membro de sua família a se tornar cristão devoto. Ele se casou com Gisela da Baviera, uma herdeira da imperial dinastia otoniana.

Depois de suceder seu pai em 997, teve que lutar pelo trono contra seu parente, Cupano, que era apoiado por grande número de guerreiros pagãos. Derrotou Cupano principalmente com a ajuda de cavaleiros estrangeiros, incluindo VencelinoHunto e Pasmano, mas também com a ajuda de lordes nativos. Foi coroado em 25 de dezembro de 1000 ou 1 de janeiro de 1001 com coroa enviada pelo papa Silvestre II. Numa série de guerras contra tribos e chefes semi-independentes - incluindo os húngaros negros e seu tio, Giula, o Jovem - unificou a Bacia dos Cárpatos. Protegeu a independência de seu reino, forçando as tropas invasoras de imperador Conrado II a se retirarem da Hungria em 1030.

Ele estabeleceu pelo menos um arcebispado, seis bispados e três mosteiros beneditinos; assim, a Igreja na Hungria se ampliou independente dos arcebispos do Sacro Império. Encorajou a difusão do cristianismo com duras punições aos que ignoravam os costumes cristãos. Seu sistema administrativo local se fundava em condados organizados em torno de fortalezas e geridas por oficiais reais. A Hungria, que desfrutou de um período duradouro de paz durante seu reinado, tornou-se uma rota preferida para peregrinos e mercadores que viajavam entre a Europa Ocidental e a Terra Santa ou Constantinopla.

Ele viveu mais que todos os seus filhos. Morreu em 15 de agosto de 1038 e foi enterrado em sua nova basílica, construída em Székesfehérvár e dedicada à Virgem Maria. Sua morte causou guerras civis que duraram décadas. Foi canonizado pelo papa Gregório VII, junto com seu filho Emérico e o bispo Gerardo Sagredo, em 1083. Estêvão é um santo popular na Hungria e nos territórios vizinhos. Na Hungria, seu dia de festa (20 de agosto) é também feriado comemorativo da fundação do Estado.

Vida

Primeiros anos

A data de nascimento de Estêvão é incerta, uma vez que não foi registrada em documentos coetâneos.[1] Crônicas húngaras e polonesas escritas séculos depois dão três anos diferentes: 967, 969 e 975.[2] O testemunho unânime de suas três hagiografias do fim do século XI ou início do XII e outras fontes húngaras, que dizem que "ainda era adolescente" em 997,[3] substancia a confiabilidade do último ano (975). A Lenda Menor de Estevão adiciona que nasceu em Estrigônio,[2][4] implicando que nasceu após 972 porque seu pai Géza elegeu Estrigônio como residência real por volta daquele ano.[1] Géza promoveu a propagação do cristianismo entre seus súditos à força, mas nunca deixou de adorar os deuses pagãos.[5] A Lenda Maior de seu filho e o quase contemporâneo Dietmar de Merseburgo descreveram Géza como um monarca cruel, sugerindo que era déspota e que consolidou impiedosamente sua autoridade sobre os rebeldes senhores húngaros.[6][7]

Crônicas húngaras concordam que sua mãe era Sarolta, filha de Giula, um chefe húngaro com jurisdição na Transilvânia ou na região mais ampla da confluência dos rios Tísia e Mariso.[8][9] Muitos historiadores - incluindo Pál Engel e Gyula Kristó - põem que seu pai era o "Gilas" que foi batizado em Constantinopla por volta de 952 e "permaneceu fiel ao cristianismo",[10] segundo o cronista bizantino João Escilitzes.[11][12] No entanto, essa identificação não é aceita com unanimidade; O historiador György Györffy afirma que não era o pai de Sarolta, mas seu irmão mais novo, que foi batizado.[8] Em contraste com todas as restantes fontes húngaras, a Crônica Polaco-Húngara e fontes polonesas posteriores comunicam que a mãe de Estêvão era Adelaide, uma irmã desconhecida do duque Miecislau I, mas a confiabilidade deste relato não é aceita pelos maioria dos historiadores modernos.[13]

Estevão nasceu como Vajk,[4][14] um nome derivado da palavra turca baj, que significa "herói", "mestre", "príncipe" ou "rico".[2] A Lenda Maior narra que foi batizado pelo santo bispo Adalberto de Praga,[15] que ficou na corte de Géza várias vezes entre 983 e 994. No entanto, a lenda quase contemporânea de São Adalberto, escrita por Bruno de Querfurte, não menciona este evento.[16][17] Em consequência, a data do batismo de Estêvão é incerta: Györffy argumenta que foi batizado logo após o nascimento,[15] enquanto Kristó propõe que só recebeu o batismo logo antes da morte de seu pai em 997.[17]

Nascimento de Estêvão na Crônica Iluminada
Execução de Cupano segundo iluminura da Crônica Iluminada

Sua hagiografia oficial, escrita pelo bispo Arduíno de Győr e aprovada pelo papa Inocêncio III, diz que "foi totalmente instruído no conhecimento da arte gramatical" em sua infância.[3] Isso implica que estudou latim, embora algum ceticismo seja garantido, já que poucos reis dessa época eram capazes de escrever. Suas duas outras hagiografias do fim do século XI não mencionam nenhum estudo gramatical, afirmando apenas que "foi criado recebendo educação apropriada para um príncipe". Kristó diz que a última observação refere-se apenas ao treinamento físico, incluindo a participação em caçadas e ações militares.[4] Segundo a Crônica Iluminada, um de seus tutores foi um conde Deodato da Itália, que mais tarde fundou um mosteiro em Tata.[18]

Segundo suas lendas, Géza convocou uma assembleia de chefes e guerreiros húngaros quando "subiu ao primeiro estágio da adolescência",[3] aos 14 ou 15 anos de idade.[19] Géza nomeou-o como seu sucessor e todos os presentes fizeram juramento de lealdade ao jovem.[20] Györffy também escreve, sem identificar a fonte, que Géza nomeou o filho para governar o "Ducado de Nitra" por volta dessa época.[15] Os historiadores eslovacos, incluindo Ján Steinhübel e Ján Lukačka, aceitam a opinião de Györffy e propõem que administrasse Nitra (na atual Eslováquia) por volta de 995.[21][22]

Géza providenciou seu casamento com Gisela, filha do duque Henrique II da Baviera, em 995 ou depois.[4][23] Este casamento estabeleceu o primeiro vínculo familiar entre um governante húngaro e um da Europa Ocidental,[24] pois Gisela era intimamente relacionada à dinastia otoniana do Sacro Império Romano-Germânico.[17] Segundo a tradição popular preservada na Abadia de Scheyern, na Baviera, a cerimônia teve lugar no Castelo de Scheyern e foi celebrada por São Adalberto.[20] Ela foi conduzida à sua nova casa por cavaleiros bávaros, muitos dos quais receberam doações de terras de seu marido e se estabeleceram na Hungria,[25] ajudando a fortalecer a posição militar de Estevão.[26] Györffy escreve que o casal "quiçá" se estabeleceu em Nitra depois do casamento.[25]

Reinado (997–1038)

Grão-príncipe (997–1000)

Géza morreu em 997.[14][27] Estevão convocou uma assembleia em Estrigônio, onde seus partidários o fizeram grão-príncipe. [28] Inicialmente, controlava apenas as regiões do noroeste da Bacia dos Cárpatos; o resto do território ainda era dominado por chefes tribais.[29] A ascensão de Estevão ao trono estava de acordo com o princípio da primogenitura, que prescrevia que um pai fosse sucedido por seu filho. Por outro lado, contradizia a ideia tradicional de senioridade, segundo a qual Géza deveria ter sido sucedido pelo membro mais antigo da dinastia de Arpades, que era Cupano na época.[26][30] Cupano, que detinha o título de Duque de Simígio, administrou durante muitos anos as regiões da Transdanúbia ao sul do lago Balatão.[24][27][31]

Cupano se ofereceu à viúva Sarolta, conforme o costume pagão do casamento levirato[32][33] e anunciou sua reivindicação ao trono. Embora não seja impossível que Cupano já tivesse sido batizado em 972,[28] a maioria de seus apoiadores era pagãos, oponente ao cristianismo representado por Estevão e seu séquito predominantemente germânico. Uma carta de 1002 à Abadia de Pannonhalma fala sobre uma guerra entre "germânicos e húngaros" quando se refere aos conflitos armados entre Estêvão e Cupano.[34][35] Mesmo assim, Györffy diz que Oszlar ("Alano"), Besenyő ("Pechenegue"), Kér e outros topônimos que aludem a grupos étnicos ou tribos húngaras na Transdanúbia, nos supostos limites do ducado de Cupano, apontam unidades e grupos auxiliares significativos dos guerreiros húngaros - que haviam sido estabelecidos ali pelo grão-príncipe Géza - e que lutaram no exército de Estevão.[36]

Kristó afirma que todo o conflito entre Estêvão e Cupano foi apenas uma disputa entre dois membros dos Arpades, sem efeito sobre outros líderes tribais húngaros.[29] Cupano e suas tropas invadiram as terras do norte da Transdanúbia, tomaram muitos dos fortes de Estêvão e saquearam suas terras. Estêvão, que de acordo com a Crônica Iluminada "foi cingido pela primeira vez com sua espada",[37] colocou os irmãos Honto e Pasmano no comando de sua própria guarda e nomeou Vencelino para liderar o exército real.[34][38][39] Este último era um cavaleiro germânico que havia chegado à Hungria no reinado de Géza.[40] Hunto e Pasmano foram, com base nos Feitos dos Hunos e Húngaros de Simão de Kéza e a Crônica Iluminada, "cavaleiros de origem suábia"[41] que se estabeleceram na Hungria sob Géza ou nos primeiros anos de Estevão.[29] Por outro lado, Lukačka e outros historiadores eslovacos dizem que Hunto e Pasmano eram nobres "eslovacos" que haviam se juntado a Estêvão durante seu governo em Nitra.[42]

Cupano estava sitiando Vesprímia quando foi informado da chegada do exército de Estevão.[36] Na batalha resultante, Estêvão obteve vitória decisiva sobre o inimigo.[33] Cupano foi morto no campo de batalha[24] e seu corpo foi esquartejado e suas partes foram exibidas nas portas dos fortes de Estrigônio, GyőrGyulafehérvár e Vesprímia para ameaçar os que estavam conspirando contra o jovem.[33][43][44] Estevão ocupou o ducado de Cupano e concedeu grandes propriedades a seus partidários.[27][45] Também prescreveu que ex-súditos de Cupano deviam pagar dízimo à Abadia de Pannonhalma, de acordo com a ação da fundação deste mosteiro, que foi preservada num manuscrito com interpolações.[34][46] O mesmo documento declara que "não havia outros bispados e mosteiros na Hungria" à época.[47] Por outro lado, o quase contemporâneo Bispo Dietmar de Merseburgo afirmou que Estevão "estabeleceu os bispados em seu reino"[48] antes de ser coroado rei.[47] Se o último relatório for válido, as dioceses de Vesprímia e Győr são os candidatos mais prováveis, segundo o historiador Gábor Thoroczkay.[49]

Coroação (1000–1001)

Estátua equestre moderna de Estêvão em Budapeste

Ao ordenar a exibição de uma parte do cadáver de Cupano em Gyulafehérvár, a capital de seu tio materno Giula, afirmou que reinava todas as terras dominadas pelos senhores húngaros.[50] Também decidiu fortalecer seu estatuto internacional adotando o título de rei.[51] No entanto, as circunstâncias exatas de sua coroação e suas consequências políticas estão sujeitas a debates acadêmicos.[52]

Dietmar de Merseburgo escreveu que Estevão recebeu a coroa "com o favor e a insistência"[48] do imperador Otão III (r. 996–1002),[53] o que implica que aceitou a soberania do imperador antes de sua coroação. Por outro lado, todas as lendas de Estevão enfatizam que recebeu sua coroa do papa Silvestre II (r. 999–1003).[52] Kristó[54] e outros historiadores[55] apontam que Silvestre e Otão eram aliados próximos, o que implica que ambos os relatórios são válidos: Estevão "recebeu a coroa e a consagração"[48] do papa, mas não sem o consentimento do imperador. Cerca de 75 anos após a coroação, o papa Gregório VII (r. 1075–1085), que reivindicou soberania sobre a Hungria, declarou que Estevão "ofereceu e devotou rendidamente a Hungria a São Pedro" (isto é, à Santa Sé).[53][56] Em um relatório contrastante, a Grande Lenda afirma que ofereceu a Hungria à Virgem Maria.[55] Historiadores modernos - incluindo Pál Engel e Miklós Molnár - escrevem que sempre afirmou sua soberania e nunca aceitou a soberania papal ou imperial.[24][52] Por exemplo, nenhuma de suas cartas era datada de acordo com os anos do reinado dos imperadores coetâneos, o que seria o caso se fosse vassalo. Além disso, declarou no preâmbulo de seu Primeiro Livro das Leis que governava seu reino "pela vontade de Deus".[57][58]

A data exata da coroação é incerta.[54] Segundo a tradição húngara posterior, foi coroado no primeiro dia do segundo milênio, que pode se referir a 25 de dezembro de 1000 ou 1 de janeiro de 1001.[14][59] Detalhes da coroação preservados em sua Grande Lenda sugerem que a cerimônia, realizada em Estrigônio ou Székesfehérvár,[60] seguiu o rito de coroação dos reis germânicos. Consequentemente, foi ungido com óleo consagrado durante a cerimônia.[61] Seu retrato, preservado em sua capa real de 1031, mostra que sua coroa, como o diadema do Sacro Imperador Romano-Germânico, era uma coroa de argola decorada com pedras preciosas. Além dela, considerava uma lança com uma bandeira como um símbolo importante de sua soberania. Por exemplo, suas primeiras moedas exibem a inscrição LANCEA REGIS ("a lança do rei") e mostram um braço segurando uma lança com bandeira;[62] de acordo com o coetâneo Ademar de Chabannes, Otão III deu uma lança ao pai de Estevão como prova do direito de Géza de "gozar da maior liberdade possível na posse de seu país".[63] Estêvão é estilizado de várias maneiras - Ungarorum rex ("rei dos húngaros"), Pannoniorum rex ("rei dos panônios") ou Hungarie rex ("rei da Hungria") - em suas cartas.[53]

Árvore genealógica da Casa de Arpades

Ver artigo principal: Casa de Arpades


Referências

  1. ↑ Ir para:a b Györffy 1994, p. 64.
  2. ↑ Ir para:a b c Kristó 2001, p. 15.
  3. ↑ Ir para:a b c Arduíno de Győr 2001, p. 381.
  4. ↑ Ir para:a b c d Editores 1998.
  5.  Kontler 1999, p. 51.
  6.  Berend 2007, p. 331.
  7.  Bakay 1999, p. 547.
  8. ↑ Ir para:a b Györffy 1994, p. 44.
  9.  Sălăgean 2005, p. 147.
  10.  João Escilitzes 2010, p. 231.
  11.  Engel 2001, p. 24.
  12.  Kristó 1996, p. 28.
  13.  Györffy 1994, p. 46.
  14. ↑ Ir para:a b c Engel 2001, p. 27.
  15. ↑ Ir para:a b c Györffy 1994, p. 78.
  16.  Berend 2007, p. 329.
  17. ↑ Ir para:a b c Kristó 2001, p. 16.
  18.  Györffy 1983, p. 132.
  19.  Györffy 1994, p. 79–80.
  20. ↑ Ir para:a b Kristó 2001, p. 17.
  21.  Steinhübel 2011, p. 19.
  22.  Lukačka 2011, p. 31.
  23.  Kristó 2001, p. 16–17.
  24. ↑ Ir para:a b c d Molnár 2001, p. 20.
  25. ↑ Ir para:a b Györffy 1994, p. 81.
  26. ↑ Ir para:a b Kristó 2001, p. 18.
  27. ↑ Ir para:a b c Lukačka 2011, p. 33.
  28. ↑ Ir para:a b Györffy 1994, p. 83.
  29. ↑ Ir para:a b c Kristó 2001a.
  30.  Kontler 1999, p. 52–53.
  31.  Engel 2001, p. 30.
  32.  Kristó 2001, p. 18–19.
  33. ↑ Ir para:a b c Cartledge 2011, p. 11.
  34. ↑ Ir para:a b c Kristó 2001, p. 19.
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  36. ↑ Ir para:a b Györffy 1994, p. 84.
  37.  Anônimo 1970, p. 105 (cap 39.64).
  38.  Györffy 1994, p. 63, 83.
  39.  Engel 2001, p. 39.
  40.  Györffy 1994, p. 63.
  41.  Simão de Kéza 1999, p. 163 (cap. 78).
  42.  Lukačka 2011, p. 32–33.
  43.  Kontler 1999, p. 53.
  44.  Györffy 1994, p. 85.
  45.  Györffy 1994, p. 85–86.
  46.  Berend 2007, p. 351.
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  48. ↑ Ir para:a b c Dietmar de Merseburgo 2001, p. 193 (cap. 29).
  49.  Thoroczkay 2001, p. 52–54.
  50.  Kristó 2001, p. 20.
  51.  Kristó 2001, p. 21.
  52. ↑ Ir para:a b c Engel 2001, p. 28.
  53. ↑ Ir para:a b c Berend 2007, p. 343.
  54. ↑ Ir para:a b Kristó 2001, p. 22.
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  57.  Makk 2001, p. 45.
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  59.  Kristó 2001, p. 22–23.
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  61.  Györffy 1994, p. 98.
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SÃO ROQUE - 16 DE AGOSTO DE 2022

 

Roque de Montpellier

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São Roque de Montpellier
NascimentoMontpellierFrança 
1295
MorteMontpellierFrança 
16 de agosto de 1327 (32 anos)
Veneração porIgreja Católica
Religiões Afro-Brasileiras
Canonização(1590-1591)
por Papa Gregório XIV
Festa litúrgica16 de agosto
AtribuiçõesFerimento na coxa;
PadroeiroDos inválidos, dos cirurgiões e dos cães
Gloriole.svg Portal dos Santos

Roque de Montpellier (c. 1295 – 1327) é um santo da Igreja Católica Romana, protetor contra a peste e padroeiro dos inválidos, cirurgiões, e dos cães.[1] É também considerado por algumas comunidades católicas como protetor do gado contra doenças contagiosas. A sua popularidade, devido à intercessão contra a peste, é grande sendo padroeiro de múltiplas comunidades em todo o mundo católico e padroeiro de diversas profissões ligadas à medicina, santo protetor contra a peste, padroeiro dos inválidos, ao tratamento de animais e dos seus produtos e aos cães. A sua festa celebra-se a 16 de agosto.

Biografia

Roque de Montpellier, Palmi

Não existem grandes certezas sobre a vida de São Roque, permanecendo a maior partes dos seus dados biográficos envolvidos em mistério. Até o seu verdadeiro nome é desconhecido, já que Roch (aportuguesado para Roque) seria o seu nome de família e não o nome de batismo (está documentada a existência no século XII de uma família com aquele apelido na cidade).

Embora haja considerável variação nas datas apontadas para o seu nascimento e morte (consoante os hagiógrafos, a data de nascimento varia de 1295 a 1350; a da morte de 1327 a 1390), Roque teria nascido em MontpellierFrança, por volta de 1350, e falecido na mesma cidade em 1379 (embora outra versão da sua biografia o dê como morto naquele mesmo ano, mas na Lombardia). Sabe-se contudo que teria falecido jovem.

Era filho de um mercador rico, de nome João, que teria funções governativas na cidade, e de sua mulher Libéria. Estava ligada a famílias importantes de Montpellier, sendo herdeiro de considerável fortuna.

Diz a lenda que Roque teria nascido com um sinal em forma de cruz avermelhada na pele do peito, o que o predestinaria à santidade. Roque teria ficado órfão de pai e mãe muito jovem, sendo a sua educação confiada a um tio. Teria estudado medicina na sua cidade natal, não concluindo os estudos.

Levando desde muito cedo uma vida ascética e praticando a caridade para com os menos afortunados, ao atingir a maioridade, por volta dos 20 anos, resolveu distribuir todos os seus bens aos pobres, deixando uma pequena parte confiada ao tio, partindo de seguida em peregrinação a Roma.

No decorrer da viagem, ao chegar à cidade de Acquapendente, próxima de Viterbo, encontrou-a assediada pela peste (aparentemente a grande epidemia da Peste Negra de 1348). De imediato ofereceu-se como voluntário na assistência aos doentes, operando as primeiras curas milagrosas, usando apenas um bisturi e o sinal da cruz. Em seguida visitou Cesena e outras cidades vizinhas, MântuaModenaParma, e muitas outras cidades e aldeias. Onde surgia um foco de peste, lá estava Roque ajudando e curando os doentes, revelando-se cada vez mais como místico e taumaturgo.

Depois de visitar Roma (período que alguns biógrafos situam de 1368 a 1371), onde rezava diariamente sobre o túmulo de São Pedro e onde também curou vítimas da peste, na viagem de volta para Montpellier, ao chegar a Piacenza, foi ele próprio contagiado pela doença, o que o impediu de prosseguir a sua obra de assistência. Para não contagiar alguém, isolou-se na floresta próxima daquela cidade, onde, diz a lenda, teria morrido de fome se um cão não lhe trouxesse diariamente um pão e se da terra não tivesse nascido uma fonte de água com a qual matava a sede. O cão pertenceria a um homem rico, de nome Gottardo Palastrelli, que apercebendo-se miraculosamente da presença de Roque, o teria ajudado, sendo por ele convertido a emendar a sua má vida.

Miraculosamente curado, regressou a Montpellier, mas logo foi preso e levado diante do governador, que alguns biógrafos afirmam seria um tio materno seu, que declarou não o conhecer. Roque foi considerado um espião e passou alguns anos numa prisão (alguns biógrafos dizem ter sido 5 anos) até morrer, abandonado e esquecido por todos, só sendo reconhecido depois de morto, pela cruz que tinha marcada no peito.

Uma versão alternativa situa o local da prisão em Angera, próximo do Lago Maggiore, afirmando que teria sido mandado prender pelo duque de Milão sob a acusação de ser espião a soldo do Papa. Não se podendo livrar da acusação de espionagem (ou de disseminar a peste), morreu prisioneiro naquela cidade (diz-se que em 1379).

Embora não haja consenso sobre o local do evento, parece certo que ele morreu na prisão, depois de um largo período de encarceramento.

Descoberta a cruz no peito, a fama da sua santidade rapidamente se espalhou por todo o sul de França e pelo norte da Itália, sendo-lhe atribuídos numerosos milagres. Passou a ser invocado em casos de epidemia, popularizando-se como o protector contra a peste e a pestilência. O primeiro milagre póstumo que lhe é atribuído foi a cura do seu carcereiro, que se chamaria Justino e coxeava. Ao tocar com a perna no corpo de Roque, para verificar se estaria realmente morto, a perna ficou milagrosamente curada.

Embora sem provas que o consubstanciem, afirma-se que Roque teria pertencido à Ordem Terceira de São Francisco.

Canonização e culto

Tumba de São Roque em Veneza

Não se conhece a data da canonização, a qual terá sido por devoção popular e não por decisão eclesiástica, como aliás era comum na época. A primeira decisão oficial da Igreja sobre o culto a São Roque aconteceu em 1414, quando no decurso do Concílio de Constança se declarou uma epidemia de peste. Levados pela fé popular em São Roque, os padres conciliares ordenaram preces e procissões em sua honra, tendo de imediato o contágio cessado.

papa Urbano VIII aprovou os ofícios eclesiásticos para serem recitados a 16 de agosto, dia da sua festa.

papa Paulo III erigiu uma confraria, sob a invocação de São Roque, para administrar a igreja e o hospital erigidos em Roma durante o pontificado de Alexandre VI. A confraria cresceu rapidamente, de tal forma que o papa Paulo IV a elevou a arquiconfraria, como a faculdade de agregar outras confrarias da mesma invocação que tinham surgido noutras cidades. A confraria tinha um cardeal protector (ver Reg. et Const. Societatis S. Rochi). Vário papas concederam privilégios a esta confraria, nomeadamente Pio IV (1561), Gregório XIII (1577) e Gregório XIV (1591).

O culto a São Roque, que tinha declinado durante o século XVI reavivou-se com a aprovação papal da respectiva confraria, tendo surgido igrejas dedicadas ao santo em todas as capitais católicas, recrudescendo a devoção sempre que surgiam epidemias. O último grande ressurgimento ocorreu com a cólera nos princípios do século XIX.

Diz-se que as suas relíquias foram transportadas para Veneza em 1485, sendo aqui objeto de grande veneração. A magnificente igreja seiscentista que as alberga, a chiesa di San Rocco, ao lado da magnífica Scuola Grande di San Rocco, foram ambas decoradas por Tintoretto. A cidade dedica-lhe uma festa anual (uma das obras primas de Canaletto retrata a saída da procissão de São Roque em Veneza).

É sincretizado nas religiões afro-brasileiras com o orixá Omulu juntamente com São Lázaro.[2][3]

Iconografia

São Roque é geralmente representado em trajes de peregrino, por vezes com a vieira típica dos peregrinos de Santiago de Compostela, e com um longo bordão do qual pende uma cabaça. Um dos joelhos é geralmente mostrado desnudado a perna, sendo aí visível uma ferida (bubão da peste). Por vezes é acompanhado por um cão, que aparece a seu lado trazendo-lhe na boca um pão.

No livro «a Caminho de Santiago, roteiro do peregrino», do Conde de Almada, em janeiro de 2000, na página 91, chama a atenção que curiosamente a lâmina do "O Louco", do Tarô de Marselha, se identifica muito com ele, pelo ar de viajante, pelo bordão e o cão que lhe sobe a perna.

Celebrações de São Roque em todo o mundo

  • PalmiItália, 16 de agosto é feita a "festa de San Rocco". Existem inúmeras tradições. Durante a procissão da estátua pelas ruas, alguns fiéis vestindo participar de ofertas votivas, despido da cintura para cima, uma capa de espinhos de vassoura selvagem (chamados de "spalas"). A procissão dura quatro horas e meia e abrange sete quilômetros de estrada, com uma participação de cerca de 30 mil devotos. Outra forma de oferenda é cera, humano anatômica, como um sinal de gratidão por uma cura milagrosa. Nos dias do festival correr pelas ruas ao ritmo de tambores, dois gigantes de papelão chamado de "Mata" e "Grifone".
  • São Roque(São Roque SP) - Brasil Foi fundada na segunda metade do século XVII pelo bandeirante Pedro Vaz de Barros - mais conhecido como Vaz-Guaçu - a cidade surgiu de uma enorme fazenda e uma capela por ele erigida no local. A capela - então localizada onde hoje é a Praça da Matriz de São Roque (SP). As Festas de Agosto dedicadas ao Santo São Roque iniciam-se no primeiro domingo de agosto com a entrada dos carros de lenha e a festa vai até o dia 16 de agosto com uma monumental Festa de Agosto de São Roque (SP),dedicada ao Santo São Roque. Referida procissão parte da Igreja Matriz e percorre as ruas de São Roque e o andor é acompanhado por milhares de peregrinos.[4]

Referências

  1.  «Ecco perché San Rocco è il protettore dei cani»Wamiz.it (em italiano). Consultado em 11 de agosto de 2021
  2.  «Dia 16 de agosto é dia de Omolu/Obaluaiê - Raizes Espirituais»Raizes Espirituais. 11 de agosto de 2011
  3.  «Omolu/Obaluaiê e São Lázaro - Raizes Espirituais»Raizes Espirituais. 17 de dezembro de 2015
  4.  «Prefeitura de São Roque»www.saoroque.sp.gov.br. Consultado em 11 de agosto de 2021


Bibliografia

A versão on-line da Catholic Encyclopedia aponta a seguinte bibliografia:

  • BRUGADA, Martirià, São Roque Serviço ao Próximo, Edit. Paulinas, São Paulo 2003, Coleçâo Amigas e amigos de Deus
  • WADDING, Annales Min. (Roma, 1731), VII, 70; IX, 251; Acta SS. (Veneza, 1752), 16 de agosto; Gallia Christiana, VI ad an. 1328;
  • ANDRE, Hist. de S. Roch (Carpentras, 1854);
  • CHAVANNE, S. Roch Hist. completa, etc. (Lyon, 1876);
  • COFFINIERES, S. Roch, études histor. sur Montpellier au XIVe siècle (Montpellier, 1855);
  • BEVIGNANI, Vita del Taumaturgo S. Rocco (Roma, 1878); Vita del glorioso S. Rocco, figlio di Giovanni principe di Agatopoli, ora detta Montpellieri, con la storica relazione del suo corpo (Veneza, 1751);
  • BUTLER, Lives of the Saints;
  • LEON, Lives of the Saints of the Three Orders of S. Francis (Taunton, Inglaterra, 1886);
  • PIAZZA, Opere pie di Roma (Roma, 1679).

Ligações externas

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