Domingos de Gusmão
Domingos de Gusmão | |
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São Domingos de Gusmão pintado em 1670 pelo pintor espanhol Claudio Coello | |
Fundador e Mestre Geral da Ordem dos Pregadores | |
Nascimento | Caleruega 24 de junho de 1170 |
Morte | Bolonha 6 de agosto de 1221 (51 anos) |
Canonização | 2 de julho de 1234 Roma por Papa Gregório IX |
Festa litúrgica | 8 de agosto (Missa Nova), 4 de Agosto (Calendário Romano Tradicional) |
Padroeiro | Astrônomos, Tocantins, República Dominicana, Saubara, São Domingos do Capim, São Domingos do Prata. |
Polêmicas | Tribunal do Santo Ofício |
Portal dos Santos |
São Domingos de Gusmão (Caleruega, Reino de Castela, 24 de Junho de 1170 — Bolonha, 6 de Agosto de 1221) foi um frade e santo católico fundador da Ordem dos Pregadores, cujos membros são conhecidos como Frades Dominicanos.
Biografia
Filho de Joana de Aza e Félix de Gusmão, Domingos nasceu na zona de fronteira do Reino de Castela. Seus pais pertenciam à pequena nobreza guerreira, encarregue de assegurar as praças militares da fronteira com o sul dominado ainda pelos muçulmanos.
Domingos, que teve desde cedo inclinação para a vida religiosa, vai em 1189 estudar para Palência, tornando-se, após a conclusão dos estudos membro em 1196, do cabido da sua diocese natal, Osma.
Em 1203, o rei de Castela solicita ao bispo de Osma que este fosse negociar e trazer uma princesa da Dinamarca para se tornar esposa do seu filho, tendo Domingos sido companheiro de viagem do seu bispo, Diogo. Durante a viagem, Domingos ficou para sempre impressionado com o desconhecimento da doutrina cristã dos povos da Europa do norte, tornando-se-lhe evidente que se tornava necessário ir evangelizar aqueles povos, em especial um com que certamente contactou, os cumanos.
Em 1205, Domingos e Diogo, para conclusão do objetivo inicial, realizaram nova missão ao norte da Europa, tendo também efetuado uma peregrinação a Roma e a Cister. No sul de França, junto a Montpellier, encontraram legados do Papa que pregavam contra as heresias dos Albigenses, ou Cátaros. Esse grupo afirmava que dois princípios dividiam o Universo: o princípio bom, espiritual, e o princípio mau, material. O homem era a junção dos dois princípios, um anjo aprisionado num corpo. O dever do homem seria aproximar-se da verdade tendo como fator mediante a razão. Por isso que tal heresia conquistou muitos adeptos. De 1119, quando a heresia foi condenada no Concílio de Toulouse,[1] até 1179, Roma contentou-se em enviar pregadores para a região, sem obter muito sucesso.[2] Somente em 1209, após campanha militar de 20 anos, iniciada pela Igreja Católica, foram os cátaros quase que totalmente eliminados.[3]
Diogo e Domingos, perante a evidência das dificuldades sentidas na missão dos legados papais, convencem-nos a adotar uma estratégia de simplicidade ao estilo apostólico e mendicante, pois que os legados, até aí, deslocavam-se com grande pompa, criados e riquezas. Os legados deixam-se convencer, despachando para casa tudo o que fosse supérfluo, na condição de que Diogo e Domingos os acompanhassem e os dirigissem na missão, que esses fizeram. O Papa Inocêncio III, descobrindo virtudes nessa nova forma de pregação, aprova-a e manda Diogo e Domingos para a “santa pregação”. Diogo, sendo bispo, por razão das suas responsabilidades e não podendo ficar muito mais tempo naquela região, regressou à sua diocese, falecendo pouco tempo depois. Domingos continuou na região, muitas vezes sozinho.
A pregação e o início da Ordem
Em 1206, um grupo de mulheres convertidas do catarismo por Domingos pede-lhe apoio e ele encontra uma casa para elas morarem em Prouille, dá-lhes uma regra de vida simples, de oração e reclusão, no que veio a ser a primeira comunidade religiosa dominicana de monjas de clausura. Domingos encarava essa comunidade como “ponto de apoio à santa pregação”, pois que aquelas religiosas, por intermédio da oração, seriam o apoio dos pregadores.Em 1208, encontra-se completamente sozinho na missão de pregar pelas localidades do sul de França. Em 1210, está na região de Toulouse, palco de violentos combates entre senhores feudais e heréticos cátaros.
Em 1214, está em Carcassonne onde assiste a duras batalhas entre as duas partes e onde começa a juntar-se um pequeno grupo de companheiros que com ele adoptam a vida de pregadores itinerantes. No mesmo ano, torna-se pároco de Fanjeaux, localidade junto a Prouille e à sua comunidade feminina.
Em 1215, em Toulouse, adopta uma regra de vida para a sua comunidade de pregadores, obtendo a aprovação do Bispolocal. No entanto, seu objectivo era criar uma ordem religiosa que não ficasse restrita a um local, a uma diocese, mas sim que tivesse um mandato geral, por forma a poder actuar em todos os territórios onde fosse necessária a evangelização. Dirige-se nesse mesmo ano a Roma, onde decorria o Concílio de Latrão, por forma a obter o reconhecimento da sua Ordem. No entanto, o concílio, perante tantos e diferentes novos movimentos que surgiram um pouco por todo lado, e por forma a evitar a anarquia, decide proibir que sejam aceites novas ordens religiosas.
Aconselhado pelo Papa, e de regresso a Toulouse, Domingos e os seus companheiros estudam as várias Regras de vida religiosa já existentes e optam pela Regra de Santo Agostinho. Entretanto, o Papa Inocêncio III morre e Honório III torna-se Papa, sendo um admirador e amigo de Domingos e dos seus pregadores. Em 1216, Domingos volta a Roma com a sua Regra e a seu pedido, o Papa pede à Universidade de Paris o envio para Toulouse de alguns professores destinados ao ensino e à pregação. Entretanto, o Papa confirma a regra da Ordem dos Pregadores como religiosos “totalmente dedicados ao anúncio da palavra de Deus”. Logo após o reconhecimento da Ordem, Domingos envia os seus primeiros discípulos, dois a dois, a fundar novas comunidades em Paris, Bolonha, Roma e a Espanha. Domingos acreditava que apenas o estudo profundo da Bíblia poderia dar os meios necessários para uma pregação eficaz. Assim, envia os seus irmãos para as principais cidades universitárias do seu tempo, por forma a não só adquirem os conhecimentos necessários, como para agirem e recrutarem novos membros entre as camadas estudantis e intelectuais do seu tempo.
A aparição da Virgem Maria e a revelação do Santo Rosário
Em 1214, São Domingos estava na cidade de Toulouse, em França. Segundo tradições católicas, enquanto orava e fazia penitência pelos pecados dos homens, tendo passado três dias e três noites rezando e macerando o seu corpo com o objetivo de aplacar a cólera divina, parecia estar já morto pelas severas disciplinas quando a Virgem Maria lhe apareceu. Com Sua voz materna, disse-lhe:
«– Sabes tu, meu querido Domingos, de que arma se serviu a Santíssima Trindade para reformar o mundo?»
«– Ó Senhora! – respondeu ele, – Vós o sabeis melhor que eu, porque depois de vosso Filho, Jesus Cristo, fostes o principal instrumento de nossa Salvação.»
Respondeu-lhe Maria Santíssima:
«– Sabei que a peça principal da bateria foi a saudação angélica, que é o fundamento do Novo Testamento; e, portanto, se queres ganhar para Deus esses corações endurecidos, reza o meu saltério.»
Após a aparição mariana, São Domingos entrou na Catedral de Toulouse para reunir e falar aos fiéis, enquanto os sinos começaram a tocar sem qualquer intervenção humana. Quando o santo começou a pregar, uma espantosa tormenta se iniciou, houve um tremor de terra, o sol se velou, ouviram-se terríveis trovões e o céu iluminou-se de relâmpagos. Uma imagem de Nossa Senhora levantou três vezes os braços para pedir a Deus justiça para aqueles que não se arrependessem e recorressem à Sua proteção. São Domingos, perante tal fenómeno, orou das orações do Santo Rosário e, por fim, cessou a tormenta. Pôde ele, então, continuar tranquilamente a sua pregação, e fê-lo com tal zelo e ardor nas palavras que os habitantes da cidade abraçaram quase todos a devoção ao Rosário da Virgem Maria. Em pouco tempo, teria sido vista uma substancial conversão de vida das pessoas.[4][5]
A fundação da Ordem religiosa
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Em 1218 Domingos está em Roma, a visitar as novas casas, dirigindo-se depois para a Península Ibérica onde um dos seus primeiros companheiros, o português Soeiro Gomes tinha fundado algumas casas. No principio de 1219, Domingos vai a Paris e posteriormente volta a Itália.
Em 1220 reúne em Bolonha o primeiro Capítulo da Ordem, fazendo-se algumas alteração às respectivas constituições canónicas, estando presentes dezenas de frades vindos de muitos pontos distantes da Europa. É adoptado o modelo de governo democrático, pelo qual todos os superiores de casas são eleitos por todos os membros da comunidade. Em 1221 funda em Roma o convento de monjas de São Sisto e realiza o segundo Capítulo da Ordem no qual esta passou a estar organizada em províncias. O modelo democrático estende-se a toda a Ordem, mediante o qual para cada Capítulo Geral participam por direito os Priores Provinciais e delegados eleitos por todas as comunidades, sendo que o Mestre-geral da Ordem dos Pregadores é também eleito. São enviados irmãos pregadores para Inglaterra, Escandinávia, Polónia, Hungria e Alemanha.
Completamente desgastado pelo esforço, morre em 6 de Agosto, Bolonha. É canonizado em 1234.
Igrejas de São Domingos de Gusmão na Bahia
Igreja da Ordem Terceira de São Domingos de Gusmão: construção de 1731, com fachada em estilo rococó. Em Salvador, Bahia, Brasil. Igreja de São Domingos de Gusmão, Niterói, Gragoatá. desde do tempo do império. Existe uma cidade na paraíba com o nome de São Domingos, em homenagem a São Domingos de Gusmão e se comemora no dia 08 de agosto o dia do padroeiro.
Ver também
Referências
- ↑ «Catholic Encyclopedia». Consultado em 19 de fevereiro de 2016
- ↑ Dupuis, Jean-Claude (Novembro de 1999). «Em Defesa da Inquisição». The Angelus Magazine. Consultado em 19 de fevereiro de 2016
- ↑ Falk, Avner (2010). Franks and Saeacens: Reality and Fantasy in the Crusades. [S.l.]: Karnac Books. p. 169
- ↑ São Domingos de Gusmão e a origem do Santo Rosário in Apostolado do Oratório, 07-10-2013.
- ↑ A história do Santo Rosário in Opus Dei, 07-10-2017.
Ligações externas
- Frades Dominicanos em Portugal
- Ordem dos Pregadores (em Inglês, Francês e Espanhol)
Precedido por - | Mestre Geral da Ordem dos Pregadores 1216 - 1221 | Sucedido por Jordão da Saxônia |