domingo, 17 de julho de 2022

JOÃO JOSÉ COCHOFEL - POETA - NASCEU EM 1919 - 17 DE JULHO DE 2022

 

João José Cochofel

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
João José Cochofel
Nome completoJoão José de Melo Cochofel Aires de Campos
Nascimento17 de julho de 1919
Coimbra
Morte14 de março de 1982 (63 anos)
Lisboa
NacionalidadePortugal Português
OcupaçãoPoetaensaísta, e crítico literário e musical
Magnum opusO Bispo de Pedra (1975)

João José de Melo Cochofel Aires de Campos (Coimbra, 17 de julho de 1919 – Lisboa, 14 de março de 1982)[1], foi um poetaensaísta e crítico literário e musical português.

Biografia

João José Cochofel licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

Fez parte do movimento neorrealista português tendo sido um dos organizadores do Novo Cancioneiro,[2] ajudando a fundar e colaborando ativamente nas revistas, ligadas àquele movimento, Altitude (1939) e Vértice (1942), ou, mais tarde, na direção da Gazeta Musical e de Todas as Artes. Também se encontra colaboração da sua autoria no semanário Mundo Literário [3] (1946-1948).

A 10 de junho de 1990, foi agraciado, a título póstumo, com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.[4]

O grupo de Coimbra

Para se compreender o contexto cultural, o contributo de João José Cochofel para a geração que, em Coimbra, sucedeu ao grupo da Presença (1927-1940), é fundamental conhecer a sua participação nas publicações que, à época, serviam de suporte às polémicas, eram o espaço de crítica literária, sem esquecer, naturalmente, as tertúlias, inclusive pelas iniciativas que então surgiram, até porque foi o anfitrião de uma das mais relevantes, pelo menos entre os jovens intelectuais e artistas, fossem estes de letras, das artes plásticas ou amantes da música, que se realizava no seu palacete, à Rua do Loureiro, onde hoje é a Casa da Escrita.[5]

Para enquadrar Cochofel e outros da sua geração, tenhamos em consideração os apontamentos do Prof. Arquimedes da Silva Santos[6]:

Ainda em 1937, inicia-se no Porto a publicação do quinzenário Sol Nascente. Inicialmente marcado pela referência à obra gigantesca de Abel Salazar, teoricamente marcada pelo positivismo lógicoSol Nascente transforma-se a breve prazo numa publicação central do aparelho ideológico neorrealista. É nas suas páginas que se desenrola a famosa polémica de António Sérgio com Jofre Amaral Nogueira, ou seja, do idealismo crítico com o marxismoMário DionísioJoaquim NamoradoManuel da FonsecaJoão José CochofelÁlvaro FeijóPolíbio Gomes dos Santos publicam em Sol Nascente. As premissas ideológicas do neorrealismo, que ainda não fora batizado, estavam definidas.
Em 1938, Fernando Namora dá à estampa o livro Relevos e o romance As Sete Partidas do Mundo e, em 1939, ano da publicação de Gaibéus de Alves Redol, é lançada a revista Altitude, juntamente com João José Cochofel e Coriolano Ferreira, co-diretores.
Em 1940 são extintos o Sol Nascente e O Diabo. As consequências políticas do profundo trabalho de reconstrução cultural que nelas se exprimia, eram inaceitáveis pelo regime. Na cena artística coimbrã, cuja relevância nacional era decisiva, Fernando Namora ocupava um lugar central. Num curioso documento, muito provavelmente o texto de uma conferência pronunciada no estrangeiro, não assinado mas possivelmente da autoria de Fernando Namora, depois de se afirmar que: «A minha geração nasceu em Coimbra», pode ler-se: «O grupo presencista (...), degenerado numa análise psicológica por assim dizer voluptuosa, caindo numa espécie de culto por certas zonas irracionais, patológicas ou instintivas do humano, já não podia corresponder de modo nenhum às inquietações do presente. Os problemas sociais, do homem integrado na colectividade, o problema do homem em competição com a sociedade capitalista, atingiam uma agudeza progressiva. Vivíamos os anos febris que precederam a guerra. – O homem da rua, o homem sem aqueles abismos psicológicos que saturavam a literatura da época, já não aceitava o fatalismo das desventuras e injustiças sociais. Começava a tomar consciência dos seus direitos e da sua força para os fazer cumprir. A literatura não podia desconhecê-lo por mais tempo. E foi assim que surgiu um novo realismo».[7] E prossegue: «O nosso grupo de Coimbra, embora homogeneizado por uma estreita camaradagem, a que se juntaram alguns jovens que, do Porto e de Lisboa, eram atraídos por uma necessidade combativa de construir uma frente unida – o nosso grupo, dizia eu, não lograra desde logo uma expressão desenraízada das influências das gerações anteriores. Os primeiros livros desse grupo, de João José Cochofel e um outro meu, acusavam ainda acentuadas ressonâncias presencistas, embora revelassem já uma tendência, mais espontânea do que deliberada, de encarar objectivamente a realidade. A viragem corporizou-se sobretudo a partir de uma colecção de obras poéticas, a que se demos o título de Novo Cancioneiro. Ao autor deste texto não pareceu irrelevante, contudo, uma precisão: «o Novo Cancioneiro, que me orgulho de ter partido da minha iniciativa...». Não sabemos do autor, o texto não está assinado. Mas este elemento conjuga-se com a informação colhida numa carta de Fernando Namora, ainda inédita:
«o Novo Cancioneiro, em grande medida, nasceu do espírito sempre rejuvenescido e, portanto, renovador, de Afonso Duarte. Ainda receoso ou hesitante, expus-lhe a ideia, e foi tal o ânimo que ele nos deu, tal o fervor que nos contagiou, que sem demora concretizámos o projecto».[8]
Note-se, em primeiro lugar, a referência ao velho poeta Afonso Duarte. Desde há muito que, na cena cultural coimbrã, Afonso Duarte era uma figura, digamos, tutelar. Carregava um complexo passado de independente proximidade com o panteísmo e o movimento da Renascença Portuguesa. Mas, nesse passado submetido à decisiva eficácia da história cultural e política, transporta a possibilidade de um outro futuro. Sob a chancela da Presença publica a revisão geral da sua obra poética, Os Sete Poemas Líricos (1929); na revista colabora com poemas e, ainda pela maior parte desvalorizados senão desconhecidos, alguns importantes textos de índole ensaística; mas é na coleção Sob o signo do Galo, da iniciativa de Cochofel, Carlos de Oliveira e Joaquim Namorado que publica uma das suas obras máximas, Post-scriptum de um combatente.
Mas a carta de Fernando Namora justifica ainda que se sublinhe a oscilação entre o ‘eu’ e o ‘nós’; «expus-lhe a ideia», «o ânimo que ele nos deu». É claro: o Novo Cancioneiro é a expressão estética de uma movimentação ideológica que excede muito o círculo da intelectualidade coimbrã.[9]

Espólio literário

O seu espólio encontra-se no Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea[10] da Biblioteca Nacional de Portugal.[11]

Obras

  • Obra poética. Lisboa: Editorial Caminho, 1988. Coleção Obras Completas de João José Cochofel n.º 1. ISBN 972-21-0314-8
  • Opiniões com data. Lisboa: Editorial Caminho, 1990. Coleção Obras Completas de João José Cochofel n.º 2. ISBN 9789722105095
  • Iniciação estética seguida de críticas e crónicas. Lisboa: Editorial Caminho, 1992. Coleção Obras Completas de João José Cochofel n.º 3. ISBN 9789722107143
  • Dirigiu o Grande Dicionário da Literatura Portuguesa e da Teoria Literária, obra cuja publicação ficou incompleta.[12]

Citação

Sol que acordou em mim
o grão do meu instinto!
Ergo-me
Só pelo que sinto.
Basta-me o hálito a terra
da tua nudez florida.
Sonhos..? – Quem se evade da vida,
Se é vivida?
in Sol de Agosto, VII, Novo Cancioneiro, vol.3, 1941

Comentário

João José Cochofel salienta-se não pela sua extensão ou mesmo profundidade (que para os mais intelectuais seria provavelmente desejável), mas pela sua capacidade de esclarecer sucintamente e com clareza, o problema filosófico que consiste em avaliar a experiência estética e seu contributo para o conhecimento humano, na sua obra Iniciação Estética.[13]

Fontes

Notas

  1.  Artigo "João José Cochofel", site do Museu do Neo-Realismo, consultado em 18.07.21 [1].
  2.  Dez volumes, publicados entre 1941 e 1944: De 1941: Terra de 'Fernando Namora, Poemas de Mário DionísioSol de Agosto (volume dedicado a Afonso Duarte «querido Poeta e Amigo») de João José CochofelAviso à Navegação de Joaquim NamoradoOs Poemas de Álvaro Feijó e Planície de Manuel da Fonseca; De 1942: Turismo de Carlos de OliveiraPassagem de Nível de Sidónio Muralha e Ilha de Nome Santo de Francisco José Tenreiro; De 1944 Voz que Escuta de Políbio Gomes dos Santos, que é, antes de mais, uma homenagem ao camarada prematuramente falecido, tal como sucedera com o livro de Álvaro Feijó. Em 1989, Alexandre Pinheiro Torres organizou, anotou e prefaciou uma edição conjunta dos volumes (Novo cancioneiro. Lisboa: Caminho, 1989. ISBN 972-21-0456-X).
  3.  Helena Roldão (27 de janeiro de 2014). «Ficha histórica: Mundo literário : semanário de crítica e informação literária, científica e artística (1946-1948).» (pdf)Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 3 de novembro de 2014
  4.  «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "João José de Melo Cochofel Aires de Campos". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 17 de julho de 2019
  5.  Ver, na página do Turismo de Coimbra, a Casa da Escrita.
  6.  Sobre Arquimedes da Silva Santos veja-se, por exemplo, a página da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira.
  7.  Museu do Neo-Realismo (1996), A nova geração literária portugues, A/7,10.6, Cx24, Doc.39.
  8.  Fernando Namora, carta pessoal de 7 de Abril de 1972.
  9.  Arquimedes da Silva Santos (2001), revista “Algar”, n.º 2, edição Casa-Museu Fernando Namora, Condeixa.
  10.  Ver [2].
  11.  Ver [3].
  12.  Lisboa, Iniciativas Editoriais, 1977.
  13.  Publicada pela primeira vez em 1958, na coleção Saber das Publicações Europa-América.
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NOSSA SENHORA DO CARMO - 16-7 - 17 DE JULHO DE 2022

 

Nossa Senhora do Carmo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nossa Senhora do Carmo
Nossa Senhora do Monte Carmelo, de Pietro Novelli, 1641.
Aprovação da Santa Sé30 de Janeiro de 1226 (Ordem do Carmo aprovada durante o pontificado do Papa Honório III)
Veneradapela Igreja Católica
Principal temploMosteiro de Nossa Senhora do Monte Carmelo em Haifa
Festa litúrgica16 de julho
AtribuiçõesEscapulário de Nossa Senhora do Carmo
Padroeirada Ordem do Carmo, da Guarda Nacional Republicana, do Chile, de Pernambuco, do Recife, de Betim, de Borborema, de Parintins, de Puxinanã e de Arcos.

Nossa Senhora do Monte Carmelo ou Nossa Senhora do Carmo é o título dado à Maria, Mãe de Jesus, em honra de sua função como padroeira da Ordem dos Carmelitas, assim como testemunha o Cardeal Piazza: "O Carmo existe para Maria e Maria é tudo para o Carmelo, na sua origem e na sua história, na sua vida de lutas e de triunfos, na sua vida interior e espiritual". A palavra Carmelo em hebraico: ("Carmo" significa vinha, portanto, "Vinha do Senhor"): este nome nos aponta para a famosa montanha que fica na Palestina, onde o profeta Elias e o sucessor Elizeu fizeram história com Deus e com Nossa Senhora, que foi prefigurada pelo primeiro num pequena nuvem (cf. l Rs 18,20-45). [1]Os primeiros carmelitas eram eremitas que viviam no Monte Carmelo, na Terra Santa, entre o final do século XII e meados do século XIII. Eles construíram, no meio de seus eremitérios, uma capela que dedicaram à Santíssima Virgem.

Desde o século XII, a devoção popular a Nossa Senhora do Carmo está centrada em seu escapulário, que originalmente é dois pedaços de tecido ligados por finas fitas que o fiéis leigos carregam em seus ombros, é um resumo da devoção maior do Escapulário marrom como uma veste ´hábito' usado por religiosos monges e monjas carmelitas, é também um sacramental associado às promessas de ajuda feitas por Maria para a salvação do devoto portador, o uso do escapulário é uma via de salvação, mas primeiramente de conversão dos devotos, para que possam viver uma nova espiritualidade. Originalmente, o escapulário em si mesmo, significa a obediência, ou seja, o jugo suave, o fardo leve de Nosso Senhor Jesus Cristo, os monges e monjas carmelitas faziam votos de obediência, e havia nas constituições primitivas uma penalidade para quem deixasse de usar o escapulário na ordem religiosa, por que significava que não queriam mais carregar no ombros o peso da obediência o leve fardo de Nosso Senhor Jesus Cristo. A tradição da Santa Igreja afirma que, Nossa Senhora entregou o escapulário ao carmelita chamado Simão Stock.[2][3]

A festa litúrgica de Nossa Senhora do Carmo foi celebrada, pela primeira vez, na Inglaterra, no final do século XIV. O objetivo era agradecer a Maria pelos benefícios concedidos nos tempos de dificuldades dos primeiros anos da Ordem do Carmo. O poema Flor do Carmelo (Flos Carmeli em latim) aparece como a sequência para esta missa. O dia escolhido inicialmente foi 17 de julho, entretanto no continente europeu esta data conflitava com a festa de Aleixo de Roma, o que exigiu uma mudança para o dia 16 de julho, que continua a ser, até hoje, a data da festa de Nossa Senhora do Carmo em toda a Igreja Católica.[2]

Em Parintins, no estado brasileiro do Amazonas, ocorre uma grande festa em honra a padroeira da cidade, localizada na ilha Tupinambarana, no meio do Rio Amazonas. As festividades acontecem logo após o Festival Folclórico de Parintins. Duram de 6 a 16 de julho, muitas pessoas vão em romaria até a Catedral da cidade, para pedir e agradecer a mãe de nosso senhor, Jesus. Meses antes da festa , uma imagem peregrina da Virgem do Carmo viaja de casa em casa, e de cidade em cidade, indo para junto de seus devotos.

Escapulário de Nossa Senhora do Carmo

Medalhão lisboeta confeccionado em pedra lioz traz a Virgem do Carmo entregando o escapulário a São Simão Stock. Igreja da Venerável Ordem Terceira do Monte do Carmo, no Centro da cidade do Rio de Janeiro.

Segundo a doutrina católica, a primeira veste de que se tenha notícia na História remonta ao Paraíso Terrestre. O Gênesis (3, 21), o primeiro livro da Bíblia, conta que, após a queda dos primeiros pais da humanidade, Adão e Eva, o próprio Deus lhes confeccionou túnicas de pele e com elas os revestiu. Bem mais tarde, Jacob fez uma túnica de variadas cores para o uso de José, seu filho bem-amado (Gn 37, 3). E assim, as vestimentas vão sendo citadas nestas ou naquelas circunstâncias, ao longo das Escrituras (Gn 27, 15; 1 Sm 2, 19; etc.). Uma vestimenta, porém, ocupa lugar "princeps" entre todas as demais: a túnica de Jesus Cristo sobre a qual os soldados deitaram sorte, por se tratar de uma peça de altíssimo valor, pelo facto de não possuir costura. Uma piedosa tradição atribui às mãos da Virgem Maria a arte empregada em sua confecção. Ao se darem conta, os soldados, da elevada qualidade daquela peça, tomaram a resolução de não rasgá-la.

Os frades e as freiras da Ordem dos Carmelitas usam o Escapulário de Nossa Senhora do Carmo.

O Escapulário é um sinal de aliança com Nossa Senhora, e exprime a consagração de quem o usa a Ela. Segundo a devoção católica, assim como vestia Maria a seu Filho Jesus, da mesma forma Maria quer revestir também a nós, seus filhos adotivos. Pois, toda a humanidade, simbolizada por João Evangelista, foi entregue por Jesus aos cuidados de Maria, na mesma ocasião em que os soldados, pela sorte, decidiam sobre a propriedade da túnica de Jesus, ao dizer: "Mulher, eis aí teu filho" (Jo 19,26).

O Escapulário do Carmo, enquanto veste devocional, surgiu no século XII. Segundo a tradição católica, no dia 16 de julho de 1251, São Simão Stock suplicava a Nossa Senhora ajuda para resolver um problema da Ordem do Carmo, da qual era o Prior Geral. Enquanto ele rezava, a Virgem Maria apareceu-lhe, trazendo o Escapulário nas mãos, e disse essas confortadoras palavras: "Recebe, Meu filho, este Escapulário da tua Ordem, como sinal distintivo da Minha confraria e selo do privilégio que obtive para ti e para todos os Carmelitas: o que com ele morrer, não padecerá o fogo eterno. Este é um sinal de salvação, uma salvaguarda nos perigos e prenda de paz e de aliança eternas".

Ao longo do séculos, gerações e gerações de católicos, sobretudo os religiosos e leigos consagrados carmelitas, difundiram esta devoção mariana por todo o mundo, tornando-a numa das devoções católicas mais difundidas. Para os seus defensores, o Escapulário é uma poderosa ajuda espiritual, conferida através da Virgem Maria, para aqueles que vivem em estado de graça e um valioso instrumento para converter os pecadores.

Imagem de Nossa Senhora do Monte Carmelo em Maipú, no Chile.

Os Papas enaltecem o uso do Escapulário

Em 1951, por ocasião da celebração do 700º aniversário da entrega do Escapulário, o Papa Pio XII disse em carta aos Superiores Gerais das duas Ordens carmelitas: "Porque o Santo Escapulário, que pode ser chamado de Hábito ou Traje de Maria, é um sinal e penhor de proteção da Mãe de Deus".

Exatamente 50 anos depois, o Papa João Paulo II afirmou: "O Escapulário é essencialmente um ‘hábito'. Quem o recebe é agregado ou associado num grau mais ou menos íntimo à Ordem do Carmo, dedicada ao serviço da Virgem para o bem de toda a Igreja. (...) Duas são as verdades evocadas pelo signo do Escapulário: de um lado, a constante proteção da Santíssima Virgem, não só ao longo do caminho da vida, mas também no momento da passagem para a plenitude da glória eterna; de outro, a consciência de que a devoção para com Ela não pode limitar-se a orações e tributos em sua honra em algumas ocasiões, mas deve tornar-se um ‘hábito'."

Esses dois Pontífices confirmaram, assim, variadíssimas manifestações de apreço ao Escapulário feitas por vários Papas, tais como Bento XIIIClemente VIIBento XIVLeão XIIISão Pio X e Bento XV. Bento XIII estendeu a toda a Igreja a celebração da festa de Nossa Senhora do Carmo, a 16 de julho.

Os grandes privilégios do Escapulário

Uma das promessas de Nossa Senhora do Carmo a São Simão Stock se refere ao "privilégio sabatino", que consiste que aquele que morrer usando o escapulário, cumprindo algumas condições, sairá do Purgatório no primeiro sábado após sua morte. A condição para lucrar o "privilégio sabatino" é guardar a castidade, mas como também buscar viver uma vida segundo o Evangelho e os ensinamentos da Igreja, guardando os Santos Mandamentos segundo o estado de vida de um cristão, para a imposição deve-se e rezar a penitência imposta pelo sacerdote na recepção do escapulário ou o ofício da Virgem Maria. A promessa principal do escapulário consiste na própria salvação eterna: '"Quem morrer com o Escapulário não padecerá o fogo do inferno".

Não obstante, para beneficiar-se deste privilégio, a Igreja ensina que é necessário usar o Escapulário com reta intenção. Neste caso, se na hora da morte a pessoa estiver em estado de pecado mortal, Nossa Senhora providenciará, de alguma forma, que essa pessoa moribunda se arrependa e receba os sacramentos.

Detalhe do retábulo-mor monumental da Basílica do CarmoRecife. A imagem de Nossa Senhora do Carmo, doada por Dona Maria I de Portugal, foi confeccionada no século XVII com 2,2 metros de altura e 250 quilos, e possui coroa de três quilos de ouro.

Igreja Católica, antes de mais, esclarece que o Escapulário não é um sinal "mágico" de salvação. Não é uma espécie de amuleto cujo uso dispensa os fiéis das exigências da vida cristã. Não basta, portanto, carregá-lo ao pescoço e dizer: "Estou salvo!". Logo, o escapulário não é um amuleto, mas é um convite de consagração e de imitação a Virgem Maria. O Papa Pio XII, em uma carta em comemoração dos 700 anos do escapulário exorta os fiéis para que não use o escapulário como um amuleto de superstição. Na tradição da Santa Igreja, o escapulário é um objeto sacramental, pois Deus que nos convida a uma mudança de vida, nos concede tamanha graça e use elementos tão simples para fazer com que os seus fiéis mudem o seu coração e têm a misericórdia para com as almas santificando-as por meio da Virgem Maria.

Quem usa o Escapulário pode beneficiar-se também de indulgência plenária (remissão de todas as penas do Purgatório) no dia em que o recebe, na festa de Nossa Senhora do Carmo, 16 de julho; desde de que esteja em estado de graça ou seja tenha confessado os seus pecados com o Padre, participar da Santa Comunhão, e rezar pelas intenções do Santo Padre o Papa, bem como renovar as promessas de carregar para sempre este 'hábito' os hábitos das virtudes da Virgem Maria.

Datas Carmelitas para a imposição do Escapulário

  • São Simão Stock, 16 de Maio.
  • Nossa Senhora do Carmo, 16 de Julho.
  • Santo e Profeta Elias, 20 de Julho.
  • Santa Terezinha do Menino Jesus, 1 de Outubro.
  • Santa Teresa de Ávila, 15 de Outubro.
  • Santos Carmelitas, 14 de Novembro.
  • São João da Cruz, 14 de Dezembro.

Como receber e usar o Escapulário

  • A primeira recepção e imposição deve ser feita com um Escapulário de Tecido (lã marrom).
  • Sacerdote Católico tem deve abençoar e impor, com a devida fórmula, na pessoa o Escapulário.
  • Essa bênção e imposição valem para toda a vida, portanto, basta recebê-lo uma vez.
  • Quando o Escapulário se desgastar, basta substituí-lo por um novo.
  • Mesmo quando alguém tiver a infelicidade de deixar de usá-lo durante algum tempo, pode simplesmente retomar o seu uso, não é necessária outra bênção ou imposição.
  • Uma vez recebido, ele deve ser usado sempre, de preferência no pescoço, em todas as ocasiões, mesmo enquanto a pessoa dorme.
  • Em casos de necessidade extrema, como doentes em hospitais, se o Escapulário lhe for retirado, o fiel não perde os benefícios da promessa de Nossa Senhora.
  • Em casos de perigo de morte, mesmo um leigo pode impor o Escapulário. Basta recitar uma oração a Nossa Senhora e colocar na pessoa um escapulário já abençoado por algum sacerdote.
  • O Papa São Pio X autorizou substituir o Escapulário por uma medalha que tenha de um lado o Sagrado Coração de Jesus e do outro uma imagem de Nossa Senhora, em casos extremos de substituição.

Oração do Escapulário

"Santíssima Virgem Maria, Esplendor e Glória do Carmelo, vós olhais com especial ternura os que se revestem com vosso Santo Escapulário. Cobri-me com o manto da vossa maternal proteção, pois a Vós me consagro hoje e para sempre. Fortalecei a minha fraqueza com o vosso poder. Iluminai a escuridão do meu espírito com a vossa sabedoria. Aumentai a minha fé, a esperança e a caridade. Adornai a minha alma com muitas graças e virtudes. Assistir-me na vida, consolai-me na morte com a vossa presença e apresentai-me à Santíssima Trindade como vosso filho(a) dedicado(a), para que possa louvá-la por toda a eternidade. Amém!"

Milagres atribuídos a Nossa Senhora do Carmo

Nossa Senhora do Carmo, AcquafondataItalia
  • Nossa Senhora do Carmo aparece na vila de Acquafondata em 16 de julho de 1841. Hoje, um pequeno santuário se eleva ao sítio do milagre.
  • Em PalmiItália, em 16 de novembro de cada ano é comemorado o terremoto de 1894, que teve o seu epicentro na cidade e no qual ocorreu um evento definido como o "milagre da Nossa Senhora do Carmo". Segundo a tradição, os fiéis viram a estátua da Nossa Senhora do Carmo, durante 17 dias, com movimento dos olhos e mudança da coloração da face. A imprensa local e nacional noticiou o evento e na noite de 16 de novembro, os fiéis improvisaram uma procissão pelas ruas. Quando a procissão chegou ao fim da cidade, um violento terremoto sacudiu todo o distrito de Palmi, arruinando a maioria das casas em seu caminho, mas apenas vitimou 9 pessoas, numa população de cerca de 15.000, isto porque quase toda a população estava na rua, a assistir ou participar na procissão. Portanto, anualmente, incluindo a queima de fogos de artifício, luzes e barracas, é celebrada a procissão da imagem de Nossa Senhora pelas mesmas ruas que andou em 1894. A Igreja Católica reconheceu oficialmente o milagre, coroando a estátua de 16 de novembro de 1896, como resultado do decreto emitido pelo Vaticano em 22 de setembro de 1895.

Ver também

Referências

  1.  Canção Nova (16 de julho de 2021). «Conheça a história de Nossa Senhora do Carmo»Santo do Dia 16 de Julho. Canção Nova. Consultado em 27 de maio de 2021
  2. ↑ Ir para:a b Bede Edwards, OCDS. "St. Simon Stock—The Scapular Vision & the Brown Scapular Devotion." Carmel Clarion Volume XXI, pp 17–22, July–August 2005, Discalced Carmelite Secular Order, Washington Province.
  3.  Scapular Devotion." July–August 2005, Discalced Carmelite Secular Order, Washington Province.

Ligações externas

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