quinta-feira, 2 de junho de 2022

SÃO PEDRO - 2 DE JUNHO DE 2022

 

Pedro (apóstolo)

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Disambig grey.svg Nota: Para outros significados de São Pedro, veja São Pedro (desambiguação).
Pedro
Santo da Igreja Católica
Patriarca fundador da Igreja de Antioquia
Primeiro Papa da Igreja Católica
Atividade eclesiástica
DioceseIgreja de Antioquia
Diocese de Roma
Eleição30
Fim do pontificado67 (37 anos)
SucessorBispo de AntioquiaEvódio
Bispo de RomaLino
Ordenação e nomeação
Santificação
Veneração porToda a Cristandade
Religiões Afro-Brasileiras
Principal temploBasílica de São PedroVaticano
Festa litúrgica29 de junho
Atribuiçõesduas chaves
cruz invertida
rede de pescador
Padroeiro
Dados pessoais
NascimentoBetsaidaGalileiaImpério Romano
1 a.C.
MorteRomaItália
67 (67 anos)
Nome nascimentoShimon Kepha
(aportuguesado como Simão Pedro)
SepulturaNecrópole Vaticana
dados em catholic-hierarchy.org
Categoria:Igreja Católica
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo
Lista de Papas

São Pedro ou São Pedro Apóstolo, em hebraico:כיפא, em grego koinéΠέτροςPetros, "Rocha", segundo a interpretação católica e ortodoxafragmento (de pedra) para alguns protestantes,[nota 1] em coptaⲠⲉⲧⲣⲟⲥPetros, em latimPetrus (Betsaida,[2] século I a.C., — Romac.67 d.C.)[nota 2][3] foi um dos doze apóstolos de Jesus Cristo, segundo o Novo Testamento e, mais especificamente, os quatro Evangelhos.

Historiadores e as Igrejas Católica e Ortodoxa consideram Pedro como o primeiro bispo de Roma[4][5][6] e, por isso, o primeiro papa, e também como o primeiro bispo e patriarca da Igreja de Antioquia,[7] tendo sido seu fundador.[8]

Ele seria, até hoje segundo o catolicismo, o detentor do mais longo pontificado da história: cerca de trinta e sete anos.

Nome e importância

Segundo a Bíblia, seu nome original não era Pedro, mas Simão. Aparece ainda uma variante do seu nome original, Simão Pedro, no livro dos Atos dos Apóstolos (Atos 10:18) e na II Epístola de Pedro (II Pedro 1:1).
No Evangelho de João (João 1:42), Cristo muda seu nome para כיפאKepha (Cefas em português), que em aramaico significa "pedra", "rocha", nome este que foi traduzido para o grego como ΠέτροςPetros, "Rocha" segundo a interpretação católicafragmento (de pedra), "pedrinha" segundo a interpretação de alguns protestantes, a qual sustenta que a palavra grega que significa "rocha", "pedra" é πέτραpetra e que, posteriormente, passou para o latim como Petrus.[9]

Ocorre que o aramaico de "fragmento de pedra" ou "pedrinha" é a palavra evna e não kepha, sendo esta última a mencionada nas escrituras e traduzida para o grego Petros, que realmente significa "Rocha".[10]

Na interpretação da Igreja Católica a razão para Jesus ter mudado o nome do apóstolo, bem como seu significado na citação bíblica «Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja; e as portas do Hades não prevalecerão contra ela.» (Mateus 16:18), a chamada Confissão de Pedro, Jesus estava comparando Simão a uma rocha. Desta forma, Cristo seria o fundador da Igreja Católica, do grego "katholikos" que significa para todos ou universal, sendo-lhe concedido, por este motivo, o título de "Príncipe dos Apóstolos" pela Igreja Católica. Esse título é um tanto tardio, visto que tal designação só começaria a ser usada após a sua morte cerca de um século mais tarde, suplementando o de Patriarca.

Em contrapartida, todos os escritos dos Pais da Igreja Primitiva sobre o tema, bem como aqueles dos eruditos católicos, entre os quais se destacam o sacerdote jesuíta Leonel Franca e o teólogo Scott Hahn, asseguram que, em grego koiné do século I, as palavras petros e petra seriam sinônimos, referindo-se assim, ao vocábulo rocha. Em suma, a Confissão de Pedro e sua mudança de nome por Jesus Cristo lhe concediam um papel proeminente na Igreja, principalmente em sua missão de "fortalecer os irmãos" (Lucas 22:32). Estes autores sustentam ainda que, embora a língua difundida no Império Romano nos tempos de Jesus e dos apóstolos fosse o grego koiné, devido à influência helênica na região desde mais de dois séculos antes de Cristo, os judeus do século I falavam principalmente o aramaico, mesma língua em que teria sido escrito originalmente o próprio Evangelho de Mateus. Em aramaico a palavra para fragmento (de pedra) "ou pedrinha" seria a palavra evna e não kepha. Logo. o mais provável é que o a palavra Kephas ou "Cefas", que é transcrita cerca de oito vezes no Novo Testamento ou se encontra traduzida para o grego Petros nos EvangelhosAtos dos Apóstolos e escritos paulinos, realmente signifique rocha e diga respeito à pessoa de Pedro.[11]

Observe-se que a confissão de fé de Pedro e a fala de Jesus são dois momentos distintos da mesma leitura. Em um primeiro momento a pergunta de Jesus aos discípulos é a seguinte: «Quem diz o povo ser o filho do homem?» (Mateus 16:13), ao que estes lhe respondem: «Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias, ou algum dos profetas.» (Mateus 16:14) e Jesus novamente pergunta: «Mas vós, quem dizeis que sou eu?» (Mateus 16:15), «Respondeu Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo» (Mateus 16:16),[12] e como resposta Jesus diz a Pedro: «Bem-aventurado és, Simão, Filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus.» (Mateus 16:17-18), e acrescenta: «Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja; e as portas do Hades não prevalecerão contra ela.» (Mateus 16:18). Esse é o diálogo exaustivo do que a própria Bíblia apresenta em diversas traduções, como a católica Ave-Maria, o novo testamento dos gideões internacionais e a própria tradução brasileira do wikisource.[13]

Na interpretação protestante, protestantismo histórico ou ainda pentencostais e neopentecostais, afirma-se que a palavra para pedra é petra, que significa uma "rocha grande e maciça", a palavra usada como nome para Simão, por sua vez, é petros, que significa uma "pedra pequena" ou "pedrinha".

Nesse sentido, o próprio Pedro, em Atos dos Apóstolos 4:10-12, afirma que a declaração de Jesus se refere a si próprio, e não ao apóstolo:

«Seja notório a todos vós e a todo o povo de Israel que em o nome de Jesus Cristo o Nazareno, a quem vós crucificastes, e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, neste nome está este enfermo aqui são diante de vós. Ele é a pedra, desprezada por vós, edificadores, a qual foi posta como a pedra angular. Não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não há outro nome dado entre os homens, em que devamos ser salvos.» (Atos 4:10-12)

No entanto, de acordo com a apologética católica, tem-se em contrário o seguinte argumento: que a referência de Pedro à "pedra angular" citada em Atos 4:10-12 diz respeito necessariamente à referência buscada pelo próprio Pedro em Isaías 28:16, para defender a posição de Jesus como o verdadeiro e único Cristo (messias), que diz o seguinte: [14]

«portanto assim diz o Senhor Jeová: Eis que ponho em Sião como alicerce uma pedra, pedra provada, pedra preciosa do ângulo de firme fundamento; aquele que crer, não se apressará.» (Isaías 28:16)

Não oferecendo portanto conformidade à voz do Mestre no que se diz em Mateus 16:13, mas sim conformidade com esse versículo do Profeta Isaías, que atuou como o principal precursor da vinda do Cristo, desta forma a fala de Jesus em Mateus 16:13 permanece com seu sentido intacto, direcionando-se Jesus a Pedro e não a "si mesmo" conforme a lógica protestante.[15][16]

Outros estudiosos protestantes de relevo corroboram tal entendimento tradicional da Doutrina Católica, como Nicolaas Ridderbos [en], afirmando que a frase "sobre esta pedra" se refira realmente a Pedro pois, partindo da análise contextual e gramatical, "somente Pedro é mencionado neste verso e o trocadilho realmente se refere a ele".[17] Segundo ele, as palavras "sobre esta pedra [petra]" se referem a Pedro. Por causa da revelação que recebeu e da confissão de fé que ele fez, Pedro foi nomeado por Jesus para estabelecer as bases da futura Igreja. Somente Pedro é mencionado neste verso, e o trocadilho com seu nome se aplicou somente a ele. Outra interpretação baseada nas escrituras e ensinos de Jesus Cristo pelos registros dos evangelhos Jesus estava profetizando espiritualmente pois o próprio Jesus afirmou que seu reino não é terreno mas sim espiritual, sendo assim Jesus afirmava que através de suas palavras que repousaria o Espírito Santo sobre Pedro fazendo dele morada de Deus assim como todos os seguidores de Cristo como está escrito: "O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós. Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós. Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis; porque eu vivo, e vós vivereis." João 14:17-19. E ainda em João 18:36 "Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui." e também o Apóstolo Paulo no meio do Areópago, disse: "O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas;" Atos 17:24,25. Tal interpretação é refutada por outros teólogos protestantes, como Donald Arthur Carson [en], para quem Cristo teria sido enfático em sublinhar a profissão de fé de Pedro e seu papel singular na Igreja, e não dos fiéis como um todo.[18]

denominação cristã Testemunhas de Jeová considera que Pedro teve um importante papel no início do cristianismo, mas interpreta Mateus 16:17-18 de outra forma. Segundo a denominação, os Evangelhos relatam que em várias ocasiões depois disso os apóstolos discutiram sobre quem era o maior entre eles e se Jesus já tivesse dado o primado a Pedro, não haveria dúvida de quem seria o maior entre os apóstolos. Afirma ainda que, sendo israelita que desde jovem conhecia as profecias sobre a “pedra” ou a “pedra angular”, Pedro citou uma dessas profecias numa carta e explicou que essa “pedra angular” representava Jesus Cristo e teria usado o termo grego pétra (a mesma palavra usada por Jesus em sua declaração em Mateus 16:18) apenas para se referir a Cristo (I Pedro 2:4-8). Assim, a denominação Testemunhas de Jeová considera que Jesus realmente construiu sua igreja, sua verdadeira congregação, sobre ele mesmo (Efésios 2:20). Reconhecendo a posição de Pedro na congregação cristã do primeiro século, Paulo de Tarso escreveu que Pedro estava entre os que eram "considerados as colunas". Portanto, para Paulo teria havido mais de uma ‘coluna’ (Gálatas 2:9). Além disso, afirma que, se Jesus tivesse especificamente designado Pedro como o cabeça da congregação, os outros cristãos o considerariam como uma coluna. Em uma passagem de Gálatas, Pedro deixou de tratar outras pessoas do modo correto, e Paulo o censurou. Escrevendo sobre isso, Paulo declarou de modo respeitoso, mas sincero: «Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe na cara porque era condenado» (Gálatas 2:11-14). A denominação conclui que "é óbvio que Paulo não achava que Cristo tinha construído sua 'Igreja', ou congregação, sobre Pedro ou qualquer outro homem imperfeito" e que ele teria acreditado que o alicerce da congregação era Jesus Cristo. Para Paulo, essa pedra seria Cristo (I Coríntios 3:9-11). Os Testemunhas de Jeová interpretam a frase "Tu és Pedro" a partir desse contexto: Jesus tinha acabado de perguntar a seus discípulos: "Quem dizeis que eu sou?" Sem hesitar, Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!" Jesus elogiou Pedro e acrescentou que construiria sua "Igreja", ou congregação, sobre uma "pedra" ainda mais sólida do que Pedro, ou seja, a pessoa em quem Pedro tinha acabado de demonstrar fé — o próprio Jesus (Mateus 16:15-18).[19] Além disso, muitos Pais da Igreja (assim denominados alguns teólogos e estudiosos da igreja primitiva) escreveram que a "pedra" mencionada em Mateus 16:17-18 é Cristo. Cita o exemplo no quinto século, de Agostinho, que escreveu: "O Senhor disse: ‘Sobre esta rocha edificarei a minha igreja’, porque Pedro dissera: ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente.’ Sobre esta rocha, que tu confessaste, eu edificarei a minha igreja." Agostinho declarou várias vezes que "a Rocha (Petra) era Cristo”. Pedro não conhecia o título "papa". Até o nono século, muitos bispos não romanos se denominavam papas, mas esse termo raramente foi usado como título oficial até o fim do século XI. Além disso, segundo a denominação, os primeiros cristãos não achavam que o primado supostamente dado a Pedro tinha sido transmitido a algum sucessor. Por isso, o erudito alemão Martin Hengel concluiu que não existe "nenhuma base histórica e teológica para o que veio a se tornar o ‘primado’ papal".[19]

Dados biográficos

Mais informações: Primeiros discípulos de Jesus
Estátua na Basílica de Nossa Senhora da Assunção do Mosteiro de São Bento na cidade de São Paulo

Antes de se tornar um dos doze discípulos de Cristo, Simão era pescador. Teria nascido em Betsaida e morava em Cafarnaum. Era filho de um homem chamado João ou Jonas e tinha por irmão o também apóstolo André. Simão e André eram "empresários" da pesca e tinham sua própria frota de barcos, em sociedade com TiagoJoão e o pai destes, Zebedeu.[20]

Possivelmente Pedro era casado e tinha pelo menos um filho.[21] As passagens de Mateus 8:14-15Marcos 1:29-31 e Lucas 4:38-41 relatam sua sogra sendo curada de febre por Cristo.

Segundo o relato em Lucas 5:1-11, no episódio conhecido como "Pesca milagrosa", Pedro teria conhecido Jesus quando este lhe pediu que utilizasse uma das suas barcas, de forma a poder pregar a uma multidão que o queria ouvir. Pedro, que estava a lavar redes com Tiago e João, seus sócios e filhos de Zebedeu, concedeu-lhe o lugar na barca, que foi afastada um pouco da margem.

No final da pregação, Jesus disse a Simão que fosse pescar de novo com as redes em águas mais profundas. Pedro disse-lhe que tentara em vão pescar durante toda a noite e nada conseguira mas, em atenção ao seu pedido, fá-lo-ia. O resultado foi uma pescaria de tal monta que as redes iam rebentando, sendo necessária a ajuda da barca dos seus dois sócios, que também quase se afundava puxando os peixes. Numa atitude de humildade e espanto Pedro prostrou-se perante Jesus e disse para que se afastasse dele, já que era um pecador. Jesus encorajou-o, então, a segui-lo, dizendo que o tornaria "pescador de homens".

Nos evangelhos sinóticos, o nome de Pedro sempre encabeça a lista dos discípulos de Jesus, o que na interpretação da Igreja Católica Romana deixa transparecer um lugar de primazia sobre o Colégio Apostólico. Não se descarta que Pedro, assim como seu irmão André, antes de seguir Jesus, tenha sido discípulo de João Batista.

Outro dado interessante era a estreita amizade entre Pedro e João , fato atestado em todos os evangelhos, como por exemplo, na Última Ceia, quando pergunta ao Mestre, através do Discípulo amado (João), quem o haveria de trair ou quando ambos encontram o sepulcro de Cristo vazio no Domingo de Páscoa. Fato é que tal amizade perdurou até mesmo após a Ascensão de Jesus, como podemos constatar em Atos dos apóstolos, na cena da cura de um paralítico posto nas portas do Templo de Jerusalém.[22]

Segundo a tradição defendida pela Igreja Católica Romana e pela Igreja Ortodoxa, o apóstolo Pedro, depois de ter exercido o episcopado em Antioquia, teria se tornado o primeiro Bispo de Roma. Segundo esta tradição, depois de ser milagrosamente solto da prisão em Jerusalém, o apóstolo teria viajado até Roma e ali permanecido até ser expulso com os judeus e cristãos pelo imperador Cláudio, época em que haveria voltado a Jerusalém para participar da reunião de apóstolos sobre os rituais judeus no chamado Concílio de Jerusalém.[23] Após esta reunião, Pedro ficou em Jerusalém. Paulo, Barnabé, Judas (Barsabás) e Silas foram para Antioquia.[24]

Depois de três anos, Paulo volta a Jerusalem para visitar Pedro e com ele fica quinze dias.[25] Quatorze anos depois, Paulo retorna a Jerusalém e lá se encontra com Tiago, Pedro e João.[26]

Tempos depois, por volta da metade do século I, Pedro vai a Antioquia, onde ocorre uma discussão entre ele e Paulo, conhecida como o Incidente em Antioquia.[27]

A tradição da Igreja Católica Romana afirma que depois de passar por várias cidades, Pedro haveria sido martirizado em Roma entre 64 e 67 d.C. Desde a Reformateólogos e historiadores protestantes afirmaram que Pedro não teria ido a Roma; esta tese foi defendida mais proeminentemente por Ferdinand Christian Baur, da Escola de Tübingen. Outros, como Heinrich Dressel, em 1872, declararam que Pedro teria sido enterrado em Alexandria, no Egito ou em Antioquia.[5] Hoje, porém, os historiadores concordam que Pedro realmente viveu e morreu em Roma. O historiador luterano Adolf Harnack afirmou que as teses anteriores foram tendenciosas e prejudicaram o estudo sobre a vida de Pedro em Roma.[5] Sua vida continua sendo objeto de análise, mas o seu túmulo está localizado na Basílica de São Pedro, no Vaticano, o qual foi descoberto em 1950 após anos de meticulosa investigação.[6]

Alguns pesquisadores acreditam que, assim como Judas Iscariotes, Pedro tenha sido um zelota, grupo que teria surgido dos fariseus e constituía-se de pequenos camponeses e membros das camadas mais pobres da sociedade. Este supostamente estaria comprovado em Marcos 3:18, assim como em Atos 1:13, no entanto, o certo "Simão, o Zelote" é na realidade uma pessoa distinta dentre as nomeações descritas nas referidas citações.

O primado de Pedro segundo a Igreja Católica

Cristo entrega as chaves do céu a Pedro
PeruginoCapela Sistina
Ver artigo principal: Confissão de Pedro

Toda a primeira parte do Evangelho gira em torno da identidade de Jesus. Quando perguntado, Simão foi o primeiro dos discípulos a responder essa pergunta: Jesus é o filho de Deus. É esse acontecimento que leva Jesus a chamá-lo de Pedro e é conhecido como Confissão de Pedro.

Encontramos o relato do evento em Mateus 16:13-19: Jesus pergunta aos seus discípulos (depois de se informar do que sobre ele corria entre o povo): "E vós, quem pensais que sou eu?".

Simão Pedro, respondendo, disse: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Jesus respondeu-lhe: "Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne ou sangue que te revelaram isso, e sim Meu Pai que está nos céus. Também Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei Minha Igreja[28] e as portas do Hades[29] nunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus. E o que desligares na terra será desligado[30] nos céus".João 21:15-17 e Lucas 22:31 também falam a respeito do primado de Pedro dever ser exercido particularmente na ordem da Fé, e que Cristo o torna chefe:

Jesus disse a Simão (Pedro): "Simão, filho de João, tu Me amas mais do que estes?" Ele lhe respondeu: "Sim, Senhor, tu sabes que te amo". Jesus lhe disse: "Apascenta Meus cordeiros". Segunda vez disse-lhe: "Simão filho de João, tu Me amas?" - "Sim, Senhor", disse ele, "tu sabes que te amo". Disse-lhe Jesus: "Apascenta Minhas ovelhas". Pela terceira vez lhe disse: "Simão filho de João, tu Me amas?" Entristeceu-se Pedro porque pela terceira vez lhe perguntara 'Tu Me amas?' e lhe disse: "Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo". Jesus lhe disse: "Apascenta Minhas ovelhas." (João 21:15-17).«Simão, Simão, eis que Satanás pediu insistentemente para vos peneirar como trigo; Eu, porém, orei por ti, a fim de que tua fé não desfaleça. Quando, porém, te converteres, confirma teus irmãos.» (Lucas 22:31-32)

O apóstolo Pedro, o primeiro Bispo de Roma

A comunidade de Roma foi fundada pelos apóstolos Pedro e Paulo e é considerada a única comunidade cristã do mundo fundada por mais de um apóstolo e a única do Ocidente instituída por um deles. Por esta razão desde a antiguidade a comunidade de Roma (chamada atualmente de Santa Sé pelos católicos) teve o primado sobre todas as outras comunidades locais (dioceses); nessa visão o ministério de Pedro continua sendo exercido até hoje pelo Bispo de Roma (segundo o catolicismo romano), assim como o ministério dos outros apóstolos é cumprido pelos outros Bispos unidos a ele, que é a cabeça do colégio apostólico, do colégio episcopal. A sucessão papal (de Pedro) começou com São Lino (67 d.C.) e, atualmente é exercida pelo Papa Francisco, eleito em 13 de março de 2013. Segundo essa visão, o próprio apóstolo Pedro atestou que exerceu o seu ministério em Roma ao concluir a sua primeira epístola: "A [Igreja] que está em Babilônia, eleita como vós, vos saúda, como também Marcos, meu filho.".[31] Trata-se da Igreja de Roma.[32] Assim também o interpretaram todos os autores desde a Antiguidade, como abaixo, como sendo a Roma Imperial (decadente). O termo não pode referir-se a Babilônia sobre o Eufrates, que jazia em ruínas ou à Nova Babilônia (Selêucia) sobre o rio Tigre, ou à Babilônia Egípcia cerca de Mênfis, tampouco a Jerusalém; deve, portanto referir-se a Roma, a única cidade que é chamada Babilônia pela antiga literatura cristã.[33]

Testemunhos históricos de Pedro em Roma

Os historiadores atualmente acreditam que a tradição católica esteja correta; igualmente, muitas tradições antigas corroboram a versão de que Pedro esteve em Roma e que ali teria sido martirizado.

  • Clemente, terceiro bispo de Roma e discípulo de Pedro, por volta de (96 d.C.), em sua Epístola aos Coríntios, faz clara alusão ao martírio deste e de Paulo em Roma:
Todavia, deixando os exemplos antigos, examinemos os atletas que viveram mais próximos de nós. Tomemos os nobres exemplos de nossa geração. Foi por causa do ciúme e da inveja que as colunas mais altas e justas foram perseguidas e lutaram até a morte. Consideremos os bons apóstolos. Pedro, pela inveja injusta, suportou não uma ou duas, mas muitas tribulações e, depois de ter prestado testemunho, foi para o lugar glorioso que lhe era devido. Por causa da inveja e da discórdia, Paulo mostrou o preço reservado à perseverança. Sete vezes carregando cadeias, exilado, apedrejado, tornando-se arauto no Oriente e no Ocidente, ele deu testemunho diante das autoridades, deixou o mundo e se foi para o lugar santo, tornando-se o maior modelo de perseverança.[34]
  • Inácio de Antioquiabispomártir e também discípulo de Pedro, em cerca de (107 d.C.), em sua Epístola aos Romanos, a qual fora dirigida à comunidade cristã lá situada, refere-se nos seguintes termos ao martírio de Pedro e Paulo em Roma:
"Não vos dou ordens como Pedro e Paulo; eles eram apóstolos, eu sou um condenado. Eles eram livres, e eu até agora sou um escravo".[35]
Papias, bispo de Hierápolis, atesta a atribuição do segundo evangelho a Marcos, “intérprete” de Pedro em Roma. O livro teria sido composto em Roma, depois da morte de Pedro (prólogo antimarcionita de século IIIreneu) ou ainda durante sua vida (segundo Clemente de Alexandria). Quanto a Marcos, foi identificado como João Marcos, originário de Jerusalém (At 12,12), companheiro de Paulo e Barnabé (At 12,25; 13,5.13; 15,37-39; Cl 4,10) e, a seguir, de Pedro em “Babilônia” (isto é, provavelmente, em Roma) segundo 1Pd 5,13.[36]
Tendo vindo ambos a Corinto, os dois apóstolos Pedro e Paulo nos formaram na doutrina do Evangelho. A seguir, indo para a Itália, eles vos transmitiram os mesmos ensinamentos e, por fim, sofreram o martírio simultaneamente.[37]
  • Gaio, presbítero romano, em 199 d.C.:
Nós aqui em Roma temos algo melhor do que o túmulo de Filipe. Possuímos os troféus dos apóstolos fundadores desta Igreja local. Ide à Via Ostiense e lá encontrareis o troféu de Paulo; ide ao Vaticano e lá vereis o troféu de Pedro.

Gaio dirigiu-se nos seguintes termos a um grupo de hereges: Posso mostrar-vos os troféus (túmulos) dos Apóstolos. Caso queirais ir ao Vaticano ou à Via Ostiense, lá encontrareis os troféus daqueles que fundaram esta Igreja.[38]

Pedro, ao ser martirizado em Roma, pediu e obteve que fosse crucificado de cabeça para baixo.[39]
Pedro, finalmente tendo ido para Roma, lá foi crucificado de cabeça para baixo.[40]
Para a maior e mais antiga a mais famosa Igreja, fundada pelos dois mais gloriosos Apóstolos, Pedro e Paulo." e ainda "Os bem-aventurados Apóstolos portanto, fundando e instituindo a Igreja, entregaram a Lino o cargo de administrá-la como bispo; a este sucedeu Anacleto; depois dele, em terceiro lugar a partir dos Apóstolos, Clemente recebeu o episcopado.
Mateus, achando-se entre os hebreus, escreveu o Evangelho na língua deles, enquanto Pedro e Paulo evangelizavam em Roma e aí fundavam a Igreja.[41]
  • Formado como jurista Tertuliano (155–222) falou da morte de Pedro em Roma:
A Igreja também dos romanos pública - isto é, demonstra por instrumentos públicos e provas - que Clemente foi ordenado por Pedro.
Feliz Igreja, na qual os Apóstolos verteram seu sangue por sua doutrina integral!" - e falando da Igreja Romana, "onde a paixão de Pedro se fez como a paixão do Senhor.
Nero foi o primeiro a banhar no sangue o berço da fé. Pedro então, segundo a promessa de Cristo, foi por outrem cingido quando o suspenderam na Cruz.[42]
  • Eusébio (263-340 d.C.) Bispo de Cesareia, escreveu muitas obras de teologiaexegeseapologética, mas a sua obra mais importante foi a História Eclesiástica, onde ele narra a história da Igreja das origens até 303. Refere-se ao ministério exercido por Pedro:
Pedro, de nacionalidade galileia, o primeiro pontífice dos cristãos, tendo inicialmente fundado a Igreja de Antioquia, se dirige a Roma, onde, pregando o Evangelho, continua vinte e cinco anos Bispo da mesma cidade.
A sucessão de Bispos em Roma é nesta ordem: Pedro e Paulo, Lino, CletoClemente, etc..[43]
Lino foi Bispo de Roma após o seu primeiro guia, Pedro.[44]
Você não pode negar que sabe que na cidade de Roma a cadeira episcopal foi primeiro investida por Pedro, e que Pedro, cabeça dos Apóstolos, a ocupou.[45]
A cátedra de Roma é a cátedra de Pedro, a Igreja principal, de onde se origina a unidade sacerdotal.[46]
A Pedro sucedeu Lino.[47]

Logo, apesar das opiniões divergentes que surgiram a partir da Reforma Protestante, era constante, unânime e ininterrupta a tradição segundo a qual Pedro pregou o evangelho em Roma e lá encontrou o martírio, o que é robustecido pelos escritos dos Pais da Igreja e pela arqueologia.

Os textos escritos pelo apóstolo

Novo Testamento inclui duas epístolas cuja autoria é atribuída a Pedro: A Primeira epístola de São Pedro e a Segunda epístola de São Pedro.

Indícios arqueológicos

Ver artigo principal: Túmulo de São Pedro
Baldaquino da Basílica de São Pedro: O túmulo de São Pedro encontra-se diretamente abaixo desta estrutura. Bernini, 1633

A partir da década de 1950, intensificaram-se as escavações no subsolo da Basílica de São Pedro, lugar tradicionalmente reconhecido como provável túmulo do apóstolo e próximo de seu martírio no muro central do Circo de Nero. Após extenuantes e cuidadosos trabalhos, inclusive com remoção de toneladas de terra que datava do corte da Colina Vaticana para a terraplenagem da construção da primeira basílica na época de Constantino, a equipe chefiada pela arqueóloga italiana Margherita Guarducci encontrou o que seria uma necrópole atribuída a Pedro, inclusive uma parede repleta de grafitos com a expressão Petrós Ení, que, em grego, significa "Pedro está aqui".

Também foram encontrados, em um nicho, fragmentos de ossos de um homem robusto e idoso, entre 60-70 anos, envoltos em restos de tecido púrpura com fios de ouro que se acredita, com muita probabilidade, serem de Pedro. A data real do martírio, de acordo com um cruzamento de datas feito pela arqueóloga, seria 13 de outubro de 64 d.C. e não 29 de junho, data em que se comemorava o traslado dos restos mortais de Pedro e São Paulo para a estada deles nas Catacumbas de São Sebastião durante a perseguição do imperador romano Valeriano em 257 d.C..

Iconografia

A mais antiga imagem conhecida do apóstolo Pedro foi descoberta em 2010 em catacumbas sob a cidade de Roma, e data do século IV. No mesmo lugar, foram também descobertas imagens dos apóstolos PauloAndré e João. As obras fazem parte de um grupo de pinturas em torno de uma imagem de Jesus Cristo como o Bom Pastor no teto do que os estudiosos acreditam ter sido o túmulo de um nobre romano.[48]

Devoção nas religiões afro-brasileiras

É sincretizado nas religiões afro-brasileiras com o orixá Xangô,[49] sendo que na cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, o sincretismo se dá com o orixá Exu.[50]

Ver também

Notas

  1.  A palavra grega que significa "rocha" ou "pedra" é πετραpetra;[1]
  2.  segundo a tradição bíblica

Referências

  1.  «Bible Lexicon». Bible Lexicon. Consultado em 12 de setembro de 2010
  2.  Rami Arav, Richard A. Freund (novembro de 2014). Bethsaida: A City by the North Shore of the Sea of Galilee Betsaida: Uma cidade na Margem Norte do Mar da Galileia (em inglês). [S.l.]: Truman State University Press. 310 páginas. ISBN 1931112398
  3.  «Catholic Encyclopedia (1913)/St. Peter» (em inglês). A data da morte de Pedro é incerta, considerando-se o período compreendido entre julho de 64 (início da perseguição de Nero) e o início de 68 (em 9 de julho Nero fugiu de Roma e suicidou-se). A data de sua morte deve ser deixada em aberto. O dia do seu martírio também é desconhecido; 29 de junho, dia aceito de sua festa desde o século IV, não pode ser provado como sendo o dia da sua morte. (texto traduzido da fonte). Wikisource. Consultado em 20 de janeiro de 2016
  4.  Wilken, p. 281, quote: "Some (Christian communities) had been founded by Peter, the disciple Jesus designated as the founder of his church. ... Once the position was institutionalized, historians looked back and recognized Peter as the first pope of the Christian church in Rome"
  5. ↑ Ir para:a b c Josef Burg Kontrover-Lexikon Fredebeul&Coenen, Essen, 1903.
  6. ↑ Ir para:a b Oxford Dictionary of the Christian Church (Universidade de Oxford - 2005) ISBN 978-0-19-280290-3), artigo "Pope"
  7.  «St. Peter» (em inglês). Catholic Hierarchy
  8.  «CATHOLIC ENCYCLOPEDIA: St. Peter, Prince of the Apostles»www.newadvent.org. Consultado em 3 de outubro de 2021
  9.  «Vida de São Pedro»IJF. 29 de junho de 2018. Consultado em 1 de outubro de 2019
  10.  FRANCA, Leonel. A Igreja, a Reforma e a Civilização. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1934.
  11.  FRANCA, Leonel. A Igreja, a Reforma e a Civilização. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1934.
  12.  Religion: Peter & the Rock (Dec. 07, 1953_em inglês)
  13.  «Tradução Brasileira da Bíblia/Mateus/XVI - Wikisource»pt.wikisource.org. Consultado em 17 de dezembro de 2020
  14.  Rodrigues, Rafael (27 de novembro de 2011). «PEDRO, A ROCHA. (PARTE I)». Site: apolologistascatolicos.com.br. Consultado em 17 de dezembro de 2020
  15.  PEDRO, A ROCHA. (PARTE I) (Nov. 27, 2011_em português)
  16.  Isaías 28 Estudo: A Pedra Angular (Nov. 20, 2019_em português)
  17.  H. N. Ridderbos. Matthew. trans. by Ray Togtman (Grand Rapids: Regency Reference Library, 1987), 303
  18.  Donald Arthur Carson. "Matthew," in Expositor’s Bible Commentary. Ed. Frank E. Gaebelein, J. D. Douglas, and Walter Kaiser, vol. 8 [Grand Rapids: Zondervan, 1984], 368
  19. ↑ Ir para:a b «Pedro foi o primeiro papa? — BIBLIOTECA ON-LINE da Torre de Vigia»wol.jw.org. Consultado em 23 de março de 2021
  20.  Lucas 5:1-11
  21.  Stromata III, VI
  22.  Atos 3:1-8
  23.  Atos 15:2-7
  24.  Atos 15:22-30
  25.  Gálatas 1:18
  26.  Gálatas 2:1-10
  27.  Gálatas 2:11-14
  28.  O termo semítico que traduz o termo grego εκκλησία, "ekklesia" é assembléia, freqüentemente encontra-se no Antigo Testamento para designar a comunidade do povo eleito (Deuteronômio 4:40, por ex.).
  29.  Hades (hebraico Sheol), cujas "portas" personificadas evocam as potências do Mal que Cristo garante que jamais prevalecerão contra Sua Igreja. Cristo para designar todo o poder do Mal usou o termo "portas", da mesma forma o Reino de Deus tem portas, na sequência Pedro recebe suas chaves. É por esta razão que Pedro é, geralmente representado com chaves na mão e como porteiro do Paraíso
  30.  . Cabe a Pedro abrir ou fechar o acesso ao Reino dos Céus, por meio da Igreja. "Ligar" e "desligar" são dois termos técnicos da linguagem rabínica que referem-se primeiramente ao domínio disciplinar da excomunhão, também referem-se as decisões doutrinais ou jurídicas. Responsável por administrar a comunidade em matéria de Fé e de moral.
  31.  I Epístola de Pedro 5,13
  32.  Cf. Ap. 14,8 ; 16,19 ; 17,5.
  33.  Apoc., xvii, 5; xviii, 10; "Oracula Sibyl.", V, versos 143 e 159, ed. Geffcken, Leipzig, 1902, 111.
  34.  http://www.earlychristianwritings.com/text/1clement-lightfoot.html
  35.  Coleção, Patrística, Vol. 1, Padres Apóstólicos, 1ª Edição, Ed. Paulus, 1995, pág. 105
  36.  em Introdução ao Evangelho Segundo Marcos, contido na TEB - versão que segue a edição francesa tanto nas Introduções como nas Notas, Edições Loyola, pag. 1234
  37.  Fragmento conservado na História Eclesiástica de Eusébio, II,25,8.
  38.  Eusébio, História Eclesiástica, 1125, 7.
  39.  Com. in Genes., t. 3
  40.  Fragmento conservado na "História Eclesiástica" de Eusébio, III,1.
  41.  L. 3, c. 1, n. 1, v. 4
  42.  Scorp. c. 15
  43.  ii. 27 - Sales, St. Francis de, The Catholic Controverse, Tan Books and Publishers Inc., USA, 1989, pp. 280-282.
  44.  In: Syn.
  45.  De Sch. Don.
  46.  Epístola 55,14.
  47.  Ep. 53, ad. Gen.
  48.  «Oldest known images of apostles found» (em inglês). CNN. 23 de junho de 2010. Consultado em 2 de setembro de 2014A imagem do apóstolo Pedro é a de nº 6
  49.  «Dia de São Pedro - Raizes Espirituais»Raizes Espirituais. 29 de junho de 2016
  50.  «Saiba a diferença entre Iemanjá e Nossa Sra dos Navegantes»Terra

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Bispo de Antioquia

Su

SÃO MARCELINO - 2 DE JUNHO DE 2022

 

Papa Marcelino

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Marcelino
Santo da Igreja Católica
29° Papa da Igreja Católica
Atividade eclesiástica
DioceseDiocese de Roma
Eleição30 de junho de 296
Fim do pontificado24 de outubro de 304 ou 25 de outubro de 304 (8 anos)
PredecessorCaio
SucessorMarcelo I
Ordenação e nomeação
Dados pessoais
NascimentoRomaItália
MorteRomaItália
24 de outubro de 304 ou 25 de outubro de 304 (49 anos)
Nome nascimentoMarcellinus
SepulturaCatacumba de Priscila
dados em catholic-hierarchy.org
Categoria:Igreja Católica
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo
Lista de Papas

Papa Marcelino (em latimMarcellinus) (Roma, ? — Roma, 24 ou 25 de outubro de 304) foi o vigésimo nono papa da Igreja Católica. Seu pontificado estendeu-se de 30 de junho de 296 até a sua morte em 24 ou 25 de outubro de 304,[1] coincidindo com a perseguição de Diocleciano. Sob o seu pontificado, surgiu o primeiro país cristão, a Armênia.

Segundo o Liber Pontificalis, na época dos imperadores DioclecianoMaximiano e Constantino houve uma grande perseguição e martírio dos cristãos. Marcelino foi martirizado, sendo decapitado pelo próprio Diocleciano. Seu corpo, junto a outros que foram martirizados, permaneceu exposto por 26 dias na rua, para exemplo aos cristãos, por ordem de Diocleciano. Os corpos foram recolhidos pelo então sacerdote e futuro sucessor de Marcelino, Marcelo e outros sacerdotes e diáconos. Recolheram os corpos à noite com hinos e os enterraram na Via Salária, na catacumba de Priscila.[2]

Catálogo Liberiano diz que o sepultamento foi na realidade em 25 de outubro.[carece de fontes] Após um intervalo de tempo considerável, ele foi sucedido por Marcelo.

Biografia

Liber Pontificalis e as demais fontes

Segundo o Liber Pontificalis, Marcelino era um romano, filho de um certo Præjectus. O Catálogo Liberiano reportava que ele tenha sido sagrado bispo de Roma em 30 de junho de 296. Tais dados, aceitos pelo autor de Liber Pontificalis, foram verificados por aquela antiga fonte. Dos seus 8 anos de pontificado, nada é descrito. Entretanto, no epitáfio do sepulcro do diácono Severo nas Catacumbas de São Calisto é possível deduzir que, naquele período, o cemitério principal de Roma teria sido ampliado com as novas câmaras sepulcrais. Na epígrafe, se vê: “Cubiculum duplex cum arcosoliis et luminare Iussu papæ sui Marcellini diaconus iste Severus fecit mansionen in pace quietam...” (O Diácono Severo fez este duplo cubículo com seus arcossólios e as suas luminárias por ordem do seu Papa Marcelino, como silente mansão da paz). Isto teria acontecido antes do início da grande perseguição de Diocleciano contra os cristãos no Império Romano, durante a qual as Catacumbas de São Calisto, como os outros locais de culto público da comunidade cristã de Roma, foram brutalmente confiscados. Giovanni Battista de Rossi afirmava que os cristãos, neste período, bloquearam as galerias principais das catacumbas para proteger da profanação as numerosas tumbas dos mártires que ali repousam.

César Galério levou o movimento pagão ao confronto contra a cristandade em 302, de modo que, no ano sucessivo, conseguiu convencer Diocleciano do perigo que os cristãos representavam para o Estado. Com um procedimento de neroniana memória, dois incêndios no palácio real – ainda que existam dúvidas sobre a eventual responsabilidade do próprio Galério – levaram o imperador, inicialmente relutante, a emitir um primeiro édito de perseguição e intolerância.

Os soldados cristãos tiveram de deixar o exército, as propriedades da Igreja foram confiscadas e os livros sagrados foram destruídos, tendo sido proibidas as funções religiosas. Além disso, os cristãos eram obrigados a renunciar a própria fé, sob pena de serem condenados à morte. A própria esposa de Diocleciano, Prisca, e a sua filha Valéria, ambas cristãs, foram forçadas a adorar as divindades pagãs.

perseguição de Diocleciano, cujos severos éditos contra os cristãos foram impostos por Maximiano, provocou sérias desordens na Igreja de Roma depois de 303. Marcelino morreu no segundo ano da perseguição, muito provavelmente de causas naturais. Nenhuma fonte confiável do Século IV ou V o mencionava como mártir. O seu nome não constava nem mesmo no Depositio Episcoporum, nem tampouco no Depositio Martyrum da "Cronografia Romana" de 354. Tal ausência pode ser notada também no Martyrologium Hieronymianum. O Marcellinus Episcopus presente no Codex Bernensis, de 4 de outubro, provavelmente não corresponda ao papa. Também Eusébio de Cesareia, quando fez referências a Marcelino, usou uma expressão obscura: “a perseguição, além disso, o interessou” (‘òn kaì a’utòn kateílephon ‘o diogmòs Historia Ecclesiastica, VII, 32). Destas palavras, é possível inferir que o papa não sofreu o martírio; do contrário, Eusébio o teria especificado.

As acusações sucessivas

Existiam também relatos sucessivos que o acusavam de ter entregado os textos sagrados imediatamente depois do primeiro édito ou mesmo de ter oferecido incenso aos deuses pagãos para escapar da perseguição.

No início do Século V, Petiliano, o bispo donatista de Constantina, afirmou que Marcelino e os presbíteros romanos MarceloMelquíades e Silvestre – futuros papas – tivessem entregue os livros sagrados aos pagãos e adorado a falsos deuses, ainda que não se tivesse tido nenhuma prova.

Nos Atos do confisco dos edifícios da Igreja em Roma, que foram levados pelos donatistas à Conferência de Cartago, falava-se de apenas de dois diáconos que tivessem apostatado: Stratone e Cássio. Santo Agostinho, nas suas réplicas a Petiliano, disputou a verdade de quanto vinha retratado (Contra litteras Petiliani, II, 202: De quibus et nos solum respondemus: aut non probatis et ad neminem pertinet, aut probatis et ad nos non pertinetDe unico baptismo contra Petilianum, cap. xvi: Ipse scelestos et sacrilegos fuisse dicit; ego innocentes fuisse respondeo). Das acusações de Petiliano, se pode concluir apenas que estas vozes sobre Marcelino e os seus padres circulavam efetivamente na Província da África, mas que não podiam ser provadas, do contrário, Agostinho não os teria defendido tão tenazmente.

Entretanto, estas afirmações sobre Marcelino eram sentidas também em alguns círculos romanos, tanto que, em outros dois contos sucessivos, atribuiu-se ao papa um ato de formal apostasia, naturalmente seguido de arrependimento e penitência pública.

Martírio do Papa Marcelino, manuscrito francês, extraído de Legenda Áurea de Jacopo de Varazze.

A biografia de Marcelino contida no Liber Pontificalis, que provavelmente retomava uma perdida passio, afirmava que teria sido obrigado a sacrificar aos deuses e queimado incenso em honra deles. Todavia, depois de alguns dias, foi vencido arrependimento e confessou e fé em Cristo. Por isto, juntamente a outros três cristãos, foi condenado à morte por Diocleciano: foram decapitados. Parece bastante evidente que tal versão busca conciliar os boatos de que o papa tinha apostatado com o fato de que em outros ambientes era visto como um mártir e a sua tumba era venerada.

No início do Século VI, precisamente depois que esta passio Marcellini é difundida, apareceu uma série de documentos falsificados que foram usados na disputa entre o Papa Símaco e o Antipapa Lourenço. Entre eles, estavam os Atos apócrifos de um sínodo de 300 bispos mantidos na extinta cidade de Sinuessa, entre Roma e Cápua, para investigar as acusações contra Marcelino. Nos primeiros dois dias, Marcelino negou todas as acusações, mas no terceiro confessou e se arrependeu. Não obstante, o sínodo não o condenou, quia prima Sedes non iudicatur a quoquam ("porque a primeira Sé não pode ser julgada por ninguém").

Quando Diocleciano tomou conhecimento do acontecido, impôs a morte ao papa e aos muitos bispos que tinham participado do sínodo. Também estes documentos, em si mesmos, não podem ser considerados como prova histórica. Aceita-se como certo que o papa não tenha acatado nunca abertamente o édito imperial, já que tal apostasia do bispo de Roma teria tido grande repercussão nos autores contemporâneos a ele. Eusébio também não aceitou esta tese e Teodoreto, na sua Historia Ecclesiastica, afirmou que Marcelino foi um exemplo durante a perseguição (ton ’en tô diogmô diaprépsanta (Historia Ecclesiastica, I, 2).

Por outro lado, merece nota como na Cronografia Romana, cuja primeira edição remonta a 336, falte apenas o nome deste papa. Em verdade, no manuscrito, o nome de Marcelino era relatado em 16 de janeiro (XVIII kal. Feb.), mas se tratava, evidentemente, de uma imprecisão, uma troca por Marcelo, seu sucessor. De fato, a festa litúrgica deste último acontece nesta mesma data, seja no Martyrologium Hieronymianum, seja nos velhos livros litúrgicos, enquanto que no Liber Pontificalis e, por conseqüência, nos martirológios do Século IX, a festa de Marcelino é celebrada em 26 de abril (Acta SS., June, VII, 185). Segundo alguns estudiosos, como Theodor Mommsen, de Smedt, a ausência do nome de Marcelino deveu-se à simples omissão de um copista, por causa da semelhança dos nomes dos dois papas, mas esta hipótese não foi aceita universalmente. Outros estudiosos afirmam que esta omissão seria intencional, e não acidental.

Em relação às vozes e aos apócrifos supracitados, é necessário admitir que, em quaisquer ambientes de Roma, a conduta do papa durante a "Grande Perseguição" não foi aprovada. Neste período de intolerância, sabe-se apenas o nome de dois membros do clero romano que tenham sido martirizados: o presbítero Marcelino e o exorcista Pedro. O bispo de Roma e o alto clero conseguiram iludir seus perseguidores. Como isso se deu é ignorado. É possível que o papa Marcelino e muitos outros bispos tenham conseguido se esconder em um lugar seguro. Mas é também possível que, no momento da publicação do édito, lhes fosse assegurada de algum modo a imunidade. Por esta razão, em alguns ambientes romanos, poderia ser acusado de fraqueza e a sua memória, conseguintemente, teria sido omitida pelo autor do Depositio Episcoporum da Cronografia, enquanto encontrou lugar no Catalogo Liberiano que lhe é contemporâneo. Contudo, a sua tumba era venerada pelos cristãos de Roma e foi reconhecido também como mártir, como demonstra a sua passio.

A morte e a sepultamento do papa

Marcelino morreu em 304. O dia da sua morte é incerto. No Liber Pontificalis, a data do seu sepultamento é registrada de forma errada como sendo em 26 de abril de 305, conforme relato nos martirólogos sucessivos (por isso se celebra a sua festa em 26 de abril).[1] Mas imagina-se que a data para a sua morte tenha sido calculada com base na duração do seu pontificado, segundo quanto relatado no Catálogo Liberiano, deveria ter falecido em 24 de outubro ou 25 de outubro. Os seus restos mortais foram depositados na Catacumba de Priscila, na Via Salária, perto da cripta do mártir Crescêncio. As Catacumbas de São Calisto, o cemitério oficial da Igreja de Roma, onde por décadas eram sepultados os predecessores de Marcelino, tinham sido evidentemente confiscadas durante a perseguição, enquanto as Catacumbas de Priscila, pertencente à família dos Acilii Glabriones, estavam ainda à disposição dos cristãos.

O culto

A cripta de Marcelino se tornou objeto de veneração muito rapidamente. As precisas alusões à sua posição contidas no Liber Pontificalis servem de prova nesse sentido. Em um dos itinerários das tumbas dos mártires romanos do Século VII (Epitome de Locis SS. Martyrum) é expressamente mencionada entre as sagradas sepulturas do cemitério de Priscila. Durante as escavações efetuadas nesta catacumba, foi identificada a cripta de Crescêncio, ao lado da de Marcelino, mas não foi encontrado qualquer monumento que fizesse referimento a este papa, de modo que o local da sua sepultura é, assim, incerto. A perdida Passio Marcellini remonta ao Século V, tendo sido empregada pelo autor de Liber Pontificalis, no qual se demonstra, já naquele período, que era venerado como mártir. Apesar disso, o seu nome apareceu pela primeira vez no martirológio de São Beda.

A sua festa acontece em 26 de abril, dia do seu sepultamento. Os antigos breviários, uma vez embasados no Liber Pontificalis, foram atualizados em 1883.[carece de fontes]

Ver também

Referências

  1. ↑ Ir para:a b Pope Saint Marcellinus Catholico Encyclopedia
  2.  Marcellinus (296-304)Liber Pontificalis

Bibliografia

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